O texto é interessante. É incrível como falsos estereótipos ainda permeiam a sociedade, e também é interessante observar que alguns deles permeiam o desenvolvimento da nossa própria personalidade. Conheço ateus raivosos, ateus tranquilos, crentes raivosos e crentes tranquilos. Não creio que seja uma questão relevante, o fato de uma pessoa crer em Deus ser 'mais ou menos irascível': acho relevante o como ter uma religião, não ter uma ou até mesmo crer ou não em Deus afeta nossa personalidade desde pequenos. Isso vale para a criança que está crescendo e ouvindo que gays são abominações, logo agredi-los não é condenável, por exemplo. Ou para o menino que cresce vendo a mãe apanhar do pai. São coisas que são introduzidas na vida do indivíduo de forma tão sutil e massiva que, quando crescem, não conseguem dissociar as coisas de forma racional a ponto de conseguir elaborar uma conclusão razoável e pacífica.
Por exemplo, sou espírita e tenho um amigaço ateu, e trabalhávamos juntos no mesmo setor. Ele é bem tranquilo, e costumávamos conversar sobre religião e ateísmo numa boa - aliás, continuamos, pois ainda somos amigos - até minha saída da empresa. Minha 'substituta' (coincidentemente minha colega de faculdade), é uma moça extremamente católica, fervorosa, dessas de ir a retiros. Tudo ia bem, até que ela soube que ele é ateu. E passou a ter problemas de relacionamento com ele. Ou seja: eles se davam bem, até o momento em que ele abriu a questão. Para ela, a convivência se tornou intolerável,
não pela pessoa dele, mas pelo que a escolha dele representa. Ele deixou se ser uma pessoa para ser um conceito que, para ela, representa o mal, o errado e o condenável. Isso resultou na falta de coesão dentro da própria equipe, o que prejudicou todo o andamento dos trabalhos, e ela acabou sendo demitida - não por causa da ideologia em si, mas por uma série de motivos gerados pela falta de coesão por causa de ideologia.
Assim como o
@Neithan citou, tudo não passa de fases do processo de maturação individual. Alguns amadurecem mais cedo, outros mais tarde, assim como é fundamental para alguns sempre ter razão. Se a pessoa é chata e insegura a ponto de 'necessitar saber que está do lado certo' - e isso fica evidente nas discussões em redes sociais, onde o apoio dos que lhes são simpáticos é fundamental para a mudança ou a persistência naquele ponto de vista em particular - ela será chata, insegura e vai querer impor qualquer que seja seu ponto de vista, seja o de crente chato, ou de ateu chato.