Elendil
Equipe Valinor
Tolkien nos fala na carta 183 que não trabalha em sua obra com o "Mal Absoluto", e que não acha que qualquer ser "racional" seja completamente mal. Entretanto, Sauron representa algo que se aproxima muito de uma "vontade completamente má", como ela é possível de se manifestar. Na verdade, as palavras de Tolkien lançam luz sobre muitas das opiniões expostas nesse tópico. Diz o Professor:
Possuindo e usando sentimentos e desejos comuns a todos seres racionais, não se pode dizer que Sauron foi totalmente mal só por isso, e mesmo no príncipio não estava claro o que ele seria e/ou queria. Mas quando ele suplantou "todos os tiranos em orgulho e avidez", aproximou-se de algo que se poderia chamar de "Mal Supremo", ou "Absoluto".
No final da citação creio que Tolkien toca num ponto importante da questão, pelo menos assim considero. Ele fala de Sauron sendo em origem um espírito imortal, "angelical", um Maia. E nesse ponto entra a questão de Sauron não querer dominar por dominar apenas, ou dominar no sentido de privar os povos de liberdade, isso é muito simplista. Há uma explicação bem mais interessante. Sauron queria dominar por ter noção de sua origem divina, sendo assim ele tinha o "direito" de dominar por ser superior. Adiante, Tolkien diz:
Sauron desejava ser o representante dos poderes superiores em Arda, e se via como tal, mesmo que sem a aprovação dos "outros poderes". Eis o orgulho! Acredito que o desejo de dominar está bem ligado a isso. Não domina por ser simplesmente mal; domina por se considerar por direito um "dominador"; domina na exigência da tal "honra divina". A nota número 6 da carta diz que depois da queda de Morgoth, Sauron não pediu perdão aos Valar (os "outros poderes") e permaneceu na TM. Quando ele percebeu que sua sabedoria, conhecimento e poder eram admirados por todas as criaturas racionais que tiveram contato com ele, como diz Tolkien, ele "desejou ser um Deus-Rei e foi considerado como tal por seus servos", seu orgulho tornou-se ilimitado:
Sauron dominava e quis dominar mais por se considerar divino, por se ver como o representante de Morgoth (mais divino ainda) e de seu poder. Dominava pois, como Deus-Rei, como superior, não podia tolerar ter seu direito contestado, como de fato foi, pelos Homens do Oeste e pelos Primogênitos de Ilúvatar.
"Ele [Sauron] tinha percorrido o caminho de todos os tiranos: começando bem, pelo menos no nível que enquanto desejando ordenar todas as coisas de acordo com a sua própria sabedoria ele ainda no princípio considerou o bem-estar (econômico) de outros habitantes da Terra. Mas ele foi mais adiante que os tiranos humanos em orgulho e avidez pela dominação, sendo em origem um espírito imortal (angélico)".
Possuindo e usando sentimentos e desejos comuns a todos seres racionais, não se pode dizer que Sauron foi totalmente mal só por isso, e mesmo no príncipio não estava claro o que ele seria e/ou queria. Mas quando ele suplantou "todos os tiranos em orgulho e avidez", aproximou-se de algo que se poderia chamar de "Mal Supremo", ou "Absoluto".
No final da citação creio que Tolkien toca num ponto importante da questão, pelo menos assim considero. Ele fala de Sauron sendo em origem um espírito imortal, "angelical", um Maia. E nesse ponto entra a questão de Sauron não querer dominar por dominar apenas, ou dominar no sentido de privar os povos de liberdade, isso é muito simplista. Há uma explicação bem mais interessante. Sauron queria dominar por ter noção de sua origem divina, sendo assim ele tinha o "direito" de dominar por ser superior. Adiante, Tolkien diz:
"Em O Senhor dos Anéis o conflito não é basicamente sobre “liberdade", embora esta esteja naturalmente envolvida. É sobre Deus, e Seu exclusivo direito à honra divina. Os Eldar e os Númenorianos acreditaram no Único, o verdadeiro Deus, e consideravam a adoração de qualquer outra pessoa uma abominação. Sauron desejou ser um Deus-Rei, e foi considerado como tal por seus servos; se ele tivesse sido vitorioso ele teria exigido honra divina de todas as criaturas racionais e poder temporal absoluto sobre o mundo inteiro".
Sauron desejava ser o representante dos poderes superiores em Arda, e se via como tal, mesmo que sem a aprovação dos "outros poderes". Eis o orgulho! Acredito que o desejo de dominar está bem ligado a isso. Não domina por ser simplesmente mal; domina por se considerar por direito um "dominador"; domina na exigência da tal "honra divina". A nota número 6 da carta diz que depois da queda de Morgoth, Sauron não pediu perdão aos Valar (os "outros poderes") e permaneceu na TM. Quando ele percebeu que sua sabedoria, conhecimento e poder eram admirados por todas as criaturas racionais que tiveram contato com ele, como diz Tolkien, ele "desejou ser um Deus-Rei e foi considerado como tal por seus servos", seu orgulho tornou-se ilimitado:
"No fim da Segunda Era ele assumiu a posição de representante de Morgoth. No fim da Terceira Era (embora na verdade muito mais fraco que antes) ele proclamou ser Morgoth retornado".
Sauron dominava e quis dominar mais por se considerar divino, por se ver como o representante de Morgoth (mais divino ainda) e de seu poder. Dominava pois, como Deus-Rei, como superior, não podia tolerar ter seu direito contestado, como de fato foi, pelos Homens do Oeste e pelos Primogênitos de Ilúvatar.