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A pequena princesa Mi

zorba

VAI CORINTHIANS!
cara... me fascinei pelo poema descrito no livro "As Aventuras de Tom Bombadil" sobre a pequena princesa Mi.... ele tem um ar de mistério e simplicidade ao mesmo tempo, beleza e dualidade... muito bom...

segue aqui a tradução de William Lagos, uma tradução formal, sem rimas e tal... a tradução bruta da coisa:


A pequena princesa Mi,
Que adorável ela era!
Como é cantado nas canções dos elfos:
Ela trazia pérolas nos cabelos,
Trançadas com delicadeza;
De seda fina tecida com fios de ouro
Eram feitosos seus lenços;
Havia uma trança de prata
De estrelas ao redor de sua garganta.
Leve como casulos de mariposas
E branco como a luz da lua,
Era o casaco tricotado que ela usava;
E ao redor de sua cintura
Estava amarrado o cinto,
Marchetado com o orvalho de diamantes.

Ela caminhava durante o dia,
Usando um manto cinzento
E um capuzdo azul à volta das nuvens;
Mas ela andava de noite,
Brilhando de lantejoulas,
Sob o céu iluminado pelas estrelas;
E seus frágeis chinelinhos,
Feitos de escamas de peixes,
Reluziam onde quer que ela passasse
Para a lagoa em que dançava
E no espelho fresco
Das águas sem vento ela brincava,
Como uma névoa de luz,
Na fuga de um redemoinho,
Deixava um brilho como reflexo na vidraça,
Onde quer que seus pezinhos,
Evanescentes como mercúrio,
Sapateassem de leve no assoalho da dança.

Ela olhava para o auto
Contemplava o céu sem teto
E voltava as vistas para a praia ensombrecida;
Depois virava a cabeçe,
E seus olhos abaixava,
Para ver o movimento embaixo dela
De uma Princesa Si,
Tão bela quanto era Mi,
Cujos pés tocavam a ponta dos pés dela!

Si era uma jovem tão leve
Quanto Mi e de igual brilho,
Mas Si estava, que coisa mais estranha!...
Com a cabeça virada para baixo,
Usando uma coroa de estrelas,
Dançando dentro de um poço sem fundo!
Seus olhos rebrilhantes
Cheios de grande surpresa,
Se erguiam para fitar os olhares de Mi:
Era uma coisa maravilhosa,
Que, de cabeça para baixo,
Ela ondulasse sobre um céu estrelado!...

Apenas os pés das duas
Podiam jamais se tocar,
Pois onde poderiam estar os caminhos
Que conduzem a um país
Onde não se anda em pé,
Mas pendurados sobre um céu de estrelas?...
Ninguém poderia dizer,
Nem aprender tal encanto,
Em toda a sabedoria reunida pelos elfos.

Tão tranquila e tão sozinha,
Princesa élfica solitária,
Prosseguia dançando igual que antes,
Com pérolas nos cabelos,
Com sua cintura bela,
Com seus chinelinhos frágeis,
Feitos de escamas de peixes, Mi continuava:
E com suas escamas de peixes,
E com seus chinelinhos frágeis,
E cintura também bela,
E pérolas nos cabelos, Si dançava!...


aqui a tradução de Ronald Kyrmse, moldada para encaixar as rimas:

Princesinha Mi,
Mais linda não vi
Como elfos cantam em coro:
Pérolas na testa
E traje de festa;
De gaze enfeitada de ouro
Lenço à fronte alta,
E trança de prata
De estrelas à garganta.
Da mais leve seda,
Luar e labareda,
É tecida sua manta,
Tem na saia um cinto
Feito labirinto
Com orvalho de diamante.

De dia a vestimenta
É capa cinzenta
E capuz de azul brilhante;
Mas de noite anda
Mui brilhante e branda
Sob o céu de astros crivados,
No sapato um feixe
De escamas de peixe
Brilha quando passa ao lado
Da fria lagoa
Onde dança à toa
Sobre a água que é espelho.
Qual luz e neblina
Ela dança e patina
Com vidro de brilho parelho
Lá onde arrebata
Os seus pés de prata
Na pista de dança tão fria.

Erguendo sua vista,
Bailando otimista,
Ela fita a margem sombria;
E volta-se então
Com esta visão:
A Princesa Si,
Linda como Mi:
Elas dançam pé contra pé!

Si é tão leve
Como Mi se descreve;
Porém Si, que coisa estranha,
Tem pra baixo a cabeça
Em postura avessa
Num abismo de altura tamanha!
Seu olhar brilhante
Se admira diante
Dos olhos de Mi do outro lado:
Princesa travessa
De ponta-cabeça
Acima de um mar estrelado!

