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Atentatado na Noruega

Ligéia

Odi et amo
A amaeça da direita extremista na Noruega.Um texto muito bom publicado na BBC Brasil.

Eu admito que acompanhei muito pouco o caso. Mas me intriga o fato dos motivos dos atentados serem certa intolerância à miscigenação e aceitação de culturas diferentes. Pois isso, na opinião de muitos pode destruir a cultura "nativa". O que quero discutir aqui(além da tragédia ocorrida na Noruega, é claro) é como podemos viver em um mundo onde cada vez mais é inevitável que hábitos de alguns países tornem-se parte da cultura de outros, sem haver esse sentimento de perda da cultura antiga e etc.
 
Olha, pra mim o cara era um maluco e não tem nada a ver com isso de perder cultura. Tem gente que gosta de matar e só arranja uma desculpa pra justificar seus atos.
 
Pra mim cultura é inerentemente plástica, está fadada a ser modificada, ter partes esquecidas, renovadas, mantidas e assim vai. Está fora do controle de qualquer um. Ela só era mais fixa (ou menos plástica...) antes do advento da comunicação e transporte em massa. Mesmo as grandes invasões no passado eram motivo para alteração da cultura. Chegamos em um ponto onde não pode haver mais controle sobre que modificações podem acontecer (a não ser em algum governo tirano que imponha medidas drásticas).

O que se pode fazer é aceitar a natureza da cultura ou se segregar em grupos de cultura similar (exemplo: judeus) mas há sempre um preço a se pagar por isso. Conheço judeus que abandonaram certos comportamentos culturais e nem por isso se sentem menos judeus, vivem em sua comunidade específica mas também conseguem andar, estudar entre os demais e também os mais rígidos que não se misturam e se mantem fiéis a todas as práticas milenares deles.

O perigo em qualquer escolha que se faça é o repúdio ao diferente. Não acho que esse repúdio seja inerentemente cultural, claro que existe o fator cultural, a aquisição de conhecimento, ouvir opiniões de pessoas diferentes e assim vai. No final o indivíduo é quem tem que criar opinião própria e aceitar ou não o diferente ao invés de ser levado pelo "consenso" de unidade cultural e proteção aos costumes. É o pensar por si ou que pensem por você, onde no último o cidadão nem nota que a opinião não é dele. Para mim quem não pensa em outras possibilidades (mesmo que não agradem) e como elas afetariam os outros (diferentes de você) não tem opinião individual válida.

Quanto mais se luta contra a mudança da cultura mais difícil é aceitar o diferente. Entender a definição de cultura e sua natureza é o primeiro passo, quebrar o dogma de que ela é rígida, imutável e pura.
 
Gonzo disse:
Pra mim cultura é inerentemente plástica, está fadada a ser modificada, ter partes esquecidas, renovadas, mantidas e assim vai. Está fora do controle de qualquer um. Ela só era mais fixa (ou menos plástica...) antes do advento da comunicação e transporte em massa. Mesmo as grandes invasões no passado eram motivo para alteração da cultura. Chegamos em um ponto onde não pode haver mais controle sobre que modificações podem acontecer (a não ser em algum governo tirano que imponha medidas drásticas).

O que se pode fazer é aceitar a natureza da cultura ou se segregar em grupos de cultura similar (exemplo: judeus) mas há sempre um preço a se pagar por isso. Conheço judeus que abandonaram certos comportamentos culturais e nem por isso se sentem menos judeus, vivem em sua comunidade específica mas também conseguem andar, estudar entre os demais e também os mais rígidos que não se misturam e se mantem fiéis a todas as práticas milenares deles.

O perigo em qualquer escolha que se faça é o repúdio ao diferente. Não acho que esse repúdio seja inerentemente cultural, claro que existe o fator cultural, a aquisição de conhecimento, ouvir opiniões de pessoas diferentes e assim vai. No final o indivíduo é quem tem que criar opinião própria e aceitar ou não o diferente ao invés de ser levado pelo "consenso" de unidade cultural e proteção aos costumes. É o pensar por si ou que pensem por você, onde no último o cidadão nem nota que a opinião não é dele. Para mim quem não pensa em outras possibilidades (mesmo que não agradem) e como elas afetariam os outros (diferentes de você) não tem opinião individual válida.

Quanto mais se luta contra a mudança da cultura mais difícil é aceitar o diferente. Entender a definição de cultura e sua natureza é o primeiro passo, quebrar o dogma de que ela é rígida, imutável e pura.

