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As malditas traduções...

Bom, eu já queria levantar esse assunto por aqui mesmo, esse tópico me deu a vontade que faltava.

A reportagem do G1 diz:
O usuário que quiser incluir o sistema "ReCaptcha" em seu site ou blog pode conferir os requerimentos necessários no site do projeto.
"Conferir os requrimentos". Eu aposto dez jujubas como o original dizia "requirements", que não deixa de ser requerimento, mas "conferir os requisitos" era uma coisa muito mais usual, muito mais "natural" do português.

Aí puxando pra literatura: já aconteceu alguma vez de vocês estarem lendo alguma coisa e perceberem que aquilo não se encaixa muito bem no português? E nem precisa ser numa outra língua que vocês entendam, uma vez eu estava lendo um livro de contos russos que tinha coisas - como os diminutivos e apelidos que eles usam - que eu passava meia hora pra descobrir do que o cara estava falando, porque eu não entendo patacas de russo, mas entendo de português. Sem contar a vez que me apareceu um "a fulaninha esperava pelo seu Principe Charmoso" (o "Prince Charming", em inglês), que não precisa ler o original pra saber que o negócio não faz sentido. Aqui ninguém conhece Principe Charmoso, conhece o Principe Encantado.

Bom, é isso. Eu trabalho com tradução (:grinlove:), e queria saber o que vocês acham das traduções de literatura.

Ah, e pode meter o pau, porque tem muito lixo por ai mesmo :rolleyes:
 
Mais ou menos... fracas são as das editores de "bolso": LP&M, Martin Claret... O problema é que são vários tradutores diferentes, aí você lê um livro do oscar wilde na martin claret e no inglês e acha horrível a tradução e pensa : " Se eles não conseguem traduzir inglês, como será o russo então??".

Tirando essas editoras, o geral é medíocre, nem muito bom nem muito ruim.
Ah pra quem quer ler kafka, uma tia minha disse que o melhor tradutor dele é o Modesto Carone.
 
Nem todas da LP&M e da Martin Claret são fracas. Da Martin Claret eu lembro que meu professor de Literatura Latina elogiou muito a tradução da Eneida, por exemplo. E da LP&M as traduções do Millôr para o Shakespeare são muito elogiadas (embora atualmente eu prefira as da Barbara Heliodora).

Enfim, é uma tarefa ingrata, eu sei. Fiz uma disciplina de tradução de obras irlandesas e lembro que às vezes ficávamos um tempão discutindo uma única palavrinha de um poema, de qual seria a tradução ideal - fico pensando quando é o cara sozinho ali, fazendo a tradução. Então eu respeito muito o trabalho do tradutor.

O que não significa que eu não possa achar que algumas escolhas foram ruins :dente: Como a Pepper apontou sobre "requirements", por exemplo. Em literatura vira e mexe eu leio coisas e fico pensando em como estava no original, e no trabalho que não deve ter dado para o tradutor encontrar uma solução para aquilo. Um exemplo? Agora lendo Uma Longa Queda, tem uma hora que a Jess chama um cara de "Joselito". Gente, Jo-se-li-to. Tá, eu nem assisto mais MTV e acabei incorporando a palavra ao meu vocabulário também, mas que escolha estranha, não? Talvez só um 'sem noção' ficasse melhor.
 
lipecosta_ro disse:
Mais ou menos... fracas são as das editores de "bolso": LP&M, Martin Claret... O problema é que são vários tradutores diferentes, aí você lê um livro do oscar wilde na martin claret e no inglês e acha horrível a tradução e pensa : " Se eles não conseguem traduzir inglês, como será o russo então??".

Tirando essas editoras, o geral é medíocre, nem muito bom nem muito ruim.
Ah pra quem quer ler kafka, uma tia minha disse que o melhor tradutor dele é o Modesto Carone.

As da Martin Claret são realmente furrecas, mas as da LP&M são muito boas, na grande maioria das vezes. Vide "Carta Ao pai" de Kafka, Hollywood do Bukowski, Guerra e Paz do Tolstói.

Mas, enfim... realmente tradução, não apenas no Brasil, é realmente um grande problema. Quem traduz, muitas vezes tem que adaptar certos termos que sequer existem na língua.

