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[Call of Cthulhu] O Rei em Amarelo [on]

Jeff Donizetti

Quid est veritas?
Prólogo: Chegam os convites

Manaós, 6 de Junho de 1910, uma segunda-feira

A temperatura começa a cair na "Paris dos Trópicos" nesse fim de tarde, mas ainda assim não deixa de beirar os 25°C. Pelas ruas cuidadas da capital aumenta o fluxo de pessoas a caminho de suas casas, depois de mais um dia de trabalho. Estamos em pleno Ciclo da Borracha, e se a concorrência do produto malaio começa a assustar, não conseguiu diminuir ainda a pompa que Manaus procura apresentar para seus cidadãos e visitantes. Misturados, carros importados da Europa e Estados Unidos, propriedade de alguns dos coronéis da borracha que moram na cidade, e bondes apinhados de proletários a caminho dos novos subúrbios, que pouco lembram o fausto ostentado no centro de Manaós. Ali, entre prédios imponentes e luxuosos, como o requintado Teatro Amazonas, o Palácio do Governo, o Mercado Municipal e o prédio da Alfândega, respira-se o glamour da moda francesa e da tecnologia inglesa, com madames e barões suando em bicas por conta dos corpetes e vestidos suntuosos ou dos fraques e cartolas ou chapéu coco e exalando seus caríssimos perfumes parisienses. Para aplacar o calor, alguns endinheirados se sentam às mesas de cafés e tomam despreocupadamentes canecas de chopp alemão enquanto suas mulheres se deliciam com bombons suíços enquanto pensam ou no baile da noite ou na visita a algum cabaré para conhecer a nova “atração” trazida diretamente da Europa.
Não muito longe, vagam alguns mendigos e desocupados das casas, convenientemente mantidos à distância pela polícia e por seguranças especialmente contratados. Outros pobres da cidade, que têm a felicidade de encontrar um emprego, começam a atravessar em pontes precárias os igarapés a caminho de seus casebres sem água ou esgoto, muitas vezes construídos sobre estacas e avançando sobre as águas e conhecidos como “palafitas”. Muitos de seus moradores, em sua maioria mulheres, aguardam ansiosos a cada dia a volta triunfal do marido que foi tentar a fortuna nos seringais do meio da mata, rezando para que seus homens não padeçam de tifo, febre amarela ou atocaidados por algum bugre bravo ou seringueiro inimigo.
Mais um dia como outro qualquer vai terminando na capital manaura.

Quase ao mesmo tempo, por volta das 17:00, nesse mesmo dia cartões em rico papel couché são entregues por mensageiros a quatro pessoas em diferentes locais de Manaós. No verso, pode-se ler uma mensagem breve escrita a mão, com letra cuidadosamente desenhada e assinada com três iniciais, as mesmas do titular do cartão:

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O Professor Jerome Anajé recebe o papel em sua sala na Universidade de Manaós e pouco depois de terminar vê que chega a sua porta seu novo amigo, o Professor Nagato Iuki, japonês em visita ao Brasil, segurando um cartão do mesmo tipo. Ambos sabem mais ou menos do que se trata pela conversa que tiveram na sexta anterior com o Diretor da Faculdade, que os avisara que o Diretor do Teatro Amazonas pedira que lhe indicasse alguém de sua confiança para tratar de uma assunto importante

No centro da cidade, na Central de Polícia, o mesmo cartão chega às mãos do Investigador Alberto Nascimento através de seu chefe, o Delegado Noronha, que mencionara de passagem que ia mandá-lo em uma missão a pedido “dos caras do teatro”.

Enquanto isso, em um hotel 4 estrelas da cidade, o Conforto Manauara, o Jornalista Jeremy Owen, o “Jim”, inglês recém-chegado a Manaus, recebe o mesmo cartão de um estafeta em seu quarto. Ele sabe vagamente do que se trata pela conversa que tivera com Mr. Thompson, o cônsul inglês em Manaus, que dissera ter intercedido junto aos brasileiros para que um britânico pudesse observar o andamento da montagem de uma peça de teatro que fora proibida na Grã-Bretanha, pedindo ao jovem que estivesse atento a qualquer possível ameaça à Coroa.


FIM DO PRÓLOGO

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Off: Senhores, passo-lhes a palavra... Lembrando que são 17:00 do dia 6 de junho e o encontro está agendado para a tarde do dia seguinte.
 
