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Alegorias!?

Tolkien disse não gostar de alegorias, ao escrever suas obras não teve a intenção de demostrar nada pela narrativa de suas histórias, mas mesmo assim existem muitas coincidências no SDA que batem com o momento ao qual ele estava vivendo (guerra, ameaça de um regime totalitário e a luta para salvar o mundo dos nazistas).
Creio ser impossível descontextualizar um autor de sua época, sendo assim questiono:
Tolkien foi ou não influenciado pelo momento que vivia? Será que mesmo sem querer passou o sentimento dessa época conturbada para seus livros?
 
acho que é impossível não ser influenciado pelo ambiente em que ele vivia...
qualquer pessoa é sempre influenciada pelo que acontece ao seu redor e Tolkien tendo vivido a primeira guerra mundial na primeira pessoa e tendo o seu filho a lutar na segunda guerra mundial (creio que foi assim) foi, quase obrigatoriamente influenciado por isso...
 
Acho não só o que ele estava vivendo no momento mas tudo o que ele já havia vivido.
Tolkien apesar de ser um gênio, também era humano, tinha vontades, dores, resentimentos e todos características que um homem tem.
Acho que sim muitas coisas influenciam, mas nada fora do comum.
 
Um dos traços mais marcantes das obras ficcionais de Lewis, especialmente as infantis, é a alegoria. Por ela são revelados aspectos da realidade, possivelmente ocultos aos leitores, através de analogias que convidam à reflexão por meio do apelo à imaginação. Não é por outro motivo que os contos de fadas, a inspiração mitológica e a cosmovisão cristã conviveram lado a lado nos sete volumes de As crônicas de Nárnia, a grande obra de Lewis voltada para o público infanto-juvenil. Tolkien, por seu turno, alimentava uma concepção radicalmente diferente, pelo menos na aparência, acerca do papel da literatura. Ele não simpatizava em nada com as alegorias. Em entrevista, ele declarou expressamente: "Eu repugno a alegoria sempre que lhe sinto o cheiro." Imagino que essa desavença deve ter dado ensejo a muitas discussões entre os dois grandes amigos. Mas as razões de Tolkien para abominar a alegoria, assim como as de Lewis para empregá-las, encontram sua explicação numa concepção mais ampla. Tolkien não era um entusiasta do uso pedagógico da literatura, isto é, não cria que a exposição da realidade fosse, nesse sentido, seu objetivo principal. E qual era, então, o objetivo principal? A resposta encontra-se, também, na arraigada fé de Tolkien no cristianismo, e é expressa claramente em sua própria obra. Apesar de tudo isso eu acredito que as vezes havia traços da sua realidade nas obras, como já comentaram acima nos posts, é impossível não ser influenciado após ter passado por tantos fatos importantes ocorridos, Guerra, amizade, casamento, amizade, infância ... há sua infância, o Condado foi em parte baseado nos campos onde viveu quando criança. Então ao meu ver acho que houve traços (discretos) de influência da vida real com as suas obras.
 
Última edição:
Tem uma série de artigos que podem ajudar a esclarecer.
Muito mais com mais fundamentos que opniões.

D. Gerrolt: O livro é para ser considerado como uma alegoria?

J.R.R. Tolkien: Não. Eu não gosto de alegoria, não importa quando eu a percebo.
Fonte: Entrevista de J. R. R. Tolkien em 1971

A história pode ser lida sob muitos níveis. Mas o autor, um acadêmico e lingüista, professor por 39 anos, negou enfaticamente que fosse uma alegoria.
Fonte: Obituário

Obrigado pela sua carta. Eu espero que você tenha se divertido com O Senhor dos Anéis? Divertido é a palavra-chave. Pois ele foi escrito para entreter (em seu sentido mais elevado): para que a leitura seja agradável. Não há ‘alegoria’ moral, política ou contemporânea em todo o trabalho.

