Ana Lovejoy
Administrador
Estou abrindo esse tópico aqui (e não no esportes) porque acho que essa questão da bandeirinha acabou tendendo para outro assunto que não o futebol quando o vice-presidente do Botafogo, Carlos Augusto Montenegro, teceu comentários sobre mulheres não "servirem" para esse tipo de posição no Futebol. Disse ele:
“Não vejo mulher (apitando) Copa do Mundo nem decisão da Liga Européia. Mas colocaram uma mulher aqui, justamente contra o Botafogo”
Não sou feminista mas não consigo ouvir esse tipo de coisa sem uma pulga atrás da orelha. Faz bastante tempo que não acompanho jogo de futebol, mas na época que acompanhava, pude ver 'n' esculhambadas de trio de arbitragem e posso dizer que a cagada nessa hora não está condicionada ao sexo.
Palhaçadas machistas à parte, saiu uma reportagem bastante interessante no G1 sobre mulheres e o trabalho, acredito que valha a pena dar uma conferida.
http://g1.globo.com/Noticias/Economia/0,,MUL41612-5599,00.html
“Não vejo mulher (apitando) Copa do Mundo nem decisão da Liga Européia. Mas colocaram uma mulher aqui, justamente contra o Botafogo”
Não sou feminista mas não consigo ouvir esse tipo de coisa sem uma pulga atrás da orelha. Faz bastante tempo que não acompanho jogo de futebol, mas na época que acompanhava, pude ver 'n' esculhambadas de trio de arbitragem e posso dizer que a cagada nessa hora não está condicionada ao sexo.
Palhaçadas machistas à parte, saiu uma reportagem bastante interessante no G1 sobre mulheres e o trabalho, acredito que valha a pena dar uma conferida.
A suspensão da bandeirinha Ana Paula Oliveira por erro cometido na partida que tirou o Botafogo da Copa do Brasil, anunciada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) nesta quinta-feira (24), reacendeu o debate sobre os desafios que a mulher enfrenta no mercado de trabalho. Isso porque Ana Paula, que anulou dois gols do Botafogo na partida de quarta-feira (23), foi alvo de declarações do vice-presidente de futebol do clube carioca, Carlos Augusto Montenegro, sobre a capacidade de mulheres exercerem papéis de destaque em um esporte dominado por homens.
“Não vejo mulher (apitando) Copa do Mundo nem decisão da Liga Européia. Mas colocaram uma mulher aqui, justamente contra o Botafogo”, afirmou Montenegro, dizendo que o erro de Ana Paula causou um prejuízo de R$ 2,5 milhões ao Botafogo.
Para especialistas, esse tipo de comportamento não é caso isolado: as críticas à entrada das mulheres em áreas como o futebol, as Forças Armadas, indústria e outras atividades baseadas no desempenho físico, ainda são muito comuns. "Você ouve muito a conversa de que a mulher custa mais que o homem, porque fica grávida, tira licença, cuida da família", diz a economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Patrícia Lino Costa.
O custo 'mulher'
Na avaliação da economista do Dieese, o conceito de que o trabalho da mulher custa mais é falso. "A OIT (Organização Internacional do Trabalho) já comprovou que contratar uma mulher não é mais caro que um homem. Elas têm plena capacidade de realizar qualquer trabalho, não importa de que área seja. Não é o sexo que vai atrapalhar", diz.
Para a economista, um dos fatores que mais atrapalham a entrada da mulher em áreas tradicionalmente masculinas é o grande número de cargos de chefia ocupados por homens. "Como na maioria das vezes quem tem o mando é o homem, essas idéias equivocadas sobre o trabalho feminino acabam se espalhando pelas empresas", ressalta Patrícia.
Para o chefe de departamento de administração da Universidade de Brasília (UNB), Jorge Pinho, a declaração do dirigente do Botafogo foi infeliz. "Poderia-se citar 500 exemplos de juízes e bandeirinhas que prejudicaram times de futebol. Foi um comentário preconceituoso de alguém que perdeu algo que não queria ter perdido", ressaltou o professor. "Erro profissional não está relacionado ao sexo, mas sim à competência", afirmou.
Na avaliação do professsor Claudio Dedecca, do Instituto de Economia da Unicamp, a mulher tem que "suar a camisa" muito mais que os homens para conquistar espaço no mercado de trabalho. "Se elas não precisassem provar que são melhores em relação aos homens, teriam remuneração equivalente a deles - o que não acontece. Como elas não têm, a única forma de crescer na carreira é suar muito mais a camisa para se mostrar mais eficientes que os homens", diz.
Funções e salários
Apesar de a mulher estar ganhando espaço no mercado de trabalho - segundo estudo da Fundação Carlos Chagas, a participação delas na População Economicamente Ativa (PEA) subiu de 31,8%, em 1993, para 35,8%, em 2002 -, a desvantagem feminina em relação aos homens no quesito salário e respeito profissional é marcante. Segundo o levantamento, enquanto 9% dos homens empregados atuam em situação precária, entre as mulheres este percentual sobre para 34%.
Essa resistência em abrir as portas para o sexo feminino ajuda a agravar a situação de fragilidade da mulher no mercado de trabalho, segundo a Fundação Carlos Chagas. Isso se traduz na qualidade das funções que elas geralmente desempenham: segundo estudo da Fundação Seade divulgado no mês passado, 17,7% das mulheres trabalhadoras na Região Metropolitana de São Paulo atuam como empregadas domésticas
http://g1.globo.com/Noticias/Economia/0,,MUL41612-5599,00.html