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Alerta: o cânone literário pode causar desconforto aos universitários

Daí os malucos que nunca estão contentes vão reclamar de spoiler. Pode ter certeza disso Bruce.
:rofl:

O que eu penso sobre spoilers:
ÍTACA
(Constantino Kaváfis - trad. José Paulo Paes)

Se partires um dia rumo a Ítaca,
faz votos de que o caminho seja longo,
repleto de aventuras, repleto de saber.
Nem Lestrigões nem os Ciclopes
nem o colérico Posídon te intimidem;
eles no teu caminho jamais encontrarás
se altivo for teu pensamento, se sutil
emoção teu corpo e teu espírito tocar.
Nem Lestrigões nem os Ciclopes
nem o bravio Posídon hás de ver,
se tu mesmo não os levares dentro da alma,
se tua alma não os puser diante de ti.

Faz votos de que o caminho seja longo.
Numerosas serão as manhãs de verão
nas quais, com que prazer, com que alegria,
tu hás de entrar pela primeira vez um porto
para correr as lojas dos fenícios
e belas mercancias adquirir:
madrepérolas, corais, âmbares, ébanos,
e perfumes sensuais de toda espécie,
quando houver de aromas deleitosos.
A muitas cidades do Egito peregrina
para aprender, para aprender dos doutos.

Tem todo o tempo Ítaca na mente.
Estás predestinado a ali chegar.
Mas não apresses a viagem nunca.
Melhor muitos anos levares de jornada
e fundeares na ilha velho enfim,
rico de quanto ganhaste no caminho,
sem esperar riquezas que Ítaca te desse.
Uma bela viagem deu-te Ítaca.
Sem ela não te ponhas a caminho.
Mais do que isso não lhe cumpre dar-te.


Ítaca não te iludiu, se a achas pobre.
Tu te tornaste sábio, um homem de experiência,
e agora sabes o que significam Ítacas.
 
Uma das coisas que os professores na facu reclamavam com razão é que existe uma pressão para que tudo que existe na educação seja necessariamente viável para todo mundo, o tempo todo. Por exemplo, fazer faculdade não seria necessariamente a melhor escolha para todas as pessoas, porque tem gente que não consegue o máximo de sua vida fazendo faculdade e consegue no máximo atrasar a descoberta de que teria sido mais feliz (e até mesmo mais rico) fazendo outra coisa ou um curso profissionalizante.

Do mesmo jeito é educação, se existe uma aula sobre um autor com carga mais intensa para a maioria não tem porque mudar o esquema toda vez e atrasar o desenvolvimento de todos por causa da minoria. Se o aluno for realmente uma "bomba relógio" pra si mesmo então é muito arriscado recebê-lo na sala para ser educado em grupo porque ele poderia perturbar a vida dele e dos outros.

Por sinal, existe um tipo de "aluno-bomba" muito perigoso que ocasionalmente se transformam nos mesmos "atiradores de escolas" porque estavam cozinhando uma mentira de que conseguiriam conviver no ritmo dos outros. É o tipo de pessoa que foi colocada num local como se fosse um aluno normal e pira antes da tragédia. Quer dizer, penso que os casos realmente sérios tem pouco a ver com o conteúdo e muito a ver com a presença de pessoas problemáticas nos lugares errados. Seria como colocar um pacifista pra trabalhar numa fábrica de armas. O sujeito iria ficar na ponta da cadeira pra querer processar alguém. Tem gente que leva a vida toda para perceber que não devia estar ali, com freqüência a pessoa já pode ter até destruído as esperanças e a vida de muitos enquanto pensava que a culpa era dos outros...
 
Também não é bem assim, tipo alguns filmes não vêm com aviso de q contém sexo explícito ou cenas de violência? Qual o problema de um livro ter o mesmo tipo de aviso?

No filme, a cena é gráfica; no livro, não.
Pra mim, é uma puta diferença que justifica o aviso num meio e noutro não.

Como na música: sempre achei a maior babaquice aqueles selo de "parental advisory" na capa de algumas bandas.
 
Por exemplo, fazer faculdade não seria necessariamente a melhor escolha para todas as pessoas, porque tem gente que não consegue o máximo de sua vida fazendo faculdade e consegue no máximo atrasar a descoberta de que teria sido mais feliz (e até mesmo mais rico) fazendo outra coisa ou um curso profissionalizante.

Segunda vez que ouço alguém falar isso. Thank you!

Do mesmo jeito é educação, se existe uma aula sobre um autor com carga mais intensa para a maioria não tem porque mudar o esquema toda vez e atrasar o desenvolvimento de todos por causa da minoria.

Se bem que eu me pergunto como seria a abordagem desse professor. Como disse antes, ninguém chega jogando Sade na cara dos outros logo na primeira aula. É possível aliar metodologia e bom senso sem perda do efeito pretendido - isso funciona até hoje! Mas assim como há as "bombas-relógio", também existem os "professores sem noção" - e Deus meu, quanta raiva eu não passei com uns na faculdade a tal ponto que cheguei a discutir abertamente com eles!

