É realmente interessante ver o desempenho da adaptação do Senhor dos Anéis em diversas mídias. Quanto à adaptação radiofônica, como já mencionei, é muito fiel aos livros. Isto se deve, em muito, ao tempo disponível, já que é composta de 13 episódios de 55 minutos cada, o que seria impossível de se realizar no cinema (embora fosse o sonho de muitos, inclusive o meu
). Mas o mais interessante é ver as atuações dos atores, dando vida aos personagens, em passagens que não vimos no cinema e que só existiam em nossa imaginação.
Daí parte, então, as inúmeras diferenças para com o filme, pois a versão radiofôncia tem a maioria dos diálogos, encontros e canções dos livros. É, portanto, uma boa pedida para aqueles que sempre foram curiosos em saber como seria cantada aquela canção, como seria o ritmo, etc.
Aliás, as canções desempenham um importante papel nesta adaptação, pois são elas que dão o tom épico, e conduzem o fio da narrativa em muitos momentos, mas principalmente nas batalhas. Chega a dar um certo arrepio escutar a canção dos Rohirim narrando os acontecimentos durante a batalha de Pelennor, num tom triunfal, fazendo com que ao mesmo tempo estejamos lá, no meio da batalha, bem como se estivéssemos a escutar sua narração dos lábios de um bardo élfico, sentados próximos a uma fogueira em Valfenda. Os ents também são de arrepiar em sua marcha rumo a Isengard.
Outro ponto são as canções dos hobbits, exalando tudo aquilo que esse pequeno povo representa, sinceridade, humildade e alegria (atenção para a canção no Ponei Saltitante).
E falando em hobbits, Sir Ian Holm, no papel de Frodo está muito bem (para quem não sabe, ele interpretou Bilbo no filme), mesclando bem a jovialidade, incertesa, medo, coragem e sabedoria contida do personagem. Ele não é um simples coitadinho como mostrado por Elijah Wood durante todo o filme.
Outros destaque do elenco são Sir Michael Horden, como Gandalf, e Peter Woodthorpe, como Gollum. Horden, tal qual McKellen no filme, soube dar vida ao mago Gandalf, dosando bom humor, ternura, sabedoria e imponência (na verdade, a atuação dos dois é muito semelhante, resguardada as diferentes mídias). Em relação a Woodthorpe, seu Gollum se tornou a minha referência para o personagem.
Outro ponto de comparação desta adaptação com o filme é em relação à Galadriel. Marian Diamond foi tudo o que Cate Blanchet não conseguiu. Demonstrou toda a ternura e beleza da senhora élfica, e seu momento de tentação pelo Anel não foi tão exagerado. Mas aqui tenho que ressaltar que houve quase meio episódio para desenvolver o personagem (com direito à canção Adeus de Galadriel), enquanto que Cate Blanchet teve menos de 10 minutos, se não me engano. Talvez com a versão extendida do filme, o problema seja solucionado, e retire a aura de vilã que marcou a elfa.
Quanto às semelhanças ao filme, elas são poucas, mas creio que PJ tenha tido grande influência desta adaptação para fazer seu filme. Dentre algumas, está o prólogo, explicando a origem do anel, eomo ele caiu nas mãos de Gollum, etc.
Tem o lance do anel, que quando exerce sua influência, tem narrado o poema de forma ameaçadora, além de um zunido, bem parecido com o filme.
Também aqui omitiram Tom Bombadil e consequentemente o Velho Salgueiro e a Colina dos Túmulos.
Tal qual o filme, a traição de Saruman é logo contada em seu encontro com Gandalf em Orthanc, não deixando a surpresa em saber o que acontecera com o Mago para ser revelada no Conselho de Elrond.
Para finalizar, devo mencionar que existem agradáveis surpesas para aqueles que leram os Apêndices do livro, além do Contos Inacabados.
Bem, é isso. Na minha opinião, uma adaptação muito bem feita, e que todos os fãs da obra deveriam conhecer.