RE: O inferno - A divina comédia - Dante.
Tilion disse:
E ler A Divina Comédia sem ser em uma boa edição com notas (a da Editora 34 é a melhor no mercado, pelo que me consta) é perder dezenas de referências
A edição da 34 está longe de ser a melhor :sim:
A edição da Divina Comédia com mais notas é a da Itatiaia, traduzida pelo Cristiano Martins e com notas do mesmo. Possui também um estudo biográfico e político da vida do Dante Aighieri. É de longe a edição brasileira mais completa do ponto de vista elucidativo. Possui todas as ilustraões do Gustave Doré que ajudam bastante na hora de se entender os aspectos fisiológicos e geográficos do Inferno: a linguagem cinematográfica (ou melhor, o cinema é uma cópia descarada do Florentino) de Dante não deixa escapar nada...
A melhor tradução, por sua vez, é a do Vasco de Graça Moura publicada no Brasil pela editora Landmark. Ele foi um dos poucos tradutores que preservou a variação linguística da Divina Comédia, além de ter criado um texto metrificado e rimado. A edição da Landmark possui o texto bilíngue e um estudo inicial falando da tradução textual.
A segunda melhor tradução é incompleta e foi feita por Jorge Wanderley, publicada pela Editora Record e também pela Abril Cultural, naquela coleção dela pseudo-de-luxo. Ele traduziu apenas o Inferno pois infelizmente morreu antes de concluir o hercúleo trabalho, mas a tradução dele do Inferno é de primazia grande, preservando também a linguagem chula e os circunlóquios infernais.
As outras edições são inteiramente complementares. Uma mescla de traduções medianas e ruins: Wanderley e Graça Moura suplantam em todos os aspectos as outras traduções existentes no mercado.
Destarte, a Editora Thesaurus publicou uma edição da Comédia donde ouvi dizer possuir mapas e um bom guia de notas e comentários. Não checado ainda, pretendo um dia, pois: "Além de ter uma ampla "Introdução" e uma breve análise da terza rima, o esquema poético adotado por Dante no poema, esta versão contém vários mapas, ilustrações e gráficos que ajudam o leitor a visualizar a jornada do protagonista pelas três regiões do mundo post mortem católico-medieval (Inferno, Purgatório e Paraíso). "
(agora se você quer uma edição realmente completa.... Procure por edições italianas. Referências que o Alighieri fez geram discussões infinitas, como por exemplo quem é o Veltro...)
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Fora isso, posso dizer que a Divina Comédia é um dos maiores poemas que já foram escritos, de uma natureza enciclopédica que pouquíssimos conseguiram. Minha parte preferida é o Paraíso, pois, como disse T.S. Eliot, é de fato o ponto mais alto que a poesia alcançou e que muito provavelmente nunca alcançará novamente...
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E ah, sim, claro... O mais importante... Falar que leu Dante e não leu nada de Virgílio é a mesma coisa de falar que leu Camões, Milton, Ariosto (...) e não leu nada de Virgílio.
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Resenha, cof cof, minha das Bucólicas[/size]
Ler Virgílio é imprescindível para se entender a genialidade da obra do Alighieri...
Recomendo inclusive lerem esse link:
http://ericonogueira.blogspot.com/2009/11/inhians-spirantia-consulit-exta.html
para compreender o porque do Virgílio ser frequentemente aclamado como o maior de todos os poetas (opinião imperialista e errônea, diga-se de passagem: o oriente também produziu bons poetas) -- e para quem abriu a Divina Comédia, entender o porque da devoção do Dante pelo mesmo...