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Bonequinha de Luxo (Truman Capote)

Anica

Usuário
Sei que devemos muito à Audrey Hepburn por imortalizar a imagem de Holly Golightly em frente à joalheria Tiffany’s no filme Bonequinha de Luxo (1961). Mas é só depois de terminar a novela escrita por Truman Capote que você se dá conta que a personagem era na realidade um presente para a atriz, porque ela já vem pronta: arrebatadora, cativante. Página após página o narrador, visivelmente apaixonado pela moça, a apresenta para o leitor de modo que é impossível terminar a história não amando Holly Golightly.

São pequenas manias (como coçar o nariz quando sua privacidade é invadida), o jeito tagarela, inocente e ao mesmo tempo esperto, sonhador e calculista. Não dá para explicar. É uma combinação de elementos que prendem ao leitor da novela1 porque ele quer mais Holly, saber mais dela. Dia desses ao falar de Amuleto (Roberto Bolaño) comentei sobre a dificuldade de um homem escrever uma personagem feminina e de como eram raros os que conseguiam fazer isso sem cair em clichês. Pois bem, coloquem Capote na lista. Holly é a personagem feminina mais encantadora da qual tenho lembrança.

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Acredita que nem o filme eu vi? >.<

Teu texto só fez dar mais vontade de ler o livro e assistir o filme de uma vez, hehehhe
 
Adorei a novela (os contos não li). Li em uma outra edição, com provavelmente outra tradução. E é, realmente, excelente.

Quem idolatra o filme e só quer ver o filme transcrito em papel vai ter problemas com gostar da obra, ao meu ver. Isso porque o filme é apaixonante, cativante, mas um pouquinho idealizado.

Não falo isso como algo ruim, pois adoro o filme. Só que o tom de felicidade que nos envolve ao final da película é bem diferente da sensação após a leitura do livro.

Uma das maiores polêmicas entre Capote e o diretor de "Breakfast at Tiffany's" é a de que o autor do livro queria que Marylin Monroe fosse a Holly. Ao ler o livro, a gente entende isso. Marylin Monroe É a Holly Golightly perfeita e também É a Lula Mae ideal. O papel foi feito para ela, simples assim.

Ao ler o livro a gente percebe detalhes que no filme são um pouco mascaradas: não diria exatamente que a Audrey está loira no filme, tive que prestar muita atenção pra atentar às "luzes" que ela fez. Mas isso é um detalhe menor. Quando eu falo que o filme é "idealizado", isso tem muito a ver com o tom romântico do filme, a sutileza sobre a profissão de Holly e a situação de seu par romântico. Tudo isso se ajusta perfeitamente à imagem da Audrey e o charme elegante que ela representa.

Porém, no livro, há uma visão mais cáustica do mundo, as sutilezas são menores ou outras. Holly é mais real, mais carnal. Não é etérea, tem defeitos bem palpáveis (não só o lance Lula Mae/Holly Golightly). Interesseira? Talvez. Mais adequada ao glamour sedutor da Marylin.

Ler o livro significa entender um pouco a birra de Truman Capote.
 
Uma das maiores polêmicas entre Capote e o diretor de "Breakfast at Tiffany's" é a de que o autor do livro queria que Marylin Monroe fosse a Holly. Ao ler o livro, a gente entende isso. Marylin Monroe É a Holly Golightly perfeita e também É a Lula Mae ideal. O papel foi feito para ela, simples assim.

eu não sabia disso, tuca. e realmente, a marylin era simplesmente perfeita para o papel.

Ao ler o livro a gente percebe detalhes que no filme são um pouco mascaradas: não diria exatamente que a Audrey está loira no filme, tive que prestar muita atenção pra atentar às "luzes" que ela fez. Mas isso é um detalhe menor. Quando eu falo que o filme é "idealizado", isso tem muito a ver com o tom romântico do filme, a sutileza sobre a profissão de Holly e a situação de seu par romântico. Tudo isso se ajusta perfeitamente à imagem da Audrey e o charme elegante que ela representa.

aqui inclusive lembrando que no filme...

tudo acaba num beijo entre holly e "fred" (hehe, adoro essa de ela chamar o cara de fred), dando a entender q ela sossegará e eles ficarão juntos. no livro o amor dele por ela é platônico.

sobre a profissão, eu achei que no livro a coisa também é sutil. aquilo de dinheiro para toalete tb tem no filme, não tem? pelo menos do que eu lembro, tinha. mas no livro a holly é muito mais viva e esperta sobre questões da vida, não é "inocente" sobre as coisas que faz. ela sabe o que está fazendo, e decide se algo é certo ou errado a partir do seu ponto de vista e/ou eixo moral, como dá para perceber sobre o sally tomato.

que ela insiste no ponto de que nunca fez mal algum a ela, sempre foi gentil, e ela não via nada de mal em ser gentil com ele por alguns trocados
 
Anica disse:
sobre a profissão, eu achei que no livro a coisa também é sutil. aquilo de dinheiro para toalete tb tem no filme, não tem? pelo menos do que eu lembro, tinha. mas no livro a holly é muito mais viva e esperta sobre questões da vida, não é "inocente" sobre as coisas que faz. ela sabe o que está fazendo, e decide se algo é certo ou errado a partir do seu ponto de vista e/ou eixo moral, como dá para perceber sobre o sally tomato.

