Sra. Pseudo
I'm a blueberry pie.
Este texto estava originalmente na revista bimensal do MUZO (Movimento Underground da Zona Oeste) , um projeto da Lona Cultural de Bangu. (do qual eu fiz parte por um bom tempo). N é muito recente (na verdade data de 2001)mas vale a pena.
O BONDE.
Algo sobre o Bonde que vem enchendo o saquinho dos intelectualmente desenvolvidos...
Acabo de voltar do carnaval da praia, onde fiz uma triste constatação: tá dominado, tá tudo dominado!!!Só da funk! O "neo forró" tenta uma reação, mas sua letras n são cafajestes e n trazem a "alegria compulsória" que o brasileiro tanto gosta. Aí não dá , né , pô!? Como é que o cara quer fazer sucesso sem tratar mulher como lixo?! Esses forrozeiros , vou te contar ...
A indústria do CD pirata vai tratar de enfraquecer esse negócio , mas o jabá e a televisão devem insistir na onda por um bom tempo. Xuxa , Luciano Huck , Raul Gil , Gugu enfim , toda essa gente boa vai se virar pra ganhar em cima.A bandeirantes até já lançou um programa semanal com duas horas de duração dedicado ao Funk. Isso , claro , até o "Tigrao" , a mente por tráz do "movimento", ser domesticado , o que , em termos mercadológicos , significa botar um terninho e gravar uma babinha pra novela das oito da Globo.
O "Tigrão" , aliás , deu uma elucidativa entrevista para a VIP de março.Eu digo elucidativa pois ele dissipa a névoa de ignorância (por parte do público) que encobria alguns aspectos do "movimento".Vejamos: em determinado trecho da entrevista "Tigrão" diz : "... As pessoas gostam desse erotismo. Mas , se você analizar , as letras nem são tão pesadas assim.Elas tem duplo sentido , até por que o publico infantil ouve Funk."Muitas coisas interessantes nessas sentenças! Vamos por partes. "... se você analizar as letras nem são tão pesadas assim." Eu analizei e ele está certo. Quem , em sã conciencia, poderia achar pesada a letra do funk "Maquina de sexo" que diz "Maquina de sexo , eu transo igual a um animal /A Chatuba de Mesquita do bonde do sexo anal /Chatuba come c* e depois come x*reca /Ranca c*baço, é o bonde dos careca"? Nota-se a leveza de termos como "sexo anal", "c*" , "x*reca"(!) e "c*baço".
"Elas tem duplo sentido..." Procurei demais e não achei o duplo sentido no funk "Barraco III" . "Me chama de cachorra que eu faço au au / Me chama de gatinha que eu faço miau/Goza na boca , goza na cara/goza onde quiser." Ah! Agora eu entendi!"Goza na cara" é por que o cara ficava tirando sarro da menina pelas costas. Daí ela diz "Goza na cara!". Que coisa...
" ... até por que o publico infantil ouve funk" Eis uma verdade e a preocupação do "Tigrão" se justifica. Foi pensando nas crianças que o garoto Jonathan , de 7 anos (ele mal tem coordenação motora pra reproduzir a coreografia) foi incentivado a gravar o funk "Jonathan II" , de edificante letra:" De segunda a sexta , esporro na escola/Sabado e Domingo eu solto pipa e jogo bola /Mas eu já tô crescendo com muita emoção / e eu já vou pegar um filé com popozão.". 7 anos!!!7 anos!!! Pô , foi mal ... a culpa é minha, gente grande , feia e besta , que não entendo. Então vamos lá, repetir o discurso de dez entre dez apresentadores de programas femininos e de auditório: " A malícia está na cabeça do adulto. A criança só quer se divertir. Onde já se viu se preocupar com uma coisa dessas. Das crianças que passam fome na rua ninguem fala nada ..." Aplausos entusiasmados e urros de apoio por parte da platéia.
É bom que se diga que as crianças que passam fome nas ruas são um sério problema social , cuja resolução deve ser uma das prioridades máximas de qualquer governo.(detalhe sem importancia: os funks da moda não passam nem perto dessa questão . Mas ,beleza , vamos lá ...) Só que é um problema do governo , a gente não tem nada a ver com isso , não é mesmo? Ao invés disso vamos dar risada e incentivar o moleque de 7 anos (7 anos!!!) a "pegar um filé com poposão". Afinal nunca é cedo demais pra mostrar pro papai que se é um garanhão , que não deixa passar nenhuma cachorra. Isso é que é infancia saudável! E pensar que eu perdi tanto tempo assistindo "Bambalalão", "Sítio do Pica-pau amarelo" e ouvindo aqueles discos da "Turma do balão mágico". Ao invés disso poderia estar por aí , transando com umas cachorras ...
Equanto a gente dá risada a molecada vai crescendo com a certeza de que mulher não passa de uma bunda e um par de peitos siliconados, que gosta de ser chamada de cachorra e que acha que só um tapinha não dói. Se "só um tapinha não dói" , o primeiro deveria ser dado na cara dos tigrinhos e cachorrinhas que curtem essas coisas. Depois a gente não entende o aumentos dos indices de violencia contra a mulher e por que ela é tão desrespeitada na sociedade. Será que não é obvio?
Você , cadela ... quero dizer , mulher que está lendo isso , levante-se e lute! Não seja uma cachorra! Um tapinha dói sim! Exija respeito antes que nós , homens , acreditemos que é isso que vocês querem. E lembem-se sempre da cada vez mais pertinente frase de Oscar Wilde :" Todo crime é vulgar , assim como toda vulgaridade é criminosa"
(Fábio D.)
www.muzorj.cjb.net
O BONDE.
