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Melian

Período composto por insubordinação.
Não se acanhem, acheguem-se, e vamos conversar. Não é demérito não ter lido Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa. Não caiam no papo de que é um livro difícil. Não caiam no papo de que é um livro para leitores especializados. Não caiam no papo de que a literatura é para poucos, porque a literatura é um direito, já nos disse Antônio Candido, em um dos seus ensaios mais conhecidos. E, por sê-lo, a gente tem é de mergulhar em tudo quanto é terra literária, mesmo, e fazer o nosso caminho, porque se não querem nos dar nossos direitos, a gente vai pegá-los, de qualquer jeito.

Embora jocoso, o título do tópico não se faz de pura troça. Usar o termo bacanal teve o intuito de mostrar que nosso sertão-mundo-Brasil termina onde começa a Grécia; a recíproca é mais do que verdadeira. A tese de doutorado do meu professor de Literatura Clássica na graduação, defendida em 2006, foi feita com base numa perspicaz comparação entre Grande Sertão e Ilíada. Ele fez o movimento inverso, partiu do sertão para chegar ao Ílion. É um trem bem interessante, mesmo, a leitura que ele faz de Grande Sertão como épico. É claro que, para além dos diversos paralelos que se pode estabelecer entre as obras, entra, aqui, o que o Umberto Eco, acho, chama de "competência enciclopédia", que é a capacidade de unirmos fios de diferentes épocas e estilos literários para elaborarmos uma interpretação. Homero e Rosa: que dupla!

O título deste tópico é deveras chamativo, e pode ferir os olhos mais sensíveis. Vocês que lutem!

É agora que vocês me perguntam: Melian, cê não está com mil leituras em andamento, como é que vai botar uma releitura, no meio da coisa toda? Ah, gente, é o meu jeitinho. Além disso, a ideia é que a releitura seja algo prazeroso, não uma obrigação, justamente para que as pessoas que foram obrigadas a ler (mesmo que não tenham lido hahaha) Guimarães Rosa por causa da escola, criem um novo registro de leitura de um dos maiores (para muitos, o maior) nomes da Literatura Brasileira. SEM PRESSÃO!

É como se a gente pegasse o Sertão e o quebrasse em partes para que, desse modo, ficasse mais fácil conhecê-lo. Faltam 218 dias para o fim de 2021. Se a gente ler uma linha do romance por dia, até o fim do ano teremos lido quase oito páginas! E se a gente ler 218 parágrafos-veredas por dia, em 31 de dezembro de 2021, já teremos lido mais do que cem páginas do livro. Umas cento e treze páginas, aproximadamente.

Fiz a estimativa, por alto, dos parágrafos, porque Grande Sertão é construído de um capítulo só, então, não dá para calcular leitura de capítulos, ok? (Sim, gente, eu sei que preciso reduzir o consumo de café :rofl:).

Então, é isso: o tópico é um convite. Vamos (re)ler, juntos, Grande Sertão: Veredas?
 
É como se a gente pegasse o Sertão e o quebrasse em partes para que, desse modo, ficasse mais fácil conhecê-lo. Faltam 218 dias para o fim de 2021. Se a gente ler uma linha do romance por dia, até o fim do ano teremos lido quase oito páginas! E se a gente ler 218 parágrafos-veredas por dia, em 31 de dezembro de 2021, já teremos lido mais do que cem páginas do livro. Umas cento e treze páginas, aproximadamente
:rofl:
O texto da Melian é Letras™ at its best pra mim.

Nunca li, embora tenham me indicado centenas de vezes. Não custa dar uma chance.
 
É só o maior e melhor livro da literatura brasileira, quase tão grande quanto os Lusíadas. É a grande obra da nossa literatura.

E sim, estou relendo pela sétima vez.
 