Outro problema é o "pé-da-letra", o cara simplesmente pega um "Charming" e transforma em "Charmoso" (aproveitando o exemplo) e ponto final. Isso se deve às vezes ao curto prazo para entrega do material, ou a pouca vivência do tradutor, pois não adianta só se formar em letras e sair traduzindo, se a pessoa não tiver pleno domínio da língua, e isso muitas vezes só se adquire com um intercâmbio ou muitos anos de estudos, normalmente acontecem essas nhacas.

Um negócio que acontecia muito era traduzir o russo das edições em frânces, fica a tradução da tradução, ou seja, a interpretação da interpretação de um texto. Quanta coisa não se perde nesse processo?

Mas também existem tradutores excelentes como o Daniel Pellizzari, por exemplo.
 
Anica disse:
Agora lendo Uma Longa Queda, tem uma hora que a Jess chama um cara de "Joselito". Gente, Jo-se-li-to. Tá, eu nem assisto mais MTV e acabei incorporando a palavra ao meu vocabulário também, mas que escolha estranha, não? Talvez só um 'sem noção' ficasse melhor.

Será que existe no original um nome que descreva um sem noção também?

Tipo, aqui no Brasil é Joselito, lá é Bush ou coisa do tipo?
 
lipecosta_ro disse:
Mais ou menos... fracas são as das editores de "bolso": LP&M, Martin Claret... O problema é que são vários tradutores diferentes, aí você lê um livro do oscar wilde na martin claret e no inglês e acha horrível a tradução e pensa : " Se eles não conseguem traduzir inglês, como será o russo então??".

Ah, depende. Eu concordo com o Ronzi, gosto muito das traduções da LP&M. O "Capitão Saiu pro Almoço" do Bukowski, traduzido pra LP&M pela Bettina Gertum Becker, por exemplo, é uma ótima tradução e muito cuidadosa. Os outros livros do Buk na LP&M são traduzidos por um outro cara cujo nome eu não lembro agora, mas também são boas.

Agora, a Martin Claret já é outro caso. Hoje em dia ouvi dizer que elas estavam tentando e conseguindo mudar isso, mas ela tem uma péssima reputação em relação à tradução. Primeiro que a Martin usa equipes de tradutores inexperientes, mal pagos e reza a lenda que colocava o nome de um só tradutor que ninguém sabe quem é e que já teria traduzido inglês, francês, russo e por ai vai. Não que eu duvide da capacidade de alguém, mas desse tal cara eu duvido :rolleyes:
E também já ouvi inclusive histórias de que a Martin Claret teria roubado traduções de outros autores, colocando o nome do tal tradutor-faz-tudo deles. Mas dizem que eles estão melhorando nos últimos anos, é o que dá pra esperar.

E acho que eu confiaria muito mais numa tradução do russo do que do inglês. Porque pro cara chegar lá e falar "eu sou tradutor de russo", ele tem que realmente saber russo. Agora, inglês é complicado... tem gente que faz um ano de CCAA, passa três meses viajando pelos Estados Unidos e acha que já pode traduzir qualquer coisa ;P
Não que um curso de inglês e uma vivência não sejam importantes, mas não basta.

Anica disse:
Enfim, é uma tarefa ingrata, eu sei. Fiz uma disciplina de tradução de obras irlandesas e lembro que às vezes ficávamos um tempão discutindo uma única palavrinha de um poema, de qual seria a tradução ideal - fico pensando quando é o cara sozinho ali, fazendo a tradução. Então eu respeito muito o trabalho do tradutor.

O que não significa que eu não possa achar que algumas escolhas foram ruins :dente: Como a Pepper apontou sobre "requirements", por exemplo. Em literatura vira e mexe eu leio coisas e fico pensando em como estava no original, e no trabalho que não deve ter dado para o tradutor encontrar uma solução para aquilo. Um exemplo? Agora lendo Uma Longa Queda, tem uma hora que a Jess chama um cara de "Joselito". Gente, Jo-se-li-to. Tá, eu nem assisto mais MTV e acabei incorporando a palavra ao meu vocabulário também, mas que escolha estranha, não? Talvez só um 'sem noção' ficasse melhor.