E o que faremos com que não consegue lidar, aceitar isso? Pessoas de mente tacanha que não aceitam o diferente, não querem o dialágo. Elas não estão interessadas em um mundo plural, elas querem o mundo delas.

Eu acho que você não deve estar familiarizado com o Metal, mas na Noruega surgiu há algum tempo um grupo denominado Iner Circle, cujos membros foram acusados de queimarem várias igrejas cristãs. Motivados, segundo alguns, por vingança, pela destruição da religião pagã daquele povo pelo cristianismo. Mas eu sou apenas uma leiga.

A ideia de conviver e respeitar outras culturas é muito bonita. Eu, sinceramente, respeito e me interesso por culturas diversas. Mas isso não funciona para todo mundo. Como lidar com isso? Essa é a questão.
 
Essa questão de aceitar ou não aceitar culturas diferentes sempre vai estar presente. Você como indivíduo único pode aceitar diferenças, mas existem "forças supremas" (governos em geral, a maioria da população) que podem não aceitar, e querendo ou não, elas são maiores que você. A intolerância esteve presente durante toda a História, então de certa maneira não é de se espantar que mesmo em mundo mais globalizado como o que vivemos exista o preconceito, a xenofobia. (se bem que, ao meu ver, sempre foi mais vantajoso assimilar culturas diferentes, independentemente do motivo)

Nada justifica os atos recentes de terrorimos na Noruega, e nem em outro lugar em outras circunstâncias, concordo perfeitamente com isso. Mas como exatamente é possível combater isso? Como lutar contra um defeito humano tão enraizado como a intolerância?
 
É isso que queria discutir. Respeitar o diferente, ter tolerância etc. Mas isso não funciona para muitas pessoas. Veja o grupo de neonazistas, por exemplo. Como lidaremos com isso?
 
Em minha opinião um atentado (ocasional) como esse é inevítavel, pelo menos por enquanto, pois o ser humano ainda é preconceituoso, na verdade é difícil achar alguém realmente livre deles, se é que existe, pelo fato que ninguem é perfeito. O que esse homem era é um fraco, que não soube lidar com os seus e resolveu que outros deveriam pagar pelas "injustiças" que estavam acontecendo com a sua sociedade e decidiu fazer todos conhecerem em seus ideais, o quê, de certa forma, com a repercussão que esse caso está tendo no Brasil (um país do outro lado do mundo!) ele conseguiu. Será que acabou? ou será que outra pessoa ira ficar indignada e decidira tambem "Punir os culpados", continuando assim o grande círculo da morte que vivem muitas pessoas?
 
[align=justify]O que me chamou atenção nesse caso, foi como a imprensa lidou com ele. Do pouco que acompanhei, não vi em nenhum momento chamarem o autor do atentado de um "fundamentalista CRISTÃO". Se fosse um mulçumano "louco, sem noção" que tivesse cometido essa barbaridade ouviríamos direto a classificação "terrorista fundamentalista islâmico". Mas, pasmem, existe terrorista cristão. E loiro. E de olhos azuis. [/align]
 
Só para apimentar a discussão (ou não) vai aqui um trecho do manifesto de 1,5 mil páginas ¬¬ do Breivik:"2083 - Uma Declaração de Independência Europeia", onde ele cita o Brasil:

"A alternativa é o modelo de 'bastardização', muito similar ao modelo brasileiro, onde tem sido estabelecida (devido à revolução marxista brasileira) uma mistura de europeus, asiáticos e africanos. Essas políticas se provaram uma catástrofe para o Brasil e outros países que institucionalizaram e facilitaram uma livre mistura de raças. O Brasil se estabeleceu como um país de segundo mundo com um grau de coesão social muito baixo. Os resultados são óbvios e se manifestam por meio de um alto grau de corrupção, baixa produtividade e eterno conflito entre as diferentes culturas (...)."


A que ponto chega o preconceito de um indivíduo? Atribuir à miscigenação a culpa pela corrupção e demais males de um país.

Breivik afirma que o Brasil é um país de segundo mundo devido à mistura de raças. Devemos lembrar que essa mistura se iniciou no processo de colonização do país... principalmente quando os europeus aderiram ao trabalho escravo para a cultura da terra. Entretanto, outros países, como os EUA também utilizaram-se de mão de obra escrava que contribuiu para, hoje, ter também uma boa parcela da população uma "raça miscigenada" (ou algo parecido) e é hoje uma das maiores potência econômica mundial.
 