O texto da Melian é Letras™ at its best pra mim.
Total. :rofl: :rofl: :rofl:
Nunca li, embora tenham me indicado centenas de vezes. Não custa dar uma chance.
Bora lá, menino Zirak-tarâg! :issoaih:

Caio de Exu disse:
E sim, estou relendo pela sétima vez.
Acho que isso significa que você está, finalmente, fazendo o tópico do Rosa. hahahahah

Vou parar de floodar, aqui, e ir ler o PARÁGRAFO DO DIA. BORA, MIGOS!
 
Certamente vou querer fazer isso algum dia, até porque, quando li artigos sobre a obra depois, vi que durante a leitura não tinha sacado nem metade da genialidade que ela contém. Mas não tem nem um ano que eu li (ou tem pouco mais, sei lá, a pandemia confunde nossa noção de tempo), então vou deixar passar mais tempo, enquanto jogo mais partidas priorizo leituras novas.
 
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Nem queria fazer propaganda da Amazon e ajudar o Jeff Bezos a dominar o mundo, mas 42% de desconto num livro caro é uma bela tentação... Fica a dica para quem estiver planejando entrar na onda da Cleo Cleo.
 
Minha edição foi comemorativa, com uns encartes interessantes. Fiquei tentado a comprar essa, porque a minha tá um bagaço, mas não vai rolar.
A minha:

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Nem queria fazer propaganda da Amazon e ajudar o Jeff Bezos a dominar o mundo, mas 42% de desconto num livro caro é uma bela tentação... Fica a dica para quem estiver planejando entrar na onda da Cleo Cleo.
O LUFE TROUXE A DICA DO DIA. COMPREM O LIVROOOOOOOOOO!

Ah, tenho duas edições, ambas da Nova Fronteira: aquela da capa roxa, e esta aqui (que foi o presente que os padrinhos da turma nos deram, na colação de grau):

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P.S.: Ainda não li o parágrafo do dia. :rofl:
 
E olhe que eu dei uma passadinha hoje no sebo e achei essa mesma edição da Amazon, usadinha mas com ótima cara, custando... 70 bolsinhos. Sem condições, né? Vou de Amazon desta vez. Mas trouxe outros três livros do sebo e deixei por lá 56 reais haha. :rofl: Todos ganham.
 
Li o primeiro parágrafo do dia. É pra glorificar de pé, igreja! Bora lá, falar um cadinho, e de modo descompromissado, sobre o título. Ele já nos dá uma dica da relação que será estabelecida ao longo do romance: do universal para o particular; Grande Sertão, o todo; Veredas, os meandros, as peculiaridades desse sertão-mundo.

(Só para constar: eu não tô falando como estudiosa de Guimarães Rosa, porque não o sou, e nem tenho a pretensão de sê-lo. Tô falando como leitora, mesmo. Tô tentando resgatar aquelas minúcias do texto que tanto me fascinaram. É um jeito de averiguar se elas ainda me fascinam. Eu me considero Machadiana e, mesmo assim, não sou estudiosa da obra do Bruxo do Cosme Velho. Sou apaixonada pela obra dele, não estudiosa. A bem da verdade, nem estudiosa de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa eu me considero, porque estou há quase nove anos longe da Academia. Honestidade intelectual, a gente vê por aqui.)

O livro começa com um travessão. Um chamamento, por assim dizer, ao diálogo, ou melhor, ao dialogismo da linguagem. E ter em mente a ideia do dialogismo da linguagem ajuda-nos a entender os malabarismos linguísticos feitos pelo Rosa. E, nesse chamamento ao diálogo, depois do travessão, temos a palavra "Nonada", que significa ninharia, pouca coisa. Novamente, as figurações do "lá" e do "cá" se (im)põem: o pouco que se tira do muito, isto é, do sertão.

Agora, uma extrapolação interpretativa minha, ok? Essa pouca coisa bem que poderia ser aquele grão de areia de que fala William Blake, né?

Ver um Mundo num Grão de Areia
E um Céu numa Flor silvestre,
Ter o Infinito na palma da sua mão
E a Eternidade numa hora.