Última edição:
Alberte chega em seu quarto coloca o convite em cima da cabiseira da cama, e coloca o sinto com uma das armas, no cabide e coloca a outra em baixo do trabiseiro. Já tinha a muito tempo o obto de dormir com uma arma embaixo do trabiseiro.

Antes de dormir ele olha uma ultima vez o convite e pensa no que pode espera da peça.

Ele vai dormi.

No dia seguinte ele sai mais sedo do trabalho e se prepara para ir ao teatro, ele vai armado afinal esta a trabalho. Ele chega os 15 minutos antes das 4:00 e aproveita para observar a distancia a movimentação em frente ao teatro.
 
Ao receber o cartão, Jim o analisa, anota o evento em seu diário, e verifica sua bolsa-tiracolo que carrega sempre consigo, acomodando seus apetrechos de jornalista.

Apesar de saber que está tudo lá, é um hábito de Jim. Depois de, em certa ocasião, ter esquecido a caneta no escritório ao sair para uma reportagem, nunca mais deixou de conferir a bolsa.

Com tudo em mãos e com a curiosidade atiçada, Jim deixa o hotel para ir ao Theatro. Não avisa ninguém de seu destino. Ninguém precisa saber. Talvez seja melhor que justamente ninguém saiba.

Jim recorda das palavras de Mr. Thompsom: Lembre-se, Jim: a Coroa Britânica sempre em primeiro lugar. Fique de olhos bem abertos, e me avise a respeito de tudo.

"Sim, sim, a Coroa", pensa Jim vagamente. Estaria de olhos muito bem abertos, certamente, mas primordialmente por sua curiosidade natural. Os possíveis serviços à Coroa seriam consequência.
 
Nagato retira os óculos finos e passa um lenço sobre o suor na testa, depois sorri guardando o cartão.

- Olá Professor, estou aqui em busca de comida. O professor deve saber algum lugar com boa comida típica para experimentar.

O português de Nagato era ligeiramete adaptado, não que fosse uma lingua dificil, mas deixava transparecer um pouco de sotaque. Os óculos eram resultado de anos decifrando pequenos simbolos muitas vezes à luz de velas. Sem eles Nagato tinha dificuldade de ler. Estava animado e como um Ritual queria experimentar as comidas típicas que estavam fora dos cardápios dos grandes restaurantes.

[E assim vamos nós...]
 
Jerome se encotrava sentado na sua mesa, uma mesa muito bagunçada, mas num aparente desuso, visto ele apreciar muito pouco o tempo trancafiado numa sala, tentando ao maximo se manter nas pesquisas de campo, praticamente se fazendo presentes apenas para as poucas aulas teoricas ministradas na faculdade. Ao receber seu visitante a porta, Jerome esta a batucar com o convite na mesa, olhando pela janela, e meditanto sobre as parcas lembranças de confusões em paris, que o nome da peça evocou em sua mente, pensamentos q são momentaneamente interrompidos pela chegada de seu colega, mas q se mantem vivas na sua mente.

Jerome se sente reconfortado em ouvir um sotaque que desta vez sabe que se trata de algo real, e não mais uma tentativa ridicula da alta roda manuarense de forçar um laço europeu ou intenacional:

-Professor Nagato, boa tarde! Entre enquanto termino de juntar minhas coisas... Bem, nos temos um ditado por aqui. "Quem anda com joão de barro, vira ajudante de pedreiro!" Poderia te convidar para comer num restaurante frances no centro, mas conheço uma birosca na regiao do porto que serve uma comida tipica que é uma delicia! A região escolhida pode ser mostrar util tambem, algo me intriga neste pedido de investigação - mostra o convite enquanto fala - por parte da faculdade na montagem da peça q vai estrear no Teatro Amazonas...
Gostaria de aproveitar e checar um aspecto que me deixou intrigado na epoca que estive na europa e ouvi falar de pertubações envolvendo esta peça. Bem, no minimo um assunto interessante para o lanche heim!"

La fora comunico nagato que pretendo passar na redação do jornal local antes para ver se descubro em qual navio a compania de teatro e sua infro estrutura vieram para a cidade.
 
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Cena 0.9: Redação do jornal

Manaós, 6 de Junho, 17:00~18:40

Investigadores: Jerome e Nagato


Os professores Jeromo e Nagato saem da Universidade e entram no carro do primeiro, um Ford-T já surrado pelos trabalhos de campo nas regiões não urbanizadas de Manaós. Seguem então rumo ao centro da cidade, onde fica a sede do maior periódico local, O Jornal do Commercio do Amazonas. Nagato continua admirado com a mistura que vê nessa cidade de tantas conquistas tecnológicas com aspectos rústicos como a mata nativa conservada e os igarapés atravessados por pontes modernas.

