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Biografias

Anica

Usuário
O Lucas abriu há um tempo um tópico para comentar biografias de escritores, mas hoje me dei conta que não temos nada para comentar biografias de uma forma geral - sobre outras pessoas. O que não deixa de ser interessante, já que em livrarias é normal ter uma estante só para esse tipo de livro, hehe.

Enfim, vamos ao que interessa: você gosta de ler biografias? Quais as melhores que você leu até hoje? Tem dúvidas se uma biografia é boa ou não? Pode usar esse espaço aqui ^^
 
[align=justify]Pois é, meu tópico não deu muito certo, mas vamos lá. Não posso dizer que sou um cara que lê biografias, elas às vezes tiram um pouco o misticismo do autor, na minha opinião, por um lado; porém humanizam-o por outro. Essa é uma coisa muito contraditória, eu sei, mas é que às vezes, conhecendo o autor através de suas obras e não de seus biógrafos, temos a oportunidade de construir uma imagem toda especial sobre ele, ainda mais se gostamos dele. Lendo a biografia podemos estar desmistificando-o, tornando-o "humano demais", talvez.
As biografias costumam ser bastante elogiosas, apresentendo uma visão sobre a vida do escritor ou qualquer que seja a personalidade, sendo, talvez, a mais selecionada de todas as obras literárias (embora não possa afirmar isso com certeza). Li recentemente uma do Tolkien, muito legal, pelo menos baseado nos meus parcos conhecimentos sobre biografias. Para quem se interssar: Tolkien, uma biografia - Michael White.[/align]
 
Eu não curto biografias por si só, mas, sendo a História em geral um dos meus prazeres de leitura, abro uma exceção, quando, a pretexto de explorarem um personagem, traçam um painel de um momento histórico.

Neste estilo, recomendo a biografia de D. Pedro I, de autoria de Isabel Lustosa. Aliás, uma ótima pedida para se ler depois de 1808, de Laurentino Gomes, porque aborda o período imediatamente posterior.
 
Tosco. É essa a impressão que tenho de biografias. Até porque são partindo dessas biografias que são feitas aquelas leituras absurdas dos livros. A exemplo a tão famosa hipótese de que Bentinho e Escobar tinham um caso e blá blá blá.

Não tenho esse lance de mistificação de autor, eu tenho é apreciação pelas obras deles. Fazer uma biografia desse tipo acaba por "justificar" leituras imbecis. "Ele é gay, por isso escreveu isso dessa forma".

Como disse: tosco.
 
Eu não sou uma das mais aficcionadas por biografias, mas gosto. Minhas preferidas são a que Alexandre Dumas escreveu sobre Napoleão, e a Tête à Tête, sobre o casal Sartre-Beauvoir. Recomendo...
 
Também tenho um julgamento ambíguo em relação às biografias. Às vezes a admiração por uma certa personalidade é tão grande que queremos conhecer até as circunstâncias em que viveram, as experiências decisivas nas suas vidas, etc, mas ao mesmo tempo sempre acho que há algo de mórbido nisso, em extrapolar a obra, em querer devassar coisas pessoais, que não foram feitos para os olhos do públicos. É semelhante ao caso das correspondências. É ótimo ler o que a Clarice Lispector escrevia ao Fernando Sabino, ou o Mário de Andrade à Tarsila do Amaral, mas ao mesmo tempo bate aquela sensação de invasão de privacidade - "caramba, isso era algo apenas entre eles".

Mas também, chega uma hora em que todo mundo vira história mesmo... E em certos casos pode ser mesmo relevante para a pesquisa acadêmica, em história, como disse o Tatarana, ou em filosofia, por exemplo. Uma biografia de que gostei muito foi a do Wittgenstein (O Dever do Gênio, por Ray Monk). Se bem que uma das coisas mais interessantes foi justamente isso que o Lucas já comentou, perceber que mesmo o Wittgenstein era humano...
 
Eu gosto de biografias, não é meu tipo de leitura favorita mas eu gosto.
Recentemente li a do Che Guevara "A Vida em Vermelho" escrita por Jorge Castaneda, numa edição de bolso da Cia das Letras.
Achei muito boa, parece que o autor foi bem fiel e tentou mostrar como o Che era realmente; não ficou na pieguice nem na babação.
Gostei bastante.
Teve outras que li e gostei, depois escrevo aqui.
 
[align=justify]Não sei se é o caso de algumas outras biografias (me digam vocês que já leram outras além de uma só, como é o meu caso), mas comumente aparecem interpretações dos escritos do biografado junto com os relatos dos eventos da vida desse cara. Isso é que, na minha opinião, acaba dando um gostinho de "for dummies" (lembrem-se, falo isso com base na leitura de uma só obra biográfica). Creio que o relato dos eventos da vida do biografado devem se limitar a narrar do nascimento a morte (se for o caso) da vida dessa pessoa. A interpretação de seus escritos é algo que deve aparecer o mínimo possível, para deixar que o leitor use os referenciais biográficos a sua própria maneira. O que acham?[/align]
 
Lucas_Deschain disse:
(...)Creio que o relato dos eventos da vida do biografado devem se limitar a narrar do nascimento a morte (se for o caso) da vida dessa pessoa. A interpretação de seus escritos é algo que deve aparecer o mínimo possível, para deixar que o leitor use os referenciais biográficos a sua própria maneira. O que acham?

