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As Quatro Criações do Homem, segundos os Maia

Elring

Depending on what you said, I might kick your ass!
Não, não é um novo ensaio de Tolkien sobre os maiar. Entre uma mexida e outra nos livros de história, encontrei um texto bem interessante sobre a criação do mundo segundo a mitologia Maia. Reparem que, mesmo do outro lado do Atlântico, as semelhanças com outros mitos sobre o tema encontrados na Europa e no Legendarium são admiráveis.

As Quatro Criações do Homem​

No começo do mundo, quando só existiam o Céu e o mar, sete deuses reuniram-se em conselho: os guardiões de cada um dos quatro cantos do Universo, mais Tepeu Operário, Gugumatz Nobre e Huracán, também chamado Coração do Céu. Juntos, eles espalhavam pelas trevas uma claridade resplandecente.

Quando se puseram de acordo, Huracán lançou o raio e o relâmpago, fez ribombar o trovão e pronunciou a palavra Terra. No mesmo instante, o solo surgiu na superfície do Mar, as montanhas e os vales foram criados e a paisagem recobriu-se de viçosa vegetação, para grande alegria de Gugumatz, que amava o verde (seu manto de penas era dessa cor) e exclamou:

- Obrigado, Huracán!

Mas um dos deuses observou:

- A obra só terá sentido se houver alguém que nos parabenize por ela. Criemos então seres perfeitos, que nos honrem e enalteçam!

Puseram mãos à obra, dando vida aos primeiros habitantes da Terra - aves, serpentes e feras. Depois ordenaram:

- Celebrem seus criadores! Invoquem nossos nomes! Glorifiquem-nos!

Infelizmente, os animais só se mostravam capazes de gorjear, sibilar ou rugir...

Vendo que esses primeiros seres não eram perfeitos, os deuses ficaram desapontados e disseram-lhes:

- De agora em diante, vocês estão condenados a ser perseguidos, mortos e devorados...

Os sete deuses, porém, não se conformaram com o fracasso e resolveram criar os homens, imaginado que estes saberiam demonstrar gratidão a seus criadores. Com terra úmida, modelaram um povo de humanos, mas tiveram outra decepção: embora estivessem vivas e soubessem falar, as estátuas de argila não conseguiam virar a cabeça e olhavam sempre na mesma direção. Pior ainda: desmanchavam-se em contato com a água. Como se não bastasse tudo isso, os deuses também lhes desaprovavam não ter sentimentos e não ser mais inteligentes que os animais. As divindades destruíram-nos e reuniram-se pela terceira vez, buscando um meio de criar homens que se lembrassem deles.

- Vamos experimentar a madeira!

Bem depressa a Terra povoou-se de bonecos entalhados. Falavam, reproduziam-se, sabiam construir casas, mas não tinham sentimentos, não compreendiam nada, viviam sem objetivo. Tal qual as estátuas de argila, os bonecos de madeira não tomavam conhecimento de seus criadores. Por isso, também caíram em desgraça: ressecaram e foram condenados a desaparecer da face da Terra. Durante dias e noites, os deuses fizeram cair do Céu uma chuva negra como as trevas, acompanhada de torrentes de resina. Para escapar a inundação, os homens de madeira tentaram refugiar-se nos telhados e nas árvores, mas os animais domésticos e as ferramentas, desgostosos com os maus tratos que tinham padecido, revoltaram-se e perseguiram-nos. Alguns raros sobreviventes conseguiram fugir e esconderam-se nas florestas, dando origem a uma espécie de macaquinho que vive nas árvores.

Decididos a fabricar homens de verdade, custasse o que custasse, os deuses mais uma vez reuniram-se na escuridão da noite. Tinham de criá-los antes da aurora!

- Para fazer a carne e o sangue dos homens e dar-lhes vida, força e inteligência, precisamos de um material nobre. Mas onde vamos encontrá-lo?

Enquanto os deuses refletiam, quatro animais vieram a eles: o gato-do-mato, o coiote, o periquito e o gavião.

- Nós sabemos que material é esse - anunciaram os bichos - Venham conosco.

Levaram os deuses a uma região onde cresciam várias plantas alimentícias, entre as quais o milho branco e o milho amarelo (Laurelin e Telperion?).

Debulharam o milho, moeram os grãos brancos e os amarelos e fizeram uma massa, com a qual fabricaram a carne dos quatro homens. Enfim seres inteligentes! Agradeciam a seus criadores invocando-lhes os nomes. Enxergavam no escuro, falavam a mesma língua e logo tornaram-se tão sábios quanto os deuses (parece a descrição de uma certa raça das estrelas...). Estes acabaram ficando preocupados:

- Desta vez deu certo demais. É melhor limitarmos os poderes deles.

Então, jogaram nos olhos dos homens uma nuvem de vapor que lhes embaçou a vista. Desde este dia, os humanos só enxergavam no Universo aquilo que estava perto.

Finalmente satisfeitos, os deuses criaram quatro mulheres de milho e colocaram-nas ao lado dos homens enquanto estes dormiam. Quando acordaram, eles alegraram-se muitíssimo ao descobrir que tinham companheiras. Assim nasceu o povo maia-quiché.

Fonte: A criação do mundo: mitos e lendas. 2 ed. São Paulo, Ática, 1994. p.26-27.

Esse texto foi escrito há mais de três mil anos pelos maias e é incrível que povos sem qualquer tipo de contato possam apresentar quase que as mesmas explicações para a criação dos homens e do mundo. Será que o Professor também conhecia esse mito?
 
O interessante eh que a tradição judaico-cristã diz que o homem foi criado do barro, e a tradição escadinava diz que o homem foi criado da madeira... Se não ter conhecimento sobre o isolamento dos Maias em relação aos outros povos, uma pessoa que lesse esse texto poderia ateh achar que eh uma referencia direta às outras mitologias!
 

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