Meia Palavra
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Elias Canetti (1905-1994) foi certamente um dos escritores mais peculiares que o prêmio Nobel já laureou (recebeu-o em 1981): nascido na Bulgária, vindo de uma família de judeus serfadin, obteve a cidadania inglesa durante a Segunda Guerra Mundial, mas continuou a escrever em alemão até o fim de sua vida (língua que seus pais utilizavam para se corresponder durante a juventude). Mais: o prêmio foi dado quando Canetti tinha apenas um romance publicado, “Auto-de-fé” [Die Blendung, no original – algo como “O Cegamento”ou “A Ofuscação”]! E de fato esse seria o único volume de uma planejada coleção que teria o nome de “A Comédia Humana dos loucos”, projeto que foi abandonado porque o empreendimento de escrever um tal livro como “Auto-de-fé” teria consumido todas as forças do autor nesse sentido (tal como o próprio livro descreve a ensandecimento de um especialista em literatura chinesa, aficionado pelos seus próprios livros e que termina por queimar a sua biblioteca). E talvez esse seja um caso quase único na história da literatura, no qual um autor que escreveu um único romance tenha feito dele um marco na tradição de seu país. Apenas para dar um exemplo, “O tambor” de Günter Grass (outro Nobel, o de 1999) é, em diversos momentos, uma homenagem ao livro de Canetti (o caso mais evidente é o do pequeno Hans, o protagonista do livro de Grass, que decidiu nunca crescer – obviamente, ele é inspirado em Fischerle, o anão trapaceiro de “Auto-de-fé”).
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