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Carlos Vereza no Jô

Carlos Vereza no programa do Jô Soares

Categoria: Arquivo Político
Este vídeo com a entrevista do ator Carlos Alberto Vereza de Almeida no programa do Jô Soares já circulou em e-mail, apareceu em vários blogs e outros sites. Mesmo assim deixamos aqui a referência para fixar na memória política do brasileiro (que a essa altura já deve até ter esquecido do Mensalão).
Entrevista de Carlos Vereza no Programa do Soares, onde o ator demonstra toda a sua indignação com a política brasileira.


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Eu sei que a notícia é velha, mas eu mesmo nunca tinha visto (ou pelo menos, eu n lembro).
 
Última edição por um moderador:
Essa entrevista é histórica. Esse lance de dividir a esquerda é de matar nego do coração. Tem gente que chora contando isso.
 
Adoro essa entrevista. A prova de que entonação, palavras de impacto bem colocadas podem fazer o nada soar como um sininho nos ouvidos.

Meninas (?) do Jô sendo uma tribuna livre.

A volta da questão Regina Duarte e o terrorismo eleitoral de 2002.

Serra como autêntica esquerda? Com apoio de quem? De Bolsonaro? De Agripino Maia?

Glamour da ignorância? glamourização do apedeuta? Não foi-se a época do get-over-it-ele-não-é-um-idiota?

Lula dividindo a esquerda?

Vamos lá.... pensem... pensem...

Fico com as singelas palavras de Rodrigo Vianna:

Clima de comício no estúdio da TV Globo, em São Paulo. O ator Carlos Vereza é o entrevistado de Jô Soares. Estamos em maio de 2006: Lula prepara-se para disputar a reeleição contra Alckmin.

Carlos Vereza toma a ofensiva, e de cara dá os parabéns a Jô pela "tribuna livre" representada pelas "meninas do Jô" (aquele "debate" em que as "analistas" convidadas concordam em tudo, e concordam principalmente com a linha oficial baixada pelo comitê central da Globo).

O ator explica que as "meninas" faziam uma "crítica pertinente" e sem "sectarismo" ao Mensalão, e ao "projeto de autoritarismo que tentou, e tenta, se instaurar no país".

Palmas. Jô agradece e fala em "poder tentacular" no país. Quem seria o polvo? Advinhem?

Jô Soares pergunta se Vereza apoiou Regina Duarte quando, em 2002, ela dissera que tinha "medo" da vitória de Lula. "O medo dela era muito menor em relação ao que aconteceu", diz o gordo. Vereza completa: "muito menor, eu apoiei a Regina." Vereza explica que em 2002 apoiou Serra, que era a "verdadeira esquerda".

O vídeo segue, com críticas a Lula. Ritmo frenético de campanha.

No site do Programa do Jô consta uma entrevista de Vereza em maio de 2006. Mas não é possível saber se aentrevista foi ao ar na íntegra.

O vídeo mostra qual era o clima na Globo em 2006. Eu estava lá, trabalhava como repórter - talvez alguns se lembrem...

Quando amigos me perguntam se eu não exagerei quando escrevi aquela carta (aos meus colegas da Globo, na época) , a contar porque entrara em choque com a direção da emissora durante a cobertura das eleições, eu às vezes tenho que relembrar tudo que se via e se vivia por lá - http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=13171.

Quatro anos depois, as manchetes de "O Globo" estão aí de novo. E os caras estão babando ainda mais... Babam na gravata, como fizeram no recente simpósio do Instituto Millenium, financiado por Globo/Abril -http://www.rodrigovianna.com.br/outras-palavras/arnaldo-jabor-e-a-esquerda-que-nao-deveria-mais-existir.

Acho que o Vereza precisa se inscrever no Instituto Millenium. Faltou o Vereza no convescote, organizado pelos patrões da Globo/Abril para provar que a Democracia corre riscos porque eles (da Globo/Abril) já não estão no poder.

Do excelente blog O Escrevinhador.
 
A polêmica demissão da Globo

No início de dezembro de 2006, Rodrigo Vianna recebeu comunicado da direção da Globo que não trabalharia na emissora depois de 2007.

Dias depois, circulou e-mail aos jornalistas da Globo, enviado pelo próprio Vianna, com diversas críticas à forma como sua ex-empregadora conduzira a cobertura das eleições naquele ano. Em especial, o repórter afirma, no texto, que a emissora atuou para prejudicar a campanha de Lula à reeleição. O e-mail em questão vazou pela imprensa, que foi publicado em diversos sites.

Porém, suas acusações foram questionadas por certos membros da sociedade civil,[quem?] tanto pela gravidade das denúncias relacionadas ao jornalismo da Rede Globo, quanto pela ocasião em que foram feitas: muitos[quem?] consideraram um ato de vingança do profissional contra a emissora diante da não-renovação de seu contrato de trabalho e não uma real indignação com a situação ocorrida.[carece de fontes?]

As acusações de Vianna foram negadas também por Luiz Claudio Latgé, diretor de jornalismo da Rede Globo. No dia 20 de dezembro, divulgou nota em que diz que Rodrigo Viannna "(...) foi informado (...) que o contrato (...), que termina dia 31 de janeiro, não será renovado. A comunicação com um mês de antecedência é uma exigência do contrato. Latgé afirma na mesma nota que "Os motivos da não renovação nada têm a ver com a cobertura das eleições", questiona o motivo pelo qual o jornalista não se demitiu anteriormente, preferindo se submeter a uma situação que considerava insuportável e defende a cobertura eleitoral da emissora, alegando terem feito " uma cobertura eleitoral intensa e democrática, com a abertura de espaços em todos os nossos telejornais para todos os partidos, que mais de uma vez reconheceram nossa isenção e a importância do serviço prestado ao público."

[ame]http://pt.wikipedia.org/wiki/Rodrigo_Vianna[/ame]

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Interessante.
 
e? esse texto apenas tenta denegrir a imagem de um jornalista. Vamos então dizer que o Joãozinho escreveu o texto de antes.

E aí?

Melhor do que discutir uma mini biografia que "carece de fontes" ao invés de explicar quem é Barjas Negri. huh?

Apenas pra não ficar nessa de utopia Globo vs. Eleições (como se 1989 fosse um passado distante), cito agora Altamiro Borges:

TV Globo, o clip do Serra e os ingênuos.


