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Aventuras de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll

RE: Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll

Ahh Petra também comprei essa edição pra dar pra uma amiga minha.. Nossa é bem lindinha mesmo (+_+ emo_) Fiquei até na dúvida de dar ou não...rsrs.. Até que achei barato.. R$ 18,90... XD
 
RE: Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll

Então,eu li.Alice no País das Maravilhas é MUITO MUITO bom né?toda aquela fantasia e tal,agora,eu me decepcionei um pouco com Alice Atrás do Espelho e Oque Encontrou por Lá,todo aquele papo de xadres me deixou confusa!!!
 
RE: Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll

Ainda não cheguei a ler o livro mesmo, mas, quando pequena assisti muito o filme da Alice, e sempre me encantou essa história, pela simplicidade infantil que se encontra nele. É muito bom a parte do coelho preocupado com a hora, o chá, a Alice diminuindo e crescendo...Fantasias naturais da alma infantil que hoje são deixadas de lado. Acho que agora com esse novo filme se perde a magia da Alice e sim vira mais um produto da midia.
Mas o filme verdadeiro é lindo, e deve ser muito empolgante ler o livro e relembrar as cenas.
 
RE: Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll

comprei o livro ontem! é só terminar de ler o que eu estou lendo e devorar o país das maravilhas!
 
RE: Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll

Devorei os dois livros, Literatura Infato-juvenil deveria ser assim, sempre.
 
RE: Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll

petit-cheshire.blogspot.com

Meu blog tem várias coisas sobre alice pra quem quiser conhecer mais.
Tem bastante coisinhas sobre livros também.
 
RE: Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll

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Se você usar um óculos com lentes azuis, verá todo o mundo azul. Se trocar por lentes vermelhas, acontecerá a mesma coisa, e assim por diante. Digo isso pois foi exatamente o que pensei após ler Aventuras de Alice no País das Maravilhas (Jorge Zahar Ed., 2009). A primeira leitura que fiz do clássico de Lewis Carroll em 2009 foi bastante confusa, como pode ser notada pela resenha que fiz na época. Agora acredito que muito desta confusão se deu por causa da edição traduzida pela Rosaura Enchemberg (L&PM Pocket, 1999) que li na primeira vez, que apesar de não ser tão antiga, atrapalhou a minha fluidez e entendimento da leitura. Maria Luiza Borges é quem assina a tradução da edição de bolso da Zahar, que venceu o Prêmio Jabuti como Melhor Tradução em 2009, e que comprei aproveitando uma superpromoção na internet. Percebi que foi um bom negócio. A edição, apesar de ser de bolso, tem capa dura e é graficamente perfeita. Inclui os desenhos originais de John Tenniel, ilustrador famoso que chegou até mesmo a influenciar Carroll solicitando a retirada de um capítulo do livro Alice através do Espelho. A Zahar fez bem em lançar duas versões do clássico: uma simples (a que li) com preço mais em conta, mas com acabamento de primeira, e uma comentada (que acredito ser a mais completa obra hoje sobre Alice no Brasil), com notas sobre os jogos de palavras e outros detalhes que demonstram a genialidade de Carroll ao criar Alice. Os jogos de palavras devem ser mais evidentes no inglês, mas a tradução conseguiu fazer um ótimo trabalho.

Mesmo na versão simplificada algumas características ficaram preservadas na edição, como palavras que constantemente rimam dentro dos parágrafos, dando a impressão de se ler uma poesia escrita em prosa. Leia o trecho abaixo em voz alta e vai perceber o que eu quero dizer.

“Por um trecho, a toca de coelho seguia na horizontal, como um túnel, depois se afundava de repente, tão de repente que Alice não teve um segundo para pensar em parar antes de se ver despencando num poço muito fundo.

Ou o poço era muito fundo, ou ela caía muito devagar, porque enquanto caía teve tempo de sobra para olhar à sua volta e imaginar o que iria acontecer em seguida”.

As letras das músicas, que são muitas no livro, estão facilmente assimiláveis. Aliás, grande parte do charme do livro está nas letras erradas das músicas que Alice canta. Dá pra entender que o escritor fez um livro para entreter e agradar uma menininha. Não consegue-se ler o livro imaginando que Carroll queria criticar algum aspecto na sociedade em que vivia. É um livro infantil, mostrando coisas que interessam crianças de um jeito inocente e deixando explícitas as dúvidas que a maioria delas tem. O livro cria um diálogo com as crianças. Cria um diálogo com a parte criança que ainda sobrevive dentro de nós, adultos. Não importa que a história não faça muito sentido lógico, racional, o que importa é que a infância é um País das Maravilhas que não se deve ser levado a sério demais, sob o risco de se perder grande parte da sua graça e magia. E é preciso usar os óculos certos para perceber isso.


