É como eu mencionei em outro tópico. Na área da geografia tem muito professor que não ensina cartografia porque não sabe fazer conta de matemática básica e conversão nas escalas de KM hm dac m dc cm mm.
Olha, eu tiro sarro disso geralmente pra tentar não me sentir deprimida quando lembro que joguei um ano precioso fora. Mas quando fui fazer História em Franca,
aquilo era a visão do inferno!
Primeiro que o prédio estava completamente sucateado, caindo aos pedaços MESMO. Segundo alguém daqui que é da Unesp - não lembro quem - finalmente fizeram um
campus novo e saíram dali. Mas o FATO é que cursos "sem valor mercadológico" recebem pouco ou nenhum investimento do governo. Já cursos com Odonto - que é o da Unesp aqui de SJC que eu conheço bem pq fiz Coral lá e convivi com vários alunos e profs. - são impecáveis em todos os aspectos, mesmo o
campus sendo igualmente pequeno.
Desde que saí da Unesp eu mudei de ideia completamente sobre a graduação.
A vida toda eu tinha ouvido que só a graduação pública - USP, UNESP, UNICAMP - prestava. Que só valia a pena fazer na pública, pq quem se formava na particular era desprezado no mercado de trabalho. Mas em compensação, era 10x mais difícil entrar na pública, então eu tinha que me preparar muito bem desde cedo. Bom, de fato essa era a realidade dos vestibulandos e formandos
quando eu era criança. Mas quando chegou minha vez, a realidade já tinha mudado MUITO!
Os vestibulares das públicas continuaram e continuam mais difíceis do que as particulares, mas isso não se justifica mais, de forma alguma, na [falta de] qualidade da mesma.
Eu tive uma amostra disso quando, ainda na Patologia Clínica da UniVap (sim, técnico) fizemos uma visita ao lab. de Anatomia e de Oceanografia da USP. Ali eu já comecei a suspeitar dessa "superioridade" das faculdades públicas. Vi MUITA coisa sucateada!!!
Mas mesmo assim eu fui pra Unesp.
Minhas professoras de História Antiga e a primeira de História da Idade Média eram excelentes!!! O de História Econômica era razoável... o problema dele era achar que economia fosse uma "matéria básica" do Ensino Médio, e não é... Então era natural que todos tivessem dificuldades com os livros técnicos que ele passava. Acho que só se daria bem quem tivesse pai que trabalhasse na bolsa de valores.
A Professora de Psicologia também era excelente!!! Mas infelizmente, de 2 semestres só posso citar esses 4 profs. como bons exemplos!!!
Como eu disse lá em cima, tenho costume de brincar com isso, mas era um verdadeiro desastre e pesadelo:
Professora de Antropologia - ERA a Sibila Trelawney. Louca e charlatã. Não dizia NADA que se aproveitasse, não tinha critério nenhum, nem pra corrigir provas (vc podia escrever qualquer merda que ela "respeitava a sua opinião filosófica"). Era uma hippie doidona que ficava divagando em aula sobre qualquer coisa, discursando "contra o sistema" que ela nem sequer entendia, falando mal de qualquer outra profissão com paranóia (paranóia do tipo "médicos implantam chips em nós quando estamos desacordados") e outras bizarrices do tipo... como ir vestida de cigana certa vez... enfim, nem me dava ao trabalho de ir à aula dela além do mínimo necessário. E mesmo assim, só pra responder chamada.
Professora de Geografia - nos passava matéria que já tínhamos visto na QUINTA SÉRIE,
sem relevância nenhuma pro curso. E no final queria que soubéssemos, magicamente, como preparar uma aula.
Professor de Filosofia - ninguém entendia uma palavra do que ele dizia e ele não tinha a MENOR vontade de explicar. Não nos passava os textos para lermos previamente e debatermos em aula - como faziam os 4 profs bons que citei antes - mas chegava em aula comentando-os como se todos tivessem lido. Tipo, a gente ia adivinhar por telepatia o que era pra ler antes da aula, né?