Cara, traduzir qualquer coisa já é difícil. Só que traduzir poemas é muito complicado. Tem métrica, tem estilo, tem as sutilezas todas que só existem na língua de origem... enfim. Uma vez fiz um curso de tradução de poesia e o professor (que aliás traduzia poemas irlandeses, já ouviu falar do Marcelo Tápia, Anica?) falou que a gente devia "tomar muito cuidado com o poema que você decide traduzir. As vezes um único verso te persegue por 10 anos e você não consegue achar uma tradução boa pra ele".

E um "Joselito" no texto acaba ficando uma coisa muito datada, não é? Por mais que qualquer um hoje em dia saiba o que é Joselito, e daqui a uns 30 anos, a tradução não vai mais servir ou vai ficar com cara de "escrito por gente velha"?

Ronzi disse:
Outro problema é o "pé-da-letra", o cara simplesmente pega um "Charming" e transforma em "Charmoso" (aproveitando o exemplo) e ponto final. Isso se deve às vezes ao curto prazo para entrega do material, ou a pouca vivência do tradutor, pois não adianta só se formar em letras e sair traduzindo, se a pessoa não tiver pleno domínio da língua, e isso muitas vezes só se adquire com um intercâmbio ou muitos anos de estudos, normalmente acontecem essas nhacas.

Uma amiga minha já dizia que tem diferença entre erro de tradução, escolhas infelizes e sem-vergonhice. "Requerimentos" é uma escolha beeem infeliz, mas não deixa de estar certo. "Principe Charmoso" eu já acho que entra na sem-vergonhice. Pra tradução você sempre tem que pesquisar muito e ter desconfiômetro, se o cara não desconfia de "Principe Charmoso" fica uma coisa complicada... poxa, não leva mais de 5 minutos pra descobrir que não é bem isso.

Prazo é realmente um problema. Em tradução literária eu não sei como é, não sei se eles tem um tempo mais folgado pra traduzir, mas na técnica pelo menos tem muita coisa que é pra ontem. Isso as vezes compromete horrores a qualidade.

Ronzi disse:
Um negócio que acontecia muito era traduzir o russo das edições em frânces, fica a tradução da tradução, ou seja, a interpretação da interpretação de um texto. Quanta coisa não se perde nesse processo?
E na maioria das vezes a gente nem sabe que é uma tradução da tradução. E isso de traduzir do francês, especialmente os textos da belle époque, é uma coisa complicada... naquela época eles traduziam as "belles infideles", ou seja: tem que ficar bonito no francês, não tem que dizer exatamente o que o original dizia. As vezes parágrafos inteiros eram retirados ou adicionados. E isso ainda acontece hoje em dia, especialmente nos Estados Unidos, a idéia é que a tradução tem que ser fácil deler no idioma de destino. Imagina o que isso não faz com certas obras?
 
Eu acho que a pior coisa de traduções é a perda do estilo do autor. Sabe, é muito raro um tradutor que realmente consiga se expressar da mesma forma que o autor fazia no original... E não só pelo tradutor, muitas vezes é impossível manter certos estilos, jogos de palavras, etc.

Além disso, tem o know-how do tradutor também. Uma pessoa não pode ignorar completamente aquilo que já foi traduzido. É o caso do Príncipe Encantado que vocês citaram. Esse termo é assim, tem que ser traduzido assim ou perde totalmente o sentido. É como se traduzissem "Santa Claus" para qualquer coisa que não "Papai Noel". Alguns termospodem nem ser os mais literalmente corretos, mas são os ocnhecidos e devem ser usados.

Por fim, tem sempre aquele quê de incompetência. Como o caso de "The Physician" que foi traduzido para "O Físico", quando significa "O médico".

Ronzi disse:
As da Martin Claret são realmente furrecas, mas as da LP&M são muito boas, na grande maioria das vezes. Vide "Carta Ao pai" de Kafka, Hollywood do Bukowski, Guerra e Paz do Tolstói.

De fato, "Carta Ao Pai" da L&PM é a melhor tradução de Kafka que já li. As notas do tradutor também são ótimas, muito úteis.
 
Pepper disse:
Ah, depende. Eu concordo com o Ronzi, gosto muito das traduções da LP&M. O "Capitão Saiu pro Almoço" do Bukowski, traduzido pra LP&M pela Bettina Gertum Becker, por exemplo, é uma ótima tradução e muito cuidadosa. Os outros livros do Buk na LP&M são traduzidos por um outro cara cujo nome eu não lembro agora, mas também são boas.