Só pé contra pé
Seu encontro é;
Pois qual será a estrada
Para esse país
Cuja gente feliz
Sem cair caminha virada
Ninguém sabe dizer
Nem consegue aprender
Dos elfos na sabedoria.
Por isso caminha
A elfa sozinha,
Que costuma dançar todo dia,
Pérolas na testa,
Roupa de festa,
O sapato com feixe
De escamas de peixe tem Mi:
De escamas de peixe
O sapato com feixe,
Roupa de festa,
Pérolas na testa tem Si!


em ambas as traduções fala-se sobre os elfos... que Mi era uma elfa e Si (provavelmente) também, pois eram uma a semelhança da outra... e na última estrofe o bate-rebate sobre os acessórios das duas é muito bom...


segue aqui o original em inglês:

"Princess Mee"

Little Princess Mee
Lovely was she
As in elven-song is told:
She had pearls in hair
All threaded fair;

Of gossamer shot with gold
Was her kerchief made,
And a silver braid
Of stars about her throat.
Of moth-web light
All moonlit-white
She wore a woven coat,
And round her kirtle
Was bound a girdle
Sewn with diamond dew.

She walked by day
Under mentle grey
And hood of clouded blue;
But she went by night
All glittering bright
Under the starlit sky,
And her slippers frail
Of fishes' mail
Flashed as she went by
To her dancing-pool,
And on mirror cool
Of windless water played.
As a mist of light
In whirling flight
A glint like glass she made
Wherever her feet
Of silver fleet
Flicked the dancing-floor.

She looked on high
To the roofless sky,
And she looked to the shadowy shore;
Then round she went,
And her eyes she bent
And saw beneath her go
A Princess Shee
As fair as Mee
They were dancing toe to toe!

Shee was as light
As Mee, and as bright;
But Shee was, strange to tell,
Hanging down
With starry crown
Into a bottomless well!
Her gleaming eyes
In great surprise
Looked up to the eyes of Mee:
A marvellous thing,
Head-down to swing
Above a starry sea!

Only their feet
Could ever meet,
For where the ways might lie
To find a land
Where they do not stand
But hang down in the sky
No one could tell
Nor learn in spell
In all the elven-lore.

So still on her own
An elf alone
Dancing as before
With pearls in hair
And kirtle fair
And slippers frail
Of fishes' mail went Mee:
Of fishes' mail
And slippers frail
And kirtle fair
With pearls in hair went Shee!
 
Última edição:
Eu também amo esse poema, um dos melhores do livro. A tradução do Kyrmse ficou ótima, passou uma sensação de leveza que combina muito com o poema. Os versos são curtos e simples, sem muita rebuscação. Lembram muito a graça e a beleza da dança de Mi sobre o lago.

em ambas as traduções fala-se sobre os elfos... que Mi era uma elfa e Si (provavelmente) também, pois eram uma a semelhança da outra... e na última estrofe o bate-rebate sobre os acessórios das duas é muito bom...
Bem, se Mi é uma elfa Si só pode ser uma também, já que pelo menos na minha interpretação do poema, Si é só o reflexo de Mi no lago. Elas são idênticas e dançam "pé contra pé": o pé de Mi toca o seu reflexo no lago exatamente no pé.
 
Última edição:
pois é, e diz tbm que Si estava de cabeça para baixo... mais um intento de que Si era o reflexo de Mi... uma a semelhança da outra... ambas elfas...

só gostaria de saber a época que elas viveram (se é que viveram mesmo) e em que lugar...

e achei a tradução do William muito boa tbm, apesar de ser bruta, sem rimas e talz... pra mim ficou tão boa quanto a 'moldada' pelo Kyrmse...
 
zorba, não acho que exista um quando ou onde. Elas não foram feitas para se encaixar no legendarium de Tolkien. Muitos dos poemas, inclusive este, não tem ligação com o legendarium (exceto pela menção de elfos).