2ª Professora de Idade Média - sem motivo e sem explicação pulou uns 200 anos em relação à matéria da outra prof. no 1º semestre. Sem contar que só víamos o que já sabíamos do E. Fundamental e Médio. Nada de estudar os povos pouco explorados no ensino básico. E não havia previsão de estudá-los na grade futura. (o que valia para Idade Antiga tbm)
Fora o resto que nem lembro mais...
Enfim... como esperavam que fôssemos futuros bons professores nessas condições??? (apesar de que eu nunca pretendi dar aula... o curso daria os 2 diplomas, bacharel e licenciatura... mas com essa "base" da faculdade eu teria que começar pesquisas praticamente do zero se seguisse esse caminho).
Ah, e havia também A TURMA.
Se eu tivesse filhos HOJE e soubesse que qualquer um dos meus vizinhos era seu professor, eu juro que o tiraria da escola imediatamente sem dó nem piedade!!! Um bando de baderneiros, bêbados e drogados do 4º ano de História que vieram fazer #mimimi quando eu fiz um BO contra eles por invadirem minha casa e meu quarto, pq com o "nome sujo" eles não poderiam prestar concurso público pra dar aula em escolas. Supostamente eles acharam que eu teria pena deles... Na verdade, tive uma sensação de alívio ao poupar diversas crianças do ensino público de tê-los como professores!
Não foi à toa que voltei deprimida.
Já, 2 anos depois, quando entrei no curso de Design Gráfico de uma facul paga senti uma ENORME diferença de nível dos professores. Apesar de ser paga nem sempre tínhamos todos os equipamentos necessários à disposição, mas com ou sem dificuldades, os professores foram os melhores que já tive. Inclusive, aprendi muito mais sobre História com a Professora de
História da Arte nesse curso - que aliás, é formada em Arquitetura - do que tinha aprendido em um ano de faculdade de História com 10 professores diferentes da mesma área.
Eu sou um grande critico as escolas técnicas. Elas não ensinam ninguém a pensar, a estudar, a ter pensamento critico nem nada.
Elas só pegam uma pessoa e a transformam e uma "maquina". Programam ela para responder a uma função exigida pelo mercado e e etc...
Faculdades são essenciais para a formação de qualquer cidadão. Infelizmente no Brasil ela é um luxo caro para quase todos.
Pois tá falando bobagem... Ou melhor, está
generalizando...
Eu fiz Curso Técnico em Patologia Clínica junto com o Ensino Médio e tenho muito orgulho disso. Aprendi muito mais e fui muito mais cobrada no técnico do que na faculdade. Os professores eram fabulosos, mesmo quando eram exigentes demais e a gente ficava com raiva deles. Eu nunca tive uma fase tão intensa de estudos e, embora não tenha seguido na área médica / biológica, o conhecimento que adquiri nesse curso me é útil até hoje (sempre que alguém fica doente e eu tenho que conversar com médicos, o que infelizmente tem sido uma constante).
E se fosse mesmo só pra criar 'máquinas não pensantes pro mercado de trabalho' então eu não teria aprendido os procedimentos mais rígidos de higiene e segurança no trabalho que se deve ter dentro de um laboratório. Porém, quando fui fazer estágio - fiz 2 diferentes - a realidade era o completo oposto de tudo que aprendi! Aliás, eu era satirizada por seguir as regras que aprendi no curso.
Aliás, se fosse mesmo só pra criar 'máquinas não pensantes pro mercado de trabalho' eu não teria aprendido a fazer e interpretar TODOS os exames manualmente, pois hoje em dia mesmo no laboratório mais furreca basta apertar alguns botões para que a máquina faça tudo sozinha. Mas nenhum professor nos passaria se não soubéssemos como fazer E interpretar cada exame, mesmo que a interpretação não fosse nosso trabalho (isso é trabalho do médico, geralmente).
Por que isso?
Porque o curso era encarado, tanto por professores quanto por alunos, como preparatório para quem quisesse fazer futuramente biologia, biomedicina, bioquímica, enfermagem, medicina ou qualquer outro curso da área. Nós já chegaríamos na faculdade com conhecimento prévio, muito além do que é exigido no Ensino Médio. Há doenças que,
embora eu não possa e nem me atreva, eu sei como medicar.