[size=large]O monstro com cara de príncipe[/size]

Além da surpresa com a atrocidade e a quantidade de vítimas nos atentados na Noruega, uma das principais observações que se faz sobre os acontecimentos é o fato de terem ocorrido em um país tão tranquilo, com baixos índices de criminalidade.

O mundo ocidental se acostumou a suspeitar de radicais islâmicos e, quando ocorrem explosões, estes são os primeiros a serem lembrados. As investigações na Noruega não estão concluídas e até se chegou a levantar a hipótese de que a explosão no prédio do governo fosse uma retaliação da Al Qaeda à presença de tropas norueguesas no Afeganistão. Mas, pelo menos na ilha Utoyea, o atirador Anders Behring Breivik, quebrou a expectativa de quem esperava um barbudo terrorista, com traços de árabe.

O moço boa pinta lembra à Europa e ao mundo que intolerância pode surgir em qualquer lugar, de qualquer tipo de pessoa. Era um norueguês atirando contra noruegueses, na tranquila Noruega. Se todos a princípio são tão parecidos por serem louros e de olhos claros, diferenças políticas (Breivik se declarou de extrema direita, oposição aos jovens do Partido Socialista que estavam reunidos na ilha) e principalmente falhas graves na formação de caráter de um homem o levam a disparar contra seus conterrâneos.

Não ouso aqui sugerir soluções simplistas para o combate a essas ações que não têm justificativa em qualquer lugar do globo. O que importa agora é lembrarmos que não valem a pena as “guerras contra o terrorismo” de um lugar só. A batalha é contra qualquer cultura, ideologia ou obsessão que leve a atrocidades, seja derrubar prédios com aviões ou sair dando tiros por uma ilha. E a Europa que se cuide, se as novas ondas de xenofobia e desprezo aos estrangeiros não forem encaradas, muitos outros monstros com ar de príncipe podem surgir.
 
nanamft disse:
Só para apimentar a discussão (ou não) vai aqui um trecho do manifesto de 1,5 mil páginas ¬¬ do Breivik:"2083 - Uma Declaração de Independência Europeia", onde ele cita o Brasil:

"A alternativa é o modelo de 'bastardização', muito similar ao modelo brasileiro, onde tem sido estabelecida (devido à revolução marxista brasileira) uma mistura de europeus, asiáticos e africanos. Essas políticas se provaram uma catástrofe para o Brasil e outros países que institucionalizaram e facilitaram uma livre mistura de raças. O Brasil se estabeleceu como um país de segundo mundo com um grau de coesão social muito baixo. Os resultados são óbvios e se manifestam por meio de um alto grau de corrupção, baixa produtividade e eterno conflito entre as diferentes culturas (...)."


A que ponto chega o preconceito de um indivíduo? Atribuir à miscigenação a culpa pela corrupção e demais males de um país.

Breivik afirma que o Brasil é um país de segundo mundo devido à mistura de raças. Devemos lembrar que essa mistura se iniciou no processo de colonização do país... principalmente quando os europeus aderiram ao trabalho escravo para a cultura da terra. Entretanto, outros países, como os EUA também utilizaram-se de mão de obra escrava que contribuiu para, hoje, ter também uma boa parcela da população uma "raça miscigenada" (ou algo parecido) e é hoje uma das maiores potência econômica mundial.

O Brasil é um país de segundo mundo por causa da corrupção, da filha-da-putagem, e não por causa da nossa miscigenação de culturas, o que na minha opinião só melhorou o país. Essas afirmações idiotas, por partirem de um europeu, só evidencia ainda mais a tolice dos europeus nesse assunto. Não sou economista, mas penso que a Europa poderia estar numa melhor se aceitasse os emigrantes e usasse o que deles tem de melhor.

Anica disse:
[size=large]O monstro com cara de príncipe[/size]

Além da surpresa com a atrocidade e a quantidade de vítimas nos atentados na Noruega, uma das principais observações que se faz sobre os acontecimentos é o fato de terem ocorrido em um país tão tranquilo, com baixos índices de criminalidade.

O mundo ocidental se acostumou a suspeitar de radicais islâmicos e, quando ocorrem explosões, estes são os primeiros a serem lembrados. As investigações na Noruega não estão concluídas e até se chegou a levantar a hipótese de que a explosão no prédio do governo fosse uma retaliação da Al Qaeda à presença de tropas norueguesas no Afeganistão. Mas, pelo menos na ilha Utoyea, o atirador Anders Behring Breivik, quebrou a expectativa de quem esperava um barbudo terrorista, com traços de árabe.

