Elanor Ladeira
Apaixonada
Se vc naum tah afim de discutir ciência nem leia todo esse trambolho e ignore esse topico, certo?
Desculpem, eu sei q dah preguiça de ler um texto taum grande, mas pra quem se interessa por ciência eh um texto bem legal
"Para pesquisadores, a sofisticação da maioria não é obra de equipe, mas de uma mente inspirada
George Johson escreve para 'The New York Times':
Seja separando partículas subatômicas em aceleradores ou seqüenciando genoma, as experiências que prendem a atenção do mundo normalmente custam milhões de dólares para ser realizadas e produzem torrentes de dados. Mas, no fim, a ciência é a mente individual que luta com algo misterioso.
Recentemente, quando Robert P. Crease, filósofo da ciência da Universidade de Nova York e historiador, pediu que físicos escolhessem a mais bela experiência de todos os tempos, as dez vencedoras eram em grande parte empreendimentos solitários, envolvendo no máximo alguns assistentes.
A maioria dos experimentos - enumerados na edição deste mês da revista britânica Physics World - foi realizada em cima da mesa e nenhum precisou de mais poder computacional que o oferecido por uma régua de cálculo ou uma calculadora.
O que eles têm em comum é a capacidade de resumir a fugidia qualidade que os cientistas chamam de beleza. E beleza no sentido clássico: a simplicidade lógica do mecanismo, como a simplicidade lógica da análise.
A lista da Physics World foi feita de acordo com a popularidade. O primeiro lugar ficou com uma experiência que demonstrou a natureza quântica do mundo físico. Mas a ciência é um empreendimento cumulativo - e isso é parte de sua beleza. Reorganizadas pela classificação do 1.º ao 10.º lugar, as escolhidas dão uma visão panorâmica de mais de 2 mil anos.
A experiência de fenda dupla de Young aplicada à interferência de elétrons solitários - Nem Isaac Newton nem Thomas Young estavam certos sobre a natureza da luz. Embora ela não consista simplesmente em partículas, também não pode ser descrita apenas como uma onda. Nos primeiros anos do século 20, Max Planck e Albert Einstein mostraram, respectivamente, que a luz é emitida e absorvida em partículas - os fótons.
Mas outras experiências continuaram a mostrar que a luz também é uma onda. Foi necessária a teoria quântica, desenvolvida nas décadas seguintes, para conciliar as duas idéias: os fótons e outras partículas subatômicas - elétrons, prótons e assim por diante - têm duas qualidades complementares; são 'ondículas'.
Para explicar a idéia, os físicos muitas vezes usavam uma experiência imaginária, na qual a demonstração da fenda dupla de Young é repetida com um feixe de elétrons no lugar da luz.
Obedecendo às leis da mecânica quântica, o feixe de partículas se dividiria em dois, deixando o mesmo padrão de faixas claras e escuras obtido com a luz. As partículas se comportariam como ondas.
A experiência de Galileu com os objetos em queda - No fim do século 16, todo mundo sabia que os objetos mais pesados caem mais rápido que os mais leves. Afinal, Aristóteles já havia dito isso. Galileu Galilei, que ocupava a cadeira de Matemática na Universidade de Pisa, foi atrevido o bastante para questionar o senso comum.
Afirma-se que ele lançou dois pesos diferentes da Torre de Pisa, mostrando que aterrissaram ao mesmo tempo. O desafio a Aristóteles pode ter custado o emprego a Galileu, mas ele demonstrou a importância de recorrer à natureza, e não à autoridade humana, como o árbitro final em questões de ciência.
A experiência de Millikan com as gotas de óleo - Desde os tempos antigos, os cientistas estudavam a eletricidade - uma essência intangível que vinha do céu como relâmpago ou podia ser produzida pelo atrito entre a escova e o cabelo.
Em 1897 (numa experiência que também poderia estar nesta lista), o físico britânico J.J. Thomson determinou que a eletricidade consiste de partículas com carga negativa - os elétrons.
