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Anões: na cultura Viking e na Terra Média

Clara

Perplecta
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"Devoradores de Mortos" é um livro escrito por Michael Crichton relatando a vida e costumes dos vikings no século I d.C. a partir do manuscrito do embaixador do califa de Bagdá, Ahma Ibn Fadlan, relatando a viagem que fez aos países nórdicos e suas relações com os vinkings .

Tem um tópico (que estou com preguiça de procurar agora, desculpem) sobre esse livro, aqui mesmo no Valinor, mas eu quero falar mesmo é sobre a provável influência desse relato na obra de Tolkien, em particular na descrição que este fez dos anões.

No livro "Devoradores de Mortos", numa certa altura, o narrador acompanha os vikings a uma montanha para que seu chefe, Buliwyf, consulte um certo anão (que são tidos como criaturas mágicas) sobre uma batalha que deverá travar. Segue o trecho sobre os anões:

Sua aparência era assim: do tamanho habitual dos anões, mas distinguindo-se por cabeças enormes e feições sofridas que os faziam parecer excessivamente velhos. Havia homens e mulheres anões e todos tinham aparência bastante idosa. Os homens eram barbudos e solenes; as mulheres também tinham pelos no rosto, parecendo homens. Cada anão usava um traje de pele ou zibelina; cada um usava também um fino cinto de couro decorado com pedaços de ouro forjado.
Os anões nos saudaram polidamente, sem sinal de medo. Herger disse que essas criaturas têm poderes mágicos e não temem nenhum homem da terra; todavia, receiam cavalos, por isso deixamos nossas montarias para trás. Herger disse também que os poderes de um anão residem neste cinto fino, e que um anão fará tudo para recuperá-lo, caso o tenha perdido.
(...)
Agora vi que o chiado e o vapor provinham de grandes caldeirões nos quais lâminas de aço forjado eram mergulhadas para temperar o metal, pois os anões fabricam armas altamente apreciadas pelos nórdicos.

Fonte: Devoradores de Mortos - Michael Crichton (editora Rocco e L&PM Pocket)


Bem, confesso que meu conhecimento sobre a cultura nórdica é bem mixo e que esse manuscrito árabe, como todos os textos muito antigos, já passou por diversas mãos e interpretações, e eu ainda li uma interpretação moderna, escrita por um autor de ficção, sendo assim, não descarto a possibilidade de que o Michael Crichton possa ter reescrito partes do manuscrito pra se adaptar à ideia que fazemos dos anões. =/
 
Resumindo: essa parte dos anões é invenção do Crichton.

O pergaminho que ele menciona no início do livro (e o pdf linkado acima é de um trecho do livro), Xymos, que teria sido descoberto em 1934, não existe, e os trechos sobre os anões vêm justamente desse pergaminho fictício. Além disso, o nome do suposto tradutor norueguês do pergaminho Xymos, Per Fraus-Dolus, é uma piada do Crichton, já que esse nome está em latim e significa "por fraude-engodo". =]

Influência por influência, o mais provável é que Tolkien tenha influenciado Crichton nesse trecho sobre os anões.
 
Resumindo: essa parte dos anões é invenção do Crichton.

O pergaminho que ele menciona no início do livro (e o pdf linkado acima é de um trecho do livro), Xymos, que teria sido descoberto em 1934, não existe, e os trechos sobre os anões vêm justamente desse pergaminho fictício. Além disso, o nome do suposto tradutor norueguês do pergaminho Xymos, Per Fraus-Dolus, é uma piada do Crichton, já que esse nome está em latim e significa "por fraude-engodo". =]

Ah, Michael Crichton, seu piadista safadjenho!

E agora entendi o porquê de, no final do livro, em "Obras de Referência Geral" constar o Necromicon de Abdul Azhared.
Sério. =/
Só por aí eu já devia ter me ligado na coisa toda, né? mas o máximo que aconteceu foi eu ter ficado... desconfiada.
:loserdance:
 
Só para deixar claro: Ahmad ibn Fadlan de fato existiu e realmente fazia parte da embaixada que foi enviada no século X pelo califa de Bagdá para o norte, assim como o relato dele. Das fontes citadas por Crichton, o dicionário geográfico de Yakut de fato foi a fonte principal do relato durante muito tempo e a obra de Amin Razi também o complementa. Há ainda um manuscrito descoberto em 1923 no Irã que possui uma versão mais completa do relato. Logo, a versão mais "definitiva" do relato de Ahmad ibn Fadlan é uma mescla das informações dessas fontes.

Todas as outras fontes citadas por Crichton no texto foram inventadas por ele, e o próprio aponta o caráter "duvidoso" delas.
 
Aqui tem uma tradução em inglês de uma tradução russa: http://s155239215.onlinehome.us/turkic/10_History/IbnFadlanEn.htm

Que eu saiba, ainda não existe uma tradução pro inglês direto do árabe (pra português, então, nem se fala).

O relato é particularmente significativo por descrever certas práticas funerárias dos rus', povo (segundo algumas teorias) de origem escandinava.
 
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