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Notícias Acordo ortográfico não abriu o mercado brasileiro ao livro português

Ana Lovejoy

Administrador
Ao estabelecer uma ortografia unificada, o acordo ortográfico (AO) iria facilitar a circulação do livro português no Brasil. Este foi, entre muito outros, um dos argumentos brandidos em favor da sua aplicação. Agora que, tanto em Portugal como no Brasil, boa parte das editoras adoptaram o acordo, essa promessa começa já a concretizar-se? A resposta parece ser negativa.

Entre os três principais grupos editoriais portugueses, dois adoptaram o AO, abrindo apenas excepção para autores que rejeitem expressamente a nova ortografia. É essa a política da Porto Editora e da LeYa. No grupo Babel, cujo presidente, Paulo Teixeira Pinto, se opõe publicamente ao AO, segue-se a lógica inversa, explica Sara Menezes, do departamento de comunicação: "Utilizamos sempre a ortografia anterior ao acordo, a menos que o autor diga algo em contrário." E, garante, "não é nada frequente" que isso aconteça. A excepção à regra geral é o sector da literatura infanto-juvenil, em cujas edições a Babel já vem utilizando o AO.

A LeYa é hoje o único dos três principais grupos editoriais portugueses com um ramo brasileiro. A LeYa-Brasil publica edições generalistas, mas está também presente no livro escolar, através da chancela Alumnus. Tendo adoptado o novo AO já em Abril de 2011, a editora usa a norma europeia nas edições portuguesas e a norma brasileira nos livros destinados ao mercado brasileiro. O director de comunicação do grupo, José Menezes, diz que o AO "não foi relevante" para os projectos da Leya no Brasil e adianta que "dificilmente um livro publicado em Portugal pela LeYa sai no Brasil exactamente igual ao que saiu cá, e vice-versa".

A razão, diz Menezes, é que "há quase sempre a necessidade de se fazer um trabalho de adaptação do texto para os leitores de Portugal ou do Brasil, para alteração, por exemplo, dos diferentes termos usados de um e do outro lado do Atlântico". Simetricamente, este responsável da LeYa também não crê que o AO tenha vindo facilitar a divulgação de autores brasileiros em Portugal: "O interesse dos leitores depende da promoção que as editoras fazem, e não de outros factores."

O PÚBLICO não conseguiu ouvir Vasco Teixeira, da Porto Editora, que inicialmente se opôs ao AO, mas que veio adoptá-lo no seu grupo editorial já em Março de 2011, argumentando que a polémica deixara de fazer sentido a partir do momento em que o Governo calendarizara a aplicação do acordo no sistema de ensino e na administração pública. Mas um dos responsáveis editoriais do grupo, Manuel Alberto Valente, lembra que a Porto Editora tem "uma posição especial enquanto editor
a escolar" e "não pode fazer manuais escolares contra o que o Governo determina". Do mesmo modo, teria de regressar à grafia anterior, "se o acordo amanhã fosse revogado".

Sem experiência de "autores pretendidos pelo Brasil" que lhe permitam avaliar o impacto do AO nesse domínio, observa, no entanto, que "o acordo ortográfico não altera nada em relação aos problemas de incomunicabilidade", porque eles estão noutro lado e não no facto de escrevermos ‘acto’ ou ‘ato’".

Se não apostou até hoje no mercado brasileiro, a Porto Editora tem, no entanto, editoras em Angola e Moçambique, as Plural, que editam sobretudo livros escolares, e cujos manuais não utilizam o AO, uma vez que nenhum destes países o ratificou.

"A gente entende"
Num manifesto intitulado "A língua como motor económico", divulgado em 2012 no âmbito dos Colóquios da Lusofonia, iniciativa da qual Malaca Casteleiro, principal obreiro do AO pelo lado português, é assumido patrono, defende-se que "a unificação da ortografia permite a divulgação do mesmo texto em vários países", o que "não só facilita o acesso recíproco a todas as literaturas lusófonas", como "permite a publicação de edições únicas que poderão entrar em vários mercados livreiros".

Um cenário que a realidade não parece comprovar. E se o argumento, a ser verdadeiro, poderia seduzir editores portugueses, já o mercado editorial português não tem dimensão, com acordo ou sem acordo, para se tornar apetecível aos editores brasileiros. "A gente não pensa muito no mercado português", diz Ricardo Lelis, da editora Cosac Naify.

Assumindo não ser favorável ao AO — "Achei essa mudança ruim" —, Lelis não vê que este tenha feito qualquer diferença na relação com Portugal. "Nos autores portugueses que entram no Brasil, a grafia não é alterada, porque a gente entende e não tem muito por que mudar", diz. Foi o que aconteceu, por exemplo, na edição da obra de Fernando Pessoa pela Companhia das Letras, que assumiu a ortografia usada nas edições portuguesas da Assírio & Alvim, que até nem corresponde à ortografia usada pelo próprio Pessoa.

Mas Rui Couceiro, do grupo Porto Editora, chama a atenção para o facto de ser preciso distinguir entre os meios literários do Brasil, que "são leitores dos autores clássicos e contemporâneos portugueses", e a maioria dos brasileiros, que "estão muito menos expostos à oralidade portuguesa" do que os portugueses à brasileira, por via das telenovelas.