Em 1909, o cientista americano Robert Millikan mediu a carga dessas partículas. Usando um pulverizador de perfume, borrifou gotas de óleo numa câmara transparente. Na parte de cima e na de baixo havia placas de metal ligadas a uma bateria, que fazia que uma delas fosse positiva e a outra, negativa.
Como cada gota recebia uma pequena carga de eletricidade estática enquanto viajava pelo ar, a velocidade de sua descida podia ser controlada pela alteração da voltagem nas placas (quando essa força elétrica se igualava à força da gravidade, a gota - 'como uma estrela brilhante sobre um fundo negro' - levitava no ar).
Millikan observou várias vezes as gotas, variando a voltagem e anotando o efeito. Concluiu que a carga só podia assumir certos valores fixos. A menor dessas porções não era outra coisa senão a carga de um único elétron.
A decomposição da luz solar com um prisma por Newton - Na segunda metade do século 17, o senso comum dizia que a luz branca era a forma mais pura (Aristóteles de novo) e a luz colorida deveria então ter sido alterada de alguma maneira.
Para testar essa hipótese, Newton refletiu um raio de sol através de um prisma de vidro e mostrou que ele se decompunha num espectro projetado na parede.
As pessoas, é claro, já conheciam os arco-íris, mas o que o cientista concluiu é que essas cores - vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil, violeta e gradações - eram as fundamentais. O que parecia simples à primeira vista - um raio de luz branca - era, observado de perto, maravilhosamente complexo.
A experiência de Young com a interferência da luz - Newton não estava sempre certo. Com vários argumentos, havia levado a comunidade científica à convicção de que a luz consiste exclusivamente de partículas e não de ondas.
Em 1803, Thomas Young, médico e físico inglês, testou a idéia. Abriu um buraco numa persiana, cobriu-o com um pedaço de papel espesso com um minúsculo furo de alfinete e usou um espelho para desviar o raio fino que atravessava o orifício.
Então, pegou uma tira estreita de papel e a pôs no caminho do feixe de luz, dividindo-o em dois. O resultado foram franjas claras e escuras que se alternavam - um fenômeno que poderia ser explicado se os dois feixes de luz estivessem interagindo como ondas.
Faixas brilhantes apareceram onde duas cristas de ondas se sobrepunham, reforçando-se; franjas escuras surgiram onde uma crista e um vale de onda se sobrepunham, neutralizando-se.
A demonstração foi freqüentemente repetida ao longo dos anos com o uso de um anteparo com dois furos para dividir o raio.
Essas experiências, conhecidas como 'fenda dupla', viraram padrão para a determinação dos movimentos ondulatórios e se tornariam especialmente importantes um século depois, no início da teoria quântica.
A balança de torção de Cavendish - Outra contribuição de Newton foi sua teoria da gravidade, segundo a qual a força de atração entre dois objetos aumenta com o produto de suas massas e diminui com o quadrado da distância entre eles. Mas quão forte é a gravidade?
No fim do século 18, o cientista inglês Henry Cavendish decidiu descobrir. Pegou um bastão de madeira de 1,80 m, amarrou pequenas esferas de metal a cada extremidade, como num haltere, e então o suspendeu por um fio.
Duas esferas de chumbo de 160 kg colocadas nas proximidades exerceram a força gravitacional suficiente para atrair as esferas menores, fazendo que a haste se movesse e o fio se torcesse.
Adicionando pequenos pedaços de marfim talhados com precisão à extremidade de cada braço e nos lados do invólucro da balança, ele pôde medir o sutil deslocamento. Para evitar a interferência de correntes de ar, o aparato foi posto num quarto e observado com telescópios montados em cada lado.
O resultado foi uma estimativa notavelmente precisa de um parâmetro chamado constante gravitacional e a partir disso Cavendish conseguiu calcular a densidade e a massa da Terra. Eratóstenes havia medido a circunferência do planeta. Cavendish o pesou: 6 x 1024 kg ou 6 sextilhões de toneladas.