O moço boa pinta lembra à Europa e ao mundo que intolerância pode surgir em qualquer lugar, de qualquer tipo de pessoa. Era um norueguês atirando contra noruegueses, na tranquila Noruega. Se todos a princípio são tão parecidos por serem louros e de olhos claros, diferenças políticas (Breivik se declarou de extrema direita, oposição aos jovens do Partido Socialista que estavam reunidos na ilha) e principalmente falhas graves na formação de caráter de um homem o levam a disparar contra seus conterrâneos.

Não ouso aqui sugerir soluções simplistas para o combate a essas ações que não têm justificativa em qualquer lugar do globo. O que importa agora é lembrarmos que não valem a pena as “guerras contra o terrorismo” de um lugar só. A batalha é contra qualquer cultura, ideologia ou obsessão que leve a atrocidades, seja derrubar prédios com aviões ou sair dando tiros por uma ilha. E a Europa que se cuide, se as novas ondas de xenofobia e desprezo aos estrangeiros não forem encaradas, muitos outros monstros com ar de príncipe podem surgir.

Adorei o artigo, Anica. Concordo totalmente com o que foi dito.
 
Nem todas as pessoas consideram a miscigenação como um bem, como algo que pode trazer benefícios. Vark Vikernes (um norueguês) disse uma certa vez que a Grécia não produz mais filósofos brilhantes justamente pela miscigenação.

O site Whiplash tem um grande acervo de matérias sobre Vark e sua banda (Burzum), inclusive traduções de artigos publicados por ele enquanto estava na cadeia. Para quem tivem paciência de ler os artigos..

Como vamos lidar com pessoas com essa mentalidade?
 
Nêmesis disse:
Nem todas as pessoas consideram a miscigenação como um bem, como algo que pode trazer benefícios. Vark Vikernes (um norueguês) disse uma certa vez que a Grécia não produz mais filósofos brilhantes justamente pela miscigenação.

Mas acho que o autor dessa afirmação se esqueceu que muito do que foi produzido pelos gregos se deve ao Egito, e que o próprio povo grego não era apenas um, e sim uma mistura de povos, sendo cada um habitante de uma cidade autônoma militar e economicamente, e de certo modo, até religiosamente.

Obrigada por disponibilizar os arquivos! Eu não pude ler tudo, mas a impressão que eu tenho da postura de bandas desse tipo é uma intolerância ao catolicismo por este ter acabado em parte com os cultos pagãos da antiguidade. Não sei exatamente o que pensar disso, mas certamente não é queimando igrejas que o paganismo vai voltar.
 
Muitas das bandas do cenário Black Metal escrevem letras para chocar. Mas, sinceramente, não funciona comigo. Se alguém abrir um jornal ou acessar um site de notícias verá crimes que ultrapassam todo o nível de maldade que alguns deles querem passar com essas letras. Existe, sim, bandas muito boas nesse estilo e pessoas bastante conscientes também.

A única coisa que me choca é a postura de alguns dos fãs desse gênero musical. Espero que sejam minoria.
 
Vi uma reportagem interessante da BBC que critica a publicação das idéias do autor das agressões. Para quem quiser ler, vou colar aqui a parte que sintetiza melhor a reportagem, e também da íntegra:

A decisão de divulgar o material levou familiares das vítimas a boicotar a emissora, criticando-a por dar o “oxigênio de publicidade” que o atirador desejava. Outras emissoras também mostraram trechos do vídeo, incluindo a BBC.

“Você pode alegar que (a divulgação) é pelo bem do público, mas ela coloca o assassino sob os holofotes”, afirma James Fox. “Para alguns, ele vai se tornar um herói. Está certo jogar luz sobre um crime, mas é algo totalmente diferente lançar os holofotes (sobre o atirador)”, ele opina.

Em contrapartida, comentaristas defenderam a NBC e outras emissoras, alegando que o vídeo oferecia pistas sobre as motivações de Cho.

“A acusação de que a transmissão pode provocar ataques cópias parece se basear na noção de que distúrbios mentais severos são contagiosos”, escreveu Bronwen Maddox, do jornal The Times.

Ao mesmo tempo, para extremistas, atos drásticos são muitas vezes vistos como a única forma de se fazer ouvir.

“As pessoas sabem agora que, se fizerem uma grande matança, receberão atenção”, diz o filósofo Julian Baggini.

Algumas pessoas e meios de comunicação já traçaram paralelos entre o manifesto do Unabomber e o de Breivik.

Muitos também creem que documentos e audiências do atirador são temas de interesse público.