Indignação com a política brasileira é um direito de qualquer um. Embasamento para tal "indignação" é algo que não consigo ver em uma das 500 palavras que Vereza/Jô dizem ali em cima. Bravata qualquer um faz, discurso, humm... esse é mais difícil.

Quanto a dividir a esquerda:




Carlos Vereza também... me parece... carece de fontes. Ou 90% dos movimentos artísticos, culturais, políticos e sociais de esquerda estavam ao lado de Lula no referido momento. Incluindo o então "partido de esquerda", o PSDB (saudades do Covas do último video?).
 
Última edição por um moderador:
Sério mesmo que vc concordou com a tirada do ar do comercial de 45 anos da globo? Se fosse 13 poderia?
 
Fazer uso de redefinição semântica, dependendo do contexto, é falácia para ganhar debate. Só que aqui a mesma vem a calhar, no que se refere a essas coisas de "esquerda" e "direita"

Acho que a questão de esquerda e direita não pode ser tomada de forma absoluta para o mundo todo. Não existe um padrão global do que é "esquerda" e "direita", este gradiente deve ser feito em nível regional.

As palavras "esquerda" e "direita" vêm, se não me engano, da época da Assembleia Nacional da França, durante os anos da Revolução e no período imediatamente anterior. Membros que eram a favor de mais reformas no sistema político e econômico se sentavam à esquerda, enquanto a ala mais conservadora sentava-se à direita.

Grossamente falando, a definição mais comum de esquerda e direita é que a primeira é liberal socialmente e rígida economicamente, e a segunda tende a ser mais conservadora socialmente e defender com vigor o ideal do laissez-faire.

Assim sendo, acho que no Brasil, dentre os principais partidos, o PT pode ser definido como uma centro-esquerda, o PSDB como um de centro-direita e o PMDB como um de centro. Este último é complicado, pois tem pouco ou nenhum compromisso ideológico, mas só para efeitos práticos, já que eles concordam hora com um, hora com outro, mesmo que por interesse próprio. O DEM seria de direita, mas encontra-se em estado de irresistível decadência, e tende a se transformar em uma legenda média se perder a prefeitura de SP em 2012. Além de outras legendas mais nanicas nos extremos da escala.

Só que essa própria definição é pobre, porque os posicionamentos sobre as coisas não são binários. Tendem a existir n alternativas para aquela mesma coisa, não é matéria de 0 ou 1. Essa é uma falácia que a esquerda e a direita unem-se para fazer com o intuito de monopolizar o discurso.

PS: e podemos comparar entre países também, por exemplo, politicamente o Brasil está à esquerda dos Estados Unidos, mas à direita da Suécia, por exemplo.
 
Sério mesmo que vc concordou com a tirada do ar do comercial de 45 anos da globo? Se fosse 13 poderia?

Não. Um erro não justifica outro, independente de partidos.

E não foi o 45 que fez a globo tirar do ar o comercial, mas sim todo o contexto, incluindo o jargão.


em tempo, sobre a questão imprensa:

Jornalista de Serra, ‘o retórico’, ataca Folha, ‘a anêmica’

O assessor de comunicação de José Serra, Márcio Aith, escreveu ao jornal Folha de S. Paulo (está na edição desta quarta, 2) reclamando do “noticiário anêmico” do jornal. Foi a resposta iracunda ao editorial Tabus de campanha, onde a Folha acusa o presidenciável tucano de “deslize retórico”, “subentendido infeliz” e “ataque velado”. A luta interna na oposição galga mais um estágio com o episódio caricato: agora em letra de forma, expõe as agruras que a queda nas pesquisas traz.

Por Bernardo Joffily


O editorial da Folha (de sábado, 29) de fato deve ter ficado entalado na já castigada garganta do ex-governador paulista. Faz que fala dos “três principais candidatos à Presidência”, mas não oculta que o seu problema é com Serra.

O texto lastima de que, passado um mês, nem o tucano, nem Dilma e nem mesmo Marina responderam a um questionário da Folha sobre temas programáticos na área “de costumes”. Acusa a campanha de não travar “um debate sério” sobre questões de programa. E aí vai para cima de Serra:
“O que tem surgido [...] pertence à ordem do deslize retórico, do subentendidoinfeliz e do ataque velado – de que são mostra os pronunciamentos de José Serra sobre a autonomia do Banco Central ou sobre a produção de cocaína na Bolívia” (!).

Nem a saudosa Velhinha de Taubaté duvidaria do compromisso tucanófilo do principal órgão dos Frias. O que chama atenção, portanto, é a estridência do editorial, essencialmente contra, logo quem, José Serra…

A primeira explicação que vem à mente é que o bloco demo-tucano-midiático está à beira de um ataque de nervos com a queda de seu candidato nas pesquisas. E por isso passa a lavar sua roupa suja em público. Faz sentido.

Mas, sem prejuizo desta hipótese, há outra que também se sustenta: a mídia dominante não se contenta em funcionar como partido político, conforme ficou solidamente demonstrado no debate do último dia 14 que lançou Centro de Estudos da Mídia Alternativa “Barão de Itararé” (veja mais em Um começo promissor para o Centro de Estudos “Barão de Itararé”). Ela se enxerga como o “Partido Mãe”, em especial em questões de ideologia e programa.

Embora ande mal das pernas (que o diga a Folha, ex-campeã de vendas, no século passado), essa mídia tem uma opinião sumamente favorável de si própria. E acidamente crítica dos seus aliados, os partidos tradicionais da oposição conservadora, PSDB e DEM, que considera uns trapalhões, interesseiros e vacilantes.

Portanto, ela não hesita em puxar a orelha do seu presidenciável, quando acha que ele saiu da linha. Serra, coitado, já deve estar com as orelhas em pior estado que a garganta. O editorial da Folha não é o primeiro exemplo, nem o 11º, nem por certo será o último.

Aith e o jornalismo do “bateu, levou”

Não é menos reveladora a carta-resposta de Aith – que aliás chegou no QG de Serra este més, vindo diretamente da redação dos Frias na Rua Barão de Limeira, onde era repórter especial há quatro anos, depois de três como editor-executivo da Veja: uma trajetória que diz tudo.