Não por acaso, a última frase do primeiro parágrafo de Grande Sertão: Veredas nos mostra a abertura do mundo, que é também a abertura primordial do ser: "o sertão está em toda a parte". As veredas estão contidas no sertão. (Sim, o estar contido me lembra dos Conjuntos. Eu não odeio Matemática. Adorava a disciplina, lá no Ensino Fundamental. :hihihi: ). E é por meio das Veredas que o Sertão se dá a conhecer, com toda a sua aridez, com todos os seus truncamentos (os da linguagem, dos neologismos do Rosa e, por que não, da linguagem de que se constitui o inconsciente?)

Como prometido, comentei sobre o primeiro parágrafo. Agora, vou ler mais um cadinho, porque sou muito ansiosa para conseguir ler apenas um parágrafo por dia. :rofl:Só queria provar o ponto de que cada um pode ler no seu ritmo, no seu tempo, mesmo que o máximo que a pessoa consiga fazer seja ler um parágrafo por dia.

Cês me abracem, porque eu mal comecei a reler o livro e já estou empolgada. :timido:

Editei o trem, às 18h49min, porque vi que não tinha colocado o "a" em "o sertão está em toda a parte". Eu tenho TOC, mas não desistam de mim.
 
Última edição:
Li também.
Gesuis, eu costumo ter uma certa dificuldade com esses regionalismos nordestinos. Morte e Vida Severina foi um que eu amei ler, mas foi bem difícil. Justino, o Retirante foi mais fácil, mas também teve suas particularidades.
 
Ver anexo 90217

Nem queria fazer propaganda da Amazon e ajudar o Jeff Bezos a dominar o mundo, mas 42% de desconto num livro caro é uma bela tentação... Fica a dica para quem estiver planejando entrar na onda da Cleo Cleo.

Tenho essa edição e odeio com força essa capa com a tarja de tecido. Nada prática. Sabe aquelas modas de jeans largos, escorregando pela bunda? Olho pra estante e é meio esse o efeito: a tarja está sempre no "pé" do livro. É o Diabo no meio do redemoinho. Me dá um rancor profundo da Cia das Letras, porque comprei saporra desavisado, achando que a tarja vermelha com o título era parte da impressão da capa.

Os extras da edição são bacanas, mas essa coisa da capa com a "tanga" de tecido me faz lamentar não ter comprado a edição da Nova Fronteira.
 
Tenho a impressão de que o povo só apareceu neste tópico por causa do título. :rofl:
 
Grande sertão foi o primeiro que li este ano, nem rola uma releitura ainda tão recente...
A narrativa do Riobaldo, aliás, é pra ser mais do que lida: precisa ser declamada, ou então torna-se aborrecida, hermética, cansativa e pedante. Hermann Hesse afirmava que os contos árabes, quando lidos na poltrona, são tediosos, somente adquirindo maior força e encanto quando ouvidos pela boca de um contador legítimo ou quando se lê corretamente, posicionando o corpo repousadamente num tapete -- coisa semelhante se dá com Rosa. Faz-se insuficiente as teorizações e sutilezas na análise enquanto potenciadoras do prazer do texto, necessitando da voz do próprio leitor, numa batalha de modulações, de mudanças repentinas de tom, ritmo, saboreando não só os jogos de palavras, mas também a pronúncia espinhosa, tarefa esta tão excitante quanto pular cerca de arame farpado.
A epígrafe do Morte e vida severina cabe com mais perfeição no Grande Sertão: é literalmente um poema para se ler em voz alta. Não me admira que tanta gente reclame que Guimarães Rosa é ininteligível, ruim ou cacete, já que lê-lo em silêncio desfalca uma parte enorme do apelo estilístico rosiano. É como amar sem gemidos, sem murmúrios nem palavrões, na ausência de barulhos externos ou de internos rojões, isto é, continua sendo prazeroso, embora se pressinta que falte algo essencial.
 

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