Não, não, não! Acha q fujo da raia fácil assim?

É que eu estava pensando a melhor forma de escrever sem ser chatinha, mas acho que não descobri. Enfim, lá vai, com "mimimice" e tudo.
Lucas_Deschain disse:
Já que entramos nesse seara, tenho mais umas coisas que queria discutir e que me perturbam (no sentido de despertar curiosidade) na obra do Steinbeck: eu não chamaria de "neutralidade" (bom uso de aspas), mas vejo essa simpatia além-cristianismo como uma das recorrências da obra do Steinbeck. Em diversas obras essa preocupação parece permear sua escrita, e creio que isso seja uma dúvida do próprio escritor, ele vê o cristianismo como insuficiente para explicar determinados aspectos da realidade, e até contraditório em algum deles, basta olhar (mais um exemplo de As Vinhas da Ira) o reverendo Casey. Ele é, até certo ponto, o Steinbeck incomodando-se com as pregações incompatíveis com a realidade e tornando-se consciente para além das demarcações da religião, é ele tornando-se socialmente consciente, tendo uma visão mais ampla, que abarca melhor a situação histórica que ele vive e lhe permite atuar nela de forma mais profícua.
(...)
Enfim, o que pensa sobre essa questão Steinbeck/religiosidade?
Olha, preciso admitir que tenho duas importantes limitações (que, no entanto, não inibem minha capacidade crítica e analítica, sublinhe-se, rs): 1) Li Steinbeck pela primeira vez há apenas três meses, desconheço sua biografia e ainda não estou tão familiarizada com os grandes pontos de seu trabalho literário; 2) Teologia é um assunto que me interessa muito, sou protestante praticante (mas não fundamentalista, please!

) e tenho bases teóricas mais consistentes e amplas do que o cristianismo comercial ensina, rs. Portanto, não consigo ser neutra nesse assunto sem um pouco de vigilância, e tenho receio do preconceito das pessoas. Por favor, não ache que te quero catequizar, tá bem? Tudo o que eu vier a dizer sobre cristianismo é só pra expor meu raciocínio, ok? =)
A partir disso, sinta-se livre pra fazer as considerações necessárias sobre a validade do que vou dizer.

[size=x-small]Engraçado, quando a gnt vai deixando o assunto mais denso, usa cada palavra, cada cerca-lourenço...rs[/size]
Minha percepção até agora sobre Steinbeck/religiosidade vai mais ou menos no mesmo caminho que a sua. Mas acho engraçado vc dizer que ele estaria "
tornando-se consciente para além das demarcações da religião, é ele tornando-se socialmente consciente". Parece que a religião tenta fazer o homem fugir do mundo em vez de trazer o divino a este ("venha a nós o vosso reino", rs). Ao menos tecnicamente, um cristão não engajado é um paradoxo religioso. #
mimimi Nesse prisma, vejo Steinbeck como alguém que, não se identificando com essa praxis tão limitada, a denuncia e tenta de forma independente, leiga e intuitiva (nem por isso menos válida) encontrar respostas para a injustiça e o sofrimento inocente - assunto que, por definição, é uma linha secante à esfera moral/religiosa, mas que não vejo muito em
Ao Deus Desconhecido.
Com o Casy, sim. Mas ele tem um certo cansaço. O Casy veio depois, não sei se o autor acabou se fartando disso ao longo do tempo, nem sei se o tema da religiosidade perdura até o fim da carreira de Steinbeck. (Ele seguia alguma religião?) Só que não percebi o Steinbeck confrontar o cristianismo de frente, ele é mais velado, como um temente com dúvidas sinceras e nenhum medo. Não sei. Olha essa fala do Joseph:
"o padre sabe", pensou ele. "ele sabe uma parte disto, e não acredita. ou talvez acredite e tenha medo."
Acho relevante, mas não consegui ainda analisar melhor. Outra: o padre pensa na felicidade q o Joseph deveria estar sentindo no fim da história, mas ele não dá sinais de ter apostatado de sua fé em nenhum momento. Talvez a "religião da terra" fosse, nas entrelinhas, um tipo rude de adoração divina, assim como o Casy, só q de forma mais vigorosa. Ou um tipo de religião do oprimido, entende o q quero dizer? Ou to forçando?
É q tb fiquei pensando se o título do livro seria uma alusão gratuita ao episódio de Paulo em Atenas, quando ao ver aquela inscrição, Paulo diz aos gregos que ele estava ali para mostrar o deus desconhecido q eles adoravam sem conhecer. Não sendo alusão gratuita, o q quer dizer?
Bom, só sei q a rudeza da religião josephiana, rs, deu poesia, força e identificação ao personagem. Pra verossimilhança do texto, está impecável

.
Acho que falei,falei sem dizer nada, rs.