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Carta de amor

Breno C.

Usuário
Mesmo depois de dois anos, ainda me pergunto o que levou aquela loira de olhos claros a se matar por minha causa. Sei que sou um homem atraente, mas não chego a me achar capaz de causar a morte de uma pessoa só por ser “bonito” e ter dinheiro. Sim, porque a beleza é totalmente condicional, ela se condiciona a relação que se tem com a pessoa. Ela não tinha relação nenhuma comigo, disse que era minha secretária, mas eu tenho tantas que nem sei se posso confiar nessa informação torpe.

Aquela garota achou que por eu possuir dinheiro e beleza, seria inatingível para ela, então se matou, e o fez bem na minha frente, como se quisesse me fazer sentir culpa pelo seu suicídio, tendo coragem de negar até mesmo isso. Se eu fechar os olhos, sou capaz de ver com total clareza os olhos vermelhos de tanto chorar, a boca molhada pelas lágrimas e o rosto vermelho dela. Tudo isso um segundo antes do gatilho ser apertado e manchar toda a minha memória com um barulho baço de tiro e o vermelho gritante do sangue que respingou por toda a minha roupa. Agora me sinto culpado por só ter pena dela.

As pessoas no local me socorreram. Primeira a min, que não tinha um arranham. Depois a ela, que estava com a cabeça deformada por uma bala que passou encandeceste pelo seu cérebro. Não preciso mentir que dizendo que fiquei vendo tudo escuro ou que estava preste a desmaiar, mas posso dizer que senti um leve gosto agridoce na garganta.

Ante de se matar na frente de duzentos convidados e a três passou de min, ela me entregou um envelope e disse: “Me desculpe”. Abri o papel e vi uma carta escrita num papel rosa manchado por gotas de lágrimas.

“Querido Leonardo,


Desculpe-me pelo o que acabo de fazer, sei que estou causando um grande constrangimento ao senhor perante seus convidados, mas depois de ler essa carta, o senhor vai entender melhor porque o faço.

Meu nome é Lisandra. Trabalho em uma de suas fábricas, a Cool & Hot Tecidos, e não posso reclamar de como sou tratada, já fui secretária de outros empresários e sei que o senhor me trata muito bem comparado com os outros. Compreendo que cada vez que o senhor se alterou comigo, quando gritou ou me humilhou na frente dos outros funcionários, foi apenas porque queria que meu serviço fosse melhor executado. Minha mãe dizia que só as pessoas que gostam de nós, dão bronca. E eu também não ligo quando o senhor esquece meu nome, é um nome muito difícil e é até feio.

Gostaria que o senhor não ficasse chateado comigo, porque só fiz o que fiz por saber que o senhor nunca vai me amar como o amo. Não sou mulher para o senhor. Sou pobre e nem sei metade do que as mulheres de classe devem saber. Não sei se posso viver mais um minuto sem que o senhor me olhe como naquele dia que eu fui trabalhar com uma mini-saia e sem calcinha, não que eu esteja acostumada com esse tipo de comportamento, mas achei que o senhor gostou e só não repeti mais vezes porque não tenho muitas mini-saias e não é todo dia que uma mulher pode andar sem calcinha.

O senhor já deve ter percebido que lhe tenho de modo especial. As vezes eu fico horas deitada na banheira só pensando no senhor, em como seria bom se o senhor percebesse que também gosta de min e como nós seriamos felizes. Sei que não sou uma mulher bonita e que nem chego aos pés daquelas modelos que o senhor está costumado a namorar, mas tenho certeza que nenhuma delas sabe fazer seu doce preferido, porque eu sei. Aprendi num livro de receitas que o senhor deu na festa de final de ano da empresa. As outras meninas que trabalham na fábrica ganharam também, mas eu sei que o senhor deu me aquele, só para que eu aprendesse a fazer o doce de abóbora que o senhor tanto gosta.

Peço que o senhor compreenda a minha situação. Não me matei hoje na frente do senhor por que queria que o senhor se sentisse culpado de alguma forma. Só fiz assim , porque a ultima pessoa que eu queria ver era o senhor e eu nunca poderia estar a sóis com o senhor, ai quando o convite para festa desse ano, achei que essa seria a única oportunidade de estar com o senhor pela ultima vez.

Me perdoe, por favor. Meu único erro foi amar ao senhor.

Lisandra D.”
 
Isso é o que eu chamo de erro fatal XD, legal seu texto Breno... bj da angel ;)
 

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