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"Big Brother Brasil" adapta-se para sobreviver
ISABELLE MOREIRA LIMA
Camaleônico, o "Big Brother" muda para sobreviver. Com estréia da quinta edição brasileira marcada para a noite de amanhã, o maior de todos os "reality shows" enfrenta seu sexto ano de existência com adaptações a cada nova edição, em cada local.
O chefe do departamento de marketing da empresa criadora do programa --a produtora holandesa Endemol-- disse à Folha que é justamente esse o segredo do sucesso do formato.
"Depois de cinco anos, o poder de atração do "Big Brother" não mostra sinais de abatimento. Ao contrário, continua a lançar-se em novos territórios e a quebrar recordes de audiência série após série em países onde já existe. Nossas afiliadas adaptaram brilhantemente o formato para certificar que o programa permaneça sempre renovado e inovador. O "Big Brother" chegou para ficar."
O "Big Brother" "chegou" em 1999 na Holanda e hoje "fica" em mais de 70 países, se for levada em conta a edição africana exibida em 46 países do continente. O número de edições varia: enquanto a Espanha teve seis, outros países, como o Equador, ainda estão na primeira. Estados Unidos e Reino Unido já têm suas sextas edições marcadas para este ano.
No Brasil, o primeiro "Big Brother" foi exibido pela TV Globo em janeiro de 2002 na ressaca da "Casa dos Artistas", lançada pelo SBT três meses antes. Para vencer a sombra de "Casa", o "BBB 1" usou de festas e jantares temáticos e do poderoso elenco global. Em visitas esporádicas, Xuxa, Tom Cavalcante e Ana Maria Braga, entre outros, tentavam animar o ambiente. Pedro Bial, que inicialmente seria apenas o apresentador, também se transformou em personagem e páreo para Silvio Santos, comandante da "Casa dos Artistas". A estratégia funcionou, e o programa conseguiu fincar o pé na grade da Globo com nove pontos a mais de audiência que a primeira edição do concorrente.
Dois anos e quatro edições mais tarde, o "BBB 5" não teme mais a concorrência, mas ainda terá novidades. A mais importante de todas é o prêmio, que, de R$ 500 mil, subiu para R$ 1 milhão. Muda também a forma de eliminação na final --três participantes ficarão até o último dia. Dentro da casa, os "big brothers" também poderão usar uma moeda de troca.
Apesar das mudanças, o "BBB 5" mantém-se quase totalmente fiel ao original. Em outros países, até isso já é diferente. Na Alemanha, o público assistiu a um programa de longa vida, com duração de 12 meses e novos participantes, à medida que aconteciam as eliminações.
Além das modificações para manter-se "renovado e inovador", o "Big Brother" também muda para ser fiel ao gosto de cada público. No Oriente Médio, o "Big Brother Bahrein", batizado de "Al Rais" (o chefe), foi totalmente adaptado para a cultura árabe: foram construídos mais quartos de dormir, banheiros separados para homens e mulheres e um quarto para oração. Costumes culturais e religiosos também eram aceitos na casa.
Para a antropóloga da PUC-SP Silvia Borelli, no Brasil, o "reality show" funcionou porque, além de ser uma marca mundial, tem uma edição que adapta a narrativa a um molde similar ao da novela. "A versão editada é que dá as características próprias dentro do padrão mundial. A narrativa aqui é de telenovela. Desde o "BBB 2", configura-se uma tentativa de construir triângulos amorosos e parcerias entre personagens, semelhante ao que o público está acostumado", explica.
Borelli também cita o tipo de seleção dos participantes. "Há uma preocupação muito grande em mapear o imaginário cultural do país e diferentes segmentos da sociedade", diz a antropóloga, que cita o das "beldades", os grupos mais "populares" e a presença forte de negros e homossexuais.
Adaptando-se a cada imaginário, o "Big Brother" segue conquistando mais territórios. Depois do Oriente Médio, foi a vez do leste europeu. Em junho do ano passado, a Endemol anunciou o programa croata e, em outubro, o sérvio, primeiro reality show de um canal público (RTS --Radio Television Serbia). Em março deste ano, o formato chegaria à Ásia, com o "Big Brother Tailândia". A Endemol não sabe informar, no entanto, se o programa ainda será produzido depois dos tsunamis que destruíram parte do país.