A medição da circunferência da Terra por Eratóstenes - No meio-dia do solstício de verão, na cidade egípcia hoje chamada de Aswan, o Sol paira exatamente sobre as cabeças dos moradores: os objetos não têm sombra e a luz desce diretamente por um poço profundo.
Quando constatou isso, Eratóstenes, bibliotecário de Alexandria no século 3.º a.C., percebeu que tinha as informações para estimar a circunferência do planeta. No mesmo dia e hora, mediu as sombras em Alexandria, descobrindo que os raios solares tinham ali ligeira inclinação, desviando-se do prumo por cerca de 7 graus.
O resto foi mera geometria. Admitindo-se que a Terra é esférica, sua circunferência tem 360º. Assim, se duas cidades têm uma diferença de 7º, isso representa 7/360 do círculo completo ou cerca de uma qüinquagésima parte do círculo.
Estimando, pelo tempo de viagem, que as cidades eram separadas por uma distância de 5 mil estádios, Eratóstenes concluiu que a Terra deveria ter 50 vezes aquela dimensão - 250 mil estádios de circunferência.
Acadêmicos divergem quanto ao comprimento da medida grega estádio, por isso é impossível saber o grau de precisão do cálculo. Mas, segundo estimativas, ele errou por apenas 5%.
As experiências de Galileu com bolas em planos inclinados - Galileu pegou uma tábua de 0,5 por 12 cúbitos (cerca de 0,25 m por 6 m) e entalhou um sulco, reto e liso, no centro.
Então inclinou a placa e fez bolas de metal rolar, cronometrando a descida com um relógio de água - um grande recipiente que se esvaziava, por um tubo fino, num copo. Depois de cada rolagem ele pesou a água que escorrera (sua medida de passagem de tempo) e comparou com a distância que a bola havia percorrido.
Aristóteles teria previsto que a velocidade de uma bola rolando seria constante: dobre seu tempo de rolagem e você dobrará a distância percorrida. Galileu conseguiu mostrar que a distância é, na verdade, proporcional ao quadrado do tempo: dobre-o e a bola percorrerá uma distância quatro vezes maior. A razão é que ela está sendo constantemente acelerada pela gravidade.
A descoberta do núcleo por Rutherford - Em 1911, quando Ernest Rutherford fazia experiências com radioatividade na Universidade de Manchester, acreditava-se que os átomos consistiam em grandes aglomerados maleáveis de carga elétrica positiva com elétrons embutidos - o modelo 'pudim de passas'.
Mas quando ele e seus assistentes dispararam minúsculos projéteis com carga positiva - partículas alfa - em uma folha delgada de ouro, ficaram surpresos com o fato de uma porcentagem mínima ser rebatida.
Era como se balas de revólver ricocheteassem em gelatina. Rutherford supôs que os átomos não eram tão frágeis. A maior parte da massa deveria estar concentrada num pequeno centro, agora chamado de núcleo, com os elétrons flutuando em torno. Com acréscimos da teoria quântica, essa imagem do átomo ainda persiste.
O pêndulo de Foucault - No ano passado, quando cientistas montaram um pêndulo sobre o Pólo Sul e o observaram balançar, eles estavam reproduzindo uma celebrada demonstração realizada em Paris em 1851.
Usando um fio de aço de 67 m, o cientista francês Jean-Bernard-Leon Foucault pendurou uma bola de ferro de 28 kg na cúpula do Panthéon e a pôs em movimento, para a frente e para trás.
Para acompanhar o progresso da esfera, ele prendeu a ela uma peça pontiaguda e desenhou um círculo com areia úmida no chão, abaixo do pêndulo.
Os espectadores observaram atônitos enquanto o pêndulo inexplicavelmente parecia estar em rotação, deixando um traço na areia um pouco deslocado a cada balanço.
Na verdade, era o chão do Panthéon que se movia lentamente e Foucault havia mostrado, da maneira mais convincente já vista, que a Terra gira sobre seu eixo.