Não fazem parte do mundo de Arda.
 
hum... isso mesmo que eu queria saber Célio... se tem alguma relação do poema do velho Tom com Arda... pois já que ela(s) é(são) elfa(s), pensei que ela(s) já tinha(m) estado em Arda e talz... sabe se em alguma carta fala sobre isso? sobre a não-relação dos poemas de Tom com o Legendarium??
 
hum... isso mesmo que eu queria saber Célio... se tem alguma relação do poema do velho Tom com Arda... pois já que ela(s) é(são) elfa(s), pensei que ela(s) já tinha(m) estado em Arda e talz... sabe se em alguma carta fala sobre isso? sobre a não-relação dos poemas de Tom com o Legendarium??
Não há nada de especial que diga "hm, eles não tem relação com o legendarium", mas a própria composição e análise dos poemas mostra que não tem. A maioria dos poemas foi composto ao longo dos anos. Eles trazem muitas vezes alguns termos e elementos do legendarium, muitas vezes descartados depois de um tempo (o Homem da Lua, por exemplo, existia mesmo no Lost Tales).

Como evidências de que eles não pertenciam ao legendarium, temos, por exemplo:

  • A falta de menção de elementos desses poemas em quaisquer outros lugares. Mi, Si, o Castortexugo, e até mesmo originalmente o próprio Tom, foram criados exclusivamente para os poemas, sem qualquer base mitológica que Tolkien dava aos seus personagens.
  • Sempre que Tolkien criava um personagem para ser inserido no legendarium, dava detalhes, posteriormente, de sua raça, vida etc. A única exceção é o Tom. Os personagens dos poemas não tem esse detalhe.
  • Os poemas muitas vezes são inconsistentes com o resto do legendarium (veja o caso de Pervinco, é muito incoerente com o resto da Obra).
  • Tolkien escreveu alguns esses poemas muito cedo, e incluiu aqui e ali elementos da Mitologia. Quando os organizou para a publicação, não se preocupou em adaptar os conceitos dos poemas com os atuais estágios da Mitologia, coisa que faria se ele tivesse ligação com o resto da Obra. Por exemplo, o Homem da Lua: estava presente no Lost Tales, mas não nas versões posteriores do Silmarillion. Se o poema fizesse parte da Mitologia, esse detalhe não teria passado despercebido, e o poema certamente não seria publicado.
O caso d'O Hobbit era o mesmo que o dos poemas: originalmente não fazia parte do legendarium, embora contivesse menções a ele. A entrada do livro na Mitologia se deu bem depois, com a escrita do SdA.
 
Assim que terminei de ler esse e outros poemas do livro d'As Aventuras de Tom Bombadil, achei que eram só alguma das histórias mirabolantes de Tom, ou que talvez Tom as tenha vivido a muito tempo, ou só a imaginação do Velho Tom.

Não acho que qualquer um deles tenha uma profunda relação com a história de Arda, salvo algumas citações em alguns dos poemas, de pessoas ou lugares que já nos é conhecido desde outras histórias.
 
então, mas no poema: "Tom Bombadil passeia de barco" eu acho que temn algumas passagens que, mesmo que não dê a certeza de que essas passagens fazem parte de Arda, levam a crer que tem no mínimo um pingo de relação, mesmo que isso não faça as passagens desse poema fazerem parte REALMENTE do Legendarium e coisa e tal...

*esse poema fala do Velho Salgueiro Homem;
*do rio Brandevinho(supostamente o Brandevin);
*fala da volta do Rei;
*de Hobbits do outro lado do Brandevinho;
*e fala do Sr Maggot (supostamente o velho Magote);
*fala de Bri;
*e do rio Voltavime.

fala tbm de outros lugares que não fazem parte do Legendarium (eu pelo menos não conheço), como:

*Rio do Feno;
*Martim-pescador azul;
*o Velho Cisne da Ilha da Enguia;
*atracadouro do Grindwall;
*Colina do Espinheiro;
*cais de Mithe;
*Capinzal dos Sepulcros;
*Colinas da Atalaia.

esse poema mistura lugares conhecidos de Arda (pelo menos acho que são) com lugares distintos (novamente na minha concepção)... mas será isso apenas um fato isolado?? sem menção de ambos os lugares estarem ou não relacionados com Arda???
 
esse poema mistura lugares conhecidos de Arda (pelo menos acho que são) com lugares distintos (novamente na minha concepção)... mas será isso apenas um fato isolado?? sem menção de ambos os lugares estarem ou não relacionados com Arda???
Não é um fato isolado, zorba. Como eu disse, é comum o Professor colocar lugares, nomes, até mesmo situar alguns de seus escritos em Arda, mas sem ligação pretendida com a mitologia "oficial".

Por exemplo: O Hobbit foi escrito originalmente para não fazer parte da Mitologia oficial. Ele se passava em Arda, mencionava orcs, elfos, Noldor, Elrond, mas não foi pretendido como parte da Mitologia. Por isso havia fatos que não se encaixavam totalmente com o fatos do Silmarillion. O livro só entrou para o legendarium depois.