Aith parece ter aprendido, talvez com os Frias e os Civita, o jornalismo do “bateu, levou”. Sua réplica, em síntese, é:
“O editorial Tabus de campanha refletiu apenas o noticiário anêmico do próprio jornal ao não registrar temas programáticos fundamentais abordados pelo ex-governador José Serra” (!).

Exemplos… de indigência de ideias

Mas, ao escolher dois exemplos desses “temas programáticos fundamentais”, lançados na sexta-feira no Recife, quanto ao Bolsa Família e à Sudene, o jornalista de Serra expõe a indigência de ideias que acomete seu atual patrão. Se não, vejamos:

Sudene. Na capital de Pernambuco (onde o governo Lula tem 89% de ‘bom’ e ‘ótimo’ e Dilma Rousseff bate Serra por 53% a 24%, segundo a última pesquisa, do Vox Populi), Serra disse que ela é “um organismo fundamental para o desenvolvimento”. Até prometeu que, “presidente da República, vou presidir, ao mesmo tempo, durante seis meses, a Sudene”.

Ocorre que, os pernambucanos e brasileiros sabem, a “fundamental Sudene” foi extinta (!) pelo governo em que Serra participou. Em 4 maio de 2001, a medida provisória 2.146-1 “extingue a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste – Sudene, e dá outras providências” (veja aqui a íntegra). Quem assinou a MP foi FHC. De seu ministro da Saúde, José Serra, não se ouviu um ai, a não ser agora, que ele precisa ciscar votos nordestinos. Foi o governo Lula que reimplantou a Sudene, em janeiro de 2007.

Bolsa Família. Serra fez o que pôde para desmentir os boatos de que os tucanos querem acabar com o programa. Anunciou uma proposta que, segundo suas palavras, era “inédita”: “O garoto, o jovem, a adolescente cuja família vive do Bolsa Família vai ter uma bolsa de estudos para se manter no ensino profissional”, garantiu Serra, no palanque, frio e desenxabido, que lançou seu aliado, Jarbas Vasconcelos, para o governo pernambucano

Desta vez coube a Lula responder, com agilidade, elegância e humor. Nesta terça-feira (1º), quatro dias depois da proposta “inédita” do tucano, compareceu ao Parque da Moóca, em São Paulo (!), para cerimônia de entrega de 1.592 (!!) beneficiários do Bolsa Família que fizeram cursos de qualificação profissional em construção civil, com 200 hora-aula (!!!), dentro do programa Próximo Passo, que oferece no total 172 mil vagas (!!!!) e foi criado em 2008 (!!!!!).

Folha perde oportunidade histórica

Bem vistas as coisas, a Folha e Aith, como disse o poeta, se merecem. O que não impede que seja bemvinda a ideia de ativar o debate programático nesta campanha presidencial.

A edição da Folha desta quarta, aliás, perdeu uma oportunidade histórica – na plena acepção da palavra – de fazer “um debate sério” sobre programa. Cinco das seis centrais sindicais do país reuniram-se pela primeira vez em uma 2ª Conclat (Conferência Nacional da Classe Trabalhadora). A primeira foi há 29 anos! E se reuniram, justamente para discutir um programa de desenvolvimento nacional com valorização do trabalho. O título da Folha: Centrais gastam R$ 800 mil em ato para criticar o PSDB.

Pior, mais despolitizada e “desprogramizada”, só mesmo a matéria do pé da página. A reportagem deu-se ao trabalho de garimpar, entre os 30 mil líderes sindicais de todo o país presentes no estádio do Pacaembu, São Paulo, uma certa senhora Terezinha Melo, 72 anos, que disse ter vindo do Rio de Janeiro pensando que era “um passeio grátis”. Belo senso de debate programático!

Ao debate, senhores!

Porém com ou sem Folha espera-se que a discussão das questões de fundo venha à tona. Na campanha presidencial passada ela demorou, mas por fim entrou em pauta, já no segundo turno; foi por conta dela que Geraldo Alckmin perdeu 2,4 milhões de votos entre os dias 1º e 29 de outubro de 2006. Desta vez, espera-se que comece o quanto antes, com os candidatos apresentando e discutindo suas plataformas.

Aí, será difícil José Serra continuar a se dizer “de esquerda” enquanto encabeça a coligação da direita moderna com a direita arcaica, representada pelo PSDB e o DEM. Aí, será fácil para o eleitor entender por que esta eleição está mais polarizada que todas as outras desde a de 1º de março de 1930. E será mais fácil ainda escolher o seu lado, entre o programa da continuidade do governo Lula e o da volta aos tempos de FHC.
 
Adoro essa entrevista. A prova de que entonação, palavras de impacto bem colocadas podem fazer o nada soar como um sininho nos ouvidos.

Meninas (?) do Jô sendo uma tribuna livre.

A volta da questão Regina Duarte e o terrorismo eleitoral de 2002.

Serra como autêntica esquerda? Com apoio de quem? De Bolsonaro? De Agripino Maia?

Glamour da ignorância? glamourização do apedeuta? Não foi-se a época do get-over-it-ele-não-é-um-idiota?

Lula dividindo a esquerda?

Vamos lá.... pensem... pensem...

Fico com as singelas palavras de Rodrigo Vianna:



Do excelente blog O Escrevinhador.

Ótimo post e ótima indicação de blog.
A influência da Globo me assusta. Vai das camadas populares até os posts da Valinor com cunho eleitoreiro não-explícito.
 
A herança mais cruel da corrupção é mesmo a deterioração do ideal de democracia.

Quanto a política da América Latina hoje, seja ela capitalista, socialista ou comunista, vem seguindo o desempenho das economias. E o mundo hoje está sempre em busca de uma nova identidade econômica já que a tecnologia está sempre mudando. Enquanto China e Rússia caminham num ritmo, tentando se adaptar a popularização dos novos recursos tecnológicos, os países que antes eram sua influência como Cuba demonstraram ser mesmo a periferia do núcleo do que se desejava do comunismo (localizado hoje na europa-ásia) e estão caminhando em descompasso com todas as economias.

Demonstra-se cada vez mais que os sistemas centrais tanto do capitalismo como do comunismo não investiram recursos suficientes nas periferias para vencer a enorme pobreza e riscos dessas áreas. Os próprios países terão que se levantar sozinhos e criar seu próprio equilíbrio político.

