Pra começar, um assunto que sempre causa polêmica: o Sabbath "inventou" o metal?
A resposta é não, não e não. O metal surgiu a partir de influências de várias bandas dos anos 70, como Rainbow, Uriah Heep, etc. Essas, inclusive, se aproximam mais da definição de "metal" que nós conhecemos hoje.
Mas uma coisa é inegável: quando o Sabbath surgiu, não existia um som tão pesado. Não pesado no sentido deturpado que alguns insistem em defender, mas sim pesado no sentido verdadeiro da palavra.
Peso não é algo que se consegue com batidas ultra-rápidas e guitarras exageradamente sujas, nem com vocais "latidos". Peso é algo que é alcançado com riffs fortes e marcantes e com uma batida clara e de pegada firme.
Se uma banda apresenta essas características, ela teve influência do Sabbath, mesmo que seus integrantes não saibam disso. É nesse ponto que eu queria chegar. O Sabbath não inventou o metal, mas estabeleceu uma de suas principais características.
Embora no começo a idéia era se concentar no aspecto "macabro" das músicas, mesmo no primeiro disco podemos ver o Black Sabbath era muito mais que isso. Surgindo em plena era hippie, onde tudo era paz e amor, o Sabbath atingiu em cheio a mente de quem estava de saco cheio dessa papagaiada toda.
O som era triste, melancólico, pesado, trazia à tona um sentimento de fúria, que nada mais era do que a representação da realidade de seus integrantes. Muitos jovens se identificaram com isso, óbvio, e encontraram no Sabbath algo que não se encontrava em nenhuma outra banda.
Vou me concentrar aqui na formação original, e vou deixar os comentários sobre as outras fases da banda para outros freqüentadores do fórum (tenho certeza de que o Faramir vai ter uma coisinha ou duas pra dizer sobre alguns discos mais obscuros
).
Contando com um dos maiores exemplos de interação da história do rock, a formação original do Sabbath fez história. Os vocais de Ozzy Prince Of Fucking Darkness Osbourne podem não ser tecnicamente brilhantes, mas encaixavam perfeitamente no estilo. Força, carisma e adequação. Isso que fazia os vocais serem brilhantes.
Os riffs de guitarra de Tony Iommi, que abusou da pentatônica pra criar melodias simples e marcantes (e solos memoráveis), foram a coisa mais importante pra fazer do Sabbath o que ele era - no Sabbath não acontece o mesmo que acontecia no Led Zeppelin, por exemplo, onde ninguém poderia ser substituído. No Sabbath, qualquer membro poderia ser substituído, menos Tony Iommi. Se Iommi não tivesse existido, a banda também nunca teria surgido.
Mas isso não diminui a importância da cozinha, com a bateria característica de Bill Ward e o excelente baixo de Geezer Butler. Todo mundo ali era foda e ponto final.
Depois eu posto aqui o meu top 10, com comentários (
).
Primeiro vou colocar a discografia da fase Ozzy.
Black Sabbath (1970)
O Sabbath faz uma das maiores estréias de todos os tempos, com um disco excelente. Ainda se sustenta como um dos melhores da carreira da banda, e como eu já disse antes, na época não havia nada igual. Apesar da temática "ocultista" e do som macabro da música título, a banda mostrava uma forte influência de blues e jazz. Destaque para a música título, Wizard, N.I.B. e Beyond The Wall of Sleep. Traz também dois covers (Warning e Evil Woman), e a versão remasters inclui Wicked World, que havia sido incluída na versão americana, no lugar de Evil Woman.
Paranoid (1971)
O disco deveria se chamar War Pigs, e Paranoid não deveria nem fazer parte dele (eu realmente considero Paranoid uma das músicas mais fracas da banda), mas, polêmicas à parte, é um dos discos que mais influenciou o rock. War Pigs é a segunda melhor música da banda, IMO, e Iron Man é uma das músicas mais fortes e tristes já feitas. Outra das minhas preferidas é Fairies Wear Boots, que simplesmente detona. Uma observação: a introdução de War Pigs tem seu próprio nome (Luke's Wall) e o encerramento de Fairies Wear Boots também (Jack The Stripper).
Master Of Reality (1971)