São vários caras, na verdade: Pedro Gonzaga, Milton Persson, Albino Poli Jr. e Marcos Santarrita.

Pepper disse:
Cara, traduzir qualquer coisa já é difícil. Só que traduzir poemas é muito complicado. Tem métrica, tem estilo, tem as sutilezas todas que só existem na língua de origem... enfim. Uma vez fiz um curso de tradução de poesia e o professor (que aliás traduzia poemas irlandeses, já ouviu falar do Marcelo Tápia, Anica?) falou que a gente devia "tomar muito cuidado com o poema que você decide traduzir. As vezes um único verso te persegue por 10 anos e você não consegue achar uma tradução boa pra ele".

Você que gosta de Buk chegou a ler "O Amor é um Cão dos Diabos", lançado agora pela LP&M?
 
Bagrong disse:
Eu acho que a pior coisa de traduções é a perda do estilo do autor. Sabe, é muito raro um tradutor que realmente consiga se expressar da mesma forma que o autor fazia no original... E não só pelo tradutor, muitas vezes é impossível manter certos estilos, jogos de palavras, etc.
Ninguém consegue escrever no mesmo estilo que outra pessoa, seja em que idioma for, na bem verdade. Dá pra ser influenciado, achar que entende e etc, mas o "feeling" que o original tinha, tradução nenhuma consegue ter. O que quer dizer só que a tradução tem um feelig diferente, pode ser pior ou melhor do que o original. Tem poemas, por exemplo, que eu adoro a tradução, mas em inglês não acho nada tão fantástico assim.

Bagrong disse:
Por fim, tem sempre aquele quê de incompetência. Como o caso de "The Physician" que foi traduzido para "O Físico", quando significa "O médico".
Aí é sem vergonhice, preguiça de olhar o dicionário mais furreca :dente:

Ronzi disse:
Você que gosta de Buk chegou a ler "O Amor é um Cão dos Diabos", lançado agora pela LP&M?
Ainda não! Só li poemas do Buk em inglês, e como eu gostei muito deles fico com medinho de ver como traduziram :rolleyes: :oops:

Mas diz, como ficou? Os poemas estão bons?
 
Pepper, eu gostei da tradução. Esse livro foi publicado lá fora na mesma época "Womens", e dá para sentir que se o tradutor teve que mudar algo, tomou cuidado para manter o estilo do Velho Buk ali. Gostei bastante.
 
Anica disse:
Nem todas da LP&M e da Martin Claret são fracas. Da Martin Claret eu lembro que meu professor de Literatura Latina elogiou muito a tradução da Eneida, por exemplo. E da LP&M as traduções do Millôr para o Shakespeare são muito elogiadas (embora atualmente eu prefira as da Barbara Heliodora).

Retomando isso aqui só para esclarecer.

A tradução da Eneida publicada pela Martin Claret não é uma tradução nova; é uma tradução clássica de Odorico Mendes, de 1854, também publicada pela Ateliê Editorial em uma edição de luxo.

Logo, não seria realmente mérito dela ter uma tradução boa dessas no catálogo como seria se fosse uma realmente nova. E em se tratando da Martin Claret, sabemos agora que o negócio dela não é lançar traduções novas, mas sim tradutores fantasmas novos, né?

Quanto às traduções do Millôr de Shakespeare, já falei sobre elas neste tópico na Valinor, onde discuti justamente com a Anica, hehe. Minha opinião ainda é a mesma. Apesar de tudo, as traduções dele não deixam de ser boas, a seu modo. As da Heliadora também se prestam ao que são destinadas (encenação).

Se fosse para ficar com o aspecto puramente literário das peças do Bardo, eu colocaria as traduções do Carlos Alberto Nunes em primeiro lugar (que, a propósito, traduziu todo o teatro shakepeareano). Classificando, então, pela qualidade das traduções, pra mim ficaria assim: Nunes > Heliadora > Millôr.
 