Acho que depende muito do autor da biografia.
Lembro de ter lido uma do Machado de Assis escrita pelo Alfredo Bosi (Machado de Assis: o Enigma do Olhar).
Então era mais um "estudo" da obra do Machado do que propriamente uma biografia; mas a vida do escritor é narrada paralelamente a análises de suas obras.
Mas Alfredo Bosi é professor de literatura, conhecedor da obra de Machado de Assis e tudo, então acho que ele tem capacidade suficiente pra escrever assim sem parecer "for dummies" como você diz.
Na verdade eu lembro que fiquei até contente de ter sido meio que "orientada" pelo Alfredo Bosi através da obra do Machado.

Tava pensando agora no porquê de eu nunca ter comprado esse livro.
Tenho "História Concisa da Literatura Brasileira" do Bosi, mas não esse que emprestei de uma biblioteca e, na ocasião, prometi que ia me dar de presente, mas nunca nem fui atrás ._.
 
gente, só chamando atenção para uma coisa que eu já comentei no início do tópico: para falar de biografias de escritores tem o tópico do lucas -> http://www.meiapalavra.com.br/showthread.php?tid=4151 a minha intenção aqui foi falar de um modo mais geral, biografias de personalidades que não necessariamente tenham alguma relação com a literatura (algumas já entraram nas listas de mais vendidos aqui no Brasil, como Olga e Chatô, me surpreende que ninguém tenha citado aqui ainda, aliás).
 
[align=justify]Pois é Clara V., pode ser que eu não tenha entendido qual é a das biografias mesmo, não é necessariamente for dummies, isso foi uma síntese precipitada, ainda mais se pegarmos o caso do Bosi, como você apontou, que considero um dos grandes do estudo literário brasileiro. Não sei, de qualquer forma não sou entusiasta de biografias, pelo menos de escritores.[/align]
 
NA verdade, não sou muito chegada a biografias não. Li recentemente uma, infanto-juvenil, sobre o Shakespeare, da qual gostei muito. Quero tb uma sobre a Jane Austen que lerei mesmo em inglês. Também li alguns livro da coleção Grandes Líderes. Não sei, talvez eu nunca tenha dado espaço para esse tipo de livro. Acho que só é legal se for sobre alguém que admiro muito, do contrário não desce.
 
não sei se se enquadra, mas acabo lendo muitas mini biografias e compilações, como "Heróis e Vilões", "Corpos Frágeis, Mulheres poderosas", "Cortesãs e Favoritas" e biografias de líderes militares/guerreiros, como a do Átila e do Aníbal. Como uma estudiosa amadora de história, acho uma excelente maneira de atiçar a curiosidade e para entender certas referências. Inclusive o livro que estou lendo é uma forma de mini-biografias, desta vez de aforistas...

E há também as biografias romanceadas, como Musashi e a do Saint-Germain...

Quanto ao Chatô e a Olga, minha mamis (mestra na arte de ler biografias), tem os dois, mas eu não li nenhum...
 
Do Fernando Morais eu tenho vontade de ler "O Mago" (Paulo Coelho).
Parece bacana ou ao menos interessante, alguém já leu?
 
Eu até gosto de biografias e devo confessar que leio bastante, mas depende da biografia, claro.

Como gênero histórico tem algumas bem legais relacionando a vida do biografado com o período em que viveu (embora isso seja muito, muito complicado) especialmente na área de História Cultural recentemente (mas não na de história política como antigamente, só sobre governantes). Dá até para dizer que há tradição nisso desde Plutarco com as "Vidas Paralelas" e Suetônio com a "Vida dos 12 Césares" (por sinal, não li nenhuma das duas ainda...).

Em artes, considero a leitura de algo sobre a biografia dos autores algo fundamental para entender mais sobre suas obras (embora sem exageros).

Acho engraçado que na área de Letras exista/tenha existido uma corrente que prega/pregava a interpretação das obras independentemente da biografia dos autores, como se fosse algo irrelevante, mas que essa não seja uma discussão que exista em outras áreas.

Para mim esse tipo de coisa é como fazer um teste cego: você dá uma obra para o crítico provar sem saber de quem é e diz para ele adivinhar o que é aquilo. Faz algum sentido?
 
obnóxio disse:
Em artes, considero a leitura de algo sobre a biografia dos autores algo fundamental para entender mais sobre suas obras (embora sem exageros).

Acho engraçado que na área de Letras exista/tenha existido uma corrente que prega/pregava a interpretação das obras independentemente da biografia dos autores, como se fosse algo irrelevante, mas que essa não seja uma discussão que exista em outras áreas.