A política na periferia, do ponto de vista do núcleo, é algo de fachada (falso mesmo) e temporário. São populações frágeis em todos os sentidos (culturais, físicos, ligações sociais incertas e baseadas em enganos ou afirmações desatualizadas) que resulta em política mal adaptada. Enquanto na simulação tudo funciona perfeitamente, ne realidade tudo desanda. E aí vemos distorções políticas como Hugo Chávez e Fidel vivendo como no condado dos Hobbits, tentando fechar o mundo do lado de fora de casa. Fazendo do governo um conceito partidário quando na verdade é uma ferramenta universal de equilíbrio.

Nossa esquerda e direita reflete mesmo o povo e isso é ruim. Mostra como o povo brasileiro ainda precisa caminhar.
 
Hugo Chávez é fechado em áreas importantes da democracia. Isso dá rigidez e inflexibilidade para a economia. Quem investe dinheiro lá sabe que pode sumir sem ter chance de reclamação. A abertura que um governo acredita as vezes não bate com a verdadeira abertura e competição econômica. A Venezuela gosta de dinheiro, porém como um país latino e imaturo não gosta de concorrência.
 
Hugo Chávez é fechado em áreas importantes da democracia. Isso dá rigidez e inflexibilidade para a economia. Quem investe dinheiro lá sabe que pode sumir sem ter chance de reclamação. A abertura que um governo acredita as vezes não bate com a verdadeira abertura e competição econômica. A Venezuela gosta de dinheiro, porém como um país latino e imaturo não gosta de concorrência.

Não. Acho que tu estas equivocado.

Vou citar um editorial de 2007 do Le Monde Diplomatique (versão portuguesa). Chama a atenção quem escreve esse editorial: Ignacio Ramonet. Um dos grandes jornalistas da atualidade e reconhecido pela sua defesa da liberdade (inclusive com prêmios).

Segue:

Editorial - Agosto de 2007
Hugo Chávez


por Ignacio Ramonet


Poucos governantes, em todo o mundo, são alvo de campanhas de demolição tão odiosas como o presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Os seus inimigos têm recorrido a tudo: golpe de Estado, greve petrolífera, fuga de capitais, tentativas de atentados... Desde os ataques lançados por Washington contra Fidel Castro não se via na América Latina uma tal obstinação. São difundidas contra Chávez as calúnias mais miseráveis, concebidas pelas novas oficinas de propaganda – National Endowment for Democracy (NED), Freedom House, etc. – financiadas pela administração do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. Esta máquina de difamação, que dispõe de ilimitados recursos financeiros, manipula os transmissores mediáticos (inclusive jornais de referência) e organizações de defesa dos direitos humanos, que por seu turno se alistam ao serviço de tenebrosos desígnios. Acontecendo também, ruína do socialismo, que uma parte da esquerda social-democrata junte a sua voz a este coro de difamadores.

Porquê tanto ódio? Porque na altura em que a social-democracia está a passar na Europa por uma crise de identidade, as circunstâncias históricas parecem ter atribuído a Hugo Chávez a responsabilidade de assumir, à escala internacional, a reinvenção da esquerda. Ao mesmo tempo que no Velho Continente a construção europeia teve como efeito tornar praticamente impossível qualquer alternativa ao neoliberalismo, inspiradas no exemplo venezuelano sucedem-se no Brasil, na Argentina, na Bolívia e no Equador experiências que mantêm viva a esperança de realizar a emancipação dos mais humildes.

A este respeito, o balanço de Chávez é espectacular, sendo compreensível que em dezenas de países pobres ele se tenha tornado uma referência obrigatória. Pois não reconstruiu ele, respeitando escrupulosamente a democracia e todas as liberdades [1], a nação venezuelana com novas bases, legitimadas por uma nova Constituição que garante a implicação popular na transformação social? Não devolveu ele a dignidade de cidadãos a cerca de cinco milhões de marginalizados (entre os quais as populações indígenas) que não tinham documentos de identidade? Não assumiu ele a empresa pública Petroleos de Venezuela S.A. (PDVSA)? Não desprivatizou ele e entregou ao serviço público a principal empresa de telecomunicações do país, bem como a empresa de electricidade de Caracas? Não nacionalizou ele os campos petrolíferos do Orenoco? Em suma, não dedicou ele uma parte dos rendimentos do petróleo à aquisição de uma autonomia efectiva perante as instituições financeiras internacionais e uma outra parte ao financiamento de programas sociais?
Foram distribuídos aos camponeses três milhões de hectares de terras.

Milhões de adultos e crianças foram alfabetizados. Milhares de centros médicos foram instalados nos bairros populares. Foram operadas gratuitamente dezenas de milhares de pessoas sem recursos que sofriam de doenças da vista. Os produtos alimentícios de base são subvencionados e propostos às pessoas mais desfavorecidas a preços 42 por cento inferiores aos do mercado. A duração semanal do trabalho passou de 44 para 36 horas, ao mesmo tempo que o salário mínimo subiu para 204 euros por mês (o mais alto da América Latina a seguir à Costa Rica).
Resultados de todas estas medidas: entre 1999 e 2005 a pobreza diminuiu de 42,8 por cento para 33,9 por cento [2], ao mesmo tempo que a população que vive da economia informal caiu de 53 por cento para 40 por cento. Estes recuos da pobreza permitiram apoiar muito o crescimento, que nos três últimos anos foi, em média, de 12 por cento, situando-se entre os mais elevados do mundo, estimulado também por um consumo que aumentou 18 por cento por ano [3].
Perante tais resultados, sem falar dos alcançados na política internacional, será de espantar que o presidente Hugo Chávez se tenha tornado para os donos do mundo e seus fiéis acólitos um homem a abater?


quarta-feira 8 de Agosto de 2007
Notas

[1] As mentiras a propósito da Radio Caracas Televisión foram recentemente desmentidas, tendo este canal retomado as suas transmissões por cabo e por satélite a partir de 16 de Julho.
[2] Mark Weisbrot, Luis Sandoval e David Rosnick, Poverty Rates in Venezuela: Getting the Number Right, Center for Economic and Policy Research, Washington DC, Maio de 2006.
[3] Ler o dossiê «Chávez, not so bad for business», Business Week, Nova Iorque, 21 de Junho de 2007.


