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[Ana Lissë] Erebor [L]

Ana Lissë

Nazgûl boazinha
Olá a todos.

Neste momento levarei vocês à Terra Média da Quarta Era, onde os anões viviam prosperamente, sentindo-se livres de qualquer ameaça.
Só que as coisas não eram bem assim, como eles imaginavam: Em Angmar, um novo poder sombrio se erguia, esperando a hora certa para descer seu punho poderoso contra os Filhos de Mahal.

Esta será uma guerra definitiva, onde uma das duas raças perecerá para sempre.

Aqui está o primeiro capítulo de uma história que promete ser cheia de acontecimentos, por isso não será curta. Espero que aproveitem.

Vamos torcer pela sobrevivência dos Anões, mas enquanto a guerra não começa.curtam esse capítulo inicial, onde vocês erão introduzidos neste mundo tão belo de uma forma bastante alegre: conhecendo os dois principais heróis de nossa história.

Aproveitem e COMENTEM! :)

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Capítulo 1
Um Feliz Reencontro


O mundo é belo e os montes verdes, como dizem as velhas canções. Estamos na Quarta Era desse mundo, em Erebor, na Terra Média.
O Sol surgia quente pela borda leste do mundo, em um dia lindo de verão, onde não havia quase nenhuma nuvem no céu. Assim que saiu de trás das montanhas longínquas, um raio dourado fez brilhar como fogo o pico de uma única montanha em meio a uma planície cortada por uma tira sinuosa, brilhante como um cristal polido. Este era o Rio Comprido, e o pico era Erebor, a Montanha Solitária, o abrigo do mais belo dos Reinos sob a Montanha.
Neste reino viviam os Anões, duros como pedras mas valentes como grandes heróis. Como o nome sugere, não eram tão altos como você ou eu. Eram de baixa estatura e seus corpos eram, em sua maioria, bastante roliços embora não cheguem a ser gordos, a não ser por uns poucos, como o descendente do célebre Bombur, que era tão gordo que precisava ser levantado da cama por uns quatro anões jovens, tal como seu antepassado. Eram bastante fortes, com barbas bem cuidadas e com vozes graves e retumbantes. Seu mais nobre representante, Dáin o Sábio era Rei-sob-a-Montanha naqueles dias de paz e prosperidade, e foi nesta época áurea em que seus filhos nasceram e cresceram. Estes eram Thorin Olho de Águia, o primogênito e herdeiro do trono, e Lánis a Bela, amada por todo o reino, a joia mais preciosa da Casa Real.
Voltando para a planície verde que eu descrevi antes, que começava a ser iluminada pelo Sol nascente, vemos duas crianças anãs brincando perto dos portões de Erebor. Eram justamente o príncipe Thorin e sua irmã Lánis. Eles gostavam de sair para passear assim que o Sol aparecia nas janelas dos salões reais. Seu pai, o Rei Dáin, assim que terminava o desjejum, levava-os até o portão e, com alguns “cuidado com o rio. Não vão escorregar” e outros “não se afastem demais dos portões!” e mais uma pilha de “tomem cuidado!”, despedia-se deles e desejava-lhes um dia alegre.
E eles tinham sempre um dia alegre e aquela manhã não foi diferente, afinal algo mais alegre ainda aconteceria: seu primo Bráin estava chegando, vindo dos distantes reinos a leste para festejar com eles o Dia de Durin que era para os anões a mais bela e importante comemoração. Este dia marcava o início do Ano Novo, e aconteciam festas esplêndidas em todos os reinos. Mas nenhuma comparava-se à que ocorria em Erebor.
E o que a visita de seu primo significava? Os dois irmãos teriam mais alguém com quem brincar. Bráin era tão disposto a brincar e a fazer travessuras quanto eles, além de ser seu primo mais querido. Com ele viria sua irmã Thailis, que crescera muito desde a última vez em que se viram. Na verdade ela ainda era um bebê naquela ocasião. Como será que ela estaria hoje? Será que teriam mais uma companheira de aventuras ou ela ficara como a maioria das anãs: reclusa e tímida, além de bastante chata? Pois assim eram as anãs naqueles dias: bastante caseiras e, em sua maioria, recusavam-se até mesmo a sair para fora de sua porta da frente. Por isso o comportamento de Lánis era bastante comentado (e questionado) no reino.