Na latitude de Paris, o pêndulo completaria uma rotação no sentido horário a cada 30 horas; no Hemisfério Sul, ele se movimentaria no sentido anti-horário; na linha do Equador, não haveria rotação. E no Pólo Sul, como os cientistas de hoje confirmaram, o tempo da rotação completa é 24 horas.
(O Estado de SP, 29/9)
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9. Preferências de especialistas brasileiros sobre os mais belos experimentos científicos
Cientistas elogiam lista, mas lembram de outras experiências que mereciam ser citadas
Evanildo da Silveira escreve para 'O Estado de SP':
Para cientistas brasileiros, é difícil discordar da lista dos dez mais belos experimentos científicos publicada pela revista Physics World. Mas eles também têm suas preferências, que nem sempre coincidem com as dos colegas ouvidos pela publicação britânica.
O físico Gastão Inácio Krein, diretor do Instituto de Física Teórica (IFT) da Unesp, por exemplo, acrescentaria à lista um, como ele chama, 'experimento observacional'. 'As observações dos quatro satélites de Júpiter, entre 16 de dezembro de 1612 e 5 de janeiro de 1613, feitas por Galileu Galilei, com um telescópio que ele mesmo inventou', diz.
'Com esta observação ficou claro que nem todas as coisas giravam ao redor da Terra. Obviamente que o alvoroço e as inquietações que estas observações provocaram em certos setores da sociedade foi enorme.'
Para o diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa de SP (Fapesp), José Fernando Perez, também físico, a lista da revista é muito boa.
'Ela pode, porém, ser facilmente aumentada para incluir outras experiências', diz. 'Uma delas é a chamada experiência Michelson-Morley, realizada em 1887 por Albert Michelson (1852-1931) e Edward Morley (1838-1923), base da teoria da relatividade.'
A dupla queria comprovar a existência do éter, substância hipotética, que se acreditava ter a propriedade de transmitir radiação eletromagnética, incluindo a luz. Morley e Michelson partiram do fato de que a Terra tem uma velocidade de 30 quilômetros por segundo na translação à volta do Sol e a velocidade de propagação da luz no éter é de 300 mil km/s.
Usando um aparelho que construíram, chamado interferômetro, os dois tentaram demonstrar que a diferença da velocidade da luz quando ela viaja no mesmo sentido de deslocamento da Terra, comparada com a que ela tem quando viaja no sentido contrário, deveria ser de 60 km/s.
Os cientistas não encontraram diferença nenhuma. Sem querer, demonstraram que a velocidade da luz é absoluta e independe do referencial de quem observa. Para entender isso, basta imaginar dois trens viajando um de encontro ao outro a 100 km por hora cada um.
A velocidade relativa dos dois é de 200 km/h. Com a luz, que viaja a 300 mil km/s, isso não ocorre. Se ela for de encontro a um trem viajando a 100 km/h, sua velocidade relativa continuará sendo 300 mil km/s.
Reitor da Unicamp, o físico Carlos Henrique de Brito Cruz destaca as experiências de Heinrich Rudolph Hertz (1857-1894), que demonstrou como ocorre a transmissão das ondas eletromagnéticas pelo ar.
'Para isso, ele usou duas espiras (um fio enrolado, como uma mola)', explica. 'Na primeira, deixou uma distância de 1 milímetro, entre uma ponta do fio enrolado e outra. Na outra, conectou a cada uma das extremidades uma fonte de voltagem.'
Depois de separar as duas espiras por uma distância de uns 2 metros, Hertz ligava a voltagem na segunda. 'Cada vez que fazia isso, a primeira soltava uma faísca', diz Brito Cruz.
'Ele concluiu, então, que a segunda funcionava como antena de transmissão e a outra como antena de captação.' Estava aberto o caminho para o rádio, a TV, o radar e o telefone celular, entre outras maravilhas modernas.