Então, não generalize... Até porque, mercado de trabalho para curso técnico é pura ilusão! Todo mundo que conheço aqui na cidade, de qualquer área, que fez curso técnico saiu reclamando após se formar porque
não teve vantagem nenhuma para conseguir emprego. A dificuldade foi exatamente a mesma de quem fez só Ensino Médio. Se tivemos vantagem em algo, foi no vestibular. Eu sabia mais sobre biologia, enquanto amigos meus de outras áreas tiveram mais facilidade em química, física e/ou matemática.
Esse curso também me preparou muito bem com relação normas de ABNT, como fazer trabalhos acadêmicos. Nossa coordenadora de curso, minha orientadora e os demais da bancada foram extremamente rígidos com relação ao nosso TCC, de modo que eu já cheguei na faculdade sabendo como fazer uma boa monografia.
Esse é o tipo de preconceito que vem sofrendo também os cursos tecnológicos de faculdade, que geralmente duram menos tempo [de 2 a 2 anos e meio]. (que é o caso do Design Gráfico que faço agora). Como se fossem inferiores aos cursos de bacharelado e licenciatura. Muito se engana quem acha que "não precisa pensar" no mercado de trabalho. Justamente os professores que tive no Curso Técnico de Patologia Clínica e na Faculdade de Deisgn Gráfico foram os mais "crânios" que eu já tive e a quem sou extremamente grata por terem compartilhado seu conhecimento comigo!
Aposto que meia hora conversando com 1 ou 2 deles você mudaria de ideia completamente...
A questão não é o tempo de duração do curso, mas o comprometimento do aluno. Eu presto atenção na aula, eu faço perguntas, eu debato, eu converso com os professores fora da aula... e nenhum deles nunca reclamou de mim por isso. Pelo contrário, ainda tenho amizade com vários que já não me dão mais aula. Mas a maioria dos alunos só tava interessada em fazer o tempo passar rápido pra ir logo pro bar (no caso das 2 faculs que frequentei).
sempre defendi que a universidade não é responsável por uniformizar o que entra, mas sim garantir a qualidade do que sai. porém, infelizmente a nossa realidade é incompatível com essa idéia - apesar de continuar defendendo até a morte que a universidade deve garantir a qualidade do que sai, ela hoje em dia tem que se preocupar em uniformizar o que entra (em harmonia com a posição do bagno)
A primeira coisa que ouvi quando entrei na Faculdade de Deisgn Gráfico de um professor foi:
"Aqui é fácil de entrar [porque o vestibular é considerado relativamente fácil]
porém, difícil de sair [formado!]"
Felizmente, meus profs não tiveram tanto essa preocupação em uniformizar o que entrava. Digo felizmente porque eu acho que é responsabilidade do aluno correr atrás do atraso se está REALMENTE interessado no curso e na profissão!
Então, nem me refiro a interesse pelo conteúdo, mas ao status social no seguinte sentido:
- oi fulano, vc é formado em qual curso?
- em física
- que bosta, hein?
*realidade alternativa*
- oi fulano, vc é formado em qual curso?
- em medicina
*todos baba*
Nem me fala...
Quando eu fazia Patologia e o povo, especialmente da minha família e incluindo minha mãe, me via de branco:
NNNOOOOOOOOSSSSAAAA. "vc vai ser igual sua prima, né?" (que fazia medicina na mesma época).
Quando eu disse que faria biologia ou história na faculdade, e mesmo quando eu entrei na área de design e fotografia (que já era a área de atuação do meu pai):
*olhar de desprezo*
Quando minha prima chega no recinto, *todos baba*. E, véi, na boa... Tem coisa que eu sei mais do que ela sobre medicina com o meu "mísero" curso técnico. Sério! Percebi isso quando meus avós ficaram internados e ela não conseguia conversar com o médico e repassar as informações pra família.
Agora eu até tenho voltado a pensar seriamente em fazer veterinária, mas não por causa do
status e sim porque eu realmente amo a área e to cansada de ver histórias muito absurdas de negligência e mal profissionalismo!
