No abismo de Helm Andúril chamuscava com um fogo branco, mas isso não significa que ela soltava fogo.
Nem que as lanças do eoréd de Éomer perfazem uma floresta.
A metáfora e a comparação são elementos fortes no estilo tolkieniano.
“...and the shadows about it reached out like two vast wings”
"Like two wings"; como duas asas; tradução perfeita.
Essa expressão não implica, de forma nenhuma, que existam asas em balrogs, mas apenas que sua sombra, oriunda de seu poder inerente, se estendiam como se fossem duas grandes asas. No mais, foi apenas uma forma mais elegante de se escrever; jogo de palavras, presente nas obras de Tolkien quase que sempre.
“It stepped forward slowly on to the bridge, and suddenly it drew itself up to a great height, and its wings were spread from wall to wall; ...”
"...repentinamente ele adiantou-se em grande altura, e suas asas estenderam-se de parede a parede..." Sociedade do Anel Cap. 5, A Ponte de Khazad-dûm"
Essa expressão é a preferida dos defensores das asas, mas ela, por sua vez, não garante nada concreto que o balrog tem asas e as abriu.
Essa idéia confere com a descrição que Tolkien faz antes:
“... It was like a great shadow, in the middle of which was a dark form, of man-shape maybe, yet greater; and a power and terror seemed to be in it and to go before it.”
“... era como uma grande sombra, no meio da qual existia um ser escuro, de forma humana talvez, embora maior; e um poder e terror pareciam estar nele e ir na sua frente.”
O poder do balrog "pulsava" ao redor de seu corpo, e quando foi liberado ao máximo, no intento de combater Gandalf (alguém de mesma ordem, um Maia) esse poder, ilustrado em terror e sombras, conseguia compreender todo o ambiente.
Mais uma vez, digo que foi metáfora. Parafraseando nosso amigo Maglor: "Os lábios de Iracema podem até ser lindos, mas não eram de mel."
Aliás, as "torres das Thangorodrim" era vulcões, mas não eram chamadas assim.
Morgoth parou ante Fingolfin "como uma torre"; isso não implica que ele era uma torre; nem que era tão alto quanto uma. Mas sim majestoso, intimidador e imponente como uma.
Não há sentido num balrog ter asa se não for para voar, já que eles são Maiar do Fogo, e podiam assumir outra forma se quisessem.
Eles não assumiriam uma forma com asas se não fosse para voar. E a "aparência aterrorizante" não cola, pois o medo que eles causavam era proveniente de sua aura inerente de terror, que fez Legolas fraquejar e Gimli chorar.
E o Silmarillion cita que Melkor nunca usou o Ar nem a Água para seus intentos, exceto na Guerra da Ira, quando surgiram os dragões alados.
"Mas ele (Morgoth) lançou sobre seus adversários o último e desesperado assalto que havia preparado, e das profundezas de Angband surgiram os dragões alados, que não haviam ainda sido vistos, pois até aquele dia nenhuma criatura de seu cruel desígnio tinha ainda ameaçado os ares...
Eu não sei qual a velocidade de um balrog, mas sei que eles são rápidos. Na Dagor Bragollach, chamas foram cuspidas das Thangorodrim, e elas avançavam quase tão rápido, ou mais rápido (não me lembro da expressão com clareza), que a lava das Thangorodrim, e vinham
correndo atrás de Glaurung.
O Silmarillion é o esqueleto de uma história; a gente não sabe quanto tempo Morgoth "esperou" pela chegada dos Balrogs em Lammoth. A prisão do Maedhros nas Thangorodrim, por exemplo, pela leitura do Silmarillion parece que ele ficou pouco tempo pendurado lá, enquanto na verdade ele ficou o equivalente a aproximadamente 34 anos do Sol (fonte: HoME X e XI).
Ou alguém aqui também crê que a forma física do Sauron também é um olho flamejante? Ou que o braço de Saruman é tão grande para "abraçar" Rohan toda? São formas de embelezar a escrita, forma de ilustrar o poder dos seres, a influência, a vigilância.
Dois parágrafos depois da descrição que diz que a sombra se estendeu
como duas grandes asas, temos, como eu já disse antes, uma das expressões favoritas dos amantes das asas:
"...repentinamente ele adiantou-se em grande altura, e suas asas estenderam-se de parede a parede..." Sociedade do Anel Cap. 5, A Ponte de Khazad-dûm
O fato de aparecer dois parágrafos depois não significa nada; a imagem do balrog já foi construída na descrição anterior e Tolkien utilizou os mesmos elementos e jogos de palavras para dar continuidade à narrativa; podia ser no final do livro e o significado seria o mesmo. Não interessa o lugar; veio
DEPOIS da descrição metafórica; a imagem já foi construída e acabou. Para ficar o mais claro possível, Tolkien poderia usar a palavra
asas entre aspas, mas ficaria totalmente ridículo e perderia totalmente a poeticidade do capítulo.
Outra coisa é que o balrog não podia ter mais que uns 3 metros de altura, no máximo; afinal, ele teve que passar por uma porta pequena e vivia numa morada anã; e na Queda de Gondolin, Ecthelion dá uma cabeçada no peito de Gothmog; ele não conseguiria isso se Gothmog fosse muito grande; assim podemos prever a altura de um balrog.
Muito bem, se o balrog tivesse 3 metros de altura, imensamente desproporcional que ele tivesse asas que alcançassem de parede a parede num salão grande como o da ponte de Khazad-dûm; e suas asas teriam sido percebidas antes, com certeza; elas não surgiriam do nada. Aliás, ele nem passaria pelas portas de Moria. Afinal, elas seriam enormes se fossem asas físicas, de fato. Desproporcionais, para dizer a verdade. As asas físicas nesse caso implicariam, inclusive, numa perda de equilíbrio por parte do balrog.
O "grande altura" representa, considerando toda a sombra de terror ao seu redor que "pulsava" e o aumento da mesma, que ele avançou intimidador; só isso.
No mais, os fatos apontam para a não-existência de asas. Pelo menos analizando as expressões e idéias do autor, acredito que seja isso.