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De fato ajudou.
No texto ele usava o presente na discussão sobre o heliocentrismo.
No video ele colocou no passado.
Ok.
Se expressou mal no texto.




A parte filosófica eu não discuto. Mesmo porque não é a minha praia.
Mas ele deu sim pitacos físicos naquele texto postado que simplesmente eram falsas.
A do heliocentrismo parece ter sido má expressão e ficou claro no video do Calib.
A questão do espaço e tempo ele continua mesmo no video tendo ele mesmo uma ideia ginasiana sobre a escrita e a formulação matemática desses conceitos.
Usa a falácia da teoria da relatividade estar fundamentada em dizer que espaço e tempo são relativos quando o próprio Einstein lamentou ter dado esse nome e que ele tenha entrado para a posteridade. Assim como as bases da teoria newtoniana não são esses conceitos, são consequências.
Einstein retira o universo de um espaço euclidiano convencional que todos aprendemos a reconhecer no dia-a-dia e o transfere para uma geometria não-euclidiano passível de curvaturas onde por consequência a malha de espaço-tempo pode se inter-relacionar. Para determinadas condições e aproximações, as consequências são basicamente as mesmas dos conceitos newtonianos.

Acho que são palavras como "curvaturas" que suscitam confusão em cabeças como a do Olavo, que não têm formação específica em exatas. Posso estar falando bobagens conceituais, mas a palavra "curvatura" invoca na cabeça dessas pessoas realmente o paradoxo, de um mundo que, apesar de ter uma geometria à parte, acaba ficando descrito dentro de um espaço euclidiano. Some-se a isso a questão do manifold, em que uma geometria continuamente diferenciável pode ser aproximada com boa precisão por um espaço euclidiano em um raio suficientemente pequeno.

Daí ele solta aquele "porrrra, um espaço dentro do outro?" que eu acho que traduz a minhoca na cabeça presente dentro de cada leigo, no mínimo, quando ouve falar desses conceitos.
 
Talvez fique mais claro o que ele de falou ou deixou de falar sobre Newton etc.

Aff, Paganus é cria do Olavo, só pode ser.. uma discussão gigantesca, premissas fracas que em separado tu pode atacar, mas que fica difícil de juntar, mas quando tu junta dá uma cara de argumentação forte..

Enfim, vi o vídeo, anotei aqui sobre o que ele fala e realmente, se tu vê o vídeo e 'compra' cada premissa dele, parece fazer sentido a conclusão que ele chega. O vídeo trata principalmente de um ataque à história da ciência, dizendo que nunca existiu o rigor científico que temos hoje modernamente e que por isso, a ciência tem se imposto em cima de bases fracas que só depois puderam ser comprovadas com maior rigor a posteriori, e isso pq era uma guerra entre a corte e a igreja pelas universidades. Ao final ele diz que essa revisão da história da ciência mostra que as noções científicas atuais ginasianas até a faculdade são balela (palavras dele). Como grande exemplo ele aponta o Heliocentrismo de Galileu como teoria imposta por mais de 300 anos antes de terem sido confirmadas, e que até hoje existem aqueles que duvidam do Heliocentrismo.

Agora vem a minha opinião, a crítica do Olavão é toda furada, com histórias sem embasamento histórico e mais importante, sem apontar fatos ou provas históricas, aliás, quando ele aponta fatos verificáveis historicamente (cito o exemplo da fundação da Royal Society por Elias Ashmole) são facilmente refutáveis (Não existe referência a Elias Ashmole como fundador). Tirando isso, ele cria espantalhos de críticos que seriam estapafúrdios (vide a crítica às premissas de Espaço e Tempo Infinitos como sendo observáveis). Ele ainda escolhe seletivamente o que falar daqueles cientistas que ele tanto quer criticar e 'esquece' da importância da teoria e da lógica, da matemática envolvida nas teorias de Einstein e Newton, em nome de provar que o problema é a história 'tradicional' da ciência.

Olavão sendo Olavo, onde a crítica dele até faz sentido (eu mesmo sou adepto da visão de que Ciência é convencionalismo, é subjetiva, no sentido de que os cientistas são afetados pelo ambiente político e estão inseridos nele), mas suas premissas e os xingamentos não valem um tostão.

