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A Literatura de Fantasia ATUAL

Resolvi criar esse tópico tanto porque o tema está na minha cabeça há alguns dias, quanto por causa do que tenho lido - na Valinor e fora dela - a respeito do tal Martin.

Tirado do tpc sobre Martin:

é um meio que ele viu de expressar sua própria história medieval, pode ser fã reprimido do Tolkien ou não, mas tem talento nesse aspecto e ele inovou um pouco em gênero épico, afinal, precisamos de livros medievais, não da pra reler Tolkien toda vez que quizer ler uma hisótia épica (hahahaha).

Mas aí eu me faço a pergunta: para ser épico tem que necessariamente ser Medieval? Ou, em alguns poucos casos, Antiguidade?
Me surpreenderia um autor que viesse como uma história épica ambientada em outro período, isso sim! Renascentismo ou Iluminismo, por exemplo [sem ser coisa de Vampiro e semelhantes, peloamordeDeus!!!]

Acontece que - ilusoriamente, já que geralmente há muitos erros comuns nesse tipo de ambientação (não sei se é o caso do Martin, pois ainda não li) - a época medieval se tornou "confortável" para autores de fantasia, porque já vem tudo mastigado.
Todo mundo sabe mais ou menos - ou acha que sabe, como disse, sempre há erros - como deve ser: mulheres com vestidos longos, banquetes com carne de animais selvagens recém-abatidos, muito vinho e queijo, tavernas, latrinas a céu aberto, ruas enlameadas, armaduras, espadas longas e pesadas, transporte a cavalo, capas de viagem, rabecas e gaitas de foles, luz de vela, um jeito peculiar e antiquado de falar, duelos, guerras, mulheres extremamente religiosas, outras depravadas e muito fáceis e uma parcela astuta que adora intriga e manipulação; traição, orgulho, soberba e muito discurso - da boca pra fora ou não - sobre honra, religião e dever.

Quero ver um autor de fantasia explorar um ambiente totalmente novo com outra época como referência.
Acho, inclusive, que esse é um dos motivos do sucesso de Harry Potter. Além de se ambientar na nossa época +/- atual - uns 20 anos atrás - ela ainda trabalhou todo um mundo novo dentro dessa época. Sim, as criaturas e até algumas lendas são nossos velhos conhecidos desde a Antiguidade e é um mundo tradicional. Mas também tem características próprias e peculiares... e os lugares são realmente fruto de muita imaginação e trabalho da autora [Beco Diagonal, Godric's Hollow, Hogwarts, Toca, Acampamento da Copa de Quadribol, Ministério da Magia, Gringotes, Grimmauld Place, Mansão Malfoy, etc...].
Foi o uso do conhecido mesclado - muito bem mesclado - com a imaginação pessoal.

Tirando HP, a maioria dos livros de fantasia que eu tive o [des]prazer de pegar recentemente são romances disfarçados de pseudo-fantasia insonsa. Teve também Percy Jackson... mas muita coisa em PJ me soou incomoda.
Já um bom exemplo - na minha opinião - é Fronteiras do Universo. O único por enquanto que li do gênero steampunk que parece ser muito interessante, até porque pode mesclar Fantasia com Ficção Científica em uma época mais avançada que a Medieval.

Steampunk é um subgênero da ficção científica, ou ficção especulativa, que ganhou fama no final dos anos 1980 e início dos anos 1990. Trata-se de obras ambientadas no passado, ou num universo semelhante a uma época anterior da história humana, no qual os paradigmas tecnológicos modernos ocorreram mais cedo do que na História real, mas foram obtidos por meio da ciência já disponível naquela época - como, por exemplo, computadores de madeira e aviões movidos a vapor. É um estilo normalmente associado ao futurista cyberpunk e, assim como este, tem uma base de fãs semelhante, mas distinta.
O gênero steampunk pode ser explicado de maneira muito simples, comparando-o a literatura que lhe deu origem. Baseado num universo de ficção cientifica criado por autores consagrados como Júlio Verne no fim do século XIX, ele mostra uma realidade espaço-temporal na qual a tecnologia mecânica a vapor teria evoluído até níveis impossíveis (ou pelo menos improváveis), com automóveis, aviões e até mesmo robôs movidos a vapor já naquela época.

