Valério deu ao MP provas de que depositou dinheiro para vários partidos
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RIO e BELO HORIZONTE - O advogado Marcelo Leonardo, que representa o publicitário Marcos Valério de Souza, acusado de operar o mensalão, confirmou que as declarações prestadas pelo cliente na quinta-feira ao procurador-geral da República, Antônio Fernando Souza, darão novo rumo às investigações. Segundo o advogado, Valério citou outras pessoas, entregou documentos e aguarda agora novos desdobramentos para o caso. Ele fez declarações que foram bem além do que tinha dito à CPI, segundo Leonardo.
Na quinta-feira, Valério procurou o Ministério Público federal para dizer que está disposto a revelar o que sabe em troca do benefício legal da delação premiada. Esse instituto prevê redução de pena para pessoas envolvidas em crimes que colaboram com a Justiça. O advogado informou ter sido feito um compromisso de sigilo com o Ministério Público Federal sobre as declarações de Valério. Ele adiantou que o publicitário voltou a negar ser operador do suposto mensalão. Segundo Leonardo, Valério espera que outras pessoas assumam responsabilidades.
Em seu blog no Globo Online, nesta quinta-feira, o colunista Jorge Bastos Moreno revela que Valério entregou ao Ministério Público documentos que provam que ele depositou dinheiro nas contas de políticos do PT, PSDB, PTB, PP, PMDB e PL. "Parece que só sobrou o Partido Verde, mas ainda a conferir", comenta Moreno. Segundo o blog, Valério poupou o amigo Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, conforme acordo firmado entre ambos na última segunda-feira em Belo Horizonte.
O procurador-geral não quis revelar o conteúdo das declarações. O depoimento durou cerca de duas horas. Na conversa, o empresário teria dado informações sobre seu relacionamento com petistas e também com políticos da oposição. O empresário teria dito ao procurador-geral que tem informações sobre todas as operações que fez com políticos do PT, do PSDB e do PMDB desde o governo passado.
Moreno comenta também a denúncia do líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), de que assessores de deputados petistas e um deputado em pessoa teriam estado na agência do Banco Rural no Brasília Shopping, que seria usada para o pagamento do mensalão, no mesmo dia de saques de mais de R$ 100 mil em contas das agências de Valério. "O fato de assessores do deputado Paulo Delgado (PT-MG) terem ido ao Banco Rural de Brasília não significa que ele esteja no mensalão do Marcos Valério. A única coisa que Paulo Delgado tem em comum com os 'anões do PT' é a estatura, o que não é defeito nenhum. Até mesmo considerando a hipótese de Delgado ter recebido ajuda de campanha das empresas do Marcos Valério, que este blog desconhece, nem por isso Paulo Delgado deixaria de ter o conceito e admiração reconhecida por todos. Ajuda de campanha, todos eles recebem. Receber mensalão é outra coisa", escreve o colunista no blog.
Mas ressalva:
"Tem uma turma do PT, um grupinho de baixinhos, que é mais perigosa que os ex-anões do Orçamento".