Sobre o Newton em particular, ao menos no que tange ao vídeo, ele foi extremamente infeliz, pois das diversas críticas que ele fez, nenhuma delas invalida o que a física newtoniana tem mostrado, não importa como surgiu, mas o impacto e a dificuldade de se negar a matemática e os postulados do Newton, isso que importa, isso que dá autoridade para a teoria dele, não uma questão política, e antes que se diga algo em relação à disputas sobre esas dificuldades, lembrem-se de Einstein, a Teoria da Relatividade foi considerada melhor não por uma questão política, mas por que ela dava conta de todos os problemas que a Teoria da Gravidade resolvia e dava conta também de alguns dos problemas que estavam em aberto, isso não sou eu quem digo, isso é coisa do Imre Lakatos (outro filósofo e historiador da Ciência). Vish, ficou grande, mas é que esse é exatamente um assunto que vi nos meus estudos sobre Filosofia da Ciência ;D
 
quando ele aponta fatos verificáveis historicamente (cito o exemplo da fundação da Royal Society por Elias Ashmole) são facilmente refutáveis (Não existe referência a Elias Ashmole como fundador).

@Beren , agora ficou uma dúvida: nesse PDF que eu tirei da Royal Society, o nome de Ashmole é citado como Original Fellow - entendo que isso implique que ele seja um dos fundadores, não?
 
Olavo tá virando parte de uma nova versão do 'ad hitlerum' restrita ao Brasil: em toda e qualquer discussão política acaba rolando uma citação à figura dele. Se o debate já começa nele, então...

Enfim, polemizar ele consegue.
 
@Beren , agora ficou uma dúvida: nesse PDF que eu tirei da Royal Society, o nome de Ashmole é citado como Original Fellow - entendo que isso implique que ele seja um dos fundadores, não?

My mistake :/ não vou apagar pq seria desonestidade argumentativa, mas de qualquer forma, era só pra corroborar com uma visão enviesada da história, esse foi o único ponto que pareceu rápido de confirmar, pois eu realmente achei curioso referenciar o Ashmole e fui checar na Wikipedia e na parte da história do site da RS. Devia ter verificado mais.
 
O cara tá respondendo a uma pergunta do aluno, como qualquer professor faria ao vivo, mas querem que ele viva a dizer "Segundo Fulano (1784, p. 628), blablablá...."

Ele nunca pretendeu invalidar a física newtoniana. Por que insistem em dizer isso? Ele até dá outro exemplo (que eu não tenho como averiguar): que a máquina a vapor funcionava apesar de sua explicação teórica inicial ser furada. Não obstante, ela funcionava. Ele questiona a prova, a teoria; não a prática, que funciona. "(1) negar uma afirmação não é afirmar a sua oposta e (2) negar as provas de uma afirmação não é negar a afirmação mesma." Já estava lá na pag. 1 a explicação do causo todo. "Soma-se a isso [...] atribuir a mim a autoria de notícias que simplesmente retransmiti de passagem..."

Enfim. Vamos falar de livros?
Livros de direita?

Quando eu comprar o Visões de Descartes, @Beren , eu te empresto. Talvez lá tenha as fontes pesquisadas. :lol:
 
Ele nunca pretendeu invalidar a física newtoniana.

Ele diz que tudo que a gente aprende do ginásio à faculdade é balela (a meu ver convencionalismo), mas diz que isso ocorre por que na época que foram desenvolvidas essas teorias elas não tinha o rigor científico necessário para serem mais do que teorias, oras, isso eu concordo com ele, mas eu não digo que seja balela, digo apenas que o rigor das provas (matemáticas) e experimentos ocorrem a posteriori e isso é normal. Isso que eu quis dizer, ele me parece muito mais querendo dizer "física newtoniana é apenas uma teoria" como se "ser apenas uma teoria" seja algo simples e facilmente falseável, e sendo algo político (por isso a importância da luta política entre corte e igreja das universidades, por isso do desaparecimento de documentos e por isso de falar do esoterismo na ciência), mas não tem nada a ver, se ele citasse Kuhn ia ser um bom começo, bem mais coerente.

