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A explosão do humano

Pearl

Usuário
Esse texto foi publicado na Folha de SP essa semana no caderno Mais! e achei interessante colocar aqui.

O texto é meio grande ... mas vamos lá...

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A EXPLOSÃO DO HUMANO

Astrônomo britânico Martin Rees defende a imposição de limites à ciência; segundo ele, há uma chance em duas de uma catástrofe sem precedentes ainda neste século.

Nos próximos cem anos, há uma chance em duas de que grandes incidentes, acidentes ou conflitos causem um considerável retrocesso à sociedade altamente tecnológica do mundo contemporâneo. Provavelmente não seria a extinção da espécie, mas vários passos atrás na escalada histórica que conduziu às maravilhas e desventuras do pós-moderno século 20 e além. O portador das más notícias é sir Martin Rees, astrônomo da Royal Society e do King's College da Universidade de Cambridge, no Reino Unido. Ele tem uma polêmica sugestão para minimizar riscos: impor freios à ciência antes que seja tarde demais.
De todo modo, diz ele, a civilização humana está a um passo de concluir sua passagem pela Terra. Mesmo que o homem escape às iminentes catástrofes que se abaterão sobre ele nos cem anos vindouros, também estará condenado ao desaparecimento. Em seu lugar, emergiria um novo ser humano, artificialmente evoluído e equipado com toda sorte de interfaces biônicas.

Se sobrevivermos a nós mesmos e às nossas máquinas cada vez menores e mais perigosas, temos um encontro marcado com esse nosso futuro pós-humano em cem anos, afirma Rees. Antecipando o tortuoso caminho até lá, o astrônomo real (título concedido pela coroa britânica que, desde 1972, tem caráter apenas honorário) decidiu empregar seus esforços na tentativa de reduzir os traumas que o século 21 deve trazer. Daí nasceu "Our Final Hour" (Nossa Hora Final), livro lançado em março nos EUA e sem previsão de publicação no Brasil.

O subtítulo deixa claro o recado: "Alerta de um cientista: como terror, erro e desastre ambiental ameaçam o futuro da humanidade neste século -na Terra e além". No livro, Rees destaca os principais temores provenientes das novas tecnologias e questiona o ritmo em que a ciência avança em alguns campos. Para ele, cautela seria bem-vinda -de preferência partindo dos próprios cientistas, que costumam lavar as mãos quando o assunto é o modo como sua pesquisa é aplicada por governos, instituições e indivíduos pelo mundo afora.

Questionado sobre o quão ativo esse papel do cientista deve ser, Rees é um pouco mais vago. Ele acredita que a ação deve ser no sentido de informar o público, para que a população possa então decidir quais são os ramos do conhecimento que devem ser perseguidos, e quais são os que devem ser vetados. "Não estou certo de que precisemos de uma moratória. Há certos tipos de ciência que queremos controlar por razões éticas", diz. "Mas acho que precisamos ser muito cuidadosos com as aplicações da ciência, e as aplicações da ciência deveriam ser decididas não pelos cientistas, mas por uma comunidade mais ampla."

Em seu alerta, Rees usa como parâmetro a ameaça de uma hecatombe nuclear, tema tão velho quanto o Projeto Manhattan, que criou a primeira bomba atômica, nos anos 1940. Para o astrônomo, a ameaça de um conflito de escala global deflagrado por armamento nuclear não morreu junto com a Guerra Fria. Longe disso: ela tem tudo para voltar com força ainda maior no próximo século. E é só a primeira das grandes ameaças.
Com o avanço das biotecnologias, está cada vez mais próximo o dia em que será possível conceber armas biológicas tão letais quanto as nucleares, com o incômodo adicional de exigirem investimento muito menor para serem desenvolvidas. E a nanotecnologia deve oferecer perigos que podem até mesmo extinguir a vida na Terra, em mais 50 anos. Com toda essa mistura no mesmo coquetel, Rees considera improvável que escapemos incólumes. "Acho que é ingênuo acreditar que vamos ter todos os benefícios sem risco algum", afirma.