Thorin e Lánis ficaram em uma colina com vista para a estrada, aguardando ansiosamente a chegada da carruagem que traria seus primos. Enquanto isso, ficavam conversando e rindo.
- Já estou planejando um monte de coisas para quando Bráin e Thailis chegarem – comentava Thorin, animado. Seus olhinhos azuis como duas águas-marinhas brilhavam de alegria
- Mesmo? Esperam que vocês não me deixem de fora como Kili e Fróin costumam fazer. Eles nunca me deixam brincar junto. – respondeu Lánis, ficando tristonha de repente.
Thorin passou um braço ao redor dos ombros da irmãzinha, a quem amava muito.
- Eles só têm medo de que você se machuque, Lánis. Você sabe como eles são: ficam duelando com espadas de madeira e não é difícil ver um deles ou mesmo os dois com um olho roxo ou um corte no braço. Não fique triste. Vamos inventar brincadeiras onde você possa participar. – e sorriu para a menina. – Está bem assim? Além disso, você terá Thailis para brincar com você.
- Está, mas eu não tenho medo de me machucar não. – e levantando-se, afastou os pés e pôs as duas mãos na cintura – eu sou uma anã do Povo de Durin! Sou tão forte quanto qualquer anão! E quanto a Thailis, se ela não for como eu, não irei gostar dela. Não sou anã do tipo que se mete com pessoas monótonas e enfadonhas!
Thorin começou a rir, mas sabia muito bem que aquela menina de rosto redondo e olhos azuis, tão jovem ainda, não estava mentindo. Havia mesmo uma grande força em seu coração, e isso vocês verão ao longo dessa história.
- Eu sei, senhora Anã-do-povo-de-Durin. – respondeu Thorin, ainda rindo – mas de qualquer forma o papai iria me dar uma tremenda bronca se eu não cuidasse direito de você. Quanto à sua prima, lembre-se do que papai disse: você deve ser gentil com ela. E, se quer saber, acho que vocês vão se dar bem.
Lánis fechou a cara, achando aquilo muito injusto, a pesar de entender bem a posição de Thorin. Uma bronca dada por Dáin não era algo que valia a pena receber. Mesmo assim irritava-se com o excesso de proteção que lhe dispensavam. E tinha sérias desconfianças sobre se dar bem com sua prima.
- Eu entendo você, Thorin - disse ela - mas não pense que eu gosto disso. Não sou anã de ficar parada vendo os outros se divertirem. E nem gosto de ver que as outras anãs da minha idade fazem isso. Posso ser gentil com Thailis, mas minha paciência não é eterna. Se ela começar a bancar a princesinha frágil, vou deixar que ela arrume outra anã para brincar.
Assim era Lánis: cheia de energia e decidida a não ficar reclusa em um salão enquanto a vida e as grandes aventuras passava por ela. Seu espírito era aventureiro, e em seu coração a alegria e o entusiasmo ardiam como o fogo poderoso das grandes forjas de Erebor e nunca, jamais, se apagava. Seus cabelos cacheados brilhavam como o mais fino ouro à luz do Sol. Seu rosto corado era muito belo, e sua voz era doce como o murmurar das águas límpidas do Rio Corrente, mas podia tornar-se poderosa como as trombetas dos arautos do rei. Era poucos anos mais jovem que o irmão.
Thorin, assim como a irmã, também destacava-se entre os cidadãos de Erebor: Alto e forte além dos padrões de sua idade, prometia ser um belo jovem, de rosto bem talhado e longos cabelos castanhos escuros. Sua barba já estava crescendo, indicando que logo entraria para a adolescência. Sua voz era firme, e ainda ecoaria grave e poderosa pelos salões de seu reino.
Os dois irmãos continuaram a conversar, animados e ansiosos. Quando o sol estava para chegar ao meio de seu trajeto pelo céu azul, Lánis pulou de pé e olhou para a estrada.
- Olhe, Thorin! Acho que são eles! – ela apontou com sua mãozinha branca em direção ao horizonte.
E eram mesmo. Em alguns minutos já era possível ver com clareza a forma de uma linda carruagem puxada por cavalos velozes vindo em direção aos portões de Erebor.
- Vamos dar o sinal, Lánis. – convidou Thorin e eles saíram correndo em direção ao portão com gritos de “Eles chegaram! Eles chegaram!”