Enfim, I digress. :P
 
Em relação ao vídeo, como disse, Olavo pega uma interpretação filosófica da teoria, ainda que seja interpretação do próprio Newton, para atacar a teoria científica em si. Essa interpretação não é essencial à teoria, tampouco uma premissa. Muitos vão até mais longe e dizem que, por exemplo, "introduction of absolute space is not consistent within classical mechanics itself". (Gravitation and Gauge Symmetries, M. Blagojevic).

É até discutível se a teoria da relatividade dispensa por completo a noção de espaço absoluto (The Philosophical Retention of Absolute Space in Einstein's General Theory of Relativity), porque, entre outras coisas, o espaço-tempo da relatividade não aparenta ser mera relação entre os corpos materiais, como filósofos como Leibniz defendiam, mas retém uma existência própria, ainda que seja afetada pela matéria.

Enfim, é uma discussão meramente filosófica sobre as teorias, que pode até influenciar os cientistas indiretamente, mas trata-se de fator secundário na hora de determinar-se se uma teoria é bem sucedida ou não. Se a teoria de Newton foi bem sucedida por trezentos anos, não foi porque a questão do espaço absoluto foi jogada para debaixo do tapete, como Olavo dá a entender, e sim por causa de seus sucessos preditivos, que derivam das suas premissas lógicas - a noção de espaço absoluto não é uma de suas premissas, antes é uma interpretação filosófica delas e de suas consequências lógicas.

Ele nunca pretendeu invalidar a física newtoniana. Por que insistem em dizer isso? Ele até dá outro exemplo (que eu não tenho como averiguar): que a máquina a vapor funcionava apesar de sua explicação teórica inicial ser furada. Não obstante, ela funcionava. Ele questiona a prova, a teoria; não a prática, que funciona. "(1) negar uma afirmação não é afirmar a sua oposta e (2) negar as provas de uma afirmação não é negar a afirmação mesma." Já estava lá na pag. 1 a explicação do causo todo. "Soma-se a isso [...] atribuir a mim a autoria de notícias que simplesmente retransmiti de passagem..."

Se ele questiona a teoria, ele questiona a física ué. Desconheço detalhes das teorias primitivas da máquina a vapor, mas aposto que essas teorias primitivas foram desbancadas por teorias mais elaboradas, e não por discordâncias filosóficas em relação à teoria. Exemplo é o modelo da terra estacionária, que você pode dizer que era "furado", mas só dizemos isso hoje em relação a outros modelos científicos, considerações filosóficas pesaram muito pouco nos fatores que levaram a esse dizer.
 
Última edição:
Notícia velhinha, mas tá valendo. É propaganda de autor de direita. :mrgreen: Serve de gancho pro outro texto.

Edição 1908 de 29 de janeiro a 4 de fevereiro de 2012
Euler de França Belém
José Guilherme Merquior volta às livrarias
O ensaísta e pensador liberal, que estudou Drummond de Andrade a fundo e debateu, com inteligência, humor e rigor, com Marilena Chauí, Paulo Francis e Caetano Veloso, terá oito livros publicados este ano