(O Estado de SP, 29/9)"
Elanor Ladeira revelando seu lado nerd!
Desculpem, eu sei q dah preguiça de ler um texto taum grande, mas pra quem se interessa por ciência eh um texto bem legal

"Para pesquisadores, a sofisticação da maioria não é obra de equipe, mas de uma mente inspirada
George Johson escreve para 'The New York Times':
Seja separando partículas subatômicas em aceleradores ou seqüenciando genoma, as experiências que prendem a atenção do mundo normalmente custam milhões de dólares para ser realizadas e produzem torrentes de dados. Mas, no fim, a ciência é a mente individual que luta com algo misterioso.
Recentemente, quando Robert P. Crease, filósofo da ciência da Universidade de Nova York e historiador, pediu que físicos escolhessem a mais bela experiência de todos os tempos, as dez vencedoras eram em grande parte empreendimentos solitários, envolvendo no máximo alguns assistentes.
A maioria dos experimentos - enumerados na edição deste mês da revista britânica Physics World - foi realizada em cima da mesa e nenhum precisou de mais poder computacional que o oferecido por uma régua de cálculo ou uma calculadora.
O que eles têm em comum é a capacidade de resumir a fugidia qualidade que os cientistas chamam de beleza. E beleza no sentido clássico: a simplicidade lógica do mecanismo, como a simplicidade lógica da análise.
A lista da Physics World foi feita de acordo com a popularidade. O primeiro lugar ficou com uma experiência que demonstrou a natureza quântica do mundo físico. Mas a ciência é um empreendimento cumulativo - e isso é parte de sua beleza. Reorganizadas pela classificação do 1.º ao 10.º lugar, as escolhidas dão uma visão panorâmica de mais de 2 mil anos.
A experiência de fenda dupla de Young aplicada à interferência de elétrons solitários - Nem Isaac Newton nem Thomas Young estavam certos sobre a natureza da luz. Embora ela não consista simplesmente em partículas, também não pode ser descrita apenas como uma onda. Nos primeiros anos do século 20, Max Planck e Albert Einstein mostraram, respectivamente, que a luz é emitida e absorvida em partículas - os fótons.
Mas outras experiências continuaram a mostrar que a luz também é uma onda. Foi necessária a teoria quântica, desenvolvida nas décadas seguintes, para conciliar as duas idéias: os fótons e outras partículas subatômicas - elétrons, prótons e assim por diante - têm duas qualidades complementares; são 'ondículas'.
Para explicar a idéia, os físicos muitas vezes usavam uma experiência imaginária, na qual a demonstração da fenda dupla de Young é repetida com um feixe de elétrons no lugar da luz.
Obedecendo às leis da mecânica quântica, o feixe de partículas se dividiria em dois, deixando o mesmo padrão de faixas claras e escuras obtido com a luz. As partículas se comportariam como ondas.
A experiência de Galileu com os objetos em queda - No fim do século 16, todo mundo sabia que os objetos mais pesados caem mais rápido que os mais leves. Afinal, Aristóteles já havia dito isso. Galileu Galilei, que ocupava a cadeira de Matemática na Universidade de Pisa, foi atrevido o bastante para questionar o senso comum.
Afirma-se que ele lançou dois pesos diferentes da Torre de Pisa, mostrando que aterrissaram ao mesmo tempo. O desafio a Aristóteles pode ter custado o emprego a Galileu, mas ele demonstrou a importância de recorrer à natureza, e não à autoridade humana, como o árbitro final em questões de ciência.
A experiência de Millikan com as gotas de óleo - Desde os tempos antigos, os cientistas estudavam a eletricidade - uma essência intangível que vinha do céu como relâmpago ou podia ser produzida pelo atrito entre a escova e o cabelo.
Em 1897 (numa experiência que também poderia estar nesta lista), o físico britânico J.J. Thomson determinou que a eletricidade consiste de partículas com carga negativa - os elétrons.