[off: Vista Geral de uma das principais avenidas da Manaus:]
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As ruas começam a se esvaziar de trabalhadores e os bulevares a ser encher de madames e monsieurs emperequitados. Não demora muito, chegam ao prédio do jornal, mais uma das tantas construções de estilo francês da capital amazonense:
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O acesso é rápido e descomplicado graças às credenciais do Prof. Jeromo de catedrático da universidade. Ele conhece de vista um redator que pode ajudá-los a encontrar a informação desejada.

[off: Por conta dos altos valores de ambos os investigadores na perícia Library Use, somada à ajuda de um profissional da casa, eles encontram o que procuram com certa facilidade. A pesquisa não demora mais do que 40 minutos, de modo que os dois podem sair da redação do jornal antes das 19:00]

Notícia sobre a Companhia de Teatro::
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Off: Como só os personagens do Conan e do Raphael estão presentes na cena do jornal, enquanto os do Nycolai e Fëanor estão em outro lugar, aguardo posts dos dois antes de passarmos para outra rodada.
 
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De posse do nome do navio, me dirijo para a area das docas, enquanto comento no carro com o Prof. Nagato:

"-Bem, temos o nome do navio, ate onde eu sei esta peça causou mais incomodo por onde passou pelo seu conteudo pertubador, mas nunca se sabe o que se esta envolvido né? Quem sabe ate não estão envolvidos em alguma atividade ilicita? Talvez ao abordarmos algum tripulante do navio, seja um mero marinheiro, ou alguem mais graudo, talvez eles tenham notado algo estranho tanto no comportamento da trupe quanto na sua carga... Qua acha da ideia? Em ultimo caso, pelo menos poderemos desfrutar de uns quitutes e uma boa cachaçinha na birosca que te falei!"
 
Última edição:
Nagato pensa um pouco e responde ao colega.

- Creio que poderemos fazer isto da manhã. Não sabemos porque precisam de nós e minha barriga ronca ao pensar na comida.

E sorri, é um homem bem humorado apesar da origem reservada.
 
-Marcado, temos tempo até a hora do convite. Embora eu ache q amanhã de manhã eu va estar com uma ligeira dor de cabeça incomoda, se a cachaça for realmente da boa.

Jerome toca o carro em direção a birosca mais afastado do centro, onde pelo seu nivel mais baixo, quitutes mais regionais, raparigas meio feias e mais faceis, e umas boa doses de cachaças são fartamentes servidas...

Depois, cama!
 
Última edição:
Enquanto se encaminha pra famosa "birosca", o Prof. Jeromo lembra de um outro compromisso no dia seguinte: uma daquelas chatérrimas reuniões de catedráticos pra decidir assuntos burocráticos da faculdade e que deve tomar boa parte da manhã e começo da tarde!!! E o pior: mais uma vez ele esqueceu de preparar seu relatório semestral... é, deve ser esporro do Diretor na certa... Melhor pensar nisso amanhã, e nada melhor pra relaxar do que uma boa caninha.
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Off: Estou considerando que o dia 6 já acabou e que ninguém mais agiu nesse período. Como Jeromo deve ter enchido a cara, chegará atrasado à reunião de cátedra, que começa às 9:00 da manhã e deve se estender até às 15:00 com pausa para o almoço. Não sei o quanto (e se) o Prof. Nagato bebeu, mas de qualquer forma ele não tem obrigação de participar da reunião. Fëanor e Nycolai já adiantaram as ações de seus investigadores. Aguardando a ação de vcs para o dia 7 de Junho.
 
Última edição:
- ...mas as mulheres chinesas são feras, se querem você, elas atacam. Eis a diferença, nossas mulheres japonesas são mais recatadas professor...

E assim tinha seguido a conversa na birosca, Nagato e Jerome falaram sobre mulheres e comida sob o olhar curioso e risos das raparigas que os observavam. A cachaça tinha um gosto muito característico apesar de não ser a coisa mais forte que Nagato já havia bebido. Tinha o sabor do Brasil e a comida fazia jus à fama do lugar, o tempeiro caseiro e as ervas nativas deixavam o estômago do historiador satisfeito.

Voltando ao hotel Nagato dormiu e acordou dia seguinte um pouco atrasado. Se arrumou e partiu direto para a reunião. Alguns minutos de atraso não eram problemas para ele, afinal sua pontualidade não era britânica e ele estava no Brasil.
 
