Náring
Mad Hatter
Plim.
Plom.
O incessante gotejar da água no lago de sombras gerava um ritmo quase hipnotizante.
Uma apagada e pálida luz de tocha era a única forma de ver algo ao redor, e mesmo assim nada muito distante. De pé sobrea rocha, um frangalho de ser humano. Sua outrora bela armadura agora estava cheia de veios e buracos, e seu brilho se fora, substituído pelo verde fosco que o ácido deixou. A manopla em frangalhos tremia de dor, apertando uma espada de um metro e meio, agora de lâmina igualmente feia e muito irregular, com sulcos e dentes cavados pelo líquido corrosivo. Sob aquela armadura, camada sob camada de couro e tecido se fundiam, queimados e corroídos, colados ao que sobrou da pele por baixo. E a pele, se é que podia ser chamada de pele. Ela que há pouco borbulhara e se unira aos tecidos e à carne por baixo, agora endurecia denovo, em uma nova forma distorcida e infinitamente dolorosa. Cada leve movimento, até para respirar, repuxava e torcia seus contornos doentios, provocando dores enlouquecedoras. A mulher podia sentir que em alguns pontos de seu torso, buracos e sulcos haviam sido abertos, podia sentir seus orgãos pedindo pelo descanso eterno e desligando lentamente. Em sua cabeça, o cabelo outrora louro e longo agora era de comprimento irregular, e quase todo branco, a cor retirada à força pelo cloro. Suas feições terrivelmente marcadas de negro, o canto da boca e metade de um olho que jamais seriam novamente abertos, agora fundidos pelo terror ácido. Todo seu corpo tremia. Mas não tremia de medo pela besta qe aguardava na escuridão, como seria sensato. Tremia apenas pela dor insuportável. E talvez pela pressão da ultima chance de cumprir sua missão.
Um riso baixo e debochado pôde ser ouvido ecoando pela caverna.
-Seus nomes, você diz? Minha vida, você oferece? Seus nomes são ingenuidade e esperança, e o que você chama de vida, é meramente o escudo que os protege. Esse escudo agora em seus ultimos frangalhos será a espada que o fará pagar, ou será destruído, garantindo sua permanência. Guarde suas barganhas para os mortos, você não pode dar-me nada que eu preze.
Tornando aço uma ultima vez a sua vontade, a paladina pensou no dia que fora. Não lhe restava mais luz para curar. Não lhe restava mais fogo para brandir. Ela tinha apenas o ultimo suspiro, e o que restara de sua lâmina. Ela concerta sua pose e ignora a dor por um momento. Ergue a espada e olha ao redor.
-VOCÊ NÃO VAI TÊ-LOS!!!
Lorelei presta toda a sua atenção na passagem que leva à escada, ela foca o que resta de suas forças em preparar seus músculos para um ataque final, uma investida contra a besta caso tentasse atacá-la de um alcance possível ou passar em direção a seus amigos.
Plom.
O incessante gotejar da água no lago de sombras gerava um ritmo quase hipnotizante.
Uma apagada e pálida luz de tocha era a única forma de ver algo ao redor, e mesmo assim nada muito distante. De pé sobrea rocha, um frangalho de ser humano. Sua outrora bela armadura agora estava cheia de veios e buracos, e seu brilho se fora, substituído pelo verde fosco que o ácido deixou. A manopla em frangalhos tremia de dor, apertando uma espada de um metro e meio, agora de lâmina igualmente feia e muito irregular, com sulcos e dentes cavados pelo líquido corrosivo. Sob aquela armadura, camada sob camada de couro e tecido se fundiam, queimados e corroídos, colados ao que sobrou da pele por baixo. E a pele, se é que podia ser chamada de pele. Ela que há pouco borbulhara e se unira aos tecidos e à carne por baixo, agora endurecia denovo, em uma nova forma distorcida e infinitamente dolorosa. Cada leve movimento, até para respirar, repuxava e torcia seus contornos doentios, provocando dores enlouquecedoras. A mulher podia sentir que em alguns pontos de seu torso, buracos e sulcos haviam sido abertos, podia sentir seus orgãos pedindo pelo descanso eterno e desligando lentamente. Em sua cabeça, o cabelo outrora louro e longo agora era de comprimento irregular, e quase todo branco, a cor retirada à força pelo cloro. Suas feições terrivelmente marcadas de negro, o canto da boca e metade de um olho que jamais seriam novamente abertos, agora fundidos pelo terror ácido. Todo seu corpo tremia. Mas não tremia de medo pela besta qe aguardava na escuridão, como seria sensato. Tremia apenas pela dor insuportável. E talvez pela pressão da ultima chance de cumprir sua missão.
Um riso baixo e debochado pôde ser ouvido ecoando pela caverna.
-Seus nomes, você diz? Minha vida, você oferece? Seus nomes são ingenuidade e esperança, e o que você chama de vida, é meramente o escudo que os protege. Esse escudo agora em seus ultimos frangalhos será a espada que o fará pagar, ou será destruído, garantindo sua permanência. Guarde suas barganhas para os mortos, você não pode dar-me nada que eu preze.
Tornando aço uma ultima vez a sua vontade, a paladina pensou no dia que fora. Não lhe restava mais luz para curar. Não lhe restava mais fogo para brandir. Ela tinha apenas o ultimo suspiro, e o que restara de sua lâmina. Ela concerta sua pose e ignora a dor por um momento. Ergue a espada e olha ao redor.
-VOCÊ NÃO VAI TÊ-LOS!!!
Lorelei presta toda a sua atenção na passagem que leva à escada, ela foca o que resta de suas forças em preparar seus músculos para um ataque final, uma investida contra a besta caso tentasse atacá-la de um alcance possível ou passar em direção a seus amigos.