E se isso não bastar, vamos dar uma olhada em uma hora de entrevista a Kennedy Alencar do próprio Chavez:

http://oleododiabo.blogspot.com/2010/05/kennedy-alencar-entrevista-hugo-chavez.html

Quem é Kennedy Alencar?


Da Folha o mané, huh?

O que é a Folha?

PHA disse:
Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que avacalha o Presidente Lula por causa de um comercial de TV; que publica artigo sórdido de ex-militante do PT; e que é o que é, porque o dono é o que é ; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.
 
Eu discordo de você. Vou repetir. Não estamos falando de ódio. A intervenção do estado na economia não contamina só a Venezuela. A maior economia da América do Sul, Brasil, e até mesmo os Eua também sofrem do mal ao interferir demais na empresas e ser dependente de carga tributária e protecionismo de setores (No Brasil é o descontrole fiscal, nos Eua os lobbies, na Venezuela o partido). Isso não é abertura real. Essas coisas tiram grau de investimento. Hugo Chávez acha que é só rivalidade e ódio, mas essa é a forma mais superficial de encarar um problema de defasagem econômica.
 
Eu discordo de você. Vou repetir. Não estamos falando de ódio. A intervenção do estado na economia não contamina só a Venezuela. A maior economia da América do Sul, Brasil, e até mesmo os Eua também sofrem do mal ao interferir demais na empresas e ser dependente de carga tributária e protecionismo de setores (No Brasil é o descontrole fiscal, nos Eua os lobbies, na Venezuela o partido). Isso não é abertura real. Essas coisas tiram grau de investimento. Hugo Chávez acha que é só rivalidade e ódio, mas essa é a forma mais superficial de encarar um problema de defasagem econômica.

E a não regulamentação do mercado o que gera? Olhe para 2008-2009. A maior crise desde 1929.

Essas coisas não tiram não o grau de investimento, só é observar a evolução do Brasil em termos de classificação (Moody's, a Standard & Poor e a Fitch).

Hugo Chavez carrega no discurso de soldado revolucionário e isso pega mal para aqueles que escutam sem um quê de Carlos Lyra. Porque? Carlos Lyra é autor de uma frase que pra mim estabelece a transparencia de uma pessoa: “Minha posição é mais ou menos assim: politicamente eu sou proletário, economicamente eu sou burguês, mas esteticamente eu sou aristocrático.” Trocando em miudos, Chavez não faz questão de esconder o que ele realmente acha, mesmo que isso possa significar um "desentendimento" ou "chacota" dos principais meios de comunicação. O que não significa algo ruim, pelo contrário... os números provam que o seu governo é responsável por mudanças significativas em política/economia/social dentro dos quadros venezuelanos.

A Venezuela de hoje é sim muito mais avançada e por conta de uma interferencia direta do estado tambem.

De longe, Chavez, Morales, Lula, Kirchner, Correa, etc são o que de melhor aconteceram na América Latina nos últimos anos.

Existem polemicas envolvendo esses nomes? Sim, eu mesmo não sou partidário de algumas políticas de Morales. Mas fato: nunca antes tivemos uma estabilidade tão grande dentro do continente.\

Pra terminar, voltando a questão carga tributária: nos últimos 18 anos começou o movimento de acesso universal a previdência. Esse movimento salvou o Brasil de um colapso entre economicamente ativos vs. inativos e ajudou a acender o mercado interno. A carga tributária elevada é um preço pago para reverter uma situação histórica, a dependencia do governo disto tem de ser vista como uma etapa necessária para corrigir a "ditabranda" e o caos social. E está surtindo efeito, basta observar a massa que saiu da linha da pobreza neste mesmo período.

Só lembrando, hoje temos cerca de 30 milhões recebendo aposentadorias no Brasil... E o dinheiro da previdencia já foi usurpado pelo governo em épocas anteriores para obras como a de Itaipu.

Quando se fala em reforma tributária o vies é muito mais de redistribuição de tributos entre união, estados e municípios do que de exoneração (a não ser para estabilizar o atual patamar ou beneficiar setores estratégicos como as exportações).
 
Cada vez mais as empresas do mundo têm tido sucesso apesar dos governos e não por causa deles. É a popularização tecnológica andando mais depressa que a legislação. As políticas do mundo estão sobrecarregadas e quanto mais um país está na periferia econômica, mais isso é visível. A segurança dessas empresas está na base do risco de investimento que são as primeiras assediadas pelos estrangeiros.

Nos dias que correm a Venezuela é a nova "banana republic", chamada de "oil republic". Um meio de produção principal, fácil de ficar de olho pelo governo, num mundo instável no qual a tecnologia pode roubar o meio de vida a qualquer momento. Aonde é mais arriscado, na Europa ou na Venezuela? Aonde for mais diversificado será mais estável. Mas modelos econômicos fechados não entendem de diversificação. Eles entendem de controle total em uma ou poucas coisas. Com mil dólares hoje a Venezuela certamente não faria parte da minha carteira de investimento (ainda mais sob risco de guerra com vizinhos). E sim, investidores olham essas coisas quando estão de olho no grau de investimento.
 
Três perguntas: por quem a Venezuela é chamada de "oil republic"? de onde tu tiraste que a economia venezuelana não vem se diversificando nos últimos anos? Risco de Guerra, com quem?

De novo, a questão de controle estatal de recursos "naturais" é uma questão estratégica e em nada tem relação com qualquer outro tipo de investimento estrangeiro.

Por fim, recomendo enfaticamente a todos o novo documentário de Oliver Stone:

 
Última edição por um moderador:
3 respostas. A Venezuela tem a dinâmica do oriente médio. O dinheiro para comprar coisas caras como armas de guerra e financiamento de projetos vem do petróleo e não de outras fontes de pouco valor. E eu não "tirei" isso. Trabalhar com a Opep não é um vínculo frágil. Os projetos faraônicas do oriente médio também vêm do petróleo. Monocultura leva a concentração que leva a desperdício.

E a Venezuela vive sob risco da Colômbia e do narcotráfico. Mesmo uma guerra que seja pequena para um país é desastrosa para as empresas que trabalham nele. Países andinos também têm tradição bélica.

Sobre controle estatal existe o que ele mostra e o que realmente existe. Não acredite em países latinos.

Confie no Hugo se quiser, eu nunca vou pôr a mão no fogo por ele enquanto ele não resolver as defasagens dele vou considerar que alguns países da África são melhores para investimento que o dele.
 