O diplomata e ensaísta José Guilherme Merquior morreu com apenas 49 anos, em 1991, e sua obra, importantíssima, desapareceu do mercado. Alguns livros são disputados nos sebos, notadamente no Estante Virtual, e os preços não são convidativos. Na maioria das vezes, os leitores têm de se contentar com cópias mambembes. No espectro da direita às vezes “misturam” Merquior e o filósofo Olavo de Carvalho. O motivo é o de sempre: o primeiro não era e o segundo não é de esquerda. Merquior era um liberal clássico, dado a polêmicas duras, com, entre outros, Marilena Chauí, Carlos Henrique Escobar, Paulo Francis e Caetano Veloso. Certa vez, concedeu entrevista ao jornalista Bernardo Carvalho, hoje escritor consagrado no país e no exterior, e citou o poeta Metastasio (1698-1782). Saiu “metástase”, na “Folha de S. Paulo”, porque o ensaísta estava com câncer. Ele teve de fazer a correção. Olavo de Carvalho, embora tenha obra filosófica apontada como sólida, é mais militante, combatente e beira o ridículo com sua fama de “astrólogo”. :lol: Merquior, embora escrevesse em jornais com frequência, com profundidade e clareza raras no meio acadêmico, era mais reflexivo, menos, digamos assim, “de” direita — tanto que, ao contrário de Olavo de Carvalho, mantinha interlocutores frequentes e empáticos no campo da esquerda, como o filósofo Leandro Konder (Glauber Rocha, que o admirava, pediu-lhe uma bolsa para estudar Oscar Wilde na Inglaterra). Entretanto, embora não fosse um direitista empedernido, sua obra, vinte anos depois de sua morte, praticamente foi retirada dos catálogos das editoras patropis. Um boicote silencioso e poderoso contra uma obra que tem a dizer, aqui e fora do país, pois Merquior analisava com rigor Michel Foucault e Jacques Derrida, antecipando algumas das críticas que são feitas hoje aos filósofos franceses. Agora, graças ao empenho da Editora É Realizações e do professor universitário e crítico literário João Cezar de Castro Rocha, sua vasta obra — 22 livros — voltará às livrarias brasileiras, possibilitando a reabertura do debate, mais maduro e distanciado, das ideias de um intelectual que deve ser chamado mais de filósofo do que de ensaísta (a obra será publicada integralmente até 2014, com a inclusão de “dois volumes adicionais” — um tributo daqueles que conviveram com Merquior e uma biografia do ensaísta-filósofo). Era também um crítico literário refinado, que, a despeito da enorme bibliografia que arrolava, lia de fato os livros examinados, como a poesia de Carlos Drummond de Andrade, e acrescentava suas próprias interpretações. Discordava em geral da bibliografia, desprovincianizando tanto a crítica quanto o objeto examinado.

imprensa1.jpg Não deixa de ser sintomático de uma mania nacional — esconder (ou difamar) aquilo de que discordamos — que a notícia da “volta” de Merquior às livrarias tenha saído com destaque tão-somente no caderno “Sabático”, de “O Estado de S. Paulo”. A reportagem-comentário é de Antonio Gonçalves Filho, que cita o crítico Eduardo Portella. O ex-ministro da Educação diz que Merquior era “a mais fascinante máquina de pensar do Brasil pós-modernista — irreverente, agudo, sábio”. Não citado pelo “Estadão”, o filósofo e antropólogo Claude Lévi-Strauss ficou impressionado com o volume de leituras do brasileiro, sobretudo porque eram leituras assimiladas, deglutidas e questionadas. Merquior, entendeu Lévi-Strauss, não era um papagaio, um repetidor de ideias alheias. Muitos autores chegaram aos leitores brasileiros graças às suas críticas, em geral contundentes e perspicazes. O brasileiro dialogava de igual para igual com Foucault e Derrida, dos quais apontava, de modo implacável, as deficiências e, mesmo, exageros interpretativos.

