Bom, eu não disse que o documentário era perfeito. Acho que ele tem uma mesma qualidade que "Tiros em Columbine", de Michael Moore: ambos têm lá seus defeitos, mas devem ser vistos pela eficiência com que exploram os seus respectivos temas, fazendo com que o resultado final seja satisfatório. Além do mais, ele já está bem antigo, sendo que a informação mais recente é de 1992.
Eu falei especificamente da Globo pq é a que conheço melhor e a mais deplorável ao meu ver.
E trilha americana em novela italiana iria ficar meio estranho né kinoplex. Aquilo que disse foi no geral. Quanto ao Jardim Botânico, eu realmente não conheço, mas na época que foi construído certamente devia ser algo fora dos padrões.
Chegaram até a dizer que eu fiz psicologia reversa...francamente né. Como já disse, não é uma questão de parar de ver a Globo como se ela fosse o diabo em forma de tv, e sim como o Soldado disse antes:
A grande questão, é não fazer ou acreditar de primeira no que a mídia em geral diz!
Agora pelo menos reconheceram que a emissora cometeu atos imorais e ilícitos...
É só pegar a recente cobertura da guerra do iraque. Não se via uma opinião crítica nos noticiários da emissora. Nenhuma posição contrária (como a MTV fez, por exemplo), nenhuma "Charge do Chico", nenhuma manifestação de apoio a paz, nada. Deixando mais uma vez transparecer o acordo firmando há décadas atrás com a Time-Life, de tratar os americanos como heróis...
E tem mais: a globo comanda o futebol no país, estabelece horários mais adequados pra si e tal...isso todo mundo já sabe. Mas foi só depois de ser prejudicada pelo Eurico Miranda em questões de acesso da emissora ao CT, é que eles colocaram um globo repórter, que já devia estar pronto a bastante tempo, denunciando as falcatruas do envolvido. Que bela mostra de jornalismo crítico não?? Só depois de mecherem na ferida que fizeram o que deveria ter sido feito antes...
Outros fatos que mancharam a história da emissora:
- Horas após sua eleição, Tancredo Neves participou de um almoço junto de Roberto Marinho e Antônio Carlos Magalhães. Logo após o almoço, Tancredo anunciou que ACM seria o ministro das comunicações. Tancredo faleceu antes de assumir o cargo, e seu vice Sarney assumiu a presidência. ACM foi mantido como ministro das comunicações. Uma das ações de ACM foi cortar os vínculos com uma empresa chamada NEC, que fornecia equipamentos de telecomunicações para o governo. Com essa medida, o valor da NEC brasileira despencou. A Globo comprou a empresa a preço de banana, e logo depois, ACM voltou a restabelecer vínculos com a NEC. A TV Aratu, em Salvador, Bahia, era afiliada à TV Globo há 18 anos. Roberto Marinho, em uma atitude unilateral inédita, encerrou o contrato da TV Aratu com a Rede Globo, em 1987, o que
ocasionou uma queda de 80% na arrecadação daquela repetidora. A nova emissora escolhida para repetir os sinais da Globo foi a TV Bahia, controlada por associados e parentes de ACM, àquela época Ministro das Comunicações, e com intenções a voltar a governar a Bahia.
- Em 1982 Brizola candidatou-se a governador do Rio de Janeiro, contra o candidato da ditadura. A Globo revelava, através de suas pesquisas, que Brizola iria perder a eleição, apesar dos resultados oficiais de totalização dos votos serem sempre adiados. Descobriu-se uma conspiração para que Brizola não fosse eleito, que envolvia roubo de urnas. Os conspiradores acreditavam que a rede Globo iria condicionar o povo a aceitar o resultado.
- A nova Constituição Brasileira tirava do presidente o poder de dar novas concessões de rádio e TV. Então, antes que ela entrasse em vigor, Sarney deu noventa concessões. Desde então nenhuma outra concessão foi dada. Essas concessões foram dadas principalmente para grupos políticos, sem contar com as duas que o próprio Sarney ficou e que acabaram virando afiliadas da Globo.