Cena 1: Marco Polo Santon

Manaós, 7 de Junho de 1910, por volta das 16:00

Investigadores: Jerome, Nagato, Jim e Alberto


[Off: Nycolai, o Alberto chega alguns minutos antes, como você dissera, e (hábito de policial), faz uma checagem da área. Nada além do comum em um dia sem espteáculo : poucos transeuntes na praça em frente ao teatro, uma ou outro carro e carruagens de "bacanas" passaando por ali. Ele vê, uns bons minutos ante do horário marcado, chegar afobado depois de descer do bonde um sujeito jovem, com aparência de estrangeiro (mais um dos tantos na cidade), provavelmente inglês ou alemão - pela sua experiência - e se encaminhar para o teatro. Logo depois, um outro estrangeiro, este oriental, sem pressa e portando uma bengala, desce de outro bonde e se encaminha pro prédio. Já passam uns 20 minutos das 16:00 quando vê parar uma caminhonete nas cercanias e dela descer um elemento alto, trajando roupas pouco adequadas pra ocasião (uma jaqueta de couro surrada, por exemplo) com traços indígenas e que não lhe é de todo estranho, também caminhando sem pressa para o edifício do Theatro Amazonas.]

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O Theatro Amazonas é um dos edifícios mais imponentes da Manaós da borracha e uma das primeiras visões que os visitantes tem da cidade a partir do porto. A cor chamativa da pintura - rosa - e a cúpula dourada ajudam bastante nesse sentido, já que suas dimensões não são assim tão grandes. Parece que é por dentro que está o luxo maior, pelo que se conta.

O teatro está quase vazio nesse dia, exceto por alguns funcionários administrativos e de serviços gerais que perambulam pelos corredores ou começam a voltar para suas casas.

[Visão interna do teatro:]

A área interna do teatro é realmente luxuosa, com madeirames nativos de lei misturados a mármores italianos e peças de arte europeias, tudo como mandava o gosto importado dos barões da borracha. Um tapete vermelho vermelho sreve de passagem aos visitantes para a parte da administração da casa em uma salão ricamente decorado:

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O acesso à área adminstrativa aos portadores do cartão enviado pelo Sr. Marco Polo Santon é rápido e descomplicado. Uma secretária de aparência nada nativa - alta, loira e com sotaque germânico (talvez vinda do sul do Brasil), recebe cada um com gentileza e pede que aguardem o chamado de seu chefe, que já está "ligeiramente ocupado". Assim que ela vê chegarem os quatro convidados, adentra ao gabinete do diretor e pede que todos a acompanhem.

A sala em que são recebidos é bastante ampla e alta, adornada com peças de arte ao gosto da bélle époque como quadros e estatuárias ao estilo clássico. Ao fundo, atrás de uma mesa de mogno e ladeado por bustos de Shakespeare e Racine, vê-se em pé um homem magro, calvo, um tanto quanto feio, com idade por volta dos 50 anos, muito bem vestido e que sorri ao falar-lhe, com um jeito que mistura, de forma pedante, o falar carioca e um sotaque francês falseado:

"Bonsoir, monsieurs!
Agredeço imensamente terem aceitado meu convite!


E faz com as mãos um gesto para que entrem e se assentem às quatro cadeiras em frente a ele.

Bem, em primeiro lugar creio que cabem as apresentações: sou Marco Polo Santon, seu criado, diretor deste teatro. Eu eu os conheço pelos nomes, mas presumo que este senhor com traços orientais seja o ilustre Prof. Nagato Iugi, nosso visitante japonês, e que este ao seu lado seja o Prof. Jeromo Anajé, que me foram indicados pelo diretor da Faculdade de Ciências. Creio, se não me engano, que o jovem de porte atlético e com traços brasílicos seja nosso representante da lei, de nome, vejamos - e, consultando algum papel em cima da mesa -, ah, sim, o sr. Alberto Nascimento. E, por deducção óbvia, nosso outro cavalheiro seja Mister Jeremy Owen, o enviado de sua Majestade Britânica, o Rei Jorge V, que substituiu recentemente o Pacificador Eduardo VII, que Jesus Cristo o tenha em sua Glória!
 
Última edição:
Nagato faz um gesto de aceno com a cabeça e passa o dedo entre os vãos do ouvido com uma expressão amigável no rosto. Não conhece todos e prefere esperar as dúvidas óbvias serem respondidas naturalmente antes de fazer uma pergunta.
 