Eu também acho que o problema esteja na base, mas não só na educação pública. Sempre estudei em colégio particular e, no ensino médio, a mensalidade estava mais de 800 reais. Entrou um professor de física MUITO BOM e muito comprometido, e as provas dele tinham questões de vestibular, e a galera rodava feio! O que fizeram? Estudaram? Não, os pais foram reclamar na escola que as provas eram muito difíceis
Resultado: ele teve que baixar o nível da prova! Ainda assim, o povo ia mal. Simplesmente porque não estudava! É só questão de nível sócio-econômico? É só questão de tipo de instituição? Infelizmente não, então não dá pra resolver o problema sem identificar sua causa.
Na minha opinião, falta comprometimento!
Um exemplo disso foi uma situação que tive justamente na matéria de História da Arte na faculdade. Como, apesar do fiasco na Unesp, sou apaixonada por história essa se tornou uma das minhas matérias favoritas e eu prestava muita atenção e conversava muito a respeito com a professora - que é bem severa em aula, diga-se de passagem, mas também muito legal.
Ela passou um trabalho simples - indicar 5 exemplos de qualquer tipo de arte que foi inspirada (influência / referência) em trabalhos e estilos clássicos, por exemplo
esse e
esse - e apesar da simplicidade e da obviedade
NINGUÉM conseguia entender o que era pra fazer, mesmo ela trazendo exemplos pra facilitar.
O trabalho devia ser entregue no dia da prova e ela entregaria os resultados de ambos na aula seguinte. Quando chegou o resultado eu fui a melhor aluna no trabalho e na prova. Aí uma garota revoltada me "acusou" - não entendi muito bem o que ela pretendia com isso - de ter feito um ano de faculdade de História e que só fui bem por isso. Ela criou um barraco na sala por conta disso! Acho que na mente de azeitona dela eu devia ter um desconto na nota por já ter feito outra faculdade antes que, diga-se de passagem, não me ajudou em
nada nessa matéria ou em outra qualquer... foi só 1 ano desperdiçado mesmo!!! Mas como
ELA tinha
preguiça de estudar, tinha que por a culpa em alguém.
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Sobre a questão do curso de Letras, quando eu tava na 3ª série (eu tinha 9 anos) entrou uma professora que eu considerei como "semi-analfabeta". Eu ainda tenho esse caderno guardado:
ela corrigiu um ditado meu colocando um "Y" em erupção -> eupYção. E disse numa aula que não existia plural para flores, o correto era "as flôr".
Depois disso voltei pra casa chorando, implorando pra mudar de escola.
Meus pais nunca foram ricos, mas fizeram um sacrifício para me por na escola particular local que não era tão cara.
Agora, isso foi no início da década de 90 quando a maioria dos professores ainda eram bons! Fico imaginando como deve estar a situação atual. É de dar medo e pena. E o pior é que cada vez mais os pais jogam a responsabilidade de educar seus filhos em cima dos professores.
Hoje, se sou o que sou, é porque meus pais sempre estimularam meu gosto pelos estudos e minha curiosidade. Sempre me incentivaram a ser boa o suficiente pra passar nas provas mais difíceis.
Eu fui alfabetizada em casa. Minha mãe tinha uma verdadeira biblioteca dos seus tempos de solteira. E meu pai apertava o cinto e comprava sempre que podia aquelas enciclopédias que vinham com assinatura do jornal, um exemplar por semana. As tenho até hoje (e bem conservadas).
O problema é de mão dupla: professores mau preparados e mau remunerados + falta de comprometimento dos pais com a educação dos filhos.
Muitos pais hoje, casados ou não, parecem querer continuar com a vida de solteiro mesmo depois que nascem os filhos... aí como a criança atrapalha nisso, deixam pra empregada, pra babá, professor... Ser pai e mãe exige dedicação e
presença.
Meus pais nunca ficaram em cima de mim, me sufocando...
nunca ouvi coisas do tipo
"só vai jogar videogame depois que fizer a tarefa". Eu jogava quando e quanto queria, mas só porque eles sabiam que eu era
responsável. Eles sabiam que eu
GOSTAVA de estudar e portanto fazia com prazer, com vontade... e esse gosto e essa responsabilidade foram eles que me passaram desde pequena, é coisa que vem de berço!
Quem realmente quer e gosta de estudar, e quer se comprometer seriamente com uma profissão, acha os meios entre as pedras... mesmo que demore mais tempo que o previsto!