Isso mesmo observa Pedro Bénard da Costa, que trabalha em legendagem para a Cinemateca. Se "não faz sentido" usar em Portugal legendas em português do Brasil, observa, o inverso "seria muito pior, seria o caos". Parecendo-lhe "evidente" que o AO não evita que se continue a fazer legendas diferentes para os mercados português e brasileiro, Pedro Bénard da Costa argumenta: "A construção gramatical é completamente diferente, e há imensas palavras que não têm o mesmo sentido cá e lá."

fonte


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:sabia:
 
Falando naquilo que o governo gosta de fazer quando vai a Portugal... Fazer média. Não se sabe o que eles vão buscar ou deixar por lá nas visitas súbitas (antes do "dinheiroduto" cubano) mas com certeza tem a ver com fazer média sem haver integração.

a partir do momento em que o Governo calendarizara a aplicação do acordo no sistema de ensino e na administração pública.

Para criar um cronograma apenas político é sempre fácil porque é conveniente agora prever verbas para continuar os projetos que já estão em andamento é uma das coisas que o governo brasileiro faz de pior. Daí que quando da proposta original dos projetos nunca se fala na continuação das idéias, nem expansão ou redimensionamento e quando esperava-se que houvesse a nova etapa com novos cronogramas para integrar os mercados nada acontece.

Ocorreu o que iria ocorrer... O mercado digere mal mudanças que são simplesmente políticas e as casas publicadoras continuam tendo que contratar profissional para revisar todo o trabalho linha por linha uma vez que as culturas não são iguais (Portugal é na Europa).
 
E tem um português lá nos comentário que está bem puto:

O português do AO não é uma língua viva, nem plural e muito menos de qualidade. É uma mixórdia abandalhada e execrável sem nexo, sem regras, sem jeito nenhum que está a forçar uma união sem sentido entre Portugal e o Brasil.está a destruir o português original europeu, culto, prostituído às bananas tropicais do brasil, sem qualquer razão de ser.

:pipoca:
 
portuga esquentado disse:
está a destruir o português original europeu, culto, prostituído às bananas tropicais do brasil, sem qualquer razão de ser.

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Sobre o acordo ortográfico, saiu essa notícia na Agência Senado.

Grupo de Trabalho pretende simplificar ortografia da língua portuguesa

O prazo para a implantação definitiva do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em 1990 e promulgado em 2008, foi ampliado até 2016. As novas regras devem valer para Brasil, Portugal e mais seis países de língua portuguesa. A Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) criou, no ano passado, o Grupo de Trabalho Técnico (GTT) para simplificar e aperfeiçoar a ortografia. A intenção é definir – em conjunto –um idioma claro e acessível a todos.

Português simples

O adiamento do uso obrigatório da nova ortografia e a reformulação das normas adotadas são reivindicações de especialistas da área. Para reduzir a quantidade de regras e exceções, o GTT reúne o Centro de Estudos Linguísticos da Língua Portuguesa (CELLP), a Academia de Letras de Brasília (ALB) e o site Simplificando a Ortografia.

Até o fim do semestre, professores e estudantes dos países de língua portuguesa poderão discutir as alterações pelo site, fazer sugestões e elaborar relatórios. As melhores propostas serão escolhidas em setembro, no Seminário Internacional Linguístico-Ortográfico da Língua Portuguesa. Em seguida, os governos dos países de expressão portuguesa terão cerca de um ano para decidir o que deve ser simplificado.

– Pretendemos simplificar a língua portuguesa sem gerar prejuízos no processo pedagógico atual, ou seja, em relação àqueles que já conhecem a ortografia. Todos devem passar bem pelo processo de mudança ortográfica. Há outras preocupações, mas essa é a principal – explicou o professor Carlos André Pereira Nunes, vice-presidente do CELLP.

Debate

Apenas Brasil e Portugal têm datas definidas para a instalação das novas regras ortográficas. Os demais países - Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste - não têm prazo previsto e resistem a tornar as mudanças obrigatórias. Mesmo em Portugal, vários intelectuais assinaram uma petição para desvincular o país do Acordo Ortográfico.

"Não há um só professor de Português, uma única autoridade, um único cidadão capaz de dizer: eu entendo e sei aplicar as novas regras ortográficas", afirmou o presidente do Centro de Estudos Linguísticos, Ernani Pimentel, ilustrando as razões da controvérsia.

Muito discutido e alvo de críticas, o acordo motivou a realização de duas audiências públicas, em 2009 e 2012, organizadas pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado. Em comum, os debatedores apontaram a necessidade de uma língua mais abrangente e democrática que promova a inclusão social.


Fonte
 
Tava na cara que não ia dar certo, principalmente porque os portugueses sairiam ofendidos por ter mais mudanças pro lado deles.
Até hoje a única coisa que consegui decorar é que ideia não tem mais acento, só.
 
Não bastasse o tiro no pé esse acordo ortográfico, ainda tem o fato que os portugueses ainda insistem em usar letras "mudas" como em direcção, adopção, baptista o que pra nós não gera nenhuma mudança porque já abolimos, mas pra eles sim.
 
Axu ki a jenti tem ki eskrever fonetikamenti, ou kuasi, i era isu.
 

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