Sobre as traduções ruins, me incomoda ver uma frase que na língua original é um trocadilho traduzida ao pé da letra.
Mas pior que tradução ruim é tradução plagiada.
E, como já citaram em outros tópicos, exemplos desse tipo de plágio não faltam.
É complicada a situação do tradutor. Já perceberam que em citações [de trabalhos acadêmicos] raramente se coloca o nome do tradutor além do autor?
Maldade.
 
Tenho alguns livros da Martin Claret, e as traduções não são realmente um primor, um pouco capengas, mas dá para o gasto. Já percebi equívocos grosseiros na tradução do Drácula, por exemplo. Tenho dois do Shakespeare pela Martin, e são meio pálidos, por comparações de trechos que já li do Hamlet pelo Millôr - que é um dos maiores tradutores do Bardo. Mas dizem que a Heliodora é imbatível. Minha aspiração é, quando estiver trabalhando, comprar alguns livros com as melhores traduções do mercado - pelo menos assim considerados pela crítica, as chamadas "traduções definitivas", que na verdade é um conceito relativo -, sobretudo as traduções diretas do russo do Dostoiévski pela 34.

Contudo, tenho a sorte de ter lido algumas obras com as "melhores" traduções do mercado, como o Dom Quixote, por Viscondes de Castilho, e A Divina Comédia, cujo tradutor o nome me escapou, ambos da Nova Cultural. São genuinamente primorosas, esplendores de tradução. Deduzi pelas minhas "incontáveis" leituras que é mais fácil, para nós, encontrar melhores traduções de livros lançados no idioma original neolatino, do que em inglês ou russo, por exemplo. O motivo é óbvio: a proximidade linguística.
 
Outra excelente tradutora de Shakespeare, que acho pertinente citar e que poucos conhecem, é a Beatriz Viêgas-Faria. Li Otelo pela L&PM, cuja tradução é de autoria dela - inclusive este trabalho lhe rendeu um prêmio de melhor tradução. Declaro, sem exagero, que foi uma das traduções mais bem elaboradas que já li.

E a Martin Claret não é esse horror todo - e tendo em mente, pelos preços acessíveis, que é um quebra-galho para lascados como eu :lol:. As obras Frankenstein e Alice no País das Maravilhas da editora foram muito bem traduzidas, a meu ver, posto que não é perceptível nenhum equívoco grosseiro. Aliás, é imprescindível salientar dois fatores primordiais acerca de traduções: primeiro, que como tudo na vida, não há tradução perfeita, ou extremamente fidedigna a todas as significações vocabulares do autor no seu idioma pátrio; segundo, que mesmo a pior tradução traz um pouco da essência "intocada" do escritor.
 
Concordo em parte, Jorge.
"Não existe almoço grátis" diz o ditado.
A que custo eles baixam o preço?
Ao mesmo tempo que não tem nenhum erro grosseiro (o que acho que às vezes tem), todo mundo sabe dos famosos plágios de tradução.
Se você não paga pela tradução, óbvio que o preço final cai.
 
Ao mesmo tempo que não tem nenhum erro grosseiro (o que acho que às vezes tem), todo mundo sabe dos famosos plágios de tradução.
Se você não paga pela tradução, óbvio que o preço final cai.

Concordo plenamente contigo, Rui. Mesmo que um livro não possua erros grosseiros - ao passo que um erro ou outro é sempre inevitável - ainda há a possibilidade dos plágios. Li atualmente que a Nova Cultural está sofrendo um processo por parte de outras editoras - parece-me que entre elas a L&PM - por plágios de traduções, em relação a alguns livros. Isso referente à coleção Obras-Primas, da qual tenho quatro exemplares: Dom Quixote, Os Trabalhadores do Mar, A Divina Comédia e O Vermelho e O Negro. Todos tratam-se de traduções primorosas, quase irrepreensíveis. E o preço era baratíssimo. Pois é, tudo tem seu preço :lol:.
 
Gosto disso...

[...]queria saber o que vocês acham das traduções de literatura

Sou meio exigente em traduções, pra mim uma boa tradução deve seguir estes pontos:

1º) Ser fiel em todos os sentidos, isso inclui gírias, regionalismos (sendo este 2º o mais complicado para um tradutor).
2º) Seguir o estilo do autor, se ele faz um texto rápido com palavras simples não precisa colocar algo sinistro para deixar o texto mais 'inteligente'.
3º) Ter fluência, aqui é onde trabalho-original une-se ao trabalho do tradutor.
4º) Quando em diálogos, usar palavras que normalmente são usadas no Brasil.

