Parece-me meio irreal sim.
Por mais avarentos que sejam, os dirigentes do Cruzeiro são predominantemente mineiros e também têm ao menos alguma parte do senso regionalista do torcedor. Os torcedores se identificam com o time, com Minas Gerais, fazem uma ligação entre o time e Minas Gerais e identificam-se também com essa ligação. Extrapolo mais ainda, digo que eles fazem uma ligação semelhante do time rival com a cultura do Estado e também se identificam, positivamente, com essa ligação. Nenhum cruzeirense ou atleticano lúcido o suficiente seria burro de dizer que o outro lado da Pampulha e a rivalidade entre os dois em si,não têm um papel importante na iformação da identidade mineira.
Mas tudo bem, foda-se a cultura, o bairrismo, o negócio é money baby, investimento para criar melhores times, vender os jogadores mais caros, mais exposição, enfim, capitalismo selvagem. E ainda continua imprático. Imagina o time comunicar essa decisão à torcida? Grande parte dos torcedores vão se considerar traídos - em especial os torcedores de núcleo, tão caros à equipe e que tendem mais a fazer a identificação que eu falei acima. O número de torcedores cairia à metade rapidamente, em questão de meses. Haveria um grande racha em torno disso. Falariam e até levariam adiante a criação de um outro time, amador que fosse, que seria entronado por um grupo mais radical como o sucessor legitimo do Cruzeiro, um [ame=http://en.wikipedia.org/wiki/United_of_manchester]United of Manchester[/ame] à brasileira. E os paulistas encarariam com desprezo a chegada desse alien ao futebol paulista. Sem contar a necessidade, que considero justa, que o time celeste teria de começar a disputar o Paulistão desde a enésima divisão. Sobreviver a esse degrau, deixar que a magia do anacronismo faça seu encanto costumeiro e elimine da memória social, no trocar das gerações, do esquecimento do passado e se crie uma nova identidade, uma nova história e uma nova legião de fãs seria um remédio lento demais para um paciente em estado quase terminal. Praticamente impossível de dar certo.
E depois, será que cabe mais em São Paulo? Para que fosse viável o Cruzeiro ir para São Paulo, todos os times teriam que se concentrar no eixo. Isso significa que no mínimo Inter ou Grêmio (provavelmente os 2) também teriam que sair de seus Estados originais. Só assim outras Unidades Federativas não estariam sozinhas, deixariam de lado seu complexo de "órfãos do futebol" e passariam a achar natural e incontestável o fato de que o esporte concentra-se em São Paulo e, em proporções menores, no Rio. Isso geraria público o suficiente para sustentar todas as equipes em São Paulo, de maneira semelhante ao que acontece na Argentina com relação a Buenos Aires, que é o centro de tudo naquele país, e também do "balompié". Do contrário, o futebol paulista seria coisa ainda predominantemente de paulistas, o modelo não comportaria 5 ou 6 times grandes em um lugar só e alguém teria que ceder. E seriam, muito provavelmente, os novos "players" de mercado.
Enfim, acho a ideia impraticável. Além de desagradável. Aqui isso, graças ao bom Eru, não funciona como nos States.