Algo sobre o Bonde que vem enchendo o saquinho dos intelectualmente desenvolvidos...
Acabo de voltar do carnaval da praia, onde fiz uma triste constatação: tá dominado, tá tudo dominado!!!Só da funk! O "neo forró" tenta uma reação, mas sua letras n são cafajestes e n trazem a "alegria compulsória" que o brasileiro tanto gosta. Aí não dá , né , pô!? Como é que o cara quer fazer sucesso sem tratar mulher como lixo?! Esses forrozeiros , vou te contar ...
A indústria do CD pirata vai tratar de enfraquecer esse negócio , mas o jabá e a televisão devem insistir na onda por um bom tempo. Xuxa , Luciano Huck , Raul Gil , Gugu enfim , toda essa gente boa vai se virar pra ganhar em cima.A bandeirantes até já lançou um programa semanal com duas horas de duração dedicado ao Funk. Isso , claro , até o "Tigrao" , a mente por tráz do "movimento", ser domesticado , o que , em termos mercadológicos , significa botar um terninho e gravar uma babinha pra novela das oito da Globo.
O "Tigrão" , aliás , deu uma elucidativa entrevista para a VIP de março.Eu digo elucidativa pois ele dissipa a névoa de ignorância (por parte do público) que encobria alguns aspectos do "movimento".Vejamos: em determinado trecho da entrevista "Tigrão" diz : "... As pessoas gostam desse erotismo. Mas , se você analizar , as letras nem são tão pesadas assim.Elas tem duplo sentido , até por que o publico infantil ouve Funk."Muitas coisas interessantes nessas sentenças! Vamos por partes. "... se você analizar as letras nem são tão pesadas assim." Eu analizei e ele está certo. Quem , em sã conciencia, poderia achar pesada a letra do funk "Maquina de sexo" que diz "Maquina de sexo , eu transo igual a um animal /A Chatuba de Mesquita do bonde do sexo anal /Chatuba come c* e depois come x*reca /Ranca c*baço, é o bonde dos careca"? Nota-se a leveza de termos como "sexo anal", "c*" , "x*reca"(!) e "c*baço".
"Elas tem duplo sentido..." Procurei demais e não achei o duplo sentido no funk "Barraco III" . "Me chama de cachorra que eu faço au au / Me chama de gatinha que eu faço miau/Goza na boca , goza na cara/goza onde quiser." Ah! Agora eu entendi!"Goza na cara" é por que o cara ficava tirando sarro da menina pelas costas. Daí ela diz "Goza na cara!". Que coisa...
" ... até por que o publico infantil ouve funk" Eis uma verdade e a preocupação do "Tigrão" se justifica. Foi pensando nas crianças que o garoto Jonathan , de 7 anos (ele mal tem coordenação motora pra reproduzir a coreografia) foi incentivado a gravar o funk "Jonathan II" , de edificante letra:" De segunda a sexta , esporro na escola/Sabado e Domingo eu solto pipa e jogo bola /Mas eu já tô crescendo com muita emoção / e eu já vou pegar um filé com popozão.". 7 anos!!!7 anos!!! Pô , foi mal ... a culpa é minha, gente grande , feia e besta , que não entendo. Então vamos lá, repetir o discurso de dez entre dez apresentadores de programas femininos e de auditório: " A malícia está na cabeça do adulto. A criança só quer se divertir. Onde já se viu se preocupar com uma coisa dessas. Das crianças que passam fome na rua ninguem fala nada ..." Aplausos entusiasmados e urros de apoio por parte da platéia.
É bom que se diga que as crianças que passam fome nas ruas são um sério problema social , cuja resolução deve ser uma das prioridades máximas de qualquer governo.(detalhe sem importancia: os funks da moda não passam nem perto dessa questão . Mas ,beleza , vamos lá ...) Só que é um problema do governo , a gente não tem nada a ver com isso , não é mesmo? Ao invés disso vamos dar risada e incentivar o moleque de 7 anos (7 anos!!!) a "pegar um filé com poposão". Afinal nunca é cedo demais pra mostrar pro papai que se é um garanhão , que não deixa passar nenhuma cachorra. Isso é que é infancia saudável! E pensar que eu perdi tanto tempo assistindo "Bambalalão", "Sítio do Pica-pau amarelo" e ouvindo aqueles discos da "Turma do balão mágico". Ao invés disso poderia estar por aí , transando com umas cachorras ...
Equanto a gente dá risada a molecada vai crescendo com a certeza de que mulher não passa de uma bunda e um par de peitos siliconados, que gosta de ser chamada de cachorra e que acha que só um tapinha não dói. Se "só um tapinha não dói" , o primeiro deveria ser dado na cara dos tigrinhos e cachorrinhas que curtem essas coisas. Depois a gente não entende o aumentos dos indices de violencia contra a mulher e por que ela é tão desrespeitada na sociedade. Será que não é obvio?
Você , cadela ... quero dizer , mulher que está lendo isso , levante-se e lute! Não seja uma cachorra! Um tapinha dói sim! Exija respeito antes que nós , homens , acreditemos que é isso que vocês querem. E lembem-se sempre da cada vez mais pertinente frase de Oscar Wilde :" Todo crime é vulgar , assim como toda vulgaridade é criminosa"
(Fábio D.)
www.muzorj.cjb.net