Fonte: Libru Lumen 2011
 
Última edição por um moderador:
Vou dar uma de coveiro e reabrir esse tópico mais de dez anos depois dele ter sido criado. Tenho uma 'literatura quiz' amanhã sobre Alice e decidi dar uma passada pelo tópico. Acabei me deparando com a adaptação para o cinema de 1999, que queria muito assistir, mas ainda não encontrei (se eu encontrá-la, compartilho por aqui).

Quanto à discussão, tenho o seguinte vídeo a agregar:


Acho que o programa é um resuminho bacana pra começar a pensar a obra e o autor.

O conteúdo toca também na questão da pedofilia do Dodgson. Particularmente, ficou um pouco chateado quando um momento que deveria ser voltado à apreciação da obra acaba sendo desviado para questões da vida do autor (que, na minha percepção, não têm essa relevância toda), mas entendo o motivo.

edit: já ouvi de algumas pessoas que essa história de pedofilia por parte do Carroll é boato. Alguém sabe algo à respeito?

De acordo com a professora Sandra Vasconcelos, não é tão boato assim. No vídeo, ela diz que existem cartas e fotografias que apontam para o interesse dele por meninas, ainda que não exista nenhuma prova de que essa "sugestão de pedofilia" tenha se concretizado. Mas a professora também chama a atenção para particularidades do contexto sócio-cultural do qual o Carroll fazia parte, e aí acho que vale a pena assistir o vídeo (que é do programa Literatura Fundamental) pra seguir nessa discussão (se é que é preciso).

Atualização I: Achei o de 1999 no idioma original com cc. Legendado em PT-BR eu vou ficar devendo ainda. Tem que ir na opção de servidor Openload, porque o servidor VidCloud está fora do ar. O site é uma droga, mas foi o melhor que achei até agora. [LINK]
 
Última edição:
Eu assisti esse vídeo e ele faz uma análise muito boa da obra. Também irei deixar um outro vídeo que considero excelente.
Até é interessante, embora esteja eivada com um espirito mérito-empreendedor que corrompe a relação saber-experiencia/teoria-prática, transformando-os em polos opostos e irreconciliáveis, e isto de rejeitar uma única e generalizante "noção de verdade" é um pressuposto de qualquer obra literária, mesmo a mais vagabunda, e, portanto, nem pode ser considerada o resultado de uma análise critica per si.
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O ambiente onírico, os jogos de palavras, os personagens bizarros e os elementos recorrentes (o "quem é você?" da lagarta ou os "coma-me" ou "beba-me" mágicos) fazem de Alice uma vitima ideal para versões fílmicas e teatrais. Justamente por estas razões, quem se dispusesse a comparar as películas produzidas por épocas e diretores distintos, encontraria farto material de caráter ideológico sutilmente contrabandeado dentro do prestigio gozado pela obra-prima de Carroll. Darei um exemplo a seguir.
A animação produzida nos "anos dourados" da década de 50 pelos estúdios Walt Disney tem forte apelo ainda hoje no imaginário de muita gente, e tenho de confessar que o meu primeiro contato com o País das Maravilhas se deu através deste clássico. O tema de abertura, tanto no original quanto na dublagem brasileira, bem como as outras canções criadas especialmente para o filme e os poemas de Lewis adaptados musicalmente, são, na minha opinião, o trunfo maior do espetáculo. Os demais aspectos, porém, mostram-se inegavelmente problemáticos.

DOIS REIS

Ilustração de John Tenniel para a primeira edição de Alice in wonderland (1865)

No livro de Carrol, não há nenhuma indicação quanto à altura do rei de copas, ficando subtendido a irrelevância desta informação na história, tanto é que John Tenniel desenhou o rei com uma altura normal, e mesmo uns centímetros superior à rainha, em vista de que o homem tende a ultrapassar, por um fenômeno puramente biológico, a mulher em termos de estatura -- em todo caso a diferença entre ambos é inessencial: a rainha é intempestiva e o rei é mais apaziguador, mas o humor da trama provém exclusivamente do nonsense em que Alice está mergulhada, sendo o imanente absurdo da coisa toda o responsável por temperar a mania (ou a loucura) individual de cada personagem.