Você tocou num ponto chave, uma palavra que creio ter me fugido ao comentar a obra. "Inocente". É o que parece ser, a Holly cinematográfica. E é tudo que a do livro NÃO é. Ela é muito mais viva. Faz uns 3, 4 anos que li o livro, mas, se você diz que lá também é bem sutil, ao menos o autor nos deu características mais "reais" para a personagem, a fim de nos deixar, se não a certeza, ao menos a pulga atrás da orelha. Até pros mais desatentos.
 
Faz uns 3, 4 anos que li o livro, mas, se você diz que lá também é bem sutil, ao menos o autor nos deu características mais "reais" para a personagem, a fim de nos deixar, se não a certeza, ao menos a pulga atrás da orelha. Até pros mais desatentos.

é que o que eu acho que pode estragar um pouco a certeza do que holly faz (isso falando do livro) é que em uma passagem ela fala para o narrador que só teve 11 amantes. eu sei que isso tb cabe na questão do eixo moral dela, do que ela considerava ser amante e tudo o mais, mas aí você para e pensa que bem, talvez o que ela fizesse não fosse a coisa propriamente dita (trepar por dinheiro) mas vender a ilusão de que eles conseguiriam transar com ela. enfim, aqui já é mais piração.

mas o que dizer sobre o fato de ela "roubar de vez em quando para não perder a prática"? é o tipo de coisa que mostra bem como a holly do livro é. ela sabe que roubar é errado, mas sabe que é o que vai mantê-la se ela estiver em dificuldade, por isso continua, literalmente, praticando o ato. :rofl:
 
Anica disse:
é que o que eu acho que pode estragar um pouco a certeza do que holly faz (isso falando do livro) é que em uma passagem ela fala para o narrador que só teve 11 amantes. eu sei que isso tb cabe na questão do eixo moral dela, do que ela considerava ser amante e tudo o mais, mas aí você para e pensa que bem, talvez o que ela fizesse não fosse a coisa propriamente dita (trepar por dinheiro) mas vender a ilusão de que eles conseguiriam transar com ela. enfim, aqui já é mais piração.

mas o que dizer sobre o fato de ela "roubar de vez em quando para não perder a prática"? é o tipo de coisa que mostra bem como a holly do livro é. ela sabe que roubar é errado, mas sabe que é o que vai mantê-la se ela estiver em dificuldade, por isso continua, literalmente, praticando o ato. :rofl:

Anica, vendo (lendo) você falar (escrever) assim me lembrou muito as coisas que pensei durante a leitura do livro, mas há muito esquecidas. É besteira, mais meio que me emocionei só em lembrar disto.

Em especial esse último parágrafo, sobre os roubos. É fascinante como Capote criou uma personagem tão humana.

Acho improvável que façam um remake. Mas se fizessem, gostaria que fosse uma nova adaptação do livro, não um remake per se, uma refilmagem do filme. Que é lindo e não tem como ser substituído.

Mas, que eu gostaria de ver a Marylin numa outra versão: ah, sim, eu gostaria. Muito.
 
Muito boa a resenha, Anica. Li o livro este ano, uma edição americana com exatamente os mesmos textos desse da Cia das Letras, e acho que você transmitiu muito bem a impressão que a Holly nos causa. Essa foi uma das melhores leituras do ano, com certeza, uma daquelas em que a gente para um pouquinho e pensa "nossa, como é bom". Só lamento não ter criado o tópico antes... XD

Não assisti ao filme, mas a Holly do livro realmente não é inocente. E acho que isso é uma das coisas essenciais para o charme dela. Ela compreende o lado "vil" das coisas, mas em vez de lamentar, em vez de se deixar afundar por isso, consegue sempre manter uma atitude positiva, tão positiva que chega a parecer inocência.
 
Dá pra dizer então que rola uma dúvida sobre a real "profissão" da Holly, não? Acho que seria mais um serviço de "acompanhante" do que qualquer outra coisa. Como a Anica bem ressaltou, aquele trecho em que ela diz que só teve onze amantes coloca qualquer conclusão em xeque, é claro que aí ela poderia estar se referindo a homens que ela amou e não rolou nada por dinheiro mas aí já vira especulação demais.

Enfim, acho que essa questão não resolvida acaba contribuindo com todo o charme que a Holly exerce sobre as pessoas.
 

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