[Wikipedia]

Não estou dizendo que não exista coisas interessantes fora de Antiguidade / Medieval... estou dizendo que eu não conheço muito e me parece mais raro. [aceito indicações]

Sei lá... gênero de fantasia é o meu favorito para literatura - leio outras coisas também... mas fantasia é disparado na frente.
Só que eu sou chata, admito! Gosto de um tipo específico de fantasia e detesto horror / terror / submundo / etc...

O problema é que tá cada vez mais difícil de achar livro atuais de fantasia bons! Eu quero ler coisas novas... mas que valham a pena e não sejam "mais do mesmo" [mais capa-e-espada ou mais romance-adolescente-pseudo-fantasia].
É claro que eu pretendo ler os clássicos que ainda não li. Já até fiz uma lista grande só com indicações tiradas aqui da Valinor.

Porém, o que eu me pergunto é: sendo o gênero de fantasia o que mais tem possibilidade e potencial de expansão e criatividade, por que os autores continuam se focando nos mesmos clichês?
O gênero de fantasia, literalmente, tem infinitas possibilidades justamente por não ser obrigado a se prender à realidade [embora se prenda parcialmente]. E mesmo assim, continuamos com a velha Jornada do Herói...
Será que isso é uma certa preguiça? Já que desenvolver algo realmente novo dá muito mais trabalho do que apenas revisar um ambiente já formado na cabeça do leitor.

Bom, eu só sei que quero ler coisas novas! Novas mesmo!!!
 
No meu caso, quando busco um livro épico procuro saber como e se ele cumpre três requisitos:

-Descrever com fidelidade e riqueza a época que se propõe.
-Respeitar os elementos universais da obra.
-Ser um bom entretenimento

Como varia de autor para autor a experiência e o conceito que trazem de universalidade e época, o trabalho as vezes falta base de pesquisa ou não chega a ser bem finalizado gerando incoerências e inconsistências. Da teoria de sistemas, um livro é um sistema e quando um sistema possui baixo nível de coerência entre as partes que o formam (mesmo que nele exista uma parte projetada para ser incoerente) o sistema se torna instável e a estrutura pode vir abaixo se o problema for muito básico ou crítico.

É como uma cebola, em que as camadas da história precisam se reforçar e se alimentar em mais de um nível, não apenas na organização e escolha das palavras mas também nos bastidores. Para mim o produto final tem que fomentar condições para emergir um sistema novo, uma superestrutura não prevista e mesmo assim familiar por causa da fidelidade aos elementos universais usados nela.

Um bom exemplo é Tolkien que tinha um conhecimento amplo e fundamentado de idiomas e linguagens que é um dos passos para começar a formar o ambiente no qual os personagens vão atuar. A partir daí ele começa a falar das épocas do mundo que criou, ou das muitas maneiras como as pessoas usam as palavras em cada época. O engraçado é que da mesma forma que alguns escritores gostam de começar a história pelo idioma alguns desenhistas gosta de começar o desenho pelos olhos. Para o escritor é preciso pensar em palavras e para o desenhista é preciso pensar na luz que entra nos olhos. (um pensa no comportamento das palavras e outro no comportamento da luz). Se for pensar no músico é a mesma coisa (ele pensa no comportamento do som) e assim por diante.

Ou seja, pensa-se numa época inserida em um universo em que existem modos de se criar universos que podem visar o prazer e identificação do leitor ou exatamente o oposto (vai do gosto do freguês) :).

Ao ler um livro buscamos uma maneira de experimentar a mente e a consciência, mas existem áreas da mente e da consciência humana que só podem ser abertas se forem reunidas as condições corretas e isso é muito importante. Um exemplo é ter o prazer de dividir a felicidade porque só é possível conseguir isso estando cercado de amigos ou parentes. Só é possível aproveitar essa área do cérebro quando uma super estrutura emerge, no caso uma reunião com amigos em que certas combinações da conversa deram muito certo.

Aqui nós entramos no conceito de clichê porque a sensação de inovação por um livro só pode ser experimentada se o público alvo e o autor concordarem que aquilo é algo novo. É possível aproveitar a própria mente se (mais uma vez) as condições forem reunidas. Quando o leitor fica mais alerta o complicado é ter a felicidade de encontrar um autor habilidoso, experiente, e além disso, encontrar um leitor receptivo ao assunto. XD
 
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