Ele é um "conto de fadas", mas um escrito - de acordo com a convicção que certa vez exprimi em um extenso ensaio chamado On fairy-stories que eles são a audiência apropriada - para adultos. Porque eu acredito que contos de fadas têm sua própria forma de refletir a verdade, diferentemente de alegoria, ou (sustentada) sátira, ou realismo, e em certos aspectos mais poderosa. Mas antes de tudo deve proceder apenas como um conto, excitar, deleitar, e em alguma ocasião comover, e internamente a seu próprio mundo imaginário, estar de acordo (literariamente) ao seu propósito. Ser bem sucedido nisso era o meu objetivo primário.
Fonte: Carta #181

O Senhor dos Anéis, como uma história, foi terminada há tanto tempo atrás que agora•posso ter uma visão amplamente impessoal desta, e encontro "interpretações" bastante divertidas; até mesmo aquelas que eu mesmo poderia fazer, que são principalmente post scriptum: Tive muito pouca intenção particular, consciente, ou intelectual em mente em qualquer ponto(a). Exceto por algumas revisões deliberadamente menosprezadas - tais como aquelas do Vol. II no New Statesman,³ nos quais você e eu fomos ambos açoitados com termos tais como "adolescente" e "infantil" - que leitores apreciativos ficaram de fora do trabalho ou visto assim pareceu bastante justo, mesmo que eu não concorde com isto. Sempre excluindo, naturalmente, quaisquer "interpretações" no modo de simples alegoria: quer dizer, o particular e tópico. Em um sentido mais amplo eu suponho que seja impossível escrever qualquer "história" que não seja alegórica na proporção em que esta ganha vida; uma vez que cada um de nós é uma alegoria, personificada em um conto particular e vestida com os trajes do tempo e lugar, verdade universal e vida perpétua.
Fonte: Carta #163

E por último, o link que a Anica já postou enquanto eu pesquisava para responder hehehe

Os conceitos de leitor-modelo e alegoria aplicados à Tolkien
 
Bom, acho que a resposta já foi dada, só vou colocar o que eu penso baseado em tudo que já foi dito, principalmente o texto da Ana e o post da Ainu.

Bem, por melhor escritos que Tolkien fosse, ele não conseguia ocultar (por mais que ele quisesse) seus sentimentos e as sensações que ele teve frente a passagens de sua vida. Isso fazia com que alguns acabassem refletidos não intencionalmente nas obras, por meio do seu subconsciente.

O mesmo acontece conosco: ao ler, acabamos por ver passagens de nossa vida (ou mesmo que, apesar de não terem acontecido conosco, chegaram a nosso conhecimento). E isso nos leva a encontrar "chifre em cabeça de cavalo", acreditando que o que lemos é o que queremos ler.

Bom, acho que é isso.
 
Basicamente, os outros colegas já disseram o que deveria ser dito, afinal temos sempre que ter em mente que quando alguém escreve uma história, por mais simples que seja, o autor é influênciado diretamente pelo o que ocorre a sua volta, ou pelo que aconteceu com ele. Tolkien não era muito dado a alegorias, mas podemos ver, sim, situações que aconteceram com ele durante sua vida.

A existencia da Ungoliant e da Laracna se refletiam por causa de um trauma que ele teve na infância, quando foi picado por uma tarântula, ou então Númenor, que surgiu de um sonho que ele teve na infância sobre uma ilha que afundava no mar e que acabou por se refletir nos sonhos de Faramir, ou a históra mais bela de todas, Beren e Lúthien que eram ele próprio e Edith, tanto que em seus túmulos está grafado os nomes. Tolkien era uma pessoa de opiniões fortes, exemplo: a grande critica aos elfos de Shakespeare. São nesses pequenos detalhes que estão as alegorias Tolkenianas.

Toda a obra de um autor é tem reflexo naquilo o que o autor viveu ou viu, e os maiores autores são capazes de transportar isso para o mundo que escreveu de forma tão sutil que é preciso que ele explique isso para que nós possamos enxergar, mas quanto onde ele cita esses detalhes os colegas aí em cima já colocaram os links \o/
 
Penso como meu antigo professor de História Contempôranea, que dizia não haver "homens a frente do seu tempo". Todos nós somos fruto e produto do nosso tempo, e somos influenciados por ele. Acredito que Tolkien tenha sido influenciado pelo momento histórico que vivia (um dos mais importantes, aliás) e pessoal também, mas essa influência toda não aparece de forma clara e nem consciente, já que ele mesmo não gostava de "bases alegóricas".
 