A banda nessa época estava a pleno vapor, não parava de produzir, gravava os discos em tempo recorde, e o sucesso só crescia. A qualidade, por outro lado, não caía nem um pouco. Desde Sweet Leaf até Children Of The Grave (uma das músicas mais pesadas de todos os tempos), o disco é brilhante. Lord Of This World e Into The Void também merecem destaque, além das que eu já mencionei.
Volume 4 (1972)
Tido por alguns como o disco onde a banda estabeleceu seu estilo, é com certeza um dos que melhor combinam peso com melodia. É um dos mais criativos, também. Vou deixar uma coisa bem clara: eu odeio Changes, e não tem quem me faça mudar de opinião. Mas o resto do disco é todo excelente, com destaque para Wheels Of Confusion, Snowblind, Under The Sun e Supernaut (a música mais bate-cabeça de todos os tempos).
Sabbath Bloody Sabbath (1974)
Esse disco é simplesmente um dos maiores clássicos do Rock And Roll. É o disco preferido de muita gente. É talvez o ápice da formação clássica. E tem aquela que eu considero a melhor música do Black Sabbath: Spiral Architect. Destaque para Killing Yourself To Live, A National Acrobat, Sabbra Cadabra, Looking For Today... bom, eu na verdade só não gosto de Who Are You, que é meio chata e esquisita pros meus padrões. Mas muita gente adora.
Sabotage (1975)
Ótimo disco, mas não se compara ao nível dos trabalhos anteriores. A banda começava a ser manipulada pelos empresários (vide a capa ridícula) e algumas músicas são simplesmente ruins. Mesmo assim, a banda solta alguns de seus maiores clássicos, como Sympton Of The Universe e Hole In The Sky. Também gosto de Supertzar, apesar da música parecer apenas uma introdução de quatro minutos, que não chega em lugar nenhum. Uma boa linha de guitarra não faz uma composição brilhante.
Technical Ecstasy (1976)
Er... esse disco é uma merda. Só tem uma música que presta, chamada Back Street Kids. O resto é lixo. A decadência da banda fica evidente aqui, depois do relativo fracasso de Sabotage.
Never Say Die (1978)
Bom disco. Não é uma maravilha, mas pelo menos é melhor que Technical Ecstasy. A faixa-título é bem legal. Depois desse disco o Tony Iommi expulsou o Ozzy da banda, e Ronnie James Dio entrou no lugar dele. Lançaram o ótimo Heaven And Hell (1980), e depois o bom Mob Rules (1981). Mas não vou falar sobre a fase Dio. Pelo menos nao agora.
A resposta é não, não e não. O metal surgiu a partir de influências de várias bandas dos anos 70, como Rainbow, Uriah Heep, etc. Essas, inclusive, se aproximam mais da definição de "metal" que nós conhecemos hoje.
Mas uma coisa é inegável: quando o Sabbath surgiu, não existia um som tão pesado. Não pesado no sentido deturpado que alguns insistem em defender, mas sim pesado no sentido verdadeiro da palavra.
Peso não é algo que se consegue com batidas ultra-rápidas e guitarras exageradamente sujas, nem com vocais "latidos". Peso é algo que é alcançado com riffs fortes e marcantes e com uma batida clara e de pegada firme.
Se uma banda apresenta essas características, ela teve influência do Sabbath, mesmo que seus integrantes não saibam disso. É nesse ponto que eu queria chegar. O Sabbath não inventou o metal, mas estabeleceu uma de suas principais características.
Embora no começo a idéia era se concentar no aspecto "macabro" das músicas, mesmo no primeiro disco podemos ver o Black Sabbath era muito mais que isso. Surgindo em plena era hippie, onde tudo era paz e amor, o Sabbath atingiu em cheio a mente de quem estava de saco cheio dessa papagaiada toda.
O som era triste, melancólico, pesado, trazia à tona um sentimento de fúria, que nada mais era do que a representação da realidade de seus integrantes. Muitos jovens se identificaram com isso, óbvio, e encontraram no Sabbath algo que não se encontrava em nenhuma outra banda.
Vou me concentrar aqui na formação original, e vou deixar os comentários sobre as outras fases da banda para outros freqüentadores do fórum (tenho certeza de que o Faramir vai ter uma coisinha ou duas pra dizer sobre alguns discos mais obscuros