Em 1909, o cientista americano Robert Millikan mediu a carga dessas partículas. Usando um pulverizador de perfume, borrifou gotas de óleo numa câmara transparente. Na parte de cima e na de baixo havia placas de metal ligadas a uma bateria, que fazia que uma delas fosse positiva e a outra, negativa.
Como cada gota recebia uma pequena carga de eletricidade estática enquanto viajava pelo ar, a velocidade de sua descida podia ser controlada pela alteração da voltagem nas placas (quando essa força elétrica se igualava à força da gravidade, a gota - 'como uma estrela brilhante sobre um fundo negro' - levitava no ar).
Millikan observou várias vezes as gotas, variando a voltagem e anotando o efeito. Concluiu que a carga só podia assumir certos valores fixos. A menor dessas porções não era outra coisa senão a carga de um único elétron.
A decomposição da luz solar com um prisma por Newton - Na segunda metade do século 17, o senso comum dizia que a luz branca era a forma mais pura (Aristóteles de novo) e a luz colorida deveria então ter sido alterada de alguma maneira.
Para testar essa hipótese, Newton refletiu um raio de sol através de um prisma de vidro e mostrou que ele se decompunha num espectro projetado na parede.
As pessoas, é claro, já conheciam os arco-íris, mas o que o cientista concluiu é que essas cores - vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil, violeta e gradações - eram as fundamentais. O que parecia simples à primeira vista - um raio de luz branca - era, observado de perto, maravilhosamente complexo.
A experiência de Young com a interferência da luz - Newton não estava sempre certo. Com vários argumentos, havia levado a comunidade científica à convicção de que a luz consiste exclusivamente de partículas e não de ondas.
Em 1803, Thomas Young, médico e físico inglês, testou a idéia. Abriu um buraco numa persiana, cobriu-o com um pedaço de papel espesso com um minúsculo furo de alfinete e usou um espelho para desviar o raio fino que atravessava o orifício.
Então, pegou uma tira estreita de papel e a pôs no caminho do feixe de luz, dividindo-o em dois. O resultado foram franjas claras e escuras que se alternavam - um fenômeno que poderia ser explicado se os dois feixes de luz estivessem interagindo como ondas.
Faixas brilhantes apareceram onde duas cristas de ondas se sobrepunham, reforçando-se; franjas escuras surgiram onde uma crista e um vale de onda se sobrepunham, neutralizando-se.
A demonstração foi freqüentemente repetida ao longo dos anos com o uso de um anteparo com dois furos para dividir o raio.
Essas experiências, conhecidas como 'fenda dupla', viraram padrão para a determinação dos movimentos ondulatórios e se tornariam especialmente importantes um século depois, no início da teoria quântica.
A balança de torção de Cavendish - Outra contribuição de Newton foi sua teoria da gravidade, segundo a qual a força de atração entre dois objetos aumenta com o produto de suas massas e diminui com o quadrado da distância entre eles. Mas quão forte é a gravidade?
No fim do século 18, o cientista inglês Henry Cavendish decidiu descobrir. Pegou um bastão de madeira de 1,80 m, amarrou pequenas esferas de metal a cada extremidade, como num haltere, e então o suspendeu por um fio.
Duas esferas de chumbo de 160 kg colocadas nas proximidades exerceram a força gravitacional suficiente para atrair as esferas menores, fazendo que a haste se movesse e o fio se torcesse.
Adicionando pequenos pedaços de marfim talhados com precisão à extremidade de cada braço e nos lados do invólucro da balança, ele pôde medir o sutil deslocamento. Para evitar a interferência de correntes de ar, o aparato foi posto num quarto e observado com telescópios montados em cada lado.
O resultado foi uma estimativa notavelmente precisa de um parâmetro chamado constante gravitacional e a partir disso Cavendish conseguiu calcular a densidade e a massa da Terra. Eratóstenes havia medido a circunferência do planeta. Cavendish o pesou: 6 x 1024 kg ou 6 sextilhões de toneladas.