Críticos brasileiros quase sempre têm um quê de tucanismo. Fazem a crítica e, em seguida, apontam aspectos supostamente positivos — para ficar bem com todo mundo, de escritores a editores. Merquior dizia o que pensava, porque pensava bem e com independência. Se examinasse a obra do filósofo esquerdista Leandro Konder, seu amigo e protegido na ditadura, apontava as insuficiências, mas, honesto, sugeria que tinha algum valor (penso completamente diferente: Konder é dos mais superficiais filósofos brasileiros). No geral, não havia ressalvas positivas. Era pau puro. Ao resenhar um livro fragílimo de Marilena Chauí notou que a filósofa da USP havia copiado trechos inteiros de uma obra do filósofo francês Claude Lefort. Em artigos duros, detalhistas, apontou o problema, mas sem as baixarias típicas do intelectual patropi. No lugar de assumir o plágio, Marilena Chauí, secundada por dois então aliados, Maria Sílvia de Carvalho Franco e Roberto Romano — que, felizmente, deixaram de ser papagaios da esquerda —, partiu para a desqualificação, sugerindo que Merquior era funcionário da ditadura, por ser diplomata e manter ligações com o ministro Leitão de Abreu. Não comprovou, porém, nenhuma ação de Merquior no sentido de fortalecer os traços autoritários da ditadura. Chauí, grande estudiosa da obra do filósofo Espinosa, aderiu à técnica do jornalista Paulo Francis, que dizia que ganhava o debate não o que argumentava melhor, e sim aquele que argumentava com mais charme e virulência. Pega em flagrante, Chauí socorreu-se com o filósofo Lefort, que, também de esquerda, protegeu a discípula. Inventaram uma farsa: o plágio não era plágio — e sim “filiação de pensamento”. Roberto Romano, filósofo respeitável e intelectual íntegro, deve morrer de vergonha por ter dado “cobertura” à trapaça. Merquior era tão decente que, durante o debate de mão única — só ele estava debatendo; os outros apenas atacavam-no, como suposto “esbirro” da ditadura —, não disse, nenhuma vez, que, na ditadura, ajudou a salvar vidas e a tirar pessoas do país. Um dos que foram ajudados é o filósofo marxista Leandro Konder. Curiosamente, ninguém apareceu para defender Merquior, nem mesmo os intelectuais que conhecem o mandrionismo das esquerdas.

Paulo Francis e Caetano Veloso passaram pelo crivo da pena ácida de Merquior. Francis era um polemista esplêndido e um vulgarizador da cultura notável. Como escritor, pertencia ao time reserva, sua imaginação literária, como não era forte, nutria-se muito mais de ideias e informações. Ele queria se tornar uma espécie de Thomas Mann brasileiro. No máximo, tornou-se um sub-Thomas Mann. Numa polêmica com Francis, Merquior escreveu que, depois dos romances “Cabeça de Papel” e “Cabeça de Negro”, o jornalista certamente escreveria “Cabeça de Vento”. Francis ficou irritadíssimo e o atacou com fúria, para, mais tarde, reconhecer que Merquior era original, corajoso e brilhante. No Brasil exige-se que o artista, como Caetano Veloso, se apresente como intelectual e dê opiniões sobre vários assuntos, quando deveria falar sobre aquilo que sabe fazer — cantar ou compor. Merquior, num tom apelativo, disse que Caetano era um “pseudointelectual de miolo mole”. O baiano, ao lado de Chico Buarque, pelo menos tem certo preparo intelectual, embora não fosse, é claro, páreo para o cultíssimo Merquior.

Entre os que admiravam Merquior estavam Lévi-Strauss, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e o eminente crítico literário Antonio Candido. Sua biblioteca, com livros lidos e anotados, tinha mais de 10 mil volumes. Tinha paixão por Espinoza e pela pintura de Poussin. Júlia Merquior assinala que o pai tinha um “humor perene”. Ela diz que a luta do filósofo “era contra ver as coisas de uma maneira só”. Antonio Gonçalves escreve que, “visto como um direitista pela esquerda, Merquior se definia como um liberal em economia, social-democrata em política e anarquista em cultura. Ele dizia que no Brasil há uma intelectualidade, mas não uma intelligentsia”.

Livros de Merquior que serão publicados em 2012 no Brasil:
Fonte: http://www.jornalopcao.com.br/colunas/imprensa/jose-guilherme-merquior-volta-as-livrarias

[...] A lista dada não corresponde com a realmente publicada. Que pode ser vista no site da É Realizações:
http://www.erealizacoes.com.br/autor/jose-guilherme-merquior
** Posts duplicados combinados **
Merquior para idiotas
SÃO PAULO, 24 DE AGOSTO DE 2015 ÀS 16:06
POR OLAVO DE CARVALHO

Sempre que aparece algum intelectual conservador ou liberal, a Folha de S. Paulo se apressa a infundir nos seus leitores a impressão de que se trata de fenômeno inusitado, anormal, necessitado de explicação.

Nisso consiste uma das principais missões das suas páginas ditas “culturais”: alimentar a crença de que as pessoas inteligentes e cultas são normalmente de esquerda. A premissa subjacente, sem a qual essa idiotice não teria a menor credibilidade, é que os diretores e redatores da porcaria são, eles próprios, não apenas inteligentes e cultos, mas o padrão e medida da cultura e inteligência alheias.