Para mim esse tipo de coisa é como fazer um teste cego: você dá uma obra para o crítico provar sem saber de quem é e diz para ele adivinhar o que é aquilo. Faz algum sentido?

Faz. A obra existe independente do autor. E, depois de um tempo de prática de leitura, você acaba descobrindo certos traços estilísticos que permitem reconhecer a obra de alguém sem nem mesmo ver na capa que é dum determinado autor.

Essa ciência é chamada de Estilística.

Além disso, se o objetivo de estudo é o texto (e somente ele), não faz diferença se é de ciclano ou de beltrano. Essa desvinculação do criador da criatura é necessária para que a criatura atinja o seu potencial máximo.
 
Pescaldo disse:
Faz. A obra existe independente do autor. E, depois de um tempo de prática de leitura, você acaba descobrindo certos traços estilísticos que permitem reconhecer a obra de alguém sem nem mesmo ver na capa que é dum determinado autor.

Essa ciência é chamada de Estilística.

Além disso, se o objetivo de estudo é o texto (e somente ele), não faz diferença se é de ciclano ou de beltrano. Essa desvinculação do criador da criatura é necessária para que a criatura atinja o seu potencial máximo.

Há em história uma regra não formulada que diz que antes de se estudar a história, é preciso estudar os historiadores e antes de estudar os historiadores, é preciso estudar o tempo deles. Para mim o mesmo é válido em artes.

A análise do estilo de um autor é bem útil quando se pretende atestar a veracidade de uma obra (ainda mais hoje em dia para que possa ser comercializada), mas o estilo ainda é de um autor.

O estudo nunca é da obra por si só (embora se tente) porque a própria escolha dela já demonstra uma subjetividade: o crítico não vai escolher o quadro do Zé da Esquina para ver o estilo dele. Daí que o teste cego, em crítica, não existe (embora queiram fingir que sim).

E o que é que se ganha dizendo que as obras surgem do nada, que a biografia dos autores não é importante (além de uma pretensa imparcialidade) além de uma desumanização das obras? Para mim há críticas muito bem feitas que não tem essa pretensão à "cientificidade" ou à "Verdade".

Não imagino como Guernica poderia ter sido pintada por alguém que não Pablo Picasso, ou como Beethoven poderia ter chegado à sua Nona Sinfônia sem passar pelas outras oito, por exemplo.
 
obnóxio disse:
Há em história uma regra não formulada que diz que antes de se estudar a história, é preciso estudar os historiadores e antes de estudar os historiadores, é preciso estudar o tempo deles.

Muito curioso. Isso cria uma espécie de loop infinito.

Antes de estudar história, tem que estudar os historiadores. Mas, antes de estudar os historiadores, tem que estudar a história do tempo deles.

O mais interessante é que não deixa de ter certa razão. Muito do conhecimento humano está construído sobre si mesmo.
 
[align=justify]Não é questão de loop infinito, mesmo que seja bem engraçado pensar assim XD, mas é o que se chama de mútua determinação. Não somente o real (contexto histórico) determina as idéias (historiadores, por exemplo), como também as idéias determinam o real, é uma relação dialética, de mútua determinação. Logicamente que isso é uma coisa bem mais complexa, e os materialistas históricos atribuem mais peso ao material (real) nesse sentido, que eu particularmente concordo, mas isso não invalida também a influência do abstrato sobre o concreto.[/align]
 
E como fica no caso dos heterônimos do Fernando Pessoa? A análise é feita a partir da biografia das personagens que ele criou (que são, como tal, parte da obra) ou a partir da biografia de Pessoa?

Eu sinceramente não vejo problemas em unir a biografia ao estudo, mas não acho que a importância em literatura seja tão grande quanto de repente o é em história. E veja bem, não é achismo, nem chutômetro. Eu não vou dar pitaco sobre a importância disso na área de história até porque bem, não tenho conhecimento acadêmico para tal. Mas o Pescaldo não falou nenhuma besteira, é possível sim fazer uma análise literária sem focar em um estudo biográfico sim, caso contrário não teríamos em nenhum momento da crítica literária o formalismo russo.

Mas como disse, eu pessoalmente não vejo problemas nessa relação, desde que bem, seja cuidadosa. Em estudo de obra, aliás, normalmente eu recorro à biografia quando preciso justificar a influência de escritor x na obra de escritor y. Eu não posso simplesmente dizer "Acho parecido", eu tenho que comprovar que em dado momento o escritor teve contato com aquele texto. Tipo usar a tradução do Machado para O Corvo de Poe para justificar a relação entre ambos.

Enfim, o que eu quero dizer é que é o tipo de coisa que pode enriquecer o estudo de um texto, mas não é condicional tal como parece ser com história (já que foi a área de estudo comparada aqui). Até porque você cai em exemplos como o de Fernando Pessoa.
 

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