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Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças (2004)

Sua nota para o filme


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Acabei de rever o filme no Telecine e surpreendentemente eu gostei muito mais.

Por curiosidade fui catar meu post antigo nesse tópico e lembro de não ter gostando tanto assim por causa desse problema:

Eu disse:
A partir de um momento fica claro a mensagem que o filme quer passar e, então, dava a sensação de que determinadas cenas não eram muito relevantes, já que, como eu disse, o que era para ser dito já tinha sido dito, mas ainda assim o filme insistia em mostrar as tentativas de Joel de salvar sua memória junto de Clementine. Por causa disso, embora quase a todo momento o roteiro de Kaufman se mostrasse extremamente inteligente e criativo, não pude deixar de achar que a projeção estava longa demais e um tanto cansativa.
Mas vou ter que discordar de mim mesmo, pois essas cenas não foram irrelevantes de forma alguma. Pelo contrário, mostram justamente a mais necessária de todas as coisas: as lembranças do Joel, que aqui funcionam como flashbacks para que possamos conhecer a história do casal, os bons e maus momentos que o levaram ao fim trágico e, principalmente, desenvolvem os personagens e exploram suas motivações. E o mais legal é que, tendo Joel consciência de que tudo não passa de uma nova visita às suas lembranças, ele pode analisar as situações e expressar o quanto elas significam para ele, o que proporciona momentos tanto hilários quanto comoventes.

A história se baseia na nossa busca desesperada pelo amor e na dor que sentimos quando o perdemos. Mas defende a idéia de que o importante é viver a vida com seus prazeres e dores, e que as boas lembranças, na balança, pesam mais do que qualquer outra coisa e, por isso, devemos mantê-las. Deixar de amar por causa de uma possível separação futura é como deixar de beber por causa da ressaca do dia seguinte. As coisas ruins você supera, as boas ficam guardadas para sempre.

Essa foi a discrepância mais gritante em termos de revisão de filme. Da primeira vez senti tédio e vi muita encheção de lingüiça. Agora me parece que existe uma mensagem importante em cada segundo de projeção, ditas de uma forma extremamente inteligente e criativa.

Na verdade, eu poderia até dar uma nota acima de [85], se for o caso. :clap:
 
Nada como um Dia dos Namorados pra fazer o pessoal ver filmes românticos ainda mais românticos :lol:
 
Na verdade a tendência é ver filmes românticos e se sentir mal com eles... :think:

Mas eu gostei da definição da data pelo Joel: "Dia dos Namorados é uma comemoração inventada pelas empresas de cartões para fazerem as pessoas se sentirem uns merdas."

:lol:
 
Gostei do filme. A parte que Joel ta dentro da própria mente, e muito engraçada e tem umas partes muito bem pensadas.
 
Ristow disse:
Essa foi a discrepância mais gritante em termos de revisão de filme. Da primeira vez senti tédio e vi muita encheção de lingüiça. Agora me parece que existe uma mensagem importante em cada segundo de projeção, ditas de uma forma extremamente inteligente e criativa.

No meu caso eu já tinha me apaixonado na primeira vez que assisti, mas da mesma forma que você, muita coisa eu só captei na segunda. E em uma terceira vez o filme ainda é divertido, principalmente no caso de ir encontrando pontos que indiquem que...


****SPOILERS*****


...na verdade o Joel no começo do filme já tinha feito a 'limpeza' de memória. Pequenos detalhes, como ele acordar com o pijama que tinha comprado na véspera do dia dos namorados, o carro batido pela Clementine, ele não fazendo qualquer piada com o nome dela ou o fato de encontrar as páginas de seu diário vazias.


****FIM DOS SPOILERS****


Esses tempos andei fuçando na inet atrás do roteiro do filme e acabei achando um que, bem, tem um final bem diferente (se virem com o Inglês :obiggraz: ):

The old Clementine is unconscious on her bed, hooked up to
modern versions of the erasing machines. Two young
technicians monitor the equipment. The woman's bedside phone
rings. Her machine picks up. After a moment:

OLD MAN'S VOICE
Hi, it's Joel. What's going on, Clem?
Why won't you call me back? Please call
me. We need to speak.


Tá aqui, para quem quiser dar uma conferida: http://sfy.ru/sfy.html?script=spotless_mind Não sei bem qualé a dessa página aí, mas de qualquer forma fico feliz com o final que escolheram para a versão definitiva do filme :mrpurple:
 
Fiquei muito embasbacado mesmo depois de assistir esse filme. Não sei se ele me exauriu emocionalmente, se entrei em pane por causa de tantos sentimentos contraditórios me invadindo... não sei, sei que fiquei em uma malemolência gigante depois que vi. Mexeu muito comigo.

"Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças" é um espetáculo. É um espetáculo estético, uma obra com temática aparentemente ingênua, com execução genial, valor filosófico óbvio e de uma beleza ímpar.

O que mais me chocou foi ver o quão batido é esse tema filosófico: o sofrimento. Ele é tratado em muitos filmes e livros, incluindo meus autores e filósofos favoritos, que o trataram de diversas formas. Cada filósofo coloca o sofrimento em determinado prisma, que é realçado pelo existencialismo a partir de Nietzsche. Cada um dá sua interpretação. 'Brilho eterno' dá a sua.

Aqui o sofrimento que falamos é o do desgaste de um relacionamento. Se o amor é a meta da nossa vida, aquilo que mais nos inspira, comove e impulsiona, as dificuldades do amor são particularmente mais intensas, frias, ardentes, dolorosas. A dor é mais dor no amor, como o sentimento é mais profundo e tudo é mais intenso, caótico e difícil. Aqui nós vemos um amor que enfrentas as dificuldades de todo relacionamento e, a partir das idiossincrasias dos amantes, o vazio Joel e a impulsiva Clem, vemos o amor sendo sufocado pela morte lenta e antinatural das lembranças que o mantém vivo, as boas e as más. Nós vemos algo básico do ser humano: a vontade de eliminar a dor, o sofrimento, toda angústia e arrependimento.

Toda a nossa vida é marcado pela alegria e pela dor e isso é mais claro nos nossos relacionamentos, que é onde temos mais de ser nós mesmos, mais completamente, e aprendemos pela filosofia que a dor tem um sentido. A alegria, não. A vida não é um passeio no parque, pois isso seria destituí-la de todo sentido, mas não é um inferno, isso contradiz a realidade daquele fim para o qual todos parecemos nos encaminhar. Mas a vida não é uma dualidade de sentimentos e fatos, é uma complementaridade, toda a vida é vida enquanto é marcado pelas alegrias e tristezas de todos nós, triunfos e fracassos, amores e decepções, boas e más recordações. E tudo isso é humano, tudo isso é vida e é ainda mais vida no amor, é ainda mais forte.

Não se pode eliminar a dor como Joel e Clem tentaram fazer, não dá pra jogar no lixo toda a miséria e ficar apenas com as boas lembranças. Porque o que nos humaniza, nos fortalece e prepara para a vida que exige tanto de nós, é exatamente essa complementaridade de felicidade e sofrimento. Sem isso a vida se torna vazia e nosso crescimento pára, estagnamos, e não há felicidade possível, há só boas memórias desconexas, que nem são tão boas porque perderam totalmente sua origem, contexto, referencial, da dor que lhes dá valor e sentido.

É disso que se trata esse filme. Adorei a forma como uma história romântica e um tema existencial tão clássico se entrelaçam aqui, se refletem um no outro. Certo que toda história de amor é uma história da vida, da vida mais íntima, mas aqui... todo o lance de sci-fi foi colocado de forma tão sutil, só como um recurso, uma ideiazinha que permite possibilidades bizarras. E nós vemos as possibilidades bizarras, vemos a mente confusa de Joel, as doces lembranças indo embora junto com as ruins, a mágoa, ressentimento. A impulsividade da apaixonante Clementine, seu ressentimento, a vontade de dividir tudo por entender que amor é isso, e esse conflito da expansividade dela com a introversão vazia de Joel. Tudo para chegarmos à conclusão que Joel é preenchido por Clem, sua vida adquire sentido no melhor e pior redencionismo possíveis. E Joel é o porto seguro de Clem, não onde ela se apoia, mas onde ela tem sua insegurança refletida, suas fraquezas revisitadas, seu amor correspondido. E mesmo o redencionismo não sendo a coisa mais saudável do mundo, nós vemos como esse casal se completa, se complementa, não como bem e mal, mas como dois viventes apenas que são fracos, tropeçam, erra em si mesmos e um sobre o outro, se atrapalham e se perdem e depois de toda essa mágoa, ressentimento, depois de todo esse SOFRIMENTO, eles redescobrem o amor, eles se dão nova chance, eles se curam, se purificam, porque é assim o sofrimento: ele purifica, nos purga, ele abre nossas mentes e limpa nossos corações para a felicidade.

Enfim, filme lindo, profundo, belo, terrível e doce. Mexeu muito comigo apesar do tema ser tão batido pra mim. Batido, mas muito caro.
 
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