Só que para acreditar nessa premissa é preciso ser inculto e burro.

Numa era que produziu Chesterton e Yeats, Bernanos e Mauriac, Eliot e Hopkins, Borges e Lawrence, Papini e D’Annunzio, Faulkner e Céline, Broch, Hofmansthal, George, Solzhenitsyn e uma infinidade de outros gênios reacionários, acreditar que a alta cultura vem predominantemente da esquerda só pode ser coisa de consumidores de literatura lowbrow – exatamente como a plateia de estudantes e professores universitários brasileiros a que se dirige a Folha de S. Paulo.

A Folha não é um caso isolado: praticamente toda a “grande mídia” brasileira é cúmplice dessa palhaçada. O jornal do sr. Frias apenas capricha mais na performance.

Mas, quando a superioridade intelectual de um autor direitista é visível demais, ou quando ele faz mais sucesso do que a padrão da decência esquerdista pode admitir, então é preciso apelar a um de dois remédios desesperados. O primeiro é suprimir totalmente o nome da criatura, na esperança de que desapareça da memória popular. Adotaram esse tratamento com pelo menos quatro dos maiores escritores brasileiros: Gustavo Corção, Antônio Olinto, João Camilo de Oliveira Torres e o embaixador J. O. de Meira Penna. Quando o procedimento falha, não logrando fazer com que ao sumiço do nome se siga a desaparição das obras nas prateleiras das livrarias, então a única saída é o gerenciamento de danos: proclamar que o cidadão, sendo tão manifestamente genial, não podia ser, no fundo, bem no fundo, tão reacionário quanto parecia. Talvez fosse até um pouquinho esquerdista.

O caso mais extremo e mais significativo é José Guilherme Merquior. Decorrido quase um quarto de século da sua morte, ainda é preciso recorrer a esse expediente para atenuar o desconforto sem fim que sua existência provoca nas almas sensíveis da esquerda chique.

A isso dedicou-se o repórter Marco Antônio Almeida na edição do último dia 23, concedendo ao escritor, com generosidade olímpica, o estatuto de “conservador civilizado”, e separando-o, mediante essa idiossincrasia sublime, da horda de bárbaros e trogloditas onde avultam os nomes de Machado de Assis, Joaquim Nabuco, Oliveira Lima, Ruy Barbosa, Eduardo Prado, Gilberto Freyre, Guimarães Rosa, Nelson Rodrigues, João Camilo, Gustavo Corção e tantos outros, dos quais o autor destas linhas é com certeza o menor e o mais canibal.

Por desencargo de consciência, o repórter, antes de escrever essa coisa, me enviou sete perguntas, de cujas respostas, num total de três páginas, ele aproveitou exatamente duas linhas, tendo-me feito trabalhar para o sr. Frias não somente de graça, mas em vão.

Reproduzo aqui essas respostas, na íntegra, para que o leitor confirme por si mesmo que elas já neutralizavam antecipadamente a trapaça auto lisonjeira do esquerdismo folhístico, motivo aliás perfeitamente razoável para que não fossem publicadas.

1) Como o senhor avalia o legado da obra de Merquior hoje? É um nome importante na história do pensamento liberal brasileiro?

- Fundamental sob todos os aspectos. Ninguém no Brasil sintetizou melhor a essência do “argumento liberal” - como ele mesmo intitulou um dos seus livros - nem mostrou mais claramente o antagonismo que existe entre os ideais liberais e as modas intelectuais “pós-modernas”.

2) Merquior escreveu no prefácio de “As Ideias e as Formas”: “é possível atacar o marxismo, a psicanálise e a arte de vanguarda sem ser reacionário em política, ciências humanas e estética? ”. Você acha que ele conseguiu equilibrar esses fatores?

- Críticas ao marxismo, à psicanálise e à arte de vanguarda são, quase que por definição, independentes de qualquer tomada de posição ante as correntes políticas do dia. Não vejo a menor necessidade de “equilibrar” uma coisa com a outra.
Por outro lado, é certo que, na sua fase “liberal” ele não escreveu nada de tão bom quanto Saudades do Carnaval, produto ainda da sua formação esquerdista.