Jim estende a mão para Marco Polo, sorrindo.

- É um prazer conhecê-lo, senhor, e é uma honra estar aqui a seu convite representando a Coroa Britânica.

Imediatamente Jim começa a revirar sua bolsa, pegando papel, tinta e pena para anotar tudo que julgar necessário.

Aproveita também para fazer uma breve análise de cada um dos demais membros da reunião, imaginando em sua mente por quais motivos foram ali chamados. Aquilo tudo ainda estava muito misterioso.

"Tenha paciência, Jim", pensou consigo. "Logo as coisas vão ficar mais claras".
 
Marco Polo:
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Marco Polo retribui os cumprimentos, pigarreia de leve e então continua:

“Bien, monsieurs, queria pedir-lhes, em primeiro lugar, que considerassem como altamente sigiloso o assunto de que vamos tratar aqui. E évidemment, como se trata apenas de um pedido de ajuda, também entenderia perfeitamente se não se sentissem à vontade para participar do que vou lhes propor. Très bien, vou tentar ser o mais sucinto possível para não tomar-lhes muito tempo, ça va? Como devem saber en passant, estamos para estrear uma peça de teatro um tanto inhabituelle, incomum... Chama-se “Le Roi en Jaune”, ou o “Rei em Amarelo”. Vocês devem ter visto o cartaz lá fora, non? “

Cartaz peça:
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“ O presidente do estado, doutor Bittencourt, anda preocupado com a diminuição de nosso comércio da borracha com o exterior e me pediu que preparasse um espetáculo étonnant, surpreendente, para o qual convidaria importantes figuras nacionais e estrangeiras da política e da indústria. Eu tinha uma ou duas ideias muito boas, mas por uma “sugestão” bem insistente do coronel Mascarenhas, nosso patrono e maior patrocinador, acabamos escolhendo a “O Rei em Amarelo”. Consultei alguns amigos em Paris e logo consegui contato com a companhia de teatro do monsieur Valtrop, que tinha tentado montar a peça na Europa sem ter obtido permissão dos governos. Ah, a Europa, tão avançada e ao mesmo tempo tão conservatore: proibir a exibição de uma simples peça de teatro?. Bien, ao menos era isso o que eu pensava...”

O homenzinho passa a mão pela calva, como que mostrando preocupação, e continua:

“Não tivemos muito trabalho acertar os valores a serem pagos à companhia. Apenas o contrato fazia exigência de total privacidade para o trabalho dos artistas, inclusive o sigilo do texto da peça. Claro que eu iria me negar, mas novamente o Cel Mascarenhas voltou a intervir e não tive como recusar. Isso foi por volta de janeiro deste ano. Marcamos a viagem da trupe pra começo de maio e eles chegaram aqui há cerca de um mês, com a estreia marcada para 21 deste mês. Nunca vi tanto empenho em uma companhia de teatro, mal paravam para descansar, ensaiando quase em tempo integral. E o M. Valtrop parecia preocupado sobretudo com a montagem do cenário, e por isso designei nosso melhor profissional na área, meu amigo pessoal o Sr. Tulio Farina. Tudo parecia correr magnifiquement... mas faz quase duas semanas que temos notado um comportamento estranho, eu diria, dos atores. Eles se isolaram em seu hotel e não tem mais aparecido por aqui, com exceção de Valtrop, que aliás foi exigiu que não fosse incomodado de modo algum durante suas visitas ao palco. Eu até concordei com isso, afinal muitos dos artistas com quem trabalhamos são bem excêntricos. Mas o que realmente me preocupou foi o comportamento dos nossos funcionários, os de montagem, principalmente. Dois ou três deles, depois de alguns dias, se recusaram a voltar a trabalhar no cenário, dizendo que aquilo era coisa de um louco, que Valtrop era o diabo encarnado e que até o Sr. Farina estaria possuído. “

Ele faz mais uma pequena pausa, se serve de água que estava ao seu lado (oferecendo-a para os visitantes) e volta a falar:

“Fui verificar o que estava ocorrendo e o Sr. Valtrop me disse que não havia nada anormal, que não pensava que o povo de Manaus era tão atrasado a ponto de não compreender um verdadeiro artista. Pedi para ver o cenário e ele me lembrou que fora taxativo sobre a proibição de revelar detalhes do espetáculo. Não insisti e fui procurar meu amigo, Farina. Par Dieu, confesso que fiquei assustado. Farina mal falou comigo nos corredores do teatro, dizendo que não tinha tempo a perder na construção do maior cenário de sua vida. Parecia um alucinado: falava coisas sem nexo, tremia e tinha os olhos esbugalhados, provavelmente devido à fadiga. Soube pelos vizinhos que ele não volta mais para casa, tem dormido no teatro há semanas!”

