Maglor disse:
Tilion, sobre o que é a história? Tem alguma coisa a ver com gigantes, não é?
Eu lembro que há uns tempos andei procurando saber sobre o livro e não achei resenhas.
Bom, eis um resumo da história:
Certa vez, na época do Natal, durante um banquete oferecido pelo rei Arthur, surgiu no castelo o tal do Cavaleiro Verde. Pela descrição que é feita dele no livro, ele realmente seria um gigante (pelo menos comparado com os homens "normais"), impressionante, todo vestido de verde, armadura e pele, inclusive seu cavalo. Todos ficam embasbacados com a aparência do cavaleiro.
Pois bem... ele age de um modo presunçoso diante do rei e seus cavaleiros, o que enfurece esses últimos. O Cavaleiro Verde, então, com a justificativa de não perder o clima de "festividades", propõe um jogo, um desafio: que alguém se voluntariasse a desferir um golpe de machado (com o machado do próprio C. Verde, que era maior que qualquer machado já visto) no pescoço do Cavaleiro, para provar sua força. Se, caso o C. Verde sobrevivesse ao golpe, ele teria o direito de fazer o mesmo com a pessoa que o golpeara.
Porém, todos na corte são tomados pela insegurança e pelo medo, e o rei Arthur meio que se irrita com isso. Para salvar a dignidade do rei e da corte, Gawain, sobrinho do rei, se oferece para dar o tal golpe. Arthur o elogia muito por isso, com aqueles floreios típicos de poemas do gênero.
Gawain desfere o golpe e decepa a cabeça do C. Verde. O salão explode em vivas e congratulações mas, de repente, algo faz com que todos se calem: o corpo do C. Verde se levanta e vai caminhando naturalmente até a cabeça decepada, pega-a e coloca-a debaixo de um dos braços... e a cabeça começa a falar!!
O C. Verde congratula Gawain pelo golpe mas, como o mesmo não deu cabo da vida dele, ele tinha o direito de fazer o mesmo com Gawain. Mas, para dar uma "chance" maior ao rapaz, ele dá um prazo de um ano para Gawain se preparar para receber o golpe no pescoço, para que pudesse aprender algo que o protegesse da morte certa. Dito isso, o C. Verde parte - com a cabeça debaixo do braço

- e Gawain resolve se preparar para o desafio final. Ele enrola um bom tempo na corte, meio que relutando em partir mas, ao chegar perto da data marcada, ele parte e vai em busca de aperfeiçoamento, tanto físico como espiritual.
A partir daí Gawain passa por várias aventuras, que envolvem feiticeiras, druidas, reinos encantados e toda a sorte de coisas "fantásticas". Não vou relatar mais aqui senão eu acabo contando todo o livro, e não quero estragar a leitura de ninguém.
O poema é muito bonito, além da história em si ser muito interessante. O autor é anônimo, e a tradução que li do poema (o original é em anglo-saxão) foi a feita pelo Tolkien.

Esse texto é um belo exemplar da capacidade poética de Tolkien pois, ao se traduzir qualquer obra, o tradutor recria-a em parte... quando é um poema então, essa recriação é em um nível ainda maior. Tolkien mostra muita competência ao manter o poema o mais próximo possível de sua métrica original, em estilo aliterativo (em certos versos, onde a aliteração é feita com a letra "w" e aparece o nome de Gawain, ele troca a primeira letra do nome para manter a sincronia, e temos às vezes a grafia
Wawain.

).
O livro não é de leitura fácil, com um vocabulário arcaico e formal (na minha edição, pelo menos, há um providencial glossário para os termos mais incomuns), mas vale o esforço (afinal, aquisição de vocabulário nunca é demais), ainda mais se for a versão do Professor.
