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Campos de Carvalho

str1ker

Usuário
O fato é que não possue um tópico sequer sobre o melhor escritor brasileiro do século passado (que mundo!). Entendo que ele não é muito conhecido e tal, mas po, todo mundo que vai atrás de coisa boas nacionais inevitavelmente deve parar nele.

Ele escrevou 4 livros, que eu tenha conhecimento, que são "A Chuva Imóvel", "O Púcaro Búlgaro", "Vaca de Nariz Sutil" e "A Lua vem da Ásia". Eu tenho os três últimos, e estão, sem dúvida alguma, entre as melhores coisas que já li.

A prosa dele é modernista puxando pro lado do realismo (de uma forma surreal, sem isso ser uma contradição) e irregular (em termos de narrativa, não de qualidade). O tema (que é o que menos importa nos seus livros) fala normalmente de morte, loucura, pessoas desajustadas, crítica ao modo de vida burguês e etc. O estilo da escrita dele é totalmente único e foda, a ponto de ser facilmente reconhecível qualquer frase solta dele que se vê, sei lá, pixada num muro.


Alguns quotes do cara:

"(...) Outra coisa que a chuva me faz lembrar sempre são os mortos. Tive um amigo que de certa feita escreveu esta frase lapidar: A chuva dá de beber aos mortos, e talvez por isso eu não possa sentir a chuva sem sentir a presença dos mortos ao meu lado, e até mesmo dentro de mim.

Por outro lado, não é verdade que os mortos hão de sentir-se apavorados dentro da terra encharcada e gotejante, sobretudo os mortos recentes e que ainda não estão acostumados com a sua solidão? Eu, depois de morto, tanto me dá que chova ou deixe de chover, mas aquela frase do meu amigo não deixa de ser bela e profundamente inspiradora. Não acredito que a sede seja o que mais importune os mortos no seu silêncio, mas a poesia é sempre necessária e é bom que os poetas estejam lembrando-se dos mortos nos dias de chuva, como uma mãe dos seus filhos. (...)"

"(...) Foi uma boa mulher enquanto foi boa, depois as nádegas lhe cresceram tanto que eu tinha dificuldade até de atingir a cozinha, estando ela nas imediações (...)"

"(...) Mas isso são águas passadas e a mim me interessam as águas futuras, que me levarão aonde eu quero e que no momento não consigo recordar o que seja nem onde esteja. Sei que se trata de algo extraordinário que me escapa, e que por isso e para isso exatamente aqui estou, vertendo a lama do meu pensamento até que me escorra o petróleo da sabedoria (...)."

"Todas as rosas do mundo não impedirão a podridão do morto."


Enfiam, leiam. (tom de ordem)
 

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