Diário Popular, 06 de Fevereiro de 1981.
“Homem é acusado de matar a esposa dentro de casa com um tiro a queima roupa.”
São os pequenos detalhes de um crime que nos deixa intrigados como o crime daquele senhor que matou a esposa sem querer. Ele jurava que a arma havia disparado ao cair no chão. Imagine uma arma caindo no chão da cozinha e, ouve-se um estampido, pronto, lá está o corpo frio, calado, inerte e sem o menor vestígio de vida. São esses pequenos detalhes que fazem toda a cena de morte ficar assustadoramente intrigante. "Naquela cozinha havia uma xícara de café sobre a mesa, o café estava muito quente, mas só uma xícara? Muito estranho isso." disse o perito da polícia alguns dias depois.
Por duas vezes presenciei o casal discutindo, uma no supermercado e a outra na porta da casa deles, mas aquilo era normal até porque é comum hoje em dia discussões de casais. O que mais me chamou a atenção não eram essas brigas esporádicas, mas a porta da sala aberta. A porta nunca ficava aberta. Outro detalhe curioso era o vestido vermelho da vítima,pois não me lembro de tê-la visto com aquele longo vestido de luxo em época nenhuma, nem mesmo nas datas festivas. A coisa toda é um pouco complexa, até porque, não há testemunhas in loco, não há outros olhos na cenado crime a não serem os olhos semicerrados da vítima e, do senhor de cabelos grisalhos que jurava que não havia apertado aquele gatilho.
Às 14h30min, exatamente nessa hora, ouviu-se um grito e apenas um disparo, o vizinho do fundo disse que foram dois disparos, o da esquerda escutou... “Três barulhos parecidos com tiro de revólver”. Nem sempre se pode confiar em testemunhas longe do fato. A vizinhança ficou muito assustada com aquele crime e de certa forma, os testemunhos muitas vezes são fantasiosos gerando mais dúvidas do que certezas.
Era lamentável que aquela dona de casa, sem filhos, muito zelosa do lar, saísse de sua residência naquele estado vegetativo inconsciente, ferida de morte, dentro de uma urna funerária. Ainda mais que naqueles dias os homens do IML estavam em greve e, com certeza, o corpo ficará guardado na geladeira por algumtempo, alguns dias, sei lá, talvez meses. O senhor de aparência tranquila continuou morando na casa de número 1206, mas eu nunca mais vi a porta da sala aberta.
Fim
Ricardo Campos
OBS: Qualquer semelhança com fatos reais ou fictícios é mera coincidência.
“Homem é acusado de matar a esposa dentro de casa com um tiro a queima roupa.”
São os pequenos detalhes de um crime que nos deixa intrigados como o crime daquele senhor que matou a esposa sem querer. Ele jurava que a arma havia disparado ao cair no chão. Imagine uma arma caindo no chão da cozinha e, ouve-se um estampido, pronto, lá está o corpo frio, calado, inerte e sem o menor vestígio de vida. São esses pequenos detalhes que fazem toda a cena de morte ficar assustadoramente intrigante. "Naquela cozinha havia uma xícara de café sobre a mesa, o café estava muito quente, mas só uma xícara? Muito estranho isso." disse o perito da polícia alguns dias depois.
Por duas vezes presenciei o casal discutindo, uma no supermercado e a outra na porta da casa deles, mas aquilo era normal até porque é comum hoje em dia discussões de casais. O que mais me chamou a atenção não eram essas brigas esporádicas, mas a porta da sala aberta. A porta nunca ficava aberta. Outro detalhe curioso era o vestido vermelho da vítima,pois não me lembro de tê-la visto com aquele longo vestido de luxo em época nenhuma, nem mesmo nas datas festivas. A coisa toda é um pouco complexa, até porque, não há testemunhas in loco, não há outros olhos na cenado crime a não serem os olhos semicerrados da vítima e, do senhor de cabelos grisalhos que jurava que não havia apertado aquele gatilho.
Às 14h30min, exatamente nessa hora, ouviu-se um grito e apenas um disparo, o vizinho do fundo disse que foram dois disparos, o da esquerda escutou... “Três barulhos parecidos com tiro de revólver”. Nem sempre se pode confiar em testemunhas longe do fato. A vizinhança ficou muito assustada com aquele crime e de certa forma, os testemunhos muitas vezes são fantasiosos gerando mais dúvidas do que certezas.
Era lamentável que aquela dona de casa, sem filhos, muito zelosa do lar, saísse de sua residência naquele estado vegetativo inconsciente, ferida de morte, dentro de uma urna funerária. Ainda mais que naqueles dias os homens do IML estavam em greve e, com certeza, o corpo ficará guardado na geladeira por algumtempo, alguns dias, sei lá, talvez meses. O senhor de aparência tranquila continuou morando na casa de número 1206, mas eu nunca mais vi a porta da sala aberta.
Fim
Ricardo Campos
OBS: Qualquer semelhança com fatos reais ou fictícios é mera coincidência.