A medição da circunferência da Terra por Eratóstenes - No meio-dia do solstício de verão, na cidade egípcia hoje chamada de Aswan, o Sol paira exatamente sobre as cabeças dos moradores: os objetos não têm sombra e a luz desce diretamente por um poço profundo.
Quando constatou isso, Eratóstenes, bibliotecário de Alexandria no século 3.º a.C., percebeu que tinha as informações para estimar a circunferência do planeta. No mesmo dia e hora, mediu as sombras em Alexandria, descobrindo que os raios solares tinham ali ligeira inclinação, desviando-se do prumo por cerca de 7 graus.
O resto foi mera geometria. Admitindo-se que a Terra é esférica, sua circunferência tem 360º. Assim, se duas cidades têm uma diferença de 7º, isso representa 7/360 do círculo completo ou cerca de uma qüinquagésima parte do círculo.
Estimando, pelo tempo de viagem, que as cidades eram separadas por uma distância de 5 mil estádios, Eratóstenes concluiu que a Terra deveria ter 50 vezes aquela dimensão - 250 mil estádios de circunferência.
Acadêmicos divergem quanto ao comprimento da medida grega estádio, por isso é impossível saber o grau de precisão do cálculo. Mas, segundo estimativas, ele errou por apenas 5%.
As experiências de Galileu com bolas em planos inclinados - Galileu pegou uma tábua de 0,5 por 12 cúbitos (cerca de 0,25 m por 6 m) e entalhou um sulco, reto e liso, no centro.
Então inclinou a placa e fez bolas de metal rolar, cronometrando a descida com um relógio de água - um grande recipiente que se esvaziava, por um tubo fino, num copo. Depois de cada rolagem ele pesou a água que escorrera (sua medida de passagem de tempo) e comparou com a distância que a bola havia percorrido.
Aristóteles teria previsto que a velocidade de uma bola rolando seria constante: dobre seu tempo de rolagem e você dobrará a distância percorrida. Galileu conseguiu mostrar que a distância é, na verdade, proporcional ao quadrado do tempo: dobre-o e a bola percorrerá uma distância quatro vezes maior. A razão é que ela está sendo constantemente acelerada pela gravidade.
A descoberta do núcleo por Rutherford - Em 1911, quando Ernest Rutherford fazia experiências com radioatividade na Universidade de Manchester, acreditava-se que os átomos consistiam em grandes aglomerados maleáveis de carga elétrica positiva com elétrons embutidos - o modelo 'pudim de passas'.
Mas quando ele e seus assistentes dispararam minúsculos projéteis com carga positiva - partículas alfa - em uma folha delgada de ouro, ficaram surpresos com o fato de uma porcentagem mínima ser rebatida.
Era como se balas de revólver ricocheteassem em gelatina. Rutherford supôs que os átomos não eram tão frágeis. A maior parte da massa deveria estar concentrada num pequeno centro, agora chamado de núcleo, com os elétrons flutuando em torno. Com acréscimos da teoria quântica, essa imagem do átomo ainda persiste.
O pêndulo de Foucault - No ano passado, quando cientistas montaram um pêndulo sobre o Pólo Sul e o observaram balançar, eles estavam reproduzindo uma celebrada demonstração realizada em Paris em 1851.
Usando um fio de aço de 67 m, o cientista francês Jean-Bernard-Leon Foucault pendurou uma bola de ferro de 28 kg na cúpula do Panthéon e a pôs em movimento, para a frente e para trás.
Para acompanhar o progresso da esfera, ele prendeu a ela uma peça pontiaguda e desenhou um círculo com areia úmida no chão, abaixo do pêndulo.
Os espectadores observaram atônitos enquanto o pêndulo inexplicavelmente parecia estar em rotação, deixando um traço na areia um pouco deslocado a cada balanço.
Na verdade, era o chão do Panthéon que se movia lentamente e Foucault havia mostrado, da maneira mais convincente já vista, que a Terra gira sobre seu eixo.