“Acho que (fechar a audiência de Breivik) é algo ruim”, opina Gro Holm, diretor de notícias da rede pública norueguesa NRK. “Uma das coisas que o premiê (norueguês) disse é que seríamos uma sociedade mais aberta. Na imprensa, somos em geral a favor de audiências abertas. É algo importante à sociedade norueuguesa.”

Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/07/110726_analise_ideias_atirador_pai.shtml

Fato é que a divulgação das idéias pode inspirar mais pessoas a fazerem isso. Lembro que na época do caso de Realengo pipocaram matérias sobre atentados parecidos, e se não me engano, na Veja tinham textos de especialistas falando que muitos deles aconteciam em seguida de outros noticiados na mídia...

O problema é que quem não tem intenção de fazer nada também tem direito de ler, se quiser, o que os agressores pensavam. Mas e aí, como resolver isso?
 
O triste fato é que esse tipo de cobertura serve apenas para divulgar, se levarmos em conta que a violência é também uma forma de comunicação. Se quero ser ouvido, se de alguma forma penso que tenho algo de fundamental para a humanidade, muitas vezes posso recorrer à violência como manifestação. Não é ético, não é humano, mas é uma possibilidade real; e esses atentados são a prova disso. A cobertura da mídia faz exatamente isso: dá voz aos terroristas.
O argumento dos jornalistas é totalmente pragmático: de um ponto de vista particular, humano, é possível que concordem, mas estão falando como pessoas públicas e aí a lógica que obedecem é totalmente diferente, é a lógica das grandes empresas de comunicação (e elas não tem valores humanos, apenas seguem a ética da divulgação e da conquista da audiência).
Mas os jornalistas sabem perfeitamente que esse tipo de cobertura (que é o cotidiano de várias emissoras brasileiras em programas de fim de tarde, que todo mundo sabe de quais estou falando) é prejudicial, que faz apenas aqueles que planejam se fazer ouvir dessa forma investir nesse caminho. Não que a mídia seja culpada por atentados terroristas, mas tem sua parcela de culpa exatamente nesses momentos, quando os atentados estão "quentes" e todos pensam sobre eles. Ela dá notoriedade a figuras que, de modo geral, são aquelas que se retraem, que alimentam ressentimento contra qualquer um que julgam serem os responsáveis pelo mal da humanidade (não o deles especificamente, isso vale a pena notar: esses autores de atentado tem sempre uma preocupação com a humanidade em geral, nunca apenas consigo mesmos). Matam para purificar, para excluir o mal, que de outra forma dominaria e destruiria a todos.
Por isso, de nada vale argumentar racionalmente com esses sujeitos. Eles tem também a sua lógica, digo, maneira de pensar, que acreditam ser perfeitamente verificável na realidade. O atirador do realengo estava matando a todos que zombavam das pessoas diferentes: acreditava estar mostrando que não ele, mas a humanidade se livraria desse tipo de pessoa.
Enfim, o que quero dizer é que sobressai desse fato que a racionalidade é uma faca de dois gumes, que pode servir também para o mal (ou para um total "lavo minhas mãos" que a mídia faz nesses casos).
 
Lu e Marc, esse efeito onde as pessoas repetem o ato que alguém cometeu depois de descobrirem na mídia se chama "Efeito Werther" e tem origem em um livro de Goethe: "Os Sofrimentos do Jovem Werther". Normalmente está associado a suicídios (na Europa adolescentes após ler o livro começaram a se suicidar de forma idêntica ao livro após relacionamentos mal resolvidos).

Tanto é que até onde sei suicídios não são mais reportados como notícias justamente por aumentar terrivelmente as estatísticas. Acho inclusive que quando não publicam algum texto de "tratado" terrorista é para evitar o dito efeito. Werther me parece se aplica a qualquer sentimento humano que possa ser transferido através das mídias. É como se alguém tivesse lhe mostrado como expressar um sentimento seu que as vezes nem sabia que tinha e tomar aquela solução para você ou alimenta algo que tinha dentro de você que talvez não fizesse pois não tinha com quem conversar e não tinha coragem até encontrar na mídia "alguém como você". É muita psicologia e nem vou me meter, depois falo besteira.... :rofl:

Acho que Noticiar o fato é importante bem como as causas mas achei que publicar textos do manifesto “A European Delaration of Independence - 2083" dele foi um passo além do cabível e um erro.

