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"A Sociedade de Corte" (Norbert Elias)

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Excluído a pedido
Um ótimo livro para se ler, com certeza, é A Sociedade de Corte, do sociólogo alemão Norbert Elias, no qual ele analisa a etiqueta no âmbito cortesão como uma forma de dominação utilizada pelo rei (o foco principal da análise é o reinado de Luis XIV, mas não se restringe a este recorte). Tem uma breve explanação sobre a tese do autor abaixo, retirada de um trabalho que fiz em História Moderna, segundo a qual a corte se constitui como uma relação de interdependência, o que gera tensões. E o elemento que Elias aponta para controlar essas tensões é justamente a etiqueta. O rei favorece ora um, ora outro cortesão, usando os mecanismos da etiqueta, de modo a incitar as tensões, os ciúmes, e a usá-los a seu favor.
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A corte se constitui como o campo de dominação do rei, o que implica na existência de uma rede de homens e grupos na qual se estabelece uma relação de interdependência, que como tal produz em seu interior um certo grau de tensões. Tensões essas que devem ser exploradas pelo rei de modo a buscar relativo equilíbrio entre os grupos e pessoas que compõem a corte, o seu campo de dominação. No século XVII o rei Luis XIV encontrava-se diante de uma situação até certo ponto delicada. Ele precisava controlar as tensões existentes no próprio seio da nobreza, assim como ele não poderia deixar de dar atenção à burguesia ascendente, que adquiria cada vez mais importância nas esferas econômica e social. Este último grupo começou gradativamente a ganhar espaço no âmbito administrativo, por razões que veremos mais adiante. [...]<?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /><o:p></o:p>
O que caracteriza esse âmbito de dominação é o uso das hostilidades entre os súditos para a diminuição da hostilidade dirigida ao rei, o que acaba por aumentar a dependência em relação ao mesmo. Resumindo: a nobreza não se voltava contra o rei porque esse fornecia chances de prestígio e os elementos provenientes da burguesia não se voltavam contra o soberano autocrata porque estes lhe deviam sua posição na corte. Entretanto o monarca devia manter as tensões entre os diversos grupos e pessoas que compunham tal ambiente em relativo equilíbrio, de modo que estas se anulassem e nenhuma hostilidade pudesse se voltar contra o monarca. [...]
<o:p> É através da etiqueta que o rei equilibrava as tensões existentes em seu campo de dominação. Renato Ribeiro Janine, em seu livro A Etiqueta no Antigo Regime faz uma observação relevante para o nosso objeto:<o:p></o:p>
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“Tomemos o caso da França: os duelos aumentam de número durante o século XVI e a primeira metade do XVII, em função da pouca autoridade dos reis, da introdução das novas doutrinas italianas do pundonor e do aparecimento do espadagão; porém, sob o absolutismo, os nobres vão bater-se cada vez menos. Não é mera coincidência que vá florescer, então, a etiqueta: ela é o meio pelo qual os reis vão domesticar a honra, fazendo-a fluir do trono em vez da iniciativa individual. É no sorriso de Luis XIV, mais que na espada de duelista, que o nobre vai sentir-se honrado.” (RIBEIRO, 1983: 70-71)</o:p>

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(TRECHO RETIRADO DE UM TRABALHO MEU EM HISTÓRIA MODERNA)

Com o perdão do longo texto, eu gostaria de propor uma discussão. Como se dava essa relação nas cortes do Legendário Tolkieniano?

Um aristocrata é um homem de honra. Sendo assim, ele almeja posições que lhe conferem um certo prestígio social. E o serviço do rei é ideal para isso.

Sabemos que alguns reis têm os seus eleitos, a sua nobreza. Em Doriath, por exemplo, temos um bom exemplo. Saeros ao entrar nos salões do Rei e ver Túrin sentado em seu lugar considerou afrontada sua honra, o que desencadeou o conflito que todos sabemos. É importante acrescentar que, estando num ambiente de corte, Saeros invejava o favor do rei a Túrin, o que me leva a crer, baseando-me na tese de Elias, que Thingol não sabia administrar bem as tensões surgidas das relações de interdependência no seu domínio.

O que lhes parece? =P
 
Re: A Sociedade de Corte

Realmente um ótimo livro, Historiando. Tive o prazer de lê-lo na faculdade e fazer um seminário sobre ele. Elias nos mostra a vida na corte de Luís XIV, os costumes, os rituais, toda aquela frescurite para nós, mas que fazia muito sentido para eles da época.
Muito bom, também recomendo!
 

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