3) Podemos, talvez com alguma simplificação, dividir a obra de Merquior em dois grupos – os livros de crítica literária e os livros de crítica cultural/filosofia/política. Hoje, qual desses grupos teria mais relevância?

- Os dois. Tudo o que o Merquior escreveu é indispensável à formação de um brasileiro que se pretenda letrado.

4) Como você situa “De Anchieta a Euclides” em relação a outras histórias clássicas de nossa literatura (Candido, Bosi, Wilson Martins, por exemplo)?

- É, de longe, a melhor de todas. Foi uma desgraça que o Merquior não tivesse concluído o segundo volume.

5) Merquior recebeu muitas críticas também. Algumas acusações feitas a ele por alguns críticos e acadêmicos, em uma breve pesquisa que fiz:
– excesso de citações (para alguns ele seria autor não de ensaios, mais de notas de leitura, tamanha a quantidade de notas em seus textos);
- ausência de ideias originais;
- estilo burocrático e árido, vulgar em certos aspectos (como ao usar o termo "lacanagem").
O que acha disso?


- A primeira dessas três críticas é coisa de caipira. O quadro de referências do Merquior é o universo da erudição acadêmica, onde a citação meticulosa de fontes é obrigação elementar. Ademais, quando um escritor cita autores e livros que desconheço, agradeço-lhe a gentileza e imediatamente vou comprar os livros. Os que, em vez disso, o criticam pelo benefício que receberam, são ingratos, preguiçosos e invejosos. Non raggionam di lor...

A ausência de ideias originais é um fato, mas não vale como crítica. Não se critica um autor por não ser algo que ele nunca quis ser. O Merquior nunca foi um filósofo. Foi um historiador, crítico, erudito e ensaísta. Sua esfera preferencial de ação era a interpretação das obras alheias, do pensamento alheio. Que é que há de errado nisso? Além do mais, que ideias seus críticos produziram, além de ideias de jerico?

O terceiro ponto é interessante. O estilo do Merquior era eminentemente acadêmico, e ele procurava aliviá-lo introduzindo aqui e ali alguns arranjos do sermo vulgaris, mas são elementos soltos, que não se integram no todo por um esforço de síntese estilística. É só por isso que dão má impressão, embora alguns sejam de uma comicidade notável. O melhor, no meu entender, é “derrida ou desce”.

O verdadeiro ponto fraco do Merquior, do ponto de vista político, foi que, rompendo ideologicamente com a esquerda, ele continuou psicologicamente dependente de seus antigos companheiros de esquerdismo, aos quais cortejava com delicadezas de namorado enquanto eles o achincalhavam e difamavam. Ele queria convencê-los, não vencê-los, enquanto eles só queriam destrui-lo. Ele nunca percebeu a diferença.

6) Outra crítica contundente diz que a visão de Merquior tendia ao conformismo, ao reacionário. Isso por conta da defesa que ele fazia da sociedade moderna. De acordo com essa visão, Merquior, em sua defesa da sociedade racional, capitalista, liberal e cientificista, não via razão para repulsa ou condenação diante do mundo atual. Ou seja, Merquior contesta a arte modernista, de vanguarda, mas não a sociedade que a produz. Indo até mesmo contra seus preceitos de interação entre arte e contexto histórico, ele dissociava a estética e produção vanguardista do meio que a produziu. O que você acha desta crítica feita a ele?

- Em primeiro lugar, quem disse que o reacionarismo é um defeito? Os críticos do Merquior partem dessa premissa como se fosse uma verdade auto evidente, o que só mostra que são bocós deslumbrados, “verdadeiros crentes” desprovidos de espírito crítico. Quase todos os grandes escritores e pensadores, de Homero a Shakespeare, Goethe e Dostoievski, de Platão e Aristóteles a Leibniz e Schelling, foram reacionários. Devemos jogar tudo isso fora só para agradar a algum semianalfabeto esquerdista que se acha intelectual?