Marco Polo parece especialmente emocionado ao falar de Tulio Farina, sua voz vacilando um pouco.

“O que lhes peço não é muito, acho eu. Queria que descobrissem o que está se passando com Farina e com a montagem dessa peça antes de sua estreia. Devo dizer que o presidente do estado está me pressionando pelo sucesso desse espetáculo, que ele reputa como um novo marco na comércio da nossa borracha. Sem falar no coronel... “
 
Nagato acha graça da situação, já havia se metido em situações similares devido às suas pesquisas, a maioria por exagero do povo e outras poucas por estranhas coíncidências, coisas que davam errado sem nenhuma explicação mas que ainda assim podiam ser consideradas coíncidências. O que se passava alí lhe parecia a primeira opção, exagero.

- Se me permitem cavalheiros. Há espaço para dois novos montadores que pode ser dois de nós. Não é a prima vez que alcanço lugares difíceis somente com o uso de subter...

Pausou tentando lembrar com certeza aquela palavra dificl da lingua portuguesa e continuou.

- ...subterfúgios. Fiz de ferido uma vez a ter acesso a certa casa antiga com patrões ranzinzas. Eu irei neste método, o disfarçe será divertido.

E calou-se, sabia que haviam outras idéias a serem debatidas.

[Humm, Action - Marco Polo senta]
 
Jerome, apos um profundo suspiro, começa um discurso que decerto o Diretor ja leu em cartas antes enviadas ao teatro:

-Voces da alta roda, sempre insistindo nesta no minimo enfadonha pompa europeia... Quantas vezes mandei cartas com sugestões de temas, retirados das nossa riquissima mitologia indigena? Tantas estoria lindissimas, emocionantes, dramaticas, romanticas! Tantos rituais poderosos, que instituições como estas deviam ter o dever de perpetuar ao nosso povo, o povo Brasileiro! Mas não! Preferem valorizar uma montagem europeia!!! E ainda por cima, e não se sabe por que carguas d'agua esta teimosia por parte do Cel Mascarenhas, uma montagem cujo o conteudo notoriamente causou muita pertubação no "velho mundo!" - expressão proferida com desdem - Nao me adimira, depois do pouco q tive conhecimento da peça quando estive em Paris, que estejam tendo problemas, embora os motivos especificos para tamanha comoção em torno da montagem sejam um misterio pra mim. Bem, tentarei deixar de lado minhas rixas com relação a esta neurose de barsil-europa, e embora nao esteja ainda muito claro nossa participação no caso, investigar e apresentar uma analise imparcial dos fatos. O que me remete a uma pergunta, que pretendo fazer assim q todos os presentes tenham se pronunciado.
 
Jim mal consegue esconder a satisfação em estar face à uma história dessas

"Isto sim me soa promissor. Uma boa história pode sair daí, e eu vou consegui-la. A Europa inteira vai falar disso!"

Em meio a seus devaneios, Jim responde a Marco Polo:

- Estou intrigado com essa história, e me disponho a ajudá-lo com meu faro jornalístico. Não há mistério que um bom jornalista não possa descobrir, basta algum esforço.

Modéstia não era uma das qualidades de Jim, mas ele compensava com bom-humor constante.
 
[Nycolai: time out :disgusti:]

O policial Alberto apenas observa com atenção seus companheiros e escuta o discurso do diretor Marco Polo. Não costuma fazer muitas perguntas nessas situações - prefere a ação, embora estranhe ter sido chamado pra um caso tão banal... Mas ordens são ordens, e eles as cumpre, não as discute.
 
Marco Polo franze a testa e parece incomodado com as palavras de Jeromo:

- Sim, professour, conheço sua luta em defesa da arte nativa - e acentua de um jeito cínico essa palavra. Eu também sou um admirador de nosso rica cultura, mas acredito que a sociedade manauara precise se civilizar com a arte de povos mais... adiantados... antes de conseguir perceber o verdadeiro valor das coisas da terra. Tudo a seu tempo, tudo a seu tempo...

Sobre o cargo de montadores, verei o que é possível fazer, já que parece que Valtrop conseguiu finalmente convencer alguns nativos, creio, a trabalhar sem reclamações.

De toda forma, agradeço disposição dos messieurs em ajudar.


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