Um implante de silicone nos seios, feito há dez anos, ajudou a salvar a vida da empresária Jane Selma Soares, 35 anos. Ela foi baleada no peito ao fugir de um assalto, mês passado, em um dos acessos da Linha Amarela, em Bonsucesso. Na ocasião, mesmo ferida, Jane ainda dirigiu o carro por nove quilômetros, até a praça do pedágio, onde recebeu ajuda.
“Eu pensava que ia morrer, por causa da quantidade de sangue”, relembra a empresária. Segundo o cirurgião plástico Luiz Haroldo Pereira, que trocou a prótese e restaurou os seios de Jane, o silicone amorteceu a bala, impedindo que atingisse algum órgão vital.“É lógico que outros fatores também influenciaram, mas que o silicone ajudou, não há dúvidas”, garante.
A empresária levou dois tiros do lado esquerdo do peito. Uma bala atravessou as duas próteses e saiu pelo lado direito. A outra perfurou o silicone e se alojou entre duas vértebras, próximo ao abdômen. “Se não fosse a prótese, a bala poderia ter atingido o órgão”, afirma Luiz Haroldo.
Acidente comprova qualidade do material
“Eu fiquei satisfeita duas vezes. O meu seio ficou lindo e ainda me salvou a vida”, diz Jane, que está assustada com a violência das ruas e ficou com muito medo de sair de casa. Com a necessidade de troca do implante, Jane aproveitou para colocar uma prótese maior. De 155ml, passou a ter 300ml de silicone.
O cirurgião plástico ressalta ainda que o acidente comprova a qualidade das próteses produzidas atualmente. “A bala perfurou o material de um lado a outro e mesmo assim a prótese não rompeu”, explica. Na década de 80, muitas mulheres tiveram sérios problemas, inclusive deformações no corpo, por causa do rompimento da prótese e da dispersão do silicone no organismo.
Hoje, as próteses mais utilizadas são feitas de gel coesivo, mais consistentes. Os mais indicados são os silicones texturizados ou revestidos de poliuretano. Os médicos, no entanto, não aconselham o uso do silicone como colete salva-vidas. “Até com esses podemos ser mortos”, lembra.