Os guardas, postados dos dois lados da entrada, aguçaram a visão para enxergar e também viram a carruagem de Bráin. Uma trombeta soou e, ouvindo-a, todos os que estavam próximos foram chegando para ver também. Logo uma imponente carruagem de madeira com finos adornos em ouro parou em frente à escadaria de pedras brancas que ia em direção aos portões do Reino. Dois cavalariços vieram e abriram as portinhas redondas do veículo e, de lá, saiu um imponente anão, vestido de vermelho, com pesadas correntes de ouro no pescoço. Seus cabelos eram castanhos, com algumas mechas brancas e sua barba espessa estava trançada desde o peito até a cintura e enfeitada com anéis de ouro e diamantes. Este anão tão respeitável é Náin, irmão do Rei, um anão de coração nobre e de incalculável coragem. Lutara muito contra os orcs remanescentes do monte Gundabad e tivera importância fundamental na reconquista deste território, último local a ser retomado pelos anões. Era extremamente respeitado em Erebor por seu parentesco com o Rei e por seus feitos honrosos. Era rei em Gundabad, escolhido por seu povo em meio a clamores emocionados e toques de poderosas trombetas.
Sua esposa Dáilis desceu logo atrás dele. Era uma anã de caráter sério e desconfiado, porém muito sábio. Seus cabelos ruivos brilhavam como fogo ao Sol, trançados com elegância e enfeitados com muitas fitas brancas. Sua barba (sim, as anãs têm barba, mesmo que não sejam iguais às dos anões) estava trançada e também enfeitada com fitas, mas descia em ambos os lados de seu rosto em costeletas de fios longos e grossos, unidos em uma única trança na altura de seu peito. Seu queixo estava liso, sem barba ou penugem.
Atrás de Dáilis desceu Bráin, um menino ruivo como sua mãe, de olhar esperto e travesso. Tão forte que os anões de sua idade, ele destacava-se não por seu porte atlético, mas sim por sua inteligência única. Ele sorria ao rever os portões de um reino que lhe era tão especial, visto que lá moravam as pessoas que, depois de seus pais, eram-lhe mais queridas.
Por último desceu uma anã mais ou menos da idade de Lánis, ruiva como sua mãe, de olhos verdes e brilhantes. Assim como Bráin ela também sorria, encantada por estar em um reino tão famoso, com tantas histórias para contar. Seu rostinho era belo, corado e salpicado de pequenas sardas. Esta era Thailis.
O rei Dáin, com sua esposa e filhos, aproximou-se de seus parentes e saudou-os com alegria.
- É uma alegria revê-lo, meu irmão! – disse ele a Náin, com um grande sorriso após dar-lhe um abraço de urso que nem vocês nem eu conseguiríamos dar em ninguém, a não ser que também fôssemos anões. – Ainda mais depois das notícias trazidas a mim a respeito dos seus feitos contra os orcs. Que suas cintarras nojentas nunca o toquem!
- Dáin, meu irmão – respondeu Náin, com seu vozeirão grave após fazer uma reverência – não se pode simplesmente derrubar este anão aqui! Ainda acertarei muitos orcs com meu machado – e bateu no cabo da arma, preso ao seu cinto – antes que chegue o dia em que voltarei à rocha de onde saiu nosso povo. E vejam só – sorriu ele ao notar a presença de Thorin e Lánis – aqui estão meus dois sobrinhos. Como é? Não vão abraçar seu tio? – ele ria com alegria.
Os dois aproximaram-se de seu tio e o cumprimentaram também. Thorin, em meio a exclamações de “como esse menino está grande!” ganhou um abraço tão apertado que pensou que seus olhos iriam saltar das órbitas devido ao apertão. Já Lánis foi pega no colo e abraçou Náin o mais forte que pôde. Ambos gostavam muito dele.
Bráin, com uma reverência e com muita cortesia, saudou os tios, indo logo em seguida abraçar os primos. Foi uma festa o reencontro deles, Thails não foi esquecida e logo Dáilis apresentou-a:
- Esta é Thailis, nossa caçula. Lembram-se dela? – a anã dizia, olhando para a pequena com muito amor. - Cumprimente seus tios, minha filha.