Fonte: Folha de S.Paulo
ISABELLE MOREIRA LIMA
Camaleônico, o "Big Brother" muda para sobreviver. Com estréia da quinta edição brasileira marcada para a noite de amanhã, o maior de todos os "reality shows" enfrenta seu sexto ano de existência com adaptações a cada nova edição, em cada local.
O chefe do departamento de marketing da empresa criadora do programa --a produtora holandesa Endemol-- disse à Folha que é justamente esse o segredo do sucesso do formato.
"Depois de cinco anos, o poder de atração do "Big Brother" não mostra sinais de abatimento. Ao contrário, continua a lançar-se em novos territórios e a quebrar recordes de audiência série após série em países onde já existe. Nossas afiliadas adaptaram brilhantemente o formato para certificar que o programa permaneça sempre renovado e inovador. O "Big Brother" chegou para ficar."
O "Big Brother" "chegou" em 1999 na Holanda e hoje "fica" em mais de 70 países, se for levada em conta a edição africana exibida em 46 países do continente. O número de edições varia: enquanto a Espanha teve seis, outros países, como o Equador, ainda estão na primeira. Estados Unidos e Reino Unido já têm suas sextas edições marcadas para este ano.
No Brasil, o primeiro "Big Brother" foi exibido pela TV Globo em janeiro de 2002 na ressaca da "Casa dos Artistas", lançada pelo SBT três meses antes. Para vencer a sombra de "Casa", o "BBB 1" usou de festas e jantares temáticos e do poderoso elenco global. Em visitas esporádicas, Xuxa, Tom Cavalcante e Ana Maria Braga, entre outros, tentavam animar o ambiente. Pedro Bial, que inicialmente seria apenas o apresentador, também se transformou em personagem e páreo para Silvio Santos, comandante da "Casa dos Artistas". A estratégia funcionou, e o programa conseguiu fincar o pé na grade da Globo com nove pontos a mais de audiência que a primeira edição do concorrente.
Dois anos e quatro edições mais tarde, o "BBB 5" não teme mais a concorrência, mas ainda terá novidades. A mais importante de todas é o prêmio, que, de R$ 500 mil, subiu para R$ 1 milhão. Muda também a forma de eliminação na final --três participantes ficarão até o último dia. Dentro da casa, os "big brothers" também poderão usar uma moeda de troca.
Apesar das mudanças, o "BBB 5" mantém-se quase totalmente fiel ao original. Em outros países, até isso já é diferente. Na Alemanha, o público assistiu a um programa de longa vida, com duração de 12 meses e novos participantes, à medida que aconteciam as eliminações.
Além das modificações para manter-se "renovado e inovador", o "Big Brother" também muda para ser fiel ao gosto de cada público. No Oriente Médio, o "Big Brother Bahrein", batizado de "Al Rais" (o chefe), foi totalmente adaptado para a cultura árabe: foram construídos mais quartos de dormir, banheiros separados para homens e mulheres e um quarto para oração. Costumes culturais e religiosos também eram aceitos na casa.
Para a antropóloga da PUC-SP Silvia Borelli, no Brasil, o "reality show" funcionou porque, além de ser uma marca mundial, tem uma edição que adapta a narrativa a um molde similar ao da novela. "A versão editada é que dá as características próprias dentro do padrão mundial. A narrativa aqui é de telenovela. Desde o "BBB 2", configura-se uma tentativa de construir triângulos amorosos e parcerias entre personagens, semelhante ao que o público está acostumado", explica.
Borelli também cita o tipo de seleção dos participantes. "Há uma preocupação muito grande em mapear o imaginário cultural do país e diferentes segmentos da sociedade", diz a antropóloga, que cita o das "beldades", os grupos mais "populares" e a presença forte de negros e homossexuais.
Adaptando-se a cada imaginário, o "Big Brother" segue conquistando mais territórios. Depois do Oriente Médio, foi a vez do leste europeu. Em junho do ano passado, a Endemol anunciou o programa croata e, em outubro, o sérvio, primeiro reality show de um canal público (RTS --Radio Television Serbia). Em março deste ano, o formato chegaria à Ásia, com o "Big Brother Tailândia". A Endemol não sabe informar, no entanto, se o programa ainda será produzido depois dos tsunamis que destruíram parte do país.
Fonte: Folha de S.Paulo