Quando a tradução alcança todos os tópicos, já ganhou minha aprovação.

Exemplos...
Uma tradução que realmente me decepcionou (detalhe eu já havia lido o livro em inglês, mas decidi comprar a tradução para entender melhor o que dizia um dos personagens, o negro Jim de "As Aventuras de Huckleberry Finn" ~~ só pra constar: não recomendo o livro integral em inglês se você ainda faz o nível básico do curso de inglês, como eu na época =x).

Original:
"Yo’ ole father doan’ know yit what he’s a-gwyne to do. Sometimes he spec he’ll go ‘way, en den agin he spec he’ll stay. De bes’ way is to res’ easy en let de ole man take his own way. Dey’s two angels hoverin’ roun’ ‘bout him. One uv ‘em is white en shiny, en t’other one is black. De white one gits him to go right a little while, den de black one sail in en bust it all up. A body can’t tell yit which one gwyne to fetch him at de las’. But you is all right. [...]"
The Adventures of Huckleberry Finn. Cap 4. pág 26. Penguin Books.

Comentário, de cara dá pra perceber a quantidade de dialetos, e expressões chamuscadas. Jim era um escravo, portanto não dominava muito bem o inglês.

Um bom tradutor faria o máximo para tornar o trecho acima cheio de erros abrasileirados e coisas do tipo. Entretanto...

Tradução:
"Teu pai ainda não sabe o que vai fazer. Às vezes pensa em ir-se embora, e outras vezes pensa em ficar. O melhor é ficares quieto e esperares o que o velho vai fazer. Há dois anjos adejando em volta dele; um é branco e brilhante, e o outro é preto. O branco puxa-o para a direita durante algum tempo, e então o preto aparece e estraga tudo. Não é possível saber por enquanto qual dos dois vai levar a melhor. Mas para ti tudo está bem.[...]"
- As Aventuras de Huckleberry Finn. Cap. 4. Pág. 48. Martin Claret. Traduzido por Alex Marins (fake de algum outro tradutor na certa)

Seguiu algum daqueles tópicos? Nenhum. Deixou Jim falando como um acadêmico da ABL e em 2ª pessoa...

Isto sim é uma péssima tradução. _ _'

Se eu fosse o tradutor...
Seu pai n'um sabe o que fazer ainda. Às vêis pensa em ir s'imbora, e ôtras em ficar. O mió é 'cê ficar quieto e esperar o que o véio vai fazer. Tem dois anjos avoando em volta dele. Um é branco e brilhante e o ôtro é preto. U branco arreia ele p'á direita um tiquim, aí o preto aparece pra estragar tudo. Um corpo num pode dizer qual dos dois vai levar a mió. Mas tá tudo bem com 'cê. [...]

Não sou tradutor nem nada, mas um texto assim nada tem de feio, afinal transmite para o leitor brasileiro algo bem mais similar daquele que Twain fez para seus leitores americanos.

~~ Mas nem tudo está perdido, a nova tradução lança há algum tempo pela Editora Ática trazia um tradução primorosa e pelo pouco que li podia ser chamada de edição "definitiva".

~~~~
Finalizando, vi alguns comentários sobre as péssimas traduções dos pockets da L&PM. De jeito nenhum! O trabalho lá é bem feito, não plagiam traduções e têm preço bacana em seus livros!

Já na Martin Claret... Aí sim pode "descer o pau".
 
Uma coisa que tem me deixado com a pulga atrás da orelha é como algumas pessoas avaliam a tradução como boa ou ruim se não dominam o original. Já vi gente falando de tradução de obra francesa como sendo ruim sendo que a pessoa não sabe nem pedir café em francês. O mesmo valendo para russo, inglês, japonês, espanhol, etc.

Aí já não é meio que uma questão de preconceito?
 
Não acho que seja preconceito não, hermana.
Ou você nunca pegou uma tradução daquelas que em determinada altura parece que a frase não 'encaixou'?
Perceber uma tradução ruim é fácil, o difícil mesmo é perceber uma tradução simplista.
 
Mas e se as frases "não se encaixavam" no original e o tradutor só procurou manter o estilo?
 

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