Última edição:
Eu acho que a intenção dele não foi precisamente fazer uma alegoria, mas de que sua obra foi influenciada pelo contexto em que ele viveu, não há dúvidas. O próprio Tolkien diz no Prefácio do Senhor dos Anéis, que se a história fosse construida para ser alegórica, teria até outro final.

já que Barad-dûr não seria destruída, e sim ocupada; o Anel não seria destruído, mas usado contra Sauron, este que seria escravizado, e não aniquilado, e Saruman, não conseguindo tomar o Anel para si, faria um para si próprio.
SdA, Prefácio, pág. XV.

Tolkien fala que sua "lenda" é aplicável, e não alegórica. Acho que dentro da aplicabilidade defendida por ele entram as questões que podem ser transferidas do romance para a análise do contexto da época, como os valores, os interesses, e outras coisas que um autor, inevitavelmente, coloca do mundo em que vive dentro de suas produções, pois fazem parte da mente do autor. Mas não penso que o romance se refira diretamente ao contexto, no que diz respeito ao enredo. Aos valores, pode até ser que sejam referências. Mas o enredo, não acredito que seja alegórico.
 
Tolkien fala que sua "lenda" é aplicável, e não alegórica. Acho que dentro da aplicabilidade defendida por ele entram as questões que podem ser transferidas do romance para a análise do contexto da época, como os valores, os interesses, e outras coisas que um autor, inevitavelmente, coloca do mundo em que vive dentro de suas produções, pois fazem parte da mente do autor. Mas não penso que o romance se refira diretamente ao contexto, no que diz respeito ao enredo. Aos valores, pode até ser que sejam referências. Mas o enredo, não acredito que seja alegórico.

Na verdade a aplicalidade a qual ele se refere na citação "acho que muitos confundem ‘aplicabilidade’ com ‘alegoria’; mas a primeira reside na liberdade do leitor, e a segunda na dominação proposital do autor" não está exatamente nesse ponto que você tocou, Mariana. Ficaria mais na noção de que ele tinha que como leitores cada um faz uma interpretação própria da obra, e nesse sentido o fulano que quiser ver na guerra do Anel uma alegoria para a Guerra mundial, ele tem toda a liberdade. Mas a questão da intenção do autor ninguém pode questionar, até porque ele deixa bem claro que não havia qualquer intenção de fazer de O Senhor dos Anéis uma obra alegórica.

No final das contas é aquilo: todo mundo que está postando aqui que sim, é alegórica, que não, não tinha como Tolkien deixar de refletir suas experiências pessoais em suas obras, na realidade está dando uma interpretação pessoal. Não está errado, mas como eu já enfatizei no meu artigo, passa um pouco longe do que seria o leitor ideal de O Senhor dos Anéis, visto que a intenção de Tolkien era fazer com que acreditássemos de fato na Terra-média (e não que pensássemos que é uma realidade fantástica criada para representar o que ele vivia durante a vida, que é o caso da leitura de O Senhor dos Anéis como alegoria).
 
Quanto ao contexto em que tolkien vivia, hummm... acho que não...
Mas creio que todo e qualquer ser humano tira de suas vivências (boas ou não) aspectos para criar.
Não falo somente na questão de criar histórias (apesar de parecer mais evidente), mas num contexto geral.
Todos nós carregamos simbolismos, cicatrizes e alegrias, simplesmente pq estamos vivos!
Alegoria, ao meu ver, é referenciar/reverenciar algo ou alguém.
E sinceramente não vejo nada relacionado à Segunda Guerra nas obras de Tolkien, por exemplo. Nada.
Tiranos sempre existiram, antes mesmo da Segunda Guerra.
Tribos sempre guerrearam entre si...
Faz parte da história humana tudo isso...
Pelo menos é o que penso.
 