É verdade que a argumentação do Merquior em defesa do liberal-cientificismo está cheia de erros, eu mesmo já assinalei alguns, mas aqui não é o lugar de discutir isso.

Em segundo lugar, associar os desvarios da vanguarda ao “capitalismo tardio” é uma bobagem descomunal inventada por Gyorgy Lukacs só para bajular o governo soviético. “A sociedade”, como tal, não produz arte nenhuma. Quem a produz são indivíduos autônomos, no mais das vezes pensando contra a sociedade. Só os medíocres e conformistas são “filhos do seu tempo”. Os gênios criadores são pais dele.

7) A identificação de Merquior como um liberal, um intelectual de direita, e a participação no governo Figueiredo prejudicaram a recepção da obra dele?

- Certamente. O Merquior tinha essa fraqueza de querer subir na hierarquia do funcionalismo público, e com frequência era um pouco puxa-saco de seus superiores. Isso pode ter queimado a sua reputação e até feito mal à sua saúde, mas não prejudicou em nada a sua produção intelectual. E não creio que aparatchniks, servidores profissionais de totalitarismos sangrentos, tenham a menor autoridade moral para criticar o Merquior nesse ponto.

Fonte: http://dcomercio.com.br/categoria/opiniao/merquior_para_idiotas
 
O que mais me assusta são os pensadores da nossa época, tanto de um lado quanto de outro. Sakamoto, Lola, Duvivier, Constantino, Kataguri e companhia não podem ser considerados intelectuais, os textos destes são apenas cópias mal feitas e algumas vezes destorcidas de outras pessoas (muitos destes intelectuais) para defender um ponto de vista baseado em atacar aqueles que se opõem as suas crenças.

E digo pq já tentei acompanhar todos, a Lola escreveu um texto "explicando" o liberalismo que me deu náuseas, e o Constantino cheguei a acompanha-lo por um tempo, mas perdi a paciência para o achismo dele.
 
Sério, onde que Levy é de direita? O cara odeia os banqueiros. Ele é conservador, mas no plano econômico ele é chaotic evil.

Mas o Mídia sem Máscara é justamente isso, reúne os direitistas focados no conservadorismo social, e não no liberalismo econômico - embora aqueles costumem apoiar as "sugestões" destes quando no poder. Anyway, se você vasculhar a literatura do Olavo, vai encontrar alguns artigos em que ele defende teorias da conspiração nas quais grandes banqueiros, investidores e industriais apoiariam a instauração de um socialismo global - e essas tentativas datariam pelo menos desde o John D. Rockefeller e Ford, se não desde os Rothschild.

Sobre liberais no poder, estes aliás quase nunca ou nunca foram cabeça de coalizão ao redor do mundo. Aparentemente, é uma ideologia sem tanto "sex appeal" para os eleitores, e só recentemente estao correndo atrás do prejuízo. A liberalização da economia costuma acontecer com conservadores no poder, e não liberais.

EDIT - exemplo em vídeo:
 
Só queria saber até que ponto a direita conservadora aceitará embarcar nesse aerotrem:


Um apoio peso pesado.

Cara, você tem que separar político de surfista. Ultimamente tem muito surfista na onda das bonanças de ser um legislador mas que não fazem política em si. Caras como esse aí não tem um pensamento econômico formado, nem uma filosofia política para contribuir para uma nação, são apenas pessoas que conseguiu certo prestígio social e adquiriu um cargo que o torna mais influente no dia a dia, e ainda por cima consegue poder suficiente para atender demandas de um determinado grupo.
 
Sobre o tema em questão, pluralidade de pensamento é extremamente necessário numa sociedade. O fato de livros "de direita" estarem sendo vendidos significa algo. Antes livros vendidos pelo mercado e pelo interesse do consumidor do que livros "bancados" pelo governo.
 
Antes livros vendidos pelo mercado e pelo interesse do consumidor do que livros "bancados" pelo governo.
Quais os livros "bancados" pelo governo?

Rodrigo Constantino, autor de outro bestseller, o estigmatizante Esquerda Caviar (Record), que vendeu 50.000 exemplares.
Se alguém quiser me emprestar/doar sem custos, eu até tento ler esse aí.
 

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