- O jornalismo da Globo ignorou, enquanto pode, o movimento Diretas Já
- A Globo conseguiu um crédito de UM BILHÃO de reais junto ao BNDES, para salvar a Globosat e a Globocabo da falência, vítimas da administração comicamente incompetente. Nos tele-jornais da emissora, nada, absolutamente nada, foi dito a respeito.
* E a emissora pode não ter apoiado abertamente a ditadura, mas é como diz o documentário: "a Globo não tem uma vocação necessariamente militarista, ou ditatorial, mas ela tem uma vocação governista. Onde tem governo está a Rede Globo", e pode-se verificar que, evidentemente, em sendo necessário eleger o governo, como no episódio Collor de Mello, ou apoiar sua derrubada, desde que isso signifique a garantia de seus investimentos e interesses financeiros, a empresa não titubeia. E realmente havia forte censura na época da ditadura, mas a TV Globo foi muitas vezes além do que era requisitado, transformando pessoas em não pessoas. Se ao governo federal a TV Globo interessa exatamente pelos fantásticos percentuais de audiência que atinge, garantia de que a mensagem governamental chegará ao seu destino, à Globo essa audiência lhe dá um poder de barganha inigualável, transformando-a, literalmente, numa espécie de poder paralelo maior que um simples quarto poder como se tem conhecido a mídia em geral. O slogan "Globo e você, tudo a ver" como que institucionaliza a common view, um modo comum de visualizar a realidade, de tal forma que a audiência alcançada, e amplamente divulgada, como que tautologicamente se mescla com o conceito de credibilidade: é como se pudesse garantir que a Globo tem audiência porque tem credibilidade. Assim, mais do que um quarto poder, a Globo se torna um Poder Oculto Supra-Real que substitui outras instâncias das relações sociais.
O mais grave, contudo, é que já a algum tempo, a própria Televisão Globo se tornou um meio para algo além de si mesma. São mais de cem as empresas dirigidas por Roberto Marinho, segundo publicação recente, num total de mais de vinte mil funcionários. Este homem, que se diz jornalista e que começou em 1926, quando seu pai, Irineu Marinho, fundou o jornal "O Globo", aos 90 anos de idade, integrante da Academia Brasileira de Letras, é dono de um conjunto de interesses que vão do campo de saúde (como a Golden Cross) ao da própria infra-estrutura da comunicação (como o episódio da NEC, do empresário Mario Garnero), atingindo hoje a televisão por cabo e assim por diante. A Globo também já investiu em emissoras no exterior e atualmente alcança enorme lucratividade com a venda de seus programas a dezenas de países, de Cuba à China, mesmo que gerando problemas com o não-pagamento do chamado direito conexo de imagem, uma das grandes polêmicas de algum tempo atrás. *
Agora querer defender a Globo dizendo que todas emissoras são manipulativas ou então que a culpa é da população ignorante é no mínimo questionável. E se o documentário é de péssima qualidade mesmo, então pq o Sr. Roberto Marinho mexeu os pauzinhos para vetar a circulação do tal em terras brazucas hein???
Todo mundo ataca a Globo como se fossem as pessoas mais santas do mundo. Mas o pior é atacar por "achismo" ou "ouvi dizer". Não ter argumentos para atacar é mais ridículo ainda. Eu não tou também defendendo a Globo. Ela tem o ponto de visão dela, aceita quem quer.
A questão não é tão simples assim meu caro Dirhil. A Globo está presente nos lares de milhões e milhões de brasileiros. Um mínimo de cultura a emissora deveria passar aos seus telespectadores.
E pelo seu "brilhante" raciocínio, ninguém pode falar nada de ninguém então, já que nenhuma pessoa neste mundo é santa, a não ser que o vaticano te canoninize, mas isso, só depois de morto...hehehe
Meus argumentos estão aí, baseados no que eu vejo e no que leio de pessoas bem graduadas sobre a (má) influência da Rede Globo (e isso, definitivamente não é o mesmo que atacar por "achismo" e "ouvi dizer"). Posso até estar equivocado em algumas afirmações, mas antes exagerado do que alienado.
* trechos retirados de um texto de um professor da PUC doutorado em Letras.