Não se trata de confiar, se trata de fontes.

Por quê cresce a economia venezuelana?
Venezuela: Petróleo semeando emancipação e crescimento econômico

por Luciano Wexell Severo*

Os dados divulgados recentemente pelo Banco Central da Venezuela (BCV) confirmam que a economia venezuelana apresentou crescimento de 10,2% no quarto trimestre de 2005 em relação ao mesmo período do ano anterior, acumulando a nona elevação consecutiva desde o último trimestre de 2003. Em 2005, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 9,3%.

Assim como nas outras oito ocasiões anteriores, o forte incremento foi impulsionado fundamentalmente pelas atividades não relacionadas com o petróleo : construção civil (28,3%), comércio (19,9%), transporte (10,6%) e indústria manufatureira (8,5%). O setor petroleiro teve alta de 2,7%. Segundo informe do Instituto Nacional de Estadísticas (INE), o desemprego em dezembro de 2005 foi de 8,9%, dois pontos percentuais abaixo do mesmo mês de 2004; a redução equivale, em termos absolutos, a 266 mil pessoas. No ano, a inflação acumulou 14,4% contra os 19,2% de 2004. A taxa de juros nominal caiu a 14,8%.

Estes resultados ratificam as expectativas do Ministério de Finanças e contrariam às previsoes ainda pessimistas de alguns “analistas econômicos”, que insisten com a idéia do “rebote estatístico”. Esta denominação foi inventada em junho de 2004 como explicação do crescimento da economia: o PIB estaria subindo como reflexo meramente numérico da queda dos períodos anteriores. Se trataria de um caso fantástico, e até hoje desconhecido, de uma bola que cai no chão e, como resposta física ao impacto, começa a subir sem parar. Comentando mais um crescimento do PIB, o ministro de Planificação e Desenvolvimento, Jorge Giordani, declarou ironicamente: “Continua o rebote productivo… a prática e os numerozinhos desmentiram as vozes agoreiras da oposição política. Os juízos políticos disfarçados de tecnicismos econômicos ficaram nus frente à nova realidade”.

Visivelmente uma das heranças do período neoliberal é o desprezo pelo processo histórico. A estratégica imediatista, de curto prazo, a razão do sistema financeiro: virtual, atemporal, distante da realidade, fictícia. Esta poderia ser uma das justificativas para que “analistas” ortodoxos consideram o governo Chávez responsável pelos maus resultados da economia entre 1999 e 2003, período que tentam rotular como o “quinqüênio perdido”. Frente a isto, é oportuno recordar: em grande medida, Hugo Chávez ganhou as eleições de 1998 porque a Venezuela enfrentava sua mais catastrófica crise econômica, política, social, institucional e moral, depois de 40 anos de alternância no poder dos partidos Ação Democrática (social-democracia) e COPEI (democracia-cristã). O país e o povo agonizavam como efeito da corrupção, do desperdício e da perversidade da IV República (1958-98).

A Venezuela, que muito pouco ou quase nada soube beneficiar-se dos dois choques do petróleo, de 1973 e 1978, vinha afundando em uma situação cada día mais complicada desde o início dos anos 1980. Segundo o economista Domingo Felipe Maza Zavala, atualmente diretor do BCV, somente entre 1976 e 1995, o país recebeu cerca de 270 bilhões de dólares de ingressos petroleiros, equivalentes a vinte vezes o famoso “Plano Marshall”. Paradoxalmente, o saldo total da dívida externa venezuelana aumentou de 16,4 bilhões de dólares para 33,5 bilhões de dólares entre 1978 e 1983. Este é um claro exemplo da dinâmica dilapidadora e selvagem da chamada “Venezuela Saudita”.

No início dos anos 90, com a “Gran Viraje” e a “Apertura Petrolera” de Carlos Andrés Pérez, continuadas pela “Agenda Venezuela” de Rafael Caldera e Teodoro Petkoff, o país foi entregue aos interesses do Fundo Monetário Internacional (FMI). Iniciou-se o acelerado processo de destruição nacional: redução do papel do Estado na economia, desinversão, desindustrialização, privatização dos setores estratégicos e redução dos históricos direitos trabalhistas. Entre outras, foram privatizadas, e inclusive desnacionalizadas, a Compañía Nacional de Teléfonos (Cantv), a Siderúrgica del Orinoco (Sidor), a Venezolana Internacional de Aviación S.A. (Viasa), instituições financeiras, centrais açucareiras, estaleiros navais e empresas do setor construção. Em 1998, já estava prevista a entrega da PDVSA aos cartéis internacionais.

Tudo se fez supostamente em nome da redução do déficit fiscal, do estímulo à entrada de capitais estrangeiros, à modernização da indústria nacional, maiores eficiência , produtividade e competitividade , redução da inflação e diminuição do desemprego. Puro verso semântico para disimular o Consenso de Washington e apresentá-lo com a doçura de um canto de sereia. Menos de dez anos depois, organismos internacionais como a Cepal, o Banco Mundial, o FMI e, inclusive, o Vaticano reconheceram o rotundo fracasso destas políticas. Sem embargo, muito antes destas tardias conclusões, o povo venezuelano já tinha se alçado e decidido trilhar outro camino. Isto foi demonstrado no Caracazo de 1989 e nos dois levantes cívico-militares de 1992, o primeiro deles liderado pelo então desconhecido Comandante Chávez. Estas insurreições, diferentemente do que aconteceu nos demais países de nossa região, frearam em certo grau a aplicação da agenda neoliberal.

Quatro fases da economia no governo chávez
A economia venezuelana durante o governo de Hugo Chávez possue quatro etapas distintas e claramente definidas. Sustentamos, como resultado do estudo que viemos realizando de forma permanente nos últimos anos, que em cada um destes momentos –determinados hora pelas ações do próprio governo, hora pelas reações da oposição ao processo de mudanças– se verificaram diferenças consideráveis na direção das políticas fiscal, monetária e cambial do país.

Em 1999 o PIB venezuelano caiu 6% em 1999, fruto da grave situação econômica e da campanha de chantagem emocional promovida pelos grandes medios de comunicação -comprometidos com os interesses estrangeiros- contra o presidente recém-eleito. Recordemos que Maritza Izaguirre, ministra de Finanças de Caldera, permaneceu nesta função durante os nove primeros meses do novo gobierno. A retração da economia é reflexo natural deste momento de adaptação, da tendência decrescente verificada desde o terceiro trimestre de 1998 e da baixíssima cotação internacional do petróleo, cerca dos 9 dólares por barril naquele momento.