figuras do rei e da rainha na versão animada de 1951

Na animação de 1951, num período já imerso pelas "perigosas" rebeliões feministas e/ou de reivindicação da igualdade entre gêneros, a imagética trazida por Walt Disney deixa patente um elemento estranho ao livro original: a discrepância enorme da altura do monarca ao lado da rainha de copas. O fato de aqui ser apresentado um rei "nanico" configura uma infiltração ideológica, a qual tem por intuito representar, através de uma sutil satirização, a aberração e o ridículo que é uma mulher sobrepujando (literal e simbolicamente) um homem.
A sátira é uma forma específica do humor, e como tal visa provocar o riso por meio da interposição do que é em face do que deveria ser. A Alice de Carrol não pode ser considerada uma história de viés satírico, pois este modelo requer uma sociedade onde leis gerais válidas de procedimento, acordadas por todos seus membros (seja de forma escrita ou verbal) choquem-se com a conduta real do sujeito. Um juiz do parlamento britânico, de caráter corrupto, falastrão e que deturpe à norma em favor de seus interesses escusos, presta-se-á como um excelente material satírico; o tribunal composto pelos bichos na Wondeland, por seu turno, remetem muito fracamente a qualquer tensão satírica, porquanto inexistem leis estáveis e amplamente reconhecidas por seus membros.

Nesse momento o rei, que por algum tempo estivera escrevendo atarefado em seu bloco de anotações, gritou: "Silêncio!" e leu de seu bloco: "Regra quarenta e dois. Todas as pessoas com mais de um quilômetro e meio de altura devem se retirar do tribunal."
Todos olharam para Alice.
"Não tenho um quilômetro e meio de altura", disse ela.
"Tem sim", disse o Rei.

"Tem quase três quilômetros", acrescentou a Rainha.
"Bem, seja como for, não vou sair", disse Alice; "aliás, essa regra não é válida: você acaba de inventá-la"
"É a regra mais antiga do livro", observou o Rei.
"Então deveria ser a Número Um", disse Alice
O rei ficou pálido e fechou seu bloco rapidamente.
[...]

Neste sequência do tribunal, torna-se evidente a nula importância de normas morais ou da própria hermenêutica jurídica -- o rei de copas sai incólume e tranquilo da grave acusação de arbitrariedade ("essa regra não é válida: você acaba de inventá-la"), para acabar envergonhado por uma objeção puramente lógica acerca da ordem cronológica das regras. Se, como diz o gato de Cheshire, naquele país todo mundo é maluco, então lá também concretiza-se a teoria das mônadas de Leibniz, onde cada qual vive isolado dos demais, presos em sua própria lógica estrita, sem jamais formarem relações que não sejam acidentais. O chapeleiro, a lebre e o caxinguelê unem-se apenas pela corrente implacável da lógica do chá interminável, ou seja, um evento lógico -- pois rotineiro -- os unem, mas não faz deles amigos, colegas ou companheiros. Hannah Arendt, ao divisar os mecanismos dos aparelhos totalitários estatais nazista e stalinista, localiza justamente na pura lógica o modus operandi capaz de fornecer a manutenção do terror total, assim, poder-se-á pensar que o sonho de Hitler era suplantar a Alemanha por um País das Maravilhas, local onde todos são loucos (guiados pela lógica) e, moto contínuo, não há nem Verdade nem relações afetivas reais, senão castas e classes -- na melhor das hipóteses.


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O diminuto rei de copas da animação de 1951, por sua vez, escamoteia uma latente veia satirizante e, convenhamos, extremamente deslocada do contexto da obra de 1865. Em Lewis há um rei e uma rainha de copas, ponto; com a Disney existe um rei e uma rainha, que desembocam numa representação de marido e esposa e, em última instância, homem e mulher. O protagonismo feminino e independente de Alice (ao contrário da maioria massacrante de heroínas cinematográficas dos estúdios Disney, Alice prescinde de par romântico, já que ela nem é princesa de nascimento nem plebeia por destino, mas tão somente uma garotinha comum da classe média vitoriana) provavelmente incomodou os diretores da época e, afim de "neutralizar" o impacto de uma fêmea solta vivendo aventuras sem a tutela de nenhum macho, canalizou-se para a figura do rei de copas a expressão máxima do recalque masculino frente ao movimento crescente das lutas femininas.
Aqui traduz-se em redução drástica de estatura o que foi percebido (in)conscientemente como pouca virilidade do rei de copas, o qual, por nunca promover altercações com a rainha, por deixar que ela interrompa suas ponderações com gritos súbitos de "cortem-lhe a cabeça!", é tachado sutilmente de fraco e submisso através de seu encolhimento físico e, por conseguinte, tal característica torna-se índice mesmo de seu encolhimento moral.
A sátira e a ideologia se infiltram aí, pois se um homem domina uma mulher, ou isto é tratado como algo natural ou como trágico. Uma mulher subjugando um homem é sempre tratado de forma cômica. Esta fórmula, com a qual encerro meu comentário, pode ser observada em toda sua plenitude logo nas páginas iniciais do Livro das Mil e uma Noites, na história em que o pai de Sherazade, vizir do cruel Xariar, emprega para dissuadi-la do intento de casar-se com o sultão.
 