- Thailis, às suas ordens e de sua família – respondeu a menina, com um sorriso e uma reverência elegante para o rei e a rainha.
- Ora, vejam só! Da última vez em que eu a vi você era ainda uma bebê! Bem vinda, minha sobrinha! – respondeu o rei, indo abraçar a menina.
Thorin cumprimentou Thailis com uma reverência. Lánis olhou para ela de lado.
- Thorin Olho de Águia às suas ordens – disse ele, com cortesia.
- Lánis, às suas ordens - disse a princesa de Erebor, ainda desconfiada. Aquela anãzinha parecia ser a mais cheia de não-me-toques de toda a Terra Média! Isso era péssimo.
Cumprimentos feitos, todos foram para o interior da cidade.
O que vocês e eu veríamos ao entrar naquele reino sob a montanha tiraria nosso fôlego. Erebor era uma cidade simplesmente colossal, toda construída em cavernas, mas não cavernas úmidas, cheias de morcegos. Não, aquelas cavernas eram maravilhosas, cheias de colunas de pedra com capitéis banhados a ouro, cheio de pedras engastadas. Milhares de lamparinas gigantescas pendiam do teto, castiçais e tochas pendiam das paredes, uns de ferro entalhado, outros de cristal polido. A luz do fogo banhava teto e parede, sem espaço para cantos escuros. Até o chão parecia uma obra de arte, com grandes pisos de várias cores diferentes formando lindos desenhos. Os arcos das portas, janelas e corredores eram todos de ouro e refulgiam à luz do dia, que entrava por várias janelas ogivais ou à luz do fogo, que ardia das lâmpadas ou castiçais. Por onde passassem, os que entravam podiam ouvir milhares de tique-taques barulho causado pelos martelos dos ferreiros, ou então grandes estrondos, causados pelos enormes martelos de ferro localizados na grande forja principal, bem no centro da cidade.
Os salões reais eram um espetáculo à parte, com suas paredes entalhadas e colunas que pareciam árvores em flor, com ramos de prata e flores de cristal. Para lá foram anfitriões e visitantes, onde um delicioso almoço estava sendo servido, ao som das vozes e harpas dos mais talentosos menestréis.
Todos comeram até não aguentarem mais, e beberam mesmo sem aguentarem mais (anões definitivamente amam cerveja), sempre conversando e rindo muito. O único momento em que não riram foi quando Náin de repente ficou sério e disse que trazia notícias importantes.
- Orcs, eu digo a vocês. Andamos com muito cuidado para não chamar atenção, conseguindo felizmente. Eles estão furiosos, soubemos que estão descontentes com nossas ações, temendo serem varridos da Terra Média. Confesso que temo pelo nosso povo. Meu coração me alerta, creio que não recuperamos nossos territórios para ficarmos felizes e tranquilos, cavando e forjando como queremos fazer. Pelo menos não por enquanto. Vai haver troco.
Todos olharam sérios para Náin. Orcs são os maiores inimigos dos anões. Durante muitos anos, muitos exércitos vindos de diversos reinos caçaram essas criaturas com o objetivo de acabar com todos eles. Tiveram um grande sucesso, aumentado pela reconquista dos antigos redutos enânicos em Gndabad e Khazad-Dûn, antes infestados de orcs. Seu número estava drasticamente reduzido e há muito tempo não se ouvia sequer um rumor sobre orcs andando por aí. Aqueles eram dias de paz, e não passava pela cabeça de qualquer anão de Erebor a simples possibilidade de ver seu reino atacado por aquelas bestas. É uma grande pena, mas isso um dia aconteceria novamente.
- Vim até aqui para trazer notícias a respeito de como anda a situação tanto em Gundabad quanto em outros reinos anões. - continuou o rei de Gundabad - No momento, Erebor é o local mais seguro dentre todos os outros, e isso pode ser bom e ruim. Bom porque, se vierem atacar, terão um bocado de trabalho. E ruim porque, bem, isso chama a atenção dos orcs. Eles poderão demorar, mas certamente seus olhos se voltarão para cá com raiva. Um golpe forte da parte deles será desferido aqui. É bom que fiquem preparados, Dáin.