A recuperación dos preços do mineral -fruto direto das ações do governo Chávez- e as políticas fiscal e monetária expansionistas da economia marcaram o inicio da nova etapa. Durante os anos 2000 e 2001 o PIB teve altas de 3,7% e 3,4%, respectivamente. Nestes oito trimestres o PIB não-petroleiro cresceu 4% em média, enquanto o PIB petroleiro elevou-se somente 1,2%. Verificam-se quedas no desemprego, no índice de preços ao consumidor e nas taxas de juros; com conseqüente aumento do crédito, do consumo e do PIB per cápita.

Entre a posse de Hugo Chávez, em fevereiro de 1999, e meados de 2002, os setores oligárquicos, associados aos interesses estrangeiros sobre o petróleo, tiveram uma postura prudente. A explosão de insatisfações deu-se justamente no final de 2001, quando o governo apresentou um conjunto de leis que buscavam implementar profundas transformações estruturais nos principais setores da economia: estatal Petróleos de Venezuela S.A. (PDVSA); Leis de hidrocarbonetos líquidos e gasosos, de terras, do sistema financeiro, do imposto de renda, das cooperativas. Ali começou a terceira fase; uma batalha que durou aproximadamente um ano e meio. Entre o final de 2001 e fevereiro de 2003 ocorreu de tudo na Venezuela: a greve patronal de dezembro de 2001; o Golpe de Estado promovido pela CIA em abril de 2002; as conspirações e a “sabotagem petroleira” entre o último trimestre de 2002 e fevereiro de 2003.

O resultado previsível: a economia venezuelana caiu, desmoronou, 8,9% e 7,7%, nos anos 2002 e 2003, respectivamente. Foram quedas si milares a uma economia de guerra. O resultado surpreendente: Hugo Chávez saiu mais fortalecido da crise. Depois do Golpe de Estado, ficaram evidentes e desmoralizados os setores golpistas das Forças Armadas. Com a sádica arremetida contra a PDVSA, demostrou-se o caráter profundamente anti-nacional e desesperado da classe privilegiada, que se sentia ameaçada pelas ações nacionalistas do governo. A conspiração tramada desde Washington provocou a derrubada da produção petroleira de 3 milhões de barriles diários para 25 mil, freando o aparato produtivo e provocando a quebra de centenas de empresas e a demissão de milhares de trabalhadores. No primeiro e no segundo trimestres de 2003, o PIB caiu 15% e 25%, respectivamente. No total, foram sete trimestres consecutivos de queda da atividade econômica, da renda per cápita, das reservas internacionais; acompanhados pela elevação do desemprego a 20,7%, da inflação a 27,1% e das taxas de juros a 22%. Já no terceiro trimestre de 2003, iniciou a quarta e atual fase da economía venezolana no governo Chávez: a reativação. Para compreender a magnitude da recuperação é necessário interpretar a dimensão dos desastres de 2002 e 2003. Hoje, por ejemplo, a Formação Bruta de Capital Fixo -a acumulação adicional de bens de capital- alcança os 24,2% do PIB. No meio das conspirações de 2003, chegou a cair aos 14,0%. A Venezuela recém agora recomeça a caminar.

Por quê cresce a economia venezuelana?
A efervescência da economia venezuelana é fruto direto, mas não exclusivo, da expansão dos preços do petróleo para uma média de 57,4 dólares por barril tipo brent (dezembro de 2005). Os hidrocarbonetos são e continuarão sendo por muitos anos um poderoso instrumento de suporte desta economia. Mas, então, o que há de novo na Venezuela? A novidade é que definitivamente o país está semeando o petróleo nos setores produtivos da economia, como rogou Arturo Uslar Pietri há mais de 70 anos. Parte dos ingressos petroleiros são utilizados como fonte de financiamento para a estruturação e o fortalecimento do mercado interno – desenvolvimento endógeno, para um processo soberano de industrialização e a definitiva independência econômica. O petróleo significa uma arma para a superação da economia rentista, improdutiva e importadora, establecida desde pouco antes dos anos 1920, quando iniciaram as explorações do “excremento do diabo” no Lago de Maracaibo.

A semeadura do petróleo se faz possível especialmente através de sete mecanismos: 1) modificação da Lei de Hidrocarbonetos e aumento dos royalties cobrados pelo governo às transnacionais petroleiras; 2) adoção do controle de câmbio em fevereiro de 2003, que aumentou as reservas internacionais de 15 bilhões de dólares para 30 bilhões de dólares e possibilitou a aplicação de outras medidas; 3) a nova Lei do Banco Central e a criação do Fundo de Desenvolvimento Nacional (Fonden), que já conta con 9 bilhões de dólares; 4) novo enfoque do máximo órgão de arrecadação de tributos, o SENIAT, que este ano aumentó em 60% a recoleção de impostos –sobretudo das grandes empresas nacionais e transnacionais, históricamente morosas e inadimplentes; 5) amplo plano de investimentos públicos na plataforma de indústrias básicas, com seu consiguiente efeito multiplicador e acelerador do investimento privado no setor transformador de insumos básicos em productos de maior valor agregado; 6 ) aporte em 2005 de aproximadamente 5 bilhões de dólares às Missões Sociais, como mecanismo de emergência para pagar a imensa dívida social acumulada, diminuir o desemprego e combater a inflação; 7) o trabalho do Ministério de Agricultura e Terras (MAT) para resgatar e ativar produtivamente um milhão e meio de hectáres de latifúndios improductivos, fortaleciendo o Plan de Siembra 2006 e incorporando a milhares de trabajadores rurais ao proceso productivo. Estes sete dispositivos permitem que, apesar do forte crescimento dos preços do petróleo, desde 2004 o PIB não-petroleiro tenha crescido a taxas significativamente mais elevadas que o PIB petroleiro, evidenciando o impacto positivo dos recursos petroleiros sobre as atividades não relacionadas diretamente com o mineral. Enquanto no segundo trimestre de 1999 o PIB não-petroleiro significava 70,5% do PIB total, hoje representa 76,0%. No mesmo período, a participação do PIB petroleiro no PIB total foi reduzida de 20,1% para 14,9%.

