Anica
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Como certos acontecimentos insignificantes tomam vulto, perturbam a gente! Vamos andando sem nada ver. O mundo é empastado e nevoento. Súbito uma coisa entre mil nos desperta a atenção e nos acompanha. Não sei se com os outros se dá o mesmo. Comigo é assim. Caminho como um cego, não poderia dizer que me desvio para aqui e para ali.
Angústia não é o tipo de obra cuja leitura é recomendada para qualquer momento. Densa, difícil e amarga, a leitura pode acabar com o humor de qualquer pessoa. Escrito por Graciliano Ramos em 1939, conta a história de Luís da Silva, um atormentado funcionário público, que chega ao limite dadas várias circunstâncias que começaram todas da paixão dele por Marina.
Poderia ser mais um romance acerca das misérias do Nordeste, das relações entre classes sociais, problemas de uma sociedade rural e todos esses temas já tão abordados em nossa Literatura. Mas o que atrai a atenção, o que é realmente diferencial nessa obra, é a forma como é contada.
Para começar, a narrativa é toda em primeira pessoa. É uma espécie de confissão de Luís, bem semelhante ao que Machado de Assis faz com Bentinho em Dom Casmurro. A visão dos acontecimentos e o julgamento dos mesmos, todos pertencem ao personagem-narrador, Luís da Silva.
O que torna essa forma de narrativa interessante é que a confissão não é tão "simples" quanto a de Bentinho: a história/confissão de Luís é sobre um assassinato. Entra nesse relato todos os motivos, as paixões, as frustrações. Enfim, tudo que o levara a cometer o crime. E mesmo que a questão do assassinato torne a narrativa mais interessante, não é esse o fato mais importante da narrativa.
No caso, o importante é perceber o caráter circular com que a história é narrada. A última frase do livro completa a primeira, criando uma espécie de prisão circular: aqui entra o tema principal. Independente de qualquer coisa que fizesse, Luís nunca conseguiria mudar sua vida, nunca escaparia de sua própria prisão. O mundo dele seria o mesmo sempre, mesquinho e angustiante. Só para exemplificar o caráter circular da narrativa:
Última frase do livro: "Íamos descansar. Um colchão de paina."
Primeira frase do livro: "Levantei-me há cerca de trinta dias, mas julgo que não me restabeleci completamente."
Como já dito, não é literatura fácil ou para qualquer momento. Mas sem sombra de dúvidas vale a pena conferir, mesmo que seja só para conhecer essa estilo de narrativa.
Angústia não é o tipo de obra cuja leitura é recomendada para qualquer momento. Densa, difícil e amarga, a leitura pode acabar com o humor de qualquer pessoa. Escrito por Graciliano Ramos em 1939, conta a história de Luís da Silva, um atormentado funcionário público, que chega ao limite dadas várias circunstâncias que começaram todas da paixão dele por Marina.
Poderia ser mais um romance acerca das misérias do Nordeste, das relações entre classes sociais, problemas de uma sociedade rural e todos esses temas já tão abordados em nossa Literatura. Mas o que atrai a atenção, o que é realmente diferencial nessa obra, é a forma como é contada.
Para começar, a narrativa é toda em primeira pessoa. É uma espécie de confissão de Luís, bem semelhante ao que Machado de Assis faz com Bentinho em Dom Casmurro. A visão dos acontecimentos e o julgamento dos mesmos, todos pertencem ao personagem-narrador, Luís da Silva.
O que torna essa forma de narrativa interessante é que a confissão não é tão "simples" quanto a de Bentinho: a história/confissão de Luís é sobre um assassinato. Entra nesse relato todos os motivos, as paixões, as frustrações. Enfim, tudo que o levara a cometer o crime. E mesmo que a questão do assassinato torne a narrativa mais interessante, não é esse o fato mais importante da narrativa.
No caso, o importante é perceber o caráter circular com que a história é narrada. A última frase do livro completa a primeira, criando uma espécie de prisão circular: aqui entra o tema principal. Independente de qualquer coisa que fizesse, Luís nunca conseguiria mudar sua vida, nunca escaparia de sua própria prisão. O mundo dele seria o mesmo sempre, mesquinho e angustiante. Só para exemplificar o caráter circular da narrativa:
Última frase do livro: "Íamos descansar. Um colchão de paina."
Primeira frase do livro: "Levantei-me há cerca de trinta dias, mas julgo que não me restabeleci completamente."
Como já dito, não é literatura fácil ou para qualquer momento. Mas sem sombra de dúvidas vale a pena conferir, mesmo que seja só para conhecer essa estilo de narrativa.