É esse o caso dos poemas: se situam em Arda, sem fazer parte do legendarium.
 
Penso que nos milhares de anos de existência de Arda, os lugares e personagens citados nos poemas poderiam realmente ter existido, porém, sem influência na trama central, contada em detalhes por Tolkien. Seriam assim acontecimentos paralelos à historia do Silmarillion ou do SdA...


E voltando para o poema sobre as princesas Mi e Si, gostaria que vocês atentassem o seguinte: Mi e Si são notas musicais.

Não tenho certeza, mas há uma relação importante de formação de acordes entre as duas notas.
Isso me deu a idéia maluca de que do outro lado de um reflexo, as notas soam diferentes...
talvez em baixo da água...

Não sei se Tolkien tinha conciência disso, e devo pesquisar mais, mas achei que era interessante compartilhar essa idéia...
 
Interessante, teoria, Eruor!

Mas temos que verificar melhor, pois no original os nomes delas são Mee e Shee. Eu não sei quais são os nomes das notas na Inglaterra, mas as notações dessas notas são, se não me engano, E e B.

Resta saber como é a pronúncia delas.
 
Penso que nos milhares de anos de existência de Arda, os lugares e personagens citados nos poemas poderiam realmente ter existido, porém, sem influência na trama central, contada em detalhes por Tolkien. Seriam assim acontecimentos paralelos à historia do Silmarillion ou do SdA....


penso assim tbm Eruor... nada concreto, mas penso que possa haver essa relação paralela entre os poemas e Arda... apesar dos argumentos do Célio serem muito consistentes... mas isso não seria um absurdo... apenas uma omissão dos fatos nas obras como Sda, Silma, etc...


E voltando para o poema sobre as princesas Mi e Si, gostaria que vocês atentassem o seguinte: Mi e Si são notas musicais.

Não tenho certeza, mas há uma relação importante de formação de acordes entre as duas notas.
Isso me deu a idéia maluca de que do outro lado de um reflexo, as notas soam diferentes...
talvez em baixo da água...

Não sei se Tolkien tinha conciência disso, e devo pesquisar mais, mas achei que era interessante compartilhar essa idéia...


cara... não entendi direito esse papo não...


o acorde Mi é formado por quatro notas: Mi, Si, Mi, Sol#... se formos contar as seis casas do violão seriam: MI, Si, Mi, Sol#, Si, Mi


o acorde SI é formado por quatro notas: Si, Fa#, Si, Ré#... se formos contar as seis cordas do violão seriam: Mi, Si, Fa#, Si, Ré#, Fa#...

os dois acordes não são parelhos e nem se refletem...
"do outro lado de um reflexo, as notas soam diferentes"

explica melhor isso cara...
 
Interessante, teoria, Eruor!

Mas temos que verificar melhor, pois no original os nomes delas são Mee e Shee. Eu não sei quais são os nomes das notas na Inglaterra, mas as notações dessas notas são, se não me engano, E e B.

Resta saber como é a pronúncia delas.

Bem lembrado, Célio. Agora não sei mais se minha tese tem base...
Pelo que vi não existe relação entre B e Shee...
Porém, Mee poderia ser uma adaptação para o inglês do Mi latino, mas então Shee seria See...
Mas como See significa Ver em inglês, talvês o h tenha sido incluido na adaptação.
Pode haver intenção por parte de Tolkien, mas também pode ser que a minha vontade de encontrar essa intenção seja a única ligação entre as notas e as princesas...

cara... não entendi direito esse papo não...


o acorde Mi é formado por quatro notas: Mi, Si, Mi, Sol#... se formos contar as seis casas do violão seriam: MI, Si, Mi, Sol#, Si, Mi


o acorde SI é formado por quatro notas: Si, Fa#, Si, Ré#... se formos contar as seis cordas do violão seriam: Mi, Si, Fa#, Si, Ré#, Fa#...

os dois acordes não são parelhos e nem se refletem...
"do outro lado de um reflexo, as notas soam diferentes"

explica melhor isso cara...

Como falei, não sou um músico, apesar de tocar um pouco de violão.
Mas se você está dizendo que não há relação musical entre elas, eu acredito...

Mas a parte "do outro lado de um reflexo, as notas soam diferentes" é sobre uma aula de física à qual prestei pouca atenção, que falava sobre a dicipação do som na água...

Desculpem-me se eu estou falando besteira, mas esta idéia me veio a cabeça e decidi compartilhá-la com vocês...
 
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