Eu assisti esse vídeo e ele faz uma análise muito boa da obra. Também irei deixar um outro vídeo que considero excelente.
Análise excelente e relâmpago, sei... :roll:
O cara do vídeo tem umas ideias preconcebidas, nem dá pra falar em análise, é mais encaixe de peças pré-moldadas.
Sem contar que não é só em livro teórico que falta diálogo, a maioria das obras de historiadores é carente de diálogos, e nem por isso podem ser classificadas exatamente como teoria, no sentido mais rigoroso do termo, num é?
Ainda me impressiono como a galera fica fixada com as imagens, os detalhes visuais e verbais mais evidentes, o sorriso do gato, o relógio do chapeleiro, os jogos de palavras e lógica, etc., e parecem não conseguir perceberem o que torna o livro do Lewis Carrol único, aquilo de idiossincrático, supremamente inimitável e, acho eu, intraduzível pras adaptações cinematográficas ou afins.
Alguém quer chutar o que seria? (eu sei mas não quero dizer).
 
Alissolão, se queres criticar, então critica. Análise literária não é jogo de adivinhação nem trata-se de irresponsáveis e inócuos rodeios enigmáticos. Até crianças sabem que enquanto as disposições do jogo continuarem às escuras, é impossível iniciar a brincadeira.
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Meditei durante um dia inteiro sobre o que seria o
que torna o livro do Lewis Carrol único, aquilo de idiossincrático, supremamente inimitável e, acho eu, intraduzível pras adaptações cinematográficas ou afins.
e confesso ter encontrado apenas um aspecto que bate com tua cabalística descrição:
O itálico constante e, agora percebo claramente, um tanto aparentemente arbitrário, presente em palavras isoladas, principalmente, e não em termos conjuntos ou frases sentenciosas (como prefere dizer o vulgo: "frases de efeito").
Seria isto o caráter "idiossincrático" do qual tu fez questão de fazer mistério?
Responde-me bom homem! E só aceito uma negativa se esta vier acompanhada de explicações claras. Já basta de alusões mal formuladas!
 
Cide Hamete pistola 8-O

Essa descrição do uso dos itálicos me lembrou muito o uso das aspas pelo Dyonélio Machado, em "Os Ratos". Kkk. Ninguém entende os critérios por trás daquilo. Mas algo me diz que não era isso que o Alissolão tinha em mente...
 
Cide, tava querendo testar o povo daqui, ver se dava um up no tópico através da provocação, do "o que será hein? O que será hein, hein, hein?"
Pelo visto nem isto levanta o astral. Se tu quiseres pode aprofundar o caso do itálico, aproveita o paralelo dado por Béla e vai na fé.
Eu ficarei cismando aqui, no meu canto, com minha "cabalística" forma de ver, até quem sabe chegue alguém pra compartilhar seu palpite pessoal e consiga desencantar o mistério.
Afinal, prefiro ser o possuidor da fechadura do que o dono da chave.
 
Eu não posso opinar porque não li o livrinho ainda. Então fico só na expectativa da resposta pra matar a curiosidade. Entro aqui pra movimentar o fórum e bater um papo. :timido:
 
Alissolão, alimento sérias dúvidas se és um prestigitador vagabundo ou um embusteiro despudorado; se o que te rege é o inconsequente blefe ou a insidiosa trapaça.
Pedi um sim ou não. Tu veio pra cima de mim com uma tal imprecisão, que senti-me ultrajado. Acaso sou um rapazinho apaixonado pra quando pedir uma resposta exata ter de engolir "talvezes" dengosos insinuado pela tua lábia fingidamente ofendida?
Se és blefador, então toda teu comentário inicial foi uma grande farsa gratuita -- hipótese a qual expulso de antemão do horizonte desta lide.
Resta-me reconhecer em ti um trapaceiro, corrupto e vaidoso.
Infelizmente, antes de ser-me dado a graça da tua resposta, veio Béla sussurrando
Mas algo me diz que não era isso que o Alissolão tinha em mente...
Tal comentário teve o condão de revelar tua real natureza, Alissolão. Ora, Béla deu azo para tu te engrandeceres indevidamente às minhas custas, pois, sabendo que levei um dia inteiro de meditação até encontrar a chave do enigma, tu resolvestes expor-me ao ridículo e ao descrédito, tendo em vista o fator desabonador implícito no comentário de Béla (isto é: "Cide, está hipótese é comezinha demais para os padrões elevados da intuição cognitiva de Alissolão").
Depois deste elogio em potencial -- ou pelo menos a ti assim pareceu -- , cuidaste em
concentrar tua carga retórica contra mim, afim de:
1 - Não responder nada decisivamente;
2 - concretizar o "elogio" sugerido por Béla;
3 - fazer um auto-elogio brincalhão, porém de viés propício a bajular a própria pessoa e evitando cuidadosamente revelar qual a natureza da tão maravilhosa fechadura conceitual.
*
Saiba, Alissolão, que a única fechadura é o texto literário per si, e se tu estás carente de uma chave, ou se a desprezas por não pertencer a ti de modo exclusivo -- então quedar-se-á impossível qualquer análise literária digna deste nome.
Se te escusas em construir uma defesa, ficará certo tudo o que aqui julguei sobre tua pessoa.
 