Ainda mais significativa é a aceleração do PIB manufatureiro -a indústria transformadora- entre o inicio de 2003 e hoje. A manufatura foi o setor que mais cresceu no período, recentemente ultrapassando o PIB petrolero pela primeira vez desde 1997, data de início da atual série estatística do BCV. A ativação é verificada especialmente nos consistentes aumentos do consumo de eletricidade, das vendas de veículos, cimento, produtos longos para a construção civil, ferro e alumínio. Dentro da indústria manufatureira, os sub-setores que mais cresceram foram: Fabricação de veículos automotores, reboques e semi-reboques (13,5%), Elaboração de alimentos, bebidas e tabaco (10,6%), Pneus e produtos plásticos (10,3%) e Fabricação de máquinas e equipamentos (7,0%). A participação da manufatura no PIB total, que havía sido comprimida a 14,7% durante a “sabotagem petroleira”, hoje chega a 16,7% com tendências crescentes. Tais resultados devem melhorar ainda mais quando se sintam os impactos do “Acordo Marco para a Reativação Industrial e a Transformação do Modelo Produtivo” e do “Decreto para o Subministro de Matérias Primas ao Setor Transformador Nacional” , que buscam reduzir as exportações primárias e garantir insumos básicos como alumínio, ferro, aço, madeira, etc., aos produtores venezuelanos. Desde o início de 2003 se verifica uma redução das importações de bens para o Consumo Final, de 37,6% para 24,2% do total importado, acompanhada por um aumento das aquisições de bens para a Formação Bruta de Capital Fixo, de 12,3% para 25,7% do total. Quer dizer, a Venezuela tem investido seus recursos na obtenção de máquinas, componentes e equipamentos que ajudam o processo de industrialização soberana em marcha.
Os dólares do FONDEN estão reservados exatamente para o financiamento de planos estratégicos de desenvolvimento em setores como: indústrias básicas, petróleo, gás, infraestrutura, transportes, habitação. Dentro destas linhas se criam empresas e se desenvolvem projetos como a nova siderúrgia venezuelana para a produção de aços especiais, uma fábrica de tubos petroleiros sem costura, três novas refinarias de petróleo, dez aserradeiros de madeira, as fábricas de cimento, de concentração de mineral de ferro, de laminação de alumínio, de pulpa e papel, e muitos outros. Além disso, recentemente foi aprovado crédito de 750 milhões de dólares do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para apoiar a construção da central hidrelétrica Tocoma. No total, el Sistema Elétrico Nacional receberá investimentos que se aproximam aos 3 bilhões de dólares em 2006.

Todos estes planos tem sido dirigidos soberanamente pelo Estado venezuelano - que controlará pelo menos 51% das ações de cada uma destas iniciativas. Apesar disso, muitos serão concretizados através de associações estratégicas com governos de outros países ou com investidores privados, nacionais ou estrangeiros. As metas são estreitar as relações internacionais especialmente com países latino-americanos e com China, Espanha, Índia, Irã e Itália, obedecendo a orientação de construir a Alternativa Bolivariana para a América (ALBA) e de contribuir para a formação de um mundo multipolar. Exemplos disso são o recente lançamento da refinaria de petróleo Abreu e Lima, em Pernambuco, acordado entre a PDVSA e a Petrobras, os acordos com a Argentina para a construção de navios petroleiros pelo Estaleiro Rio Santiago e a fábrica binacional de tratores Venirán Tractor, com o governo do Irán, que já efetivou a entrega das primeiras 400 unidades.

Há diversas iniciativas de associação entre o Estado e o empresariado nacional, buscando reativar o aparato produtivo industrial e agrícola. O objetivo é não somente a recuperação industrial, mas sim a criação de sólidas bases para abandonar o modelo econômico rentista, sustentado na dádiva do petróleo, e construir um novo modelo produtivo, endógeno, com dinâmica e vida internas, capaz de garantir o crescimento econômico e o desenvolvimento nacional. Há um ano, em março de 2005, foi criado o Ministério de Industrias Básicas e Mineiração (MIBAM), justamente com a função de criar as bases para a industrialização soberana do país.

Novas ações da oligarquia oposicionista
É bastante esclarecedor o artigo publicado pelo diário venezuelano “El Universal”, intitulado nada mais nada menos que: “Se avecina recesión económica” . O jornal reproduz a idéia de que “a economia venezuelana mostra os primeiros sinais da iminente aparição de uma etapa recessiva, devido ao estancamento do crescimento do setor não-petroleiro”, exatamente o oposto do que demonstram as estatísticas, conforme explicitado anteriormente. Os mesmos setores anti-nacionais que sustentaram a greve patronal, o Golpe de Estado, a sabotagem petroleira e as permanentes conspirações contra o país retomam sua estratégia. O motivo da nova ofensiva está no avanço do profundo processo de transformações -conjunturais e estructurais- e de distribuição de renda e inclusão social, que teve efeitos muito positivos na atividade econômica e na vida política e social durante 2005. As ações do governo de extender a mão aos empresários nacionalistas servem como forma unificada de trabalhar pela ativação da indústria e da agricultura, gerando empregos e fomentando o desenvolvimento endógeno. Além disso, a Venezuela vem ampliando suas relações com importantes países e fez efetiva sua entrada no MERCOSUL.

Todas as previsões indicam que em 2006 a economia da Venezuela acumulará crescimento próximo aos 6%, com consequente progresso dos indicadores econômicos e sociais. Este é o melhor momento do governo desde sua posse e, com o planteamento de Hugo Chávez de avançar rumo ao que denomina “socialismo do século XXI”, se desenha claramente um processo de mudanças ainda mais intenso. As próximas eleições presidenciais serão realizadas em dezembro deste ano e a evidência de mais uma vitória das forças bolivarianas tem perturbado a administração da Casa Blanca e seus aliados venezuelanos. É possível que, afogados em seu progressivo isolamento, invistam mais uma vez em sua tradicional alternativa da violência para interromper governos democráticos e populares. Por outro lado, assim como nas ocasiões anteriores, as ações orquestadas pelo governo estadunidense devem encontrar a resistência do povo venezuelano, que a cada agressão refina sua conciência e incrementa seu exercício da democracia participativa e protagônica.

Resumo bibliográfico:
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