Devia ter aula de "Cultura e Tolerância" na escola, começando na alfabetização e só acabando quando sai da faculdade. E se brincar, ser tópico de seminário pros pais dos alunos nas mesmas escolas. Sei que é utópico mas o Nêmesis pediu minha sugestão. E não, não sei o que fazer com as pessoas que já são adultos violentos como o atirador da Noruega... Acho que esses já estão estragados e infelizmente é cadeia e privação de convívio com a sociedade externa (leia-se prisão de segurança máxima).
 
A primeira coisa é termos em mente que não existe nenhuma "cultura pura" e que nenhuma cultura está isenta de contatos com outras culturas. Engana-se quem pensa que a cultura europeia não recebeu da cultura americana durante as colonizações da mesma forma como se engana que esta cultura europeia nasceu abiogeneticamente pronta. A questão é que existe um imperialismo cultural de países desenvolvidos, vendidos como padrões de cultura e de humanidade notáveis que é feito em contrapartida a culturas subdesenvolvidas. Seria como se perguntar qual cultura "é mais bonita": a cambogiana ou a norueguesa? A americana ou a brasileira? O advento do imperialismo dos países capitalistas desenvolvidos gera esse tipo de sentimento de inferioridade e de menosprezo.

É por exemplo o brasileiro que pensa que a influência africana em nossa cultura se restringe aos quilombos e à feijoada; e, em contrapartida, julga que a cultura romana ou europeia está em destaque muito maior (para não dizer que é "mais pura", "mais bela" etc); e que a cultura romana é diametralmente oposta à africana. A coisa é bem diferente...

Se um monstro igual esse cara vem dizer que a cultura brasileira é impura e que a cultura norueguesa é pura... Primeiramente não existem culturas impuras: toda cultura é pura, toda cultura está viva e está sujeita a adições. Não existem subtrações. O discurso de subtração de culturas é tão pobre e tão limitado... É exatamente você querer dizer: "Eu sou superior a você, não me toque para não me passar sua inferioridade!"

Segundo que nossa cultura é talvez tão miscigenada quanto a norueguesa/europeia/whatever. A história do Brasil não começou com Pedro Álvares Cabral. Miscigenações de culturas indígenas antes da colonização eram extremamente ativas e se davam de forma intensa, ao contrário do que se pensa. Se tribos guerreavam entre si da mesma forma como Romanos saqueavam cidades, pois bem, a guerra é também uma forma de ação e reação de culturas (ainda que a ação seja gigantescamente maior que a reação).

Sendo assim, mudanças para aceitamento cultural creio que vão muito além de questões puramente educacionais. A aceitação de determinadas culturas é um fator que entra diretamente com ciclos de dominação. Como a Anica postou na notícia, "O mundo ocidental se acostumou a suspeitar de radicais islâmicos e, quando ocorrem explosões, estes são os primeiros a serem lembrados.", e isto, se não é resultado da invasão imperialista norteamericana na cultura mundial... -- isto, este menosprezo idiota e regulado a "fundamentalismo muçulmano [...]" (o que a Maura destacou: "O que me chamou atenção nesse caso, foi como a imprensa lidou com ele. Do pouco que acompanhei, não vi em nenhum momento chamarem o autor do atentado de um "fundamentalista CRISTÃO". Se fosse um mulçumano "louco, sem noção" que tivesse cometido essa barbaridade ouviríamos direto a classificação "terrorista fundamentalista islâmico". Mas, pasmem, existe terrorista cristão. E loiro. E de olhos azuis."); quer exemplo melhor?...
 
Maura Corrêa disse:
[align=justify]O que me chamou atenção nesse caso, foi como a imprensa lidou com ele. Do pouco que acompanhei, não vi em nenhum momento chamarem o autor do atentado de um "fundamentalista CRISTÃO". Se fosse um mulçumano "louco, sem noção" que tivesse cometido essa barbaridade ouviríamos direto a classificação "terrorista fundamentalista islâmico". Mas, pasmem, existe terrorista cristão. E loiro. E de olhos azuis. [/align]

Após o WTC, criou-se um estereótipo de terrorista, o que é um tanto precipitado quanto perigoso. Pois falamos ai de um inimigo sem rosto e sem honra, e que pode ter “n” motivações, não há padrão nisso. Todavia, há de se concordar que hoje os cristãos estão mais brandos, já os maometanos não ajudam em nada com o fundamentalismo e um ranço mais do que declarado para com os princípios de liberdade e democracia do ocidente.

Enfim, atos terroristas são perpetrados por indivíduos covardes e sem honra, não há motivações / crenças / ideologias que justifiquem um ato tão baixo quanto esse.
 

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