A discussão ficou muito grande, muito pessoal e pra falar a verdade eu me perdi e num monte de posts eu só corri o olho.
Só queria acrescentar algumas observações:
Nem a ciência é imparcial.
"
Scientific inquiry is generally intended to be as objective as possible in order to reduce biased interpretations of results." [Wikipedia, preguiça de traduzir, google translate está aí para os que não conhecem o "latim" do mundo moderno, a língua do nosso querido Professor.]
Só pra defender a ciência, eu sou envolvido com ela.
Não sou nenhum especialista, como ninguém aqui parece ser
, mas sou filósofo amador, estudo em casa por conta própria e curso administração. Apenas me identificando pra quem tiver o interesse saber de quem vem essas opiniões. Eu fiquei curioso sobre o backgroud de alguns de vocês mas estou com preguiça de procurar pelo fórum. xD
Eu consigo, mesmo que não perfeitamente, ver pontos positivos nos dois lados da discussão que se formaram. Eu tendo pro lado negativista, assumo, que foca na ineficácia destes programas sociais, nas fraudes, na corrupção, nos desvios. Mas considerem o seguinte: se 50% de toda doação (mesmo as nossas compulsórias) chegasse de fato a ajudar as pessoas necessitadas, não valeria a pena? Ilustrando: se você pagaria 50$ numa coisa muito boa, talvez essencial pra outra pessoa, deixaria de pagar só porque teria que pagar 100$ e algum filha da mãe ficaria com a metade? Eu acho que o valor obtido - suprir as necessidades humanas de uma pessoa - ainda é maior que o custo, então vale a pena, é um bom negócio. Meu problema com os programas sociais não é este. Aliás, esse é o cenário ideal, o objetivo declarado dos programas. O problema é o dinheiro do programa não suprir as necessidades de quem se propõe a ajudar, como no caso das pessoas que encostam... Neste caso, a pessoa fica sem incentivo para melhorar (e atingir níveis melhores de educação e cultura), se tornando um encosto eterno pra sociedade, sem contar das consequências psicológicas que uma vida sem educação, cultura e ocupação tem pra própria pessoa. Um mal para todos os envolvidos. Se o programa é bom pra uns e mau pra outros, aí já é necessária uma análise melhor pra ver se o valor total obtido é maior do que o custo.
Sobre a análise, contar causos pessoais é interessante e emocionalmente envolvente, eu fiquei feliz quando li o que o Mercúcio contou das famílias que ele viu sendo ajudadas de verdade. É bom ver que pelo menos um pouco de bem está saindo disto. Mas ainda assim, os causos não passam de uma falácia lógica, realmente. Quem estiver interessado em saber melhor olhe a combinação de
Post hoc ergo propter hoc e raciocínio indutivo. O ideal então, como se espera, é que a análise seja feita com o auxílio da ciência, com estatísticas. Mas quem leu meu depoimento sobre o trabalho numa empresa que faz e interpreta estatísticas sabe que nisto também não dá pra confiar (olha a indução aí). Conclusão: nunca saberemos a verdade.
O segundo problema, que já citei antes, é a obrigação que todo mundo tem de concordar com isso. Nesta discussão pessoas estavam aí citando Voltaire ou sei lá, defendendo o direito de discordar, tudo muito bonito. Mas na nossa realidade, não existe o direito de ser diferente. Podemos pensar diferente, mas que diferença isso faz? Todos pagamos, concordando ou não. Isto sim é o que me faz ser contra todos estes projetos do governo, por melhores que sejam as intenções.
Pensem, por exemplo, em posições polêmicas mais simples, para entender melhor o problema. Aborto. A população se divide em pró-vida e pró-escolha. Imaginem agora que o governo resolve subsidiar projetos da posição oposta à sua com o seu dinheiro, que você paga através de impostos. Acha justo? Religião. A maioria brasileira é "católica", devemos pagar professores de Ensino Religioso Católico em todas as escolas públicas? Os protestantes, espíritas, ateus e todas as outras pessoas devem arcar com os custos também? É justo? Mas todas as pessoas que discordam do objetivo que os projetos sociais do governo atingem são obrigados a pagar. Vemos bem nesta discussão que o assunto está longe de ser definido, consenso, ou seguramente avaliado como positivo para a sociedade em geral.
Como eu disse em outro post aqui do Política, este tipo de discussão só serve pra dividir a população. Numa coisa todos nós aqui estamos unidos: nos preocupamos com o nosso país e queremos o melhor para ele. Só discordamos sobre métodos. E a nossa divisão em direita e esquerda, pró-bolsas e contra-bolsas etc, só colabora para que a nossa força seja diminuída no confronto contra a classe que mais gera desigualdade social: a dos próprios políticos. Tanto em sistemas capitalistas quanto socialistas, em qualquer sociedade, são sempre os governantes os mais susceptíveis à corrupção, e também são sempre os mais ricos, poderosos e os mais interessados em manter a ordem do poder como está, o famoso
status quo. Nos meus dias mais paranóicos, acho que é tudo parte do plano deles. xD
Finalizando com Tolstoy:
"Everyone thinks of changing the world, but no one thinks of changing himself."
~ "Todo mundo pensa em mudar o mundo, mas ninguém pensa em mudar a si mesmo."