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A mídia e a "fabricação" do consenso.

Paulo

Cabeça de Teia
O título do tópico é uma clara referência ao documentário “Manufacturing Consent: Noam Chomsky and the Media” (disponível de várias formas). O documentário é brilhante, assistam! No entanto, este tópico não é sobre o documentário, mas está diretamente relacionado ao seu tema.

A linha de argumentação principal do documentário é como a “fabricação” do consenso (ou do “consentimento”) acontece em sociedades democráticas. Chomsky desenvolve isto com a seguinte oposição:

It’s not the case, as the naive might think, that indoctrination is inconsistent with democracy. Rather, as this whole line of thinkers observes, it’s the essence of democracy.
The point is that in a military State or a feudal State or what we would nowadays call a totalitarian State, it doesn’t much matter what people think because you’ve got a bludgeon over their head and you can control what they do.
But when you can’t control people by force and when the voice of the people can be heard, you have this problem. It may make the people so curious and so arrogant that they don’t have the humility to submit to a civil rule and therefore you have to control what people think. And the standard way to do this is to resort to what in more honest days used to be called propaganda. Manufacture of consent. Creation of necessary illusions. Various ways of either marginalizing the general public or reducing them to apathy in some fashion.


Se, por um lado, a coerção é peça fundamental em qualquer sistema de dominação (e/ou hegemonia), o consenso também o é. Chomsky desenvolve sua argumentação baseado em toda uma linha teórica a respeito deste par conceitual. E a lógica central é esta: na fabricação do consenso, em sociedades democráticas (e contemporâneas, ainda que isto seja óbvio), a mídia tem papel fundamental.

É partir desta questão que o documentário se desenvolve, seja a partir de exemplos, outros conceitos, imagens de arquivo, entrevistas etc. A dinâmica do documentário é bastante ágil, lembrando, não por acaso, o que acontece em The Corporation (do mesmo diretor).

Mas, este tópico realmente não é sobre o filme. Usei este apenas como exemplificação de uma questão é que bastante atual e clara para qualquer um: o papel da mídia na nossa sociedade.

A discussão é certamente mais extensa e mais complexa do que pode ser abordado em um espaço como o fórum, mas acho que ainda assim vale a reflexão, mesmo que inicial.

O documentário oferece bases para a discussão e crítica de suas premissas, favoráveis ou não, mas o desenvolvimento desta não precisa (e não deve) ser pautada no mesmo.

Um caso bastante próximo é o papel da mídia nas eleições nacionais, muitas vezes mudando totalmente o foco das discussões e, até mesmo a definição da própria eleição. É interessante notar, no entanto, que não se trata de “responsabilizar” determinada emissora de televisão ou jornal, o movimento é geral em toda a “grande mídia”.
Na mesma linha, oferecendo campo bastante vasto para a observação, o debate sobre as questões “centrais” (ou assim denominadas) referentes a plebiscitos também é difundido através desta mesma mídia. Eu não tenho dúvidas do papel determinante que esta desempenhou no resultado do plebiscito referente ao desarmamento e que desempenhará (e já o faz) nos futuros, como pena de morte e aborto.

Uma observação importante: A intenção aqui não é tratar a mídia como um bloco homogêneo e completamente coeso. É necessário fazer algumas distinções: o termo “mídia” é empregado aqui sendo referente ao que é comumente chamado de “grande mídia”. E não é difícil notar que existem diferenças de posturas e de opiniões nesta mesma grande mídia. É verdade que as notícias freqüentemente são extremamente parecidas, mas, em alguns momentos, conseguem ser bastante diversas. Cito mais uma vez o caso do desarmamento: A Globo deixou bastante clara uma posição favorável a este, enquanto outros setores da mídia (como a revista Veja) optaram pelo contrário. Isto invalida toda a discussão a respeito da “fabricação” do consenso? Obviamente não. Reafirmo que é preciso analisar as questões de forma global e não é difícil compreender que nenhum bloco é totalmente coeso. Existem discordâncias mesmo intra-classes. No entanto, basta ver que as questões postas em discussão, a despeito da posição assumida (favorável ou não) são as mesmas.

A partir destas premissas, a questão não parece ser se o papel da mídia é “bom” ou “ruim”, mas como é possível que este seja explicitado e sua influência minimizada.
 

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