Contando com um dos maiores exemplos de interação da história do rock, a formação original do Sabbath fez história. Os vocais de Ozzy Prince Of Fucking Darkness Osbourne podem não ser tecnicamente brilhantes, mas encaixavam perfeitamente no estilo. Força, carisma e adequação. Isso que fazia os vocais serem brilhantes.
Os riffs de guitarra de Tony Iommi, que abusou da pentatônica pra criar melodias simples e marcantes (e solos memoráveis), foram a coisa mais importante pra fazer do Sabbath o que ele era - no Sabbath não acontece o mesmo que acontecia no Led Zeppelin, por exemplo, onde ninguém poderia ser substituído. No Sabbath, qualquer membro poderia ser substituído, menos Tony Iommi. Se Iommi não tivesse existido, a banda também nunca teria surgido.
Mas isso não diminui a importância da cozinha, com a bateria característica de Bill Ward e o excelente baixo de Geezer Butler. Todo mundo ali era foda e ponto final.
Depois eu posto aqui o meu top 10, com comentários (

Primeiro vou colocar a discografia da fase Ozzy.

Black Sabbath (1970)

O Sabbath faz uma das maiores estréias de todos os tempos, com um disco excelente. Ainda se sustenta como um dos melhores da carreira da banda, e como eu já disse antes, na época não havia nada igual. Apesar da temática "ocultista" e do som macabro da música título, a banda mostrava uma forte influência de blues e jazz. Destaque para a música título, Wizard, N.I.B. e Beyond The Wall of Sleep. Traz também dois covers (Warning e Evil Woman), e a versão remasters inclui Wicked World, que havia sido incluída na versão americana, no lugar de Evil Woman.
Paranoid (1971)

O disco deveria se chamar War Pigs, e Paranoid não deveria nem fazer parte dele (eu realmente considero Paranoid uma das músicas mais fracas da banda), mas, polêmicas à parte, é um dos discos que mais influenciou o rock. War Pigs é a segunda melhor música da banda, IMO, e Iron Man é uma das músicas mais fortes e tristes já feitas. Outra das minhas preferidas é Fairies Wear Boots, que simplesmente detona. Uma observação: a introdução de War Pigs tem seu próprio nome (Luke's Wall) e o encerramento de Fairies Wear Boots também (Jack The Stripper).
Master Of Reality (1971)

A banda nessa época estava a pleno vapor, não parava de produzir, gravava os discos em tempo recorde, e o sucesso só crescia. A qualidade, por outro lado, não caía nem um pouco. Desde Sweet Leaf até Children Of The Grave (uma das músicas mais pesadas de todos os tempos), o disco é brilhante. Lord Of This World e Into The Void também merecem destaque, além das que eu já mencionei.
Volume 4 (1972)

Tido por alguns como o disco onde a banda estabeleceu seu estilo, é com certeza um dos que melhor combinam peso com melodia. É um dos mais criativos, também. Vou deixar uma coisa bem clara: eu odeio Changes, e não tem quem me faça mudar de opinião. Mas o resto do disco é todo excelente, com destaque para Wheels Of Confusion, Snowblind, Under The Sun e Supernaut (a música mais bate-cabeça de todos os tempos).
Sabbath Bloody Sabbath (1974)

Esse disco é simplesmente um dos maiores clássicos do Rock And Roll. É o disco preferido de muita gente. É talvez o ápice da formação clássica. E tem aquela que eu considero a melhor música do Black Sabbath: Spiral Architect. Destaque para Killing Yourself To Live, A National Acrobat, Sabbra Cadabra, Looking For Today... bom, eu na verdade só não gosto de Who Are You, que é meio chata e esquisita pros meus padrões. Mas muita gente adora.
Sabotage (1975)

Ótimo disco, mas não se compara ao nível dos trabalhos anteriores. A banda começava a ser manipulada pelos empresários (vide a capa ridícula) e algumas músicas são simplesmente ruins. Mesmo assim, a banda solta alguns de seus maiores clássicos, como Sympton Of The Universe e Hole In The Sky. Também gosto de Supertzar, apesar da música parecer apenas uma introdução de quatro minutos, que não chega em lugar nenhum. Uma boa linha de guitarra não faz uma composição brilhante.
Technical Ecstasy (1976)

Er... esse disco é uma merda. Só tem uma música que presta, chamada Back Street Kids. O resto é lixo. A decadência da banda fica evidente aqui, depois do relativo fracasso de Sabotage.
Never Say Die (1978)

Bom disco. Não é uma maravilha, mas pelo menos é melhor que Technical Ecstasy. A faixa-título é bem legal. Depois desse disco o Tony Iommi expulsou o Ozzy da banda, e Ronnie James Dio entrou no lugar dele. Lançaram o ótimo Heaven And Hell (1980), e depois o bom Mob Rules (1981). Mas não vou falar sobre a fase Dio. Pelo menos nao agora.