Não, eu não li como alegoria e não, eu não acredito que SdA seja uma obra alegórica, como o próprio Tolkien afirmou no Prefácio do livro. Ele disse:

Quanto a qualquer significado oculto ou "mensagem", na intenção do autor estes não existem. O livro não é nem alegórico e nem se refere a fatos contemporâneos. (A Sociedade do Anel - Prefácio)

E ele continua:

É claro que um autor não consegue evitar ser afetado por sua própria experiência, mas os modos pelos quais os germes da história usam o solo da experiência são extremamente complexos, e as tentativas de definição do processo são, na melhor das hipóteses, suposições feitas a partir de evidências inadequadas e ambíguas. (A Sociedade do Anel - Prefácio)

O que primeiro eu entendi quando li ambas as passagens supracitadas, e ainda hoje entendo, foi que não há alegorias de forma alguma, mas é inevitável que haja influências de experiências vividas. E, ao escrever uma história, o autor põe nela seu modo de pensar, suas crenças, seus anseios, enfim, coloca a ele próprio dentro da obra. Creio que foi assim com SdA. Não é alegórico, mas sofreu influências ao ser escrito, como todo livros, suponho eu.
 
Acho que me coloquei mas no meu primeiro post.
Após ler o artigo consegui compreender melhor.
Como já foi coloca concordo e coloco que quando li e leio Tolkien não vejo como uma alegoria.
Cada leitor faz sua leitura e interpreta de sua forma.
E interpreta de sua forma.
O que quis dizer foi que acho normal qualquer escritor colocar coisas mesmo que incocientimente coisas que viveu que está vivendo .
Bem só colocando o que acho.
Gostei muito do artigo ajudo e muitooo!
 
E, ao escrever uma história, o autor põe nela seu modo de pensar, suas crenças, seus anseios, enfim, coloca a ele próprio dentro da obra. Creio que foi assim com SdA. Não é alegórico, mas sofreu influências ao ser escrito, como todo livros, suponho eu.

Tirou as palavras da minha boca!:hihihi:
Eu acho impossível algum autor não ser influenciado por algo, principalmente por coisas que estão ao seu redor e que foram vividas por ele.
 
A Ana e o Duilin já responderam a questão sobre o que Tolkien pensava sobre alegorias. E, de certa forma, o tópico demonstra o porque é tão difícil encontrar escritores de fantasia com grande destaque em nosso país. Será que é tão difícil imaginar um mundo ou um universo fantástico que não seja calcado na realidade? Onde está escrito que um autor de ficção ou fantasia deve seguir esta regra?

Para Tolkien seria muito fácil basear sua obra sobre os acontecimentos da Guerra, vide que seu filho lhe mandava cartas direto do front. O Professor também já havia participado como soldado na Primeira Guerra e, como ele próprio disse no Prefácio "Só estando sob a sombra de uma guerra para saber o quanto ela era opressiva", ou algo parecido.

E antes de tudo, Tolkien era um apaixonado por línguas e suas particularidades. Tanto é que foi com o intuito de dar vida ao Quenya e Sindarim que foi criado o Silmarillion e dele extraído o SdA, posteriormente.
 
A Ana e o Duilin já responderam a questão sobre o que Tolkien pensava sobre alegorias. E, de certa forma, o tópico demonstra o porque é tão difícil encontrar escritores de fantasia com grande destaque em nosso país. Será que é tão difícil imaginar um mundo ou um universo fantástico que não seja calcado na realidade? Onde está escrito que um autor de ficção ou fantasia deve seguir esta regra?

E quem foi que disse que é uma regra? É simplesmente conseqüência do ato de escrever. Escrever qualquer história, não somente histórias de fantasias. Não há como, humanamente falando, um autor deletar por completo a realidade em que ele vive ao escrever uma história. Sempre haverá influências, por mais inconscientes que sejam.

E se, no Brasil, não temos bons escritores de fantasia, como foi colocado, isso é culpa de nosso próprio contexto. A grande maioria dos brasileiros nem querer saber de livros e leitura. Por exemplo, no caso de SdA, já ouvi pessoas, que me viram lendo os livros, dizerem:"Você não prefere somente ver os filmes? É muito mais prático." É claro que há milhares de brasileiros amantes da leitura, mas você há de convir que somos em menor número.
 
Também acho que não é uma alegoria, embora, como alguns disseram, penso que é impossível escrever ou fazer qualquer coisa que não seja influenciada por nossa cultura e tudo o que vivemos.

Mesmo porque, a arte é o reflexo da sociedade.
 

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