O rei ouviu aquelas palavras com o coração apertado e com muitas perguntas martelando sua mente. Como era possível, em uma época tão próspera, novamente receber notícias de guerras? E como também era possível que os orcs atacassem dessa forma se estavam tão reduzidos e fracos? Há muito tempo, mais precisamente desde a retomada de Gundabad, anos atrás, não se via nem sinal de orcs por aí. Aquilo era estranho mas, se seu irmão estava falando sobre isso e estava preocupado, com certeza devia ouvi-lo com atenção. Náin não trazia más notícias à toa. Mas as perguntas que passavam por sua mente deveriam ser feitas.
- Espere, vamos com calma – começou o rei – Até onde eu sei, os orcs estão em desvantagem, rechaçados de nossos reinos. Muitos destacamentos foram enviados para acabar com os orcs que perambulavam por aí, remanescentes das batalhas contra nós. Todas as notícias que recebi tratavam-se das vitórias que conquistamos e da redução do número dessas feras e de seu desaparecimento. O que aconteceu para que as coisas mudassem dessa forma?
- Notícias vindas do norte. Há coisas estranhas na região da velha Angmar. Enviei um destacamento para lá assim que notei a ausência de orcs andando por aí. Poderia ser bobagem, mas já vi muitos orcs e conheço-os bem o suficiente para saber que eles podem muito bem recuar para depois voltar com força total. Pois bem. Um destacamento foi para lá e as notícias são ruins: lá há uma fortaleza. Uma grande fortaleza, por falar nisso. Pelo que entendemos, é lá que eles estão se reagrupando. E não pensem vocês que eles estão em pequeno número. Não! São muitos! E mais chegam a cada dia. Após a reconquista de Gundabad e o envio de forças para caçá-los, as malditas bestas resolveram desaparecer e nos deixar com uma falsa sensação de paz. Até quando isso iria durar eu não sei, mas se não fosse minha desconfiança, provavelmente nós seríamos pegos de surpresa!
Dáin franziu o cenho mas não disse nada imediatamente. Pensava no que fazer.
- Dáin – continuou Náin, com urgência no olhar – precisamos fazer alguma coisa. Vamos aproveitar que os orcs estão entocados em Angmar, sem esperar um ataque, e acabar de vez com eles. Venha comigo, reúna seu exército. Ajude-me a atacar Angmar e a pôr um ponto-final naquelas criaturas nojentas!
Dáin franziu ainda mais o cenho. Era um rei sábio, mas detestava arriscar seu povo seja em que situação fosse Ainda estava se recuperando das perdas ocorridas em Gundabad e não desejava que mais vidas fossem perdidas. Acreditava mais na força das defesas de Erebor do que no sucesso em uma guerra aberta contra os orcs no território deles, portanto ficou seriamente inclinado a dizer não ao pedido do irmão. Por outro lado, era uma boa chance de acabar com os orcs de vez, como dissera Náin. Confuso, o rei disse simplesmente:
- Dê-me um tempo para pensar.
- Dou – respondeu Náin – você tem dez minutos.
- Ora, não seja ridículo. Não vou tomar uma decisão dessas em somente dez minutos. Por melhor que seja a oportunidade de acabar com os orcs, meu povo já sofreu demais em combates anteriores para que eu aceite envolvê-los novamente em uma guerra aberta. Pelo menos não sem pensar com calma. Portanto beba sua cerveja e esqueça disso por agora.
Náin, mesmo com muitas coisas para dizer ao seu teimoso irmão, suspirou e tomou um grande gole de sua caneca. Mais tarde conseguiria convencê-lo. Para terminar, disse apenas mais uma coisa:
- Muito bem. Você quem sabe. Mas, se eu fosse você, tratava de pôr em marcha meus exércitos. A coisa é séria, Dáin.
- Já disse para beber sua cerveja e deixar que eu decida o que fazer com meus próprios exércitos. – retrucou o rei. Durante aquele dia não falaram mais nada a respeito. - Além disso teremos uma festa pela frente. Gosto demais do Dia de Durim para deixar que algo perturbe minha alegria.
Em uma mesa ali perto, as crianças conversavam com alegria, parando apenas para ouvir a conversa sobre os orcs. Não gostaram muito do que ouviram, ainda mais depois que Bráin confirmou por meio de histórias (bastante assustadoras) ouvidas de seu pai o tremendo ódio que essas criaturas dirigiam aos anões.
- Mas por quê nos odeiam tanto? – perguntou Lánis indignada – Só porque defendemos o que era nosso e tomamos de volta nossa montanha sagrada? Eles é que estão errados nessa história toda, não nós!