As novas tecnologias concentrarão tanto poder num indivíduo -culminação da filosofia e do modo de vida que permearam o mundo ocidental nos últimos séculos- que poderão conduzir à derrocada da civilização.
Apesar de o gênio aparentemente já ter saído da lâmpada, há uma chance de que a humanidade consiga escapar do turbilhão e chegar a um admirável mundo novo em cem anos, segundo Rees. Comunidades em colônias espalhadas pelo espaço, alta tecnologia em engenharia genética e a capacidade de elevar a relação entre homem e máquina a um novo patamar devem ser os ingredientes que criarão o pós-humano, uma figura tão assustadora quanto inevitável, argumenta. Se a civilização tecnológica sobreviver aos próximos cem anos, a seleção natural daria lugar a novos mecanismos, artificiais, para a próxima fase na evolução. O que emergirá disso, nem Rees se arrisca a prever.

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O reportagem toda é bem maior que isso... aos poucos eu posso ir postando.

Mas independente de ser um ponto de vista extremista ou não, será que a ciência deveria ser limitada devido as consequencias que uma descoberta poderia levar?
 
*Pearl* disse:
Mas independente de ser um ponto de vista extremista ou não, será que a ciência deveria ser limitada devido as consequencias que uma descoberta poderia levar?

Eu respondo com outra pergunta: como parar a ciência se a ciência hoje é mais do que só ciência? Na verdade, a ciência que vemos hoje está muito mais para uma mercadoria à venda do que propriamente para uma ferramenta auxiliando a evolução do ser humano. Basta uma olhada nas pesquisas das indústrias farmacêuticas, concentradas muito mais no desenvolvimento de medicamentos para conter doenças nos países desenvolvidos, ignorando doenças típicas dos países pobres. Tendo quem financiar, acho que sempre haverá algum cientista disposto a pesquisar tanto medicamentos quanto armas biológicas, como já vimos diversas vezes na história (como o já citado projeto Manhattan).
 
Não entendi completamente o texto, mas de qualquer modo, acho que oa ciência deve ser freada, pois, como diz o tal astronomo inglês, há um perigo de que criemos, através da ciência, mecanismos que levem à nossa extinção.

Mas a ciência não deve ser freada por decreto. Deve ser freada através de uma reflexão da sociedade e da comunidade científica sobre os perigos que alguns avanços podem trazer. Frear a ciência deve ser um processo lento e gradual, que parta dos próprios cientistas, não de autoridades.

Se esse processo de auto-contenção de ciência para proteger a nós mesmos não acontecer, significa que devemos mesmo ser extintos. Um organismo que perdeu o senso de perpetuação da espécie não condiz com as leis naturais, e deve mesmo ser extinto.
 
Eonwë talvez isso ajude... esses são os riscos que dá de exemplo...

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RISCO NUCLEAR- Todo mundo está familiarizado com o impacto que uma guerra combatida com armas nucleares poderia trazer à humanidade. O físico alemão Albert Einstein, referindo-se a essa possibilidade, disse não saber com que armas a Terceira Guerra Mundial seria travada. "Só sei que a quarta será disputada com paus e pedras", arrematou. Apesar do fim da Guerra Fria, Rees acredita que o risco de um conflito nuclear vá aumentar ainda mais no século 21. Novas e belicosas potências nucleares poderiam emergir nos próximos cem anos e trazer de volta a ameaça. Para o astrônomo real, as chances de uma hecatombe seriam de 50%.

NANOIMPÉRIO- Em 50 anos, a construção de máquinas tão pequenas quanto células, mas muito mais eficientes, pode deixar o âmbito da ficção científica e se tornar realidade. Segundo Rees, se esses autômatos forem capazes de se replicar sozinhos e estiverem programados para utilizar todos os recursos de seu ambiente como matéria-prima, o futuro da Terra pode ser na forma da chamada "gray goo" (meleca cinza). O planeta poderia se tornar um enxame de nanomáquinas que se replicam de forma descontrolada. A idéia alarmista partiu de Bill Joy, inventor da linguagem de computador Java, e tem tirado o sono do príncipe Charles.

