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Arthur Machen

Clara

Perplecta
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H.P. Lovecraft escreveu em "O Horror Sobrenatural em Literatura" (da editora Iluminuras):

Dos criadores vivos do medo cósmico elevado a sua culminância artística, poucos, se algum, podem se igualar ao versátil Arthur Machen, autor de dezenas de histórias longas e curtas em que os elementos de horror oculto e pavor latente atingem consistência e agudeza realista quase incomparáveis.

Minha curiosidade por novos autores (novos pra mim, bem entendido) é sempre despertada por resenhas ou críticas de pessoas cuja opinião eu respeite ou por indicação de outros autores cuja obra eu admire.

Foi desta maneira que cheguei a Arthur Machen, através do livro de H.P. Lovecraft.
Já havia conhecido um outro autor de histórias sobrenaturais através das "dicas" do Lovecraft: Algernon Blackwood, e não me decepcionei nem um pouco, então encontrei esse livro de Arthur Machen mas a experiência não foi tão boa.

O livro é "O Terror" e essa primeira história (que dá título ao livro) é bem bacana, com um horror que vai crescendo aos poucos, e como se passa durante a Primeira Grande Guerra Mundial, sob um clima de medo e censura, a perplexidade diante dos acontecimentos (pessoas são encontradas mortas de maneiras diversas, estranhas e cruéis) aumenta o pavor cada vez mais.

Depois dessa história bacana, vem uma série de contos intitulada "Ornamentos em Jade" que, lamento dizer, achei extremamente chata, com histórias muito parecidas em sua chatice.
Aí vem o posfácio, escrito pelo tradutor da obra, José Antonio Arantes, que consegue a proeza de ser ainda mais chato do que os contos anteriores.
Esse posfácio fala de outras histórias escritas por Machen que parecem ser muito boas e que me fez perguntar pra mim mesma: porque raios esse cara não traduziu essas histórias em vez desses contos sonolentos?

Só porque formam um "conjunto supreendente de narrativas praticamente desconhecidas do leitor"?

Eu nem conhecia Arthur Machen, acho que primeiro deveria conhecer seus textos mais famosos, não?

Tipo, "A gente branca" (The white people) ou então "O grande deus Pã" (The great god Pan) que Lovecraft descreve assim (deixando os fãs literatura de horror com água na boca):

Mas o encanto da história está na maneira de contar. Ninguem começaria sequer a descrever o suspense cumulativo e o horror extremo em cada parágrafo sem seguir integralmente a ordem exata com que Machen desenrola suas sugestões e revelações graduais. O melodrama está inegavelmente presente, e a coincidência é levada a tais extremos que parece absurda quando analisada, mas na bruxaria maligna da história como um todo, essas ninharias são esquecidas e o leitor sensível chega ao fim apenas com um estremecimento aprovativo e a tendência a repetir as palavras de uma personagem: "É incrível demais, monstruoso demais; coisas assim não poderiam jamais existir neste mundo tranquilo... Por que, homem, se um caso assim fosse possível, nossa Terra seria um pesadelo".

(Exatamente o que eu penso sobre os textos de Lovecraft e seus Old Ones! :sim: )

Mas mesmo nesses contos chatos de que falei, dá pra gente perceber esse "encanto na maneira de contar" que o Lovecraft descreveu.

Machen chuta bundas em matéria de "criar climas" através da descrição de aromas, cores, montanhas, bosques, prédios e ruínas deixando o leitor na dúvida se o que foi descrito é realidade, sonho, pesadelo ou "viagem" do narrador/personagem.

De novo Lovecraft em "O Horror Sobrenatural em Literatura":

Machen, dono de uma impressionante herança celta ligada a memórias vívidas de juventude dos morros selvagens, florestas antigas e ruínas romanas misteriosas da região de Gwent, desenvolveu um vida imaginária de rara beleza, intensidade e fundo histórico. Ele absorveu o mistério medieval de bosques escuros e costumes ancestrais, e é um defensor de tudo que diz respeito à Idade Média - inclusive da fé católica. Ele se rendeu, também, ao encanto da vida romano-bretã que prosperou em certa altura em sua região natal, e encontra uma estranha magia nos acampamentos fortificados, pisos de mosaico, fragmentos de estátuas e coisas afins que falam dos tempos em que o classicismo imperava e o latim era a língua da região

Bom, agora é procurar pelos outros textos de Machen publicados em português, que devem ser poucos.
No site Estante Virtual só encontrei esse livro da Iluminuras, mas imagino que tenha outros, mesmo que sejam em português de Portugal. =/
 

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