Re: The Fountain (idem, 2006)
Folco disse:
Não, todo filme que consegue entreter seria útil.
É uma definição arbitrária e meramente individual sua do objetivo dos filmes.
Eu não usaria "distrair". Você pode trocar/entender "entreter" por/como "mover" ou "causar impacto".
Peguei só o sentido semântico/etimológico da palavra.
Não, não vai. Não de um jeito que eu goste.
De novo, aqui é meramente a subjetividade.
Sim. Um bisturi é útil (e não no sentido de "entreter") pra um médico, mas não pra um advogado.
Eu não disse que o conceito de
útil é subjetivo, mas que o de
maneira prazerosa o é.
Não importa se é um médico ou um advogado que vai usar o bisturi. A utilidade do objeto
per se, que é cortar, permanece a mesma. Ele só vai perder essa utilidade quando:
1. a lâmina ficar cega;
2. ele não for utilizado, por um determinado momento;
Na primeira condição, ele não pode mais alcançar seu objetivo. Analogamente, os filmes também se tornariam inúteis quando, segundo a sua concepção, não conseguissem entreter. Mas é verdade que cada pessoa se diverte de um jeito diferente das outras. A conclusão fica por tua conta.
Na segunda, você não tem nenhum propósito para o qual um bisturi poderia ser usado. Assim, um filme deixaria de ser útil sempre que você não o tivesse assistindo, ou não o quisesse assistir.
De qualquer forma, fica meio difícil fazer uma analogia disso com filmes, porque o bisturi tem uma utilidade material, que é cortar, enquanto que essa "utilidade" dos filmes tem a ver com a sensibilidade e o gosto de cada um, e ainda depende de uma relativização.
Coisas que podem ser julgadas objetivamente? Eu acho que a fotografia de Hero é horrível. Isso seria uma das coisas que podem ser julgadas objetivamente?
a) Eu não falei em julgamento;
b) Acho que você mesmo já respondeu essa pergunta.
Sim, existem elementos que podem ser vistos e descritos objetivamente, mas a quantidade de prazer que eles vão gerar depende da pessoa, i.e. o que faz a pessoa se entreter. Pode ser uma perseguição de carros, ou observação psicológica, etc, bla bla bla.
Foi precisamente isso o que eu falei.
A idéia de cinema sofisticado vêm basicamente do consenso de pessoas "profissionais" em cinema, ou amantes de cinema, onde eles classificam certos elementos (observação psicológica) como superiores à outros (perseguição de carros). Isso é o suficiente pra se chamar de "objetivo"?
Não. Isso não deixa de ser uma opinião, por mais consensual que seja. Na verdade, isso não importa muito. Eu não falei que não existe (ou que não deva existir) um padrão de gosto. Pelo contrário. Mas esse padrão mesmo não deixa de ser subjetivo e existem nuances até entre aqueles que o conhecem.
E eu só estou insistindo nessa questão de objetivo/subjetivo por dois motivos:
1º. o V, no post que deu origem a toda essa discussão, não especificou nada (de que
Réquiem é um filme inútil para ele), e eu lembro de ter visto n posts de vocês justificando que, como estavam num fórum de discussões, tudo o que postavam sobre algum filme, etc. refletia uma opinião;
2º. o conceito de utilidade é comumente associado à funcionalidade prática (ou objetiva).
Discutir filmes (no sentido antagônico) pode ser bem divertido, mas geralmente se resume à "minhas sensibilidades são melhores que as suas, olha porque...". O máximo que se tira de uma discussão é a compreensão da sensibilidade do seu "oponente", e porque ele conseguiu (ou não) apreciar elementos do filme que você não conseguiu (ou sim).
Sim.
Anyway, eu não entendi porque você quis proseguir com isso. Obviamente eu postei "filmes só prestam pra entreter" com a lingua na bochecha (ou como isso se traduzir). Eu acredito que filmes tem outras utilidades. Eles podem ser terapêuticos, ou informativos, etc.
Sei lá, eu acho que dar o argumento de que "um filme é ruim porque é inútil" é forçar a barra um pouco. Você mesmo acabou de dizer que um filme pode ser útil de outras maneiras (ou tem outras utilidades). Desse modo, a gente fica dependendo do que cada um considera "útil", e o V não especificou nada.
Também não entenda que eu estou dizendo que deve-se reduzir a crítica a somente alguns pontos objetivos. Pelo contrário, mais uma vez. Isso seria mais uma descrição vazia do que crítica, que significa
apreciação, julgamento. Só que o argumento de falta de utilidade é um tanto vago e arbitrário pra classificar um filme, e é aplicável a absolutamente qualquer coisa.
Anyway, pra mim também essa discussão ficou mais séria do que deveria.