- Sim, mas eles não entendem isso – respondeu Bráin – Eles são maus, Lánis. Totalmente maus. Não é bom se meter com eles. Além disso, eles nos culpam por estarem em número tão reduzido. Isso agora pode tornar-se para eles uma questão de sobrevivência.
- Papai sempre diz que os que estão com a verdade ao seu lado não podem ser derrubados. – respondeu a princesa enquanto levantava-se e plantava bem os pés no chão, seus olhos brilhando cheios de entusiasmo – Por isso esses orcs que não se metam conosco outra vez ou sentirão novamente o gosto do ferro dos machados dos Anões em suas gargantas! E dessa vez o gosto será mais amargo do que nunca!
Thorin e Bráin riram com gosto daquela pequenininha tão feroz. Thailis apenas ouvia tudo calada. Bráin comentou que raramente seu viam anãs interessadas em questões como aquelas, o que deixou a princesa ainda mais irritada. Ela virou-se para Thailis, querendo saber o que a prima achava disso, e recebeu dela um olhar de aprovação, mas nenhuma palavra. Sua paciência estava quase no fim. Thailis ouvia tudo interessada, mas mesmo assim ainda parecia bastante cheia de frescuras.
- Você não fala nada, princesinha? - provocou a menina.
- Princesinha? Sou uma anã do Povo de Durin assim como você, e esse "princesinha" dito com tanta ironia não combina comigo nem um pouco! Nunca julgue um de nós pelo tamanho, aparência ou idade!
Thorin e Bráin riram para valer, enquanto Lánis arregalava bem os olhos, totalmente surpresa. Bráin sabia muitíssimo bem que era melhor parar logo de rir. Conhecia a irmã bem o suficiente para saber que logo ela iria mostrar do que era capaz. E não demorou muito. Depois de ver que falar não iria adiantar muita coisa, a menina sentou-se resmungando (“Princesinha é a avó do troll! Sou Thailis filha de Náin, princesa sob a montanha!”) Pegando sua caneca, que continha uma espécie de suco fermentado feito para pessoas que não poderiam beber cerveja, virou-a em um gole só. Thorin virou um olho na direção da prima, rindo por dentro do que achava que aconteceria em seguida. E o que Thailis fez foi algo considerado tremendamente respeitável quando se está à mesa com anões (mesmo que não seja um comportamento nada adequado para nossas salas de jantar): a menina soltou a caneca na mesa e soltou um tremendo arroto, que ecoou por todo o salão! Como eu disse, esse comportamento é perfeitamente aceitável, tanto entre anões quanto entre anãs, e quanto mais barulhento melhor. Significa que quem o solta gostou da comida e, principalmente, tem saúde e força. Por isso os que estavam servindo fizeram reverências para a princesa enquanto boa parte dos que estavam próximos viraram-se na direção dela, sem acreditar que aquele som estrondoso viera daquela criança. A princesa de Gundabad, vendo que muitos a olhavam, levantou-se empinando o nariz, cheia de si.
- Que foi? – perguntou ela, calmamente – Não foi alto o suficiente?
O salão explodiu em risadas e aplausos de muitos anões impressionados, Até os pais da menina arregalaram os olhos. Lánis levantou-se e fez uma reverência.
- Pelas barbas de Durin, eu jurava que você era a pessoa mais cheia de frescuras de toda a Terra Média. Vi que estava enganada. Me perdoa?
- Claro. - respondeu Thailis, com um sorriso cativante - Contanto que você não me chame de princesinha de novo!
Após o almoço, Thorin e Lánis receberam a missão de mostrar o palácio e o que pudessem do reino aos primos. E lá foram eles, muito felizes. Thorin acompanhava Thailis enquanto Lánis acompanhava Bráin. Depois daquele passeio, uma grande amizade surgiu entre o príncipe de Erebor e a princesa de Gundabad. E esta amizade, vocês verão, duraria para sempre.
Enquanto isso, o coração do rei de Erebor estava pesaroso. Nuvens pesadas cobriam o céu, mas não tão pesadas quanto as que velavam seu ânimo. Por mais que não quisesse admitir, sentia que seu irmão estava certo. Novamente a ameaça dos orcs estava sobre eles.
 

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