Se o aluno for realmente uma "bomba relógio" pra si mesmo então é muito arriscado recebê-lo na sala para ser educado em grupo porque ele poderia perturbar a vida dele e dos outros.

Isso, claro, se você tiver uma noção do problema que ele representa(ria). O ser humano, (in)felizmente, é mais complexo que isso. Recomendo a psicoterapia até pra quem não tem problemas aparentes, logo, acho possível o sujeito manter-se naquela área de interesse e ao mesmo tempo estar sendo acompanhado.

No filme, a cena é gráfica; no livro, não.

Pô, Calib, assim você me envergonha. :lol:
 
No filme, a cena é gráfica; no livro, não.
Pra mim, é uma puta diferença que justifica o aviso num meio e noutro não.
Maisein? E daí?
Não vejo o de está essa "puta diferença" entre um personagem mostrar o dedo do meio pra alguém e outro que e descrito como dizendo pra alguém "vai de f****".
A imagem é a mesma.
 
Se bem que eu me pergunto como seria a abordagem desse professor. Como disse antes, ninguém chega jogando Sade na cara dos outros logo na primeira aula. É possível aliar metodologia e bom senso sem perda do efeito pretendido - isso funciona até hoje! Mas assim como há as "bombas-relógio", também existem os "professores sem noção" - e Deus meu, quanta raiva eu não passei com uns na faculdade a tal ponto que cheguei a discutir abertamente com eles!

Isso, claro, se você tiver uma noção do problema que ele representa(ria). O ser humano, (in)felizmente, é mais complexo que isso. Recomendo a psicoterapia até pra quem não tem problemas aparentes, logo, acho possível o sujeito manter-se naquela área de interesse e ao mesmo tempo estar sendo acompanhado.

Pois é, antes tem que entrar na escola sabendo que uma das responsabilidades do professor comum é justamente apertar pra descobrir se a praia do pessoal é mesmo aquela (separar quem tem e quem não tem comprometimento, quem dá conta e quem não dá), só sabendo das próprias responsabilidades que o aluno poderá manifestar a complexidade no espaço dele. Daí as pessoas poderão acomodá-lo porque vão saber que o conflito é por causa dos problemas dele. Mas nesse meio tempo o próprio aluno tem que saber que precisa se preservar(conhecer)... Com freqüência o que se vê com os problemáticos é um auto-massacre pra resolver logo o problema e enquanto o indivíduo trata a si mesmo com crueldade transfere a violência aos outros em um dominó.

Há também problemáticos que o são sempre, desde o fundamental, na sorveteria, em casa... Alguns são confusos outros simplesmente tem personalidade chata com tudo, a vida toda. Tem até aquele meme do crítico de cinema dizendo "Why do you want to see me suffer?" (o culpado é o outro, o inferno são os outros) .
 
Tanto 'professores sem noção' como 'aluno bomba' muitas vezes nem sabem que o são!
Mas nesse meio tempo o próprio aluno tem que saber que precisa se preservar(conhecer)...
E quando isso não acontece?
Quando o 'professor sem noção' acredita piamente que está ajudando e fazendo o mundo melhor jogando um autor super tenso na primeira aula?
E, supondo que tais autores pesados sejam apenas temas de graduação, os alunos já não deveriam estar preparados?

É claro que isso é meio utópico, para o Brasil pelo menos. Já que as salas de aula de graduação é cada vez mais heterogênea e os alunos entram cada vez mais perdidos e sem base.

Ao tema, não sei se há necessidade desse tipo de 'parental advisory' em livros. Por enquanto uma boa sinopse e uma pesquisadinha no autor não fazem mal a ninguém. Para resolver o problema uma educação básica/fundamental e médio de qualidade e uma ajudinha dos pais na educação resolveria em grande parte tudo isso.

Pra mim, são casos meio que isolados e que as pessoas ficam desesperadas por qualquer coisa.
 
Pelo visto não é só o cânone:

Editoras atenuam livros para público adolescente
ALEXANDRA ALTER
DO "NEW YORK TIMES"

28/10/2014 07h59
De todos os horrores vivenciados por Louis Zamperini durante a Segunda Guerra Mundial, incluindo a queda de um avião no Pacífico, 47 dias à deriva no mar e dois anos em um campo para prisioneiros de guerra, o mais marcante foi quando um guarda japonês torturou e matou um pato.

Esse episódio, relatado no best seller "Invencível" ("Unbroken", no original), de Laura Hillenbrand, também traumatizou muitos leitores, disse a autora. Por isso, quando estava escrevendo uma nova versão para jovens adultos, ela excluiu essa cena.

"Eu ficaria muito perturbada se lesse isso quando tinha 12 anos", comentou Hillenbrand.

Inspirado no mercado florescente de romances para jovens adultos, um número crescente de biógrafos e historiadores está adaptando suas obras para torná-las palatáveis para essa faixa etária de leitores. Escritores de não ficção como Hillenbrand, Jon Meacham e Rick Atkinson estão tentando atenuar conteúdos perturbadores ou polêmicos em seus livros para conquistar esse público novo e impressionável.

O fato é que essas versões resumidas, simplificadas e às vezes suavizadas de títulos populares de não ficção estão se tornando um nicho vibrante e lucrativo.