Na latitude de Paris, o pêndulo completaria uma rotação no sentido horário a cada 30 horas; no Hemisfério Sul, ele se movimentaria no sentido anti-horário; na linha do Equador, não haveria rotação. E no Pólo Sul, como os cientistas de hoje confirmaram, o tempo da rotação completa é 24 horas.
(O Estado de SP, 29/9)
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9. Preferências de especialistas brasileiros sobre os mais belos experimentos científicos
Cientistas elogiam lista, mas lembram de outras experiências que mereciam ser citadas
Evanildo da Silveira escreve para 'O Estado de SP':
Para cientistas brasileiros, é difícil discordar da lista dos dez mais belos experimentos científicos publicada pela revista Physics World. Mas eles também têm suas preferências, que nem sempre coincidem com as dos colegas ouvidos pela publicação britânica.
O físico Gastão Inácio Krein, diretor do Instituto de Física Teórica (IFT) da Unesp, por exemplo, acrescentaria à lista um, como ele chama, 'experimento observacional'. 'As observações dos quatro satélites de Júpiter, entre 16 de dezembro de 1612 e 5 de janeiro de 1613, feitas por Galileu Galilei, com um telescópio que ele mesmo inventou', diz.
'Com esta observação ficou claro que nem todas as coisas giravam ao redor da Terra. Obviamente que o alvoroço e as inquietações que estas observações provocaram em certos setores da sociedade foi enorme.'
Para o diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa de SP (Fapesp), José Fernando Perez, também físico, a lista da revista é muito boa.
'Ela pode, porém, ser facilmente aumentada para incluir outras experiências', diz. 'Uma delas é a chamada experiência Michelson-Morley, realizada em 1887 por Albert Michelson (1852-1931) e Edward Morley (1838-1923), base da teoria da relatividade.'
A dupla queria comprovar a existência do éter, substância hipotética, que se acreditava ter a propriedade de transmitir radiação eletromagnética, incluindo a luz. Morley e Michelson partiram do fato de que a Terra tem uma velocidade de 30 quilômetros por segundo na translação à volta do Sol e a velocidade de propagação da luz no éter é de 300 mil km/s.
Usando um aparelho que construíram, chamado interferômetro, os dois tentaram demonstrar que a diferença da velocidade da luz quando ela viaja no mesmo sentido de deslocamento da Terra, comparada com a que ela tem quando viaja no sentido contrário, deveria ser de 60 km/s.
Os cientistas não encontraram diferença nenhuma. Sem querer, demonstraram que a velocidade da luz é absoluta e independe do referencial de quem observa. Para entender isso, basta imaginar dois trens viajando um de encontro ao outro a 100 km por hora cada um.
A velocidade relativa dos dois é de 200 km/h. Com a luz, que viaja a 300 mil km/s, isso não ocorre. Se ela for de encontro a um trem viajando a 100 km/h, sua velocidade relativa continuará sendo 300 mil km/s.
Reitor da Unicamp, o físico Carlos Henrique de Brito Cruz destaca as experiências de Heinrich Rudolph Hertz (1857-1894), que demonstrou como ocorre a transmissão das ondas eletromagnéticas pelo ar.
'Para isso, ele usou duas espiras (um fio enrolado, como uma mola)', explica. 'Na primeira, deixou uma distância de 1 milímetro, entre uma ponta do fio enrolado e outra. Na outra, conectou a cada uma das extremidades uma fonte de voltagem.'
Depois de separar as duas espiras por uma distância de uns 2 metros, Hertz ligava a voltagem na segunda. 'Cada vez que fazia isso, a primeira soltava uma faísca', diz Brito Cruz.
'Ele concluiu, então, que a segunda funcionava como antena de transmissão e a outra como antena de captação.' Estava aberto o caminho para o rádio, a TV, o radar e o telefone celular, entre outras maravilhas modernas.
(O Estado de SP, 29/9)"
Elanor Ladeira revelando seu lado nerd!