O PÓS-HUMANO- Caso o homem consiga suplantar todas as ameaças geradas por sua ciência nos próximos cem anos, as portas estarão abertas à transmutação da espécie para formas nunca antes vistas. A seleção natural daria lugar à manipulação genética artificial, e a evolução deixaria seu processo lento e passaria a um acelerado galope. Implantes biônicos conectados ao cérebro humano poderiam, em tese, ampliar as habilidades existentes e até mesmo oferecer novas faculdades. Uma vez esclarecidos os mecanismos de processamento cerebral, drogas de efeito específico poderiam moldar de forma eficiente as características do pós-humano.

BIOTECNOPERIGO- Segundo Martin Rees, armas construídas com biotecnologia poderiam produzir danos comparáveis aos de artefatos nucleares, com um agravante: praticamente qualquer um, em instalações precárias, com poucos recursos, poderia concebê-las. A criação de vírus e bactérias mortais, via engenharia genética, estaria ao alcance de qualquer laboratório de segunda. O famigerado "botão vermelho", antes só pertencente aos governos, passaria aos indivíduos. Exemplos como os ataques de antraz nos EUA e a destruição do World Trade Center em Nova York demonstram a natureza iminente desse "admirável mundo novo".
 
Na verdade, a ciência que vemos hoje está muito mais para uma mercadoria à venda do que propriamente para uma ferramenta auxiliando a evolução do ser humano.

Ótimo ponto. Principalmente quando se fala da industria farmaceutica. (pensar que eu prentendo trabalhar com isso)

Mas também existem pesquisas envolvendo um lado ideológico (quantos grupos etnicos não querem matar um ao outro?). E sim... isso no lado bélico da coisa.

Também há um lado... vamos dizer da vaidade... afinal qual cientista ou qual instituição não iria querer reconhecimento por alguma grande descoberta. Quantas teses não são escritas em cada ano? Raras vão ser reconhecidas... mas mesmo assim... quem escreve procura esse reconhecimento... e quem sabe não consiga... tanto pro bem quanto pra o mal. (acho que ficou um pouco confuso... :eh: )

Mas a ciência não deve ser freada por decreto. Deve ser freada através de uma reflexão da sociedade e da comunidade científica sobre os perigos que alguns avanços podem trazer. Frear a ciência deve ser um processo lento e gradual, que parta dos próprios cientistas, não de autoridades.

É esse o ponto. A ciencia não pode ser freada, mas acho que deve ter um conciencia da comunidade científica sobre os riscos. E no caso a população também participar nessas decisões. O problema é que a maior parte dessas pesquisas são feitas por debaixo dos panos, já que envolve os mais diversos interesses. Ninguém sabe o que um cara maluco com algum equipamento pode fazer. :tsc:

E acho que deveria ter um certo controle das autoridades com essas coisas também... algum acompanhamento...
 
Gente, sem querer ser chato, mas já sendo, esse texto, um tanto quanto paranóico, parece encontrar eco em textos anteriores e de autores até consagrados como Thomas Malthus. A idéia da ruína da humanidade pelo esgotamento de recursos, pelo desenvolvimento tecnológico é uma constante, sobretudo em viradas de século, quando o tema se torna moda. Filmes como Exterminador do Futuro, Blade Runner e Matrix não me deixam mentir. Claro, algumas considerações como a questão nuclear, em tempos como os de hoje em que qualquer Zé Mané em um buraco no deserto ou um maluco na Casa Branca, pode acionar uma bomba H. Mas no mais, exceptuando a questão da eugenia pela criação de seres humanos modificados genéticamente ou biônicamente, e suas implicações éticas, o resto é um pouco alarmista demais.
 

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