Como dizíamos quando crianças, "pira paz não quero mais".
Deixa disso Cide, vai dormir que tu já tá transferindo o peso do teu sono para as tuas palavras. Outra hora a gente conversa.
 
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Alice é realmente um livro estranho, inicialmente. O leitor sente-se perdido na história, como se estivesse sendo conduzido por um escritor enlouquecido ou como se fosse transportado para um mundo sem a mínima pretensão de ser racional. Mas, em uma análise mais profunda, e levando-se em conta que é um livro infantil, pode-se dizer que Lewis Carroll tentou mostrar o mundo adulto pela visão de uma criança. Muitas coisas não fazem sentido, seja uma cerimônia de chá, um jogo de croqué, as atitudes daqueles que mandam, um julgamento etc. E, quando a criança, querendo satisfazer sua curiosidade inata, faz uma pergunta sincera, recebe complexas explicações que a deixam mais perdida ainda. Neste ponto de vista, o livro é uma pérola infantil, que deve influenciar muito mais crianças que adultos, pois já perderam a capacidade de sentir sem racionalizar. Quem senão uma criança conseguiria imaginar um País de Maravilhas com coelhos preocupados com a hora, cartas de baralho fiéis a uma rainha que só ordena execuções, um chapeleiro, um arganaz e uma lebre em uma interminável cerimônia de chá ou um gato de Cheshire que desaparece e reaparece em partes? As aparentes loucuras trazem à tona ensinamentos simples, mas importantes aos jovens.



ficha técnica
obra: Alice no País das Maravilhas (Alice's Adventures in Wonderland) de Lewis Carroll
tradução: Rosaura Enchemberg
edição: 1ª, L&PM - Coleção L&PM Pocket, vol. 143 (1999), 178 pgs
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O desenho animado da Disney (1951), foi adaptado da obra de Carroll para parecer um pouco mais entendível, e pode ser visto no Youtube, dublado, em 8 partes.

Parte 1 - Parte 2 - Parte 3 - Parte 4 - Parte 5 - Parte 6 - Parte 7 - Parte 8
Em 2000, a EA lançou o jogo de computador American McGee's Alice, onde uma Alice adulta e dark retorna ao País das Maravilhas, agora bem mais perigoso. Delicie-se com o trailer do jogo abaixo.


Fonte: Libru Lumen
Bom, ganhei um box que contém os dois livros no meu aniversário, Lewis Caroll possuía uma relação no mínimo perturbadora com crianças, exclusivamente do sexo feminino, Alice era uma dessas "amiguinhas" que ele tinha e ele escreveu a história pra ela. No final do livro que ganhei tem algumas páginas que contam que Caroll tirava fotos de meninas nuas/semi nuas como um Hobby, então acho que o quando você diz que ele queria mostrar o mundo através de uma visão infantil me deixa um pouco confusa, a história como um todo parece ser uma grande armadilha pra atrair ainda mais crianças ( como ainda acontece hoje) e de fato há partes do livro que não fazem sentido algum que parecem ser tirados da vida real, entretanto existe muito mais um tom na história inteira de "Alice está louca em um lugar de loucos" e também o sentimento de impotência, como se ela não pudesse evitar nem um pouco o que estava acontecendo. A sátira com a corte inglesa e os customes ingleses são palpáveis, mas ao ler eu sinto essa estranheza com a personagem da Alice, ela sempre está mudando, crescendo rápido demais ou diminuindo rápido demais. Ao que parece o emprego de um sentimento real do autor, queria que elas crescessem, mas que continuassem crianças.
 

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