Ainda estou lendo. Acho que o livro exige bastante por causa de um certo preciosismo do Baudelaire com relação ao vocabulário (ou vai ver que meu vocabulário é pequeno, ou as duas coisas). Cheguei na parte dos Vinhos.
Por enquanto deixo aqui que apesar de toda a propaganda como "poeta da modernidade" ou primeiro poeta moderno (o que Baudelaire é, por ser um poeta do urbano como nenhum foi antes, por exemplo, entre outras características dele) é interessante que ele ainda use imagens de Vênus, de Dianas, tenha feito poemas em latim. Apesar da obsessão pelo novo (outra característica moderna) é meio desconcertante quando algo assim aparece em Baudelaire (na verdade aparece bem pouco).
É também um livro de imaginação. Alguns (a maioria?) dos poemas é de uma viagem "interior" como só tinha visto nos ultra-românticos. Mas Baudelaire faz isso de uma maneira diferente também.
Depois das Flores, pretendo seguir para outros ainda e para a crítica. Talvez reler o Benjamin, provavelmente ler Jakobson e a análise do Les chats.
Isso que você disse é verdade mesmo... Quando li pela primeira vez também notei isso. Mas se considerarmos alguns poemas específicos dAs Flores do Mal, como o A Carniça, nós percebemos que o Baudelaire foi bastante revolucionário em alcançar o prosaico no sue nível mais prosaico, isto é, no seu nível mais Feio. Mesmo porque acaba sendo plausível que ele não tenha rompido inteiramente com a tradição poética de então pois que o contexto da época também não o permitia. Além do mais, às vezes achamos que um poeta revolucionário é um poeta que surge espontaneamente, quando na verdade isso não existe. O verso livre do Whitman, apesar de livre, é todo amarrado a partir de aliterações, de enumerações ou de repetições (além, é claro, de se embasar no verso bíblico).
Acho que eu nem sempre tenho essa visão pois acabo lendo e relendo demais a versão do Guilherme de Almeida pro livro, o que é bem pouco, visto que ele só traduziu 21 poemas diante dos 166 do livro todo... (Se bem que a escolha dos poemas pelo Guilherme pode ser vista como uma espécie de "resumo", uma edição ultra-condensada do todo do livro).
Mas vai relatando pra galera aí o que você conseguiu encontrar de críticas sobre o Baudelaire
P.S.: Spartaco, o Ivo Barroso tem uma opinião sobre as traduções de Baudelaire nessa entrevista aqui:
JA – E em relação a Flores do Mal, como foi sua escolha ?
IB – Desde cedo aprendi a amar as belas versões que Guilherme de Almeida publicou sob o título de As Flores das Flores do Mal. Mas ele só traduziu os poemas com que mais se identificava, que infelizmente são poucos. Há também algumas boas transposições de Dante Milano. Mas a tradução de Ivan Junqueira, além de ser completa, o que garante uma unidade estilística do conjunto, é sem dúvida a melhor que temos em português, graças à sua concepção da arte de traduzir versos.
JA – Melhor mesmo que a do Guilherme ?
IB – Pelo menos diferente. Ivan deixa passar mais da forma baudelairiana pois está concentrado em efetivamente traduzi-la, ao passo que Guilherme, mais pessoal, faz um poema próprio, maravilhoso, recriando Baudelaire.
A edição do Guilherme de Almeida é essa; a do Ivan Junqueira, essa (mas fique atento se ela possui a introdução e as notas!); a do Dante Milano, foi publicada em 88 sob título Poemas Traduzidos de Baudelaire e Mallarmé. Não sei se possui todas as traduções do Milano, pois o Junqueira diz que 34 ainda estão inéditas...
A edição que o Ivo Barroso organizou foi uma pra Nova Aguilar, de 95.
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