As editoras lançam uma grande variedade desses livros. Meacham publicou recentemente sua primeira obra para crianças, uma versão para leitores a partir de 10 anos de sua biografia de 759 páginas de Thomas Jefferson.

Pode ser um desafio manter o drama e as nuances de narrativas históricas quando o público-alvo tem menos de 13 anos. Meacham disse que debateu muito com seu editor sobre como descrever o relacionamento sexual de Jefferson com sua escrava Sally Hemings.

"Como explicar honestamente para uma criança no quinto ou sexto ano escolar essa relação ilícita entre o senhor e a escrava, sem chocá-la?", exemplificou Meacham, um biógrafo ganhador do prêmio Pulitzer. "É difícil fazer isso até para adultos."

"D Day" [Dia D], um título infantil recente baseado em "The Guns at Last Light" [as armas no último clarão], história com 877 páginas escrita por Atkinson sobre a Segunda Guerra Mundial, omite descrições explícitas da carnificina nas praias da Normandia. "Isso tira parte do impacto da história, mas era essa a intenção", disse Atkinson sobre o livro voltado para crianças entre 8 e 12 anos.

Alguns educadores e especialistas em alfabetização questionam se versões infantis de títulos adultos de grande vendagem são de fato necessárias ou sequer uma boa ideia. Quando não havia esse tipo de livro, os jovens interessados em leitura simplesmente recorriam à versão adulta, um hábito ainda observado.

"Um adolescente com boa formação e domínio de leitura provavelmente apreciaria a versão adulta desses livros", opinou Angela Frederick, bibliotecária de escola pública de Nashville,.

Certos bibliotecários continuam recomendando a edição adulta de um livro mesmo quando há uma versão infantil disponível, caso a adaptação seja demasiado simplificada. "Se tais adaptações eliminam controvérsias e supõem que os adolescentes não conseguem absorver ideias mais complexas, nós recomendamos a versão adulta", disse Chris Shoemaker, presidente da Associação de Serviços de Biblioteconomia para Jovens Adultos.

As vendas de livros infantis e para jovens adultos aumentaram 30% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. No entanto, as vendas de obras de ficção e não ficção para adultos tiveram queda de quase 4%, segundo a Associação de Editores dos EUA.

Atualmente, os livros de não ficção para crianças apresentam uma gama mais diversificada de temas e formatos. Isso inclui memórias, auto-ajuda, narrativas e biografias de personalidades como Steve Jobs. "Nem todo mundo quer ler sobre vampiros", afirmou Steve Sheinkin, que escreveu livros infantis sobre a Guerra Civil e a bomba atômica. "Algumas crianças se interessam por Segunda Guerra Mundial e espiões."

Fonte: http://tools.folha.com.br/print?sit...atenuam-livros-para-publico-adolescente.shtml
 
Sei lá.
Tem tanto livro no mundo, precisa mesmo indicar (pra crianças e adolescentes) um livro "difícil" até para adultos? :think:

Não é melhor deixar que eles leiam mais tarde, se quiserem?

Mas o "engraçado" é que eles tão mexendo em obras de referência. Tipo, como assim? :-x
 
Mas o "engraçado" é que eles tão mexendo em obras de referência. Tipo, como assim? :-x

Bruce (pelo que entendi) estão falando de os próprios autores modificarem o texto dos livros que estão escrevendo, pra que sejam indicados em escolas e bibliotecas infantis e juvenis.
Não foi isso? :think:

Se for isso mesmo, eu pergunto o motivo de fazer assim.
Assim, porque tem que indicar pra um aluno de 8 anos a história do Thomas Jefferson e seu relacionamento sexual com a escrava?
Ou de uma tortura detalhada em um campo de concentração?

Acho que um livro (principalmente se for de história) precisa ser escrito com a maior veracidade e detalhamento possível, mas não vejo necessidade de ser indicado em escolas e bibliotecas para os mais jovens.
Embora ache que deva sim, estar disponível pra quem quiser ler.
Inclusive (como é até mencionado no texto) alguém de 11 ou 12 anos que tenha maturidade suficiente pra ler algo assim.

Mas o livro "de verdade" não "versão adulta" diferente da "versão juvenil" e esse coisa toda, que não faz o menor sentido. =/
 
É isso mesmo, @Clara - o que me deixa mais estarrecido ainda.

Acho que eu disse aqui uma vez, que parece que ninguém se importa em avaliar o conteúdo - ou o leitor - antes de fazer alguma recomendação.

Isso me lembra uns imbecis nos EUA que queriam cortar algumas cenas do Holocausto em A Lista de Schindler. Pois é.
 
Desafio: uma edição da Bíblia censurada para menores de 14 anos.

Sei lá, eu acho isso besta. Se quer ler sobre história americana e não tem cabeça pra aceitar como ela foi volte pra seu mundinho cor de rosa a Capricho. Ou saber de como os fatos ocorreram mancha sua imagem de como as pessoas se comportam? Bora falar da Alemanha nazista, mas aquilo de violência e racismo me agride, então vamos falar de outras coisas.
 

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