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7 livros que ferraram a humanidade (ou quase)

Mi Müller

Usuário
Reportagem da Superinteressante para debatermos:

Ana Carolina Prado, na Superinteressante

Teóricos equivocados podem causar grandes prejuízos. Já tivemos livros que incentivavam a matança de mulheres consideradas bruxas, defendiam a inferioridade de certas nacionalidades, diziam que as mulheres eram menos inteligentes que os homens. Com a ajuda de historiadores, listamos 7 livros que, por causa de teorias equivocadas, inspiraram pessoas a cometer atos e sustentar ideias desastrosas.

Os livros não estão em nenhuma ordem particular e, é claro, foi impossível listar todos eles. Comente e diga quais você acha que faltaram.
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1- “L’uomo delinqüente” (O homem delinquente), Cesare Lombroso, 1876
O médico e cientista italiano Cesare Lombroso defende, nesse livro, a teoria de que certas pessoas nasceram para ser criminosas e que isso é determinado por características físicas, como nariz adunco e testa fina, traços típicos dos judeus. A obra fez muito sucesso e influenciou o direito penal no mundo todo. Mas o problema maior foi que a obra também reforçou várias teorias racistas – principalmente o anti-semitismo nazista. O detalhe é que o próprio autor era judeu e sua intenção era simplesmente ajudar a ciência penal e jurídica. Atualmente, a teoria caiu no descrédito. Mas, mesmo assim, ainda há quem a defenda (sempre tem, né?).

2- “Mein Kampf” (Minha Luta), Adolf Hitler, 1925
O livro de Hitler tem, na verdade, 2 volumes. O primeiro foi escrito quando ele tinha 35 anos e estava preso por causa de uma tentativa de golpe de estado mal-sucedida. O segundo, inédito no Brasil, foi escrito já fora da prisão. O livro se destacou pelo racismo e anti-semitismo do autor, que via o judaísmo e o comunismo como grandes males e ameaças do mundo – o autor pretendia erradicar ambos da face da terra. A obra revela o desejo de transformar a Alemanha num novo tipo de Estado que abrigasse a raça pura ariana e que o tivesse como um líder de grandes poderes. Era um aviso para o mundo, mas na época ninguém de fora da Alemanha deu muita bola. Mein Kampf ainda hoje influencia os neonazistas.

3- “A inferioridade intelectual da mulher”, Carl Moebius, século 19. Sem tradução para o português.
Psicólogo influente em meados do século 19, Moebius escreveu esse livro seguindo idéias já bastante disseminadas desde a época de Platão e Aristóteles e defendia a inferioridade feminina e a restrição dos seus direitos. Usando pesquisas e tabelas pseudo-científicas, ele comparou o desempenho feminino em determinadas áreas intelectuais quando em disputa com homens (em um teste parecido com o vestibular de hoje). Pensadores antifeministas citavam essa obra para apoiar teses de que as mulheres não deveriam ter uma série de direitos por serem “inferiores intelectualmente”.

4- “O martelo das bruxas” ou “Malleus Maleficarum”, Jacob Sprenger, 1485
Manual de caça às bruxas que levou muita gente à fogueira na Idade Média, o livro foi muito influente entre as igrejas católica e protestante. Jacob Sprenger indicou uma série de procedimentos para a identificação das bruxas: se a mulher tivesse uma convivência maior com gatos, por exemplo, já era suspeita. A obra foi responsável por quase 150 anos de matança indiscriminada de mulheres. A onda só passou depois que o método científico começou a prevalecer sobre a crença religiosa cega, a partir da publicação dos estudos de Isaac Newton. Com o pessoal discutindo assuntos científicos, pegava mal ficar caçando bruxa.

5- “Essai sur l’inégalité des races humaines” (Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas), Joseph Gobineau, 1855
O livro do cientista social Gobineau virou referência obrigatória para aqueles que defendem a superioridade de algumas raças sobre as outras. O autor desempenhou por um bom tempo cargo diplomático na corte de D. Pedro II e achava o Brasil “uó” por ter tanta miscigenação. Segundo ele, a miscigenação degenera as sociedades porque piora as supostas limitações das raças inferiores (as não-brancas, para ele). A obra passou a ser usada para sustentar a legitimidade do tráfico negreiro. Sua tese foi tão aceita que até hoje existem alguns cientistas que mantém a crença na superioridade de algumas raças.

6- ” The Man Versus the State ” (O Indivíduo Contra o Estado), Herbert Spencer, 1884
Embora alguns digam que essa é uma leitura injusta do livro, ele foi utilizado para a defesa do capitalismo selvagem no século 19, principalmente nos EUA. Spencer defende que, assim como ocorre na natureza, nas sociedades humanas também prevalecem os mais aptos. Isso quer dizer que os ricos e poderosos são assim porque estão mais preparados que os pobres. O livro passou a ser usado, então, para justificar a falta de ética nas relações comerciais, com a destruição implacável da concorrência, a busca incessante por riquezas e o pouco caso com os pobres.

7- The Seduction of the Innocent (“A sedução dos inocentes”), Frederic Wertham, 1954
Ok que o livro não gerou nenhuma atrocidade, mas ajudou a disseminar ideias equivocadas a respeito de uma coisa que a gente gosta: quadrinhos. No livro, o psiquiatra alemão-americano Werthan forjou argumentos para atribuir às HQs o papel de culpadas por casos de delinquência, abandono dos estudos e homossexualidade entre crianças e adolescentes. O livro foi lançado numa época em que as HQs eram um dos gêneros de leitura mais consumidos nos EUA e até o governo pensou em proibi-los (naquele tempo, rolava uma preocupação imensa nos EUA de que os jovens estivessem sendo corrompidos por idéias comunistas). Para evitar isso, as editoras lançaram o Comics Code Authority – um código de autocensura que ainda existe e que seria um indicativo de que o material publicado não iria degenerar os jovens.

* Não incluímos livros mal interpretados, “tsá”?
Não incluímos nessa lista os livros que foram simplesmente mal interpretados. A Bíblia é um exemplo disso. O historiador da UNESP Jézio Gutierre acha que o caso com “O Capital”, de Karl Marx, também tem a ver com interpretações equivocadas. “Esse livro é um grito ético humanista e tem todas as características para ser um livro anti-atrocidade”, explica. Para ele, portanto, não se pode atribuir a essa obra os massacres que governantes socialistas promoveram.

** Fontes: Marcelo Rede (USP), Lincoln Ferreira Secco (USP), Jézio Hernani Bomfim Gutierre (UNESP), Márcio dos Santos Rodrigues ( UFMG), Adriana Romeiro (UFMG)

Vi aqui
 
Acho que houve certa parcialidade quando a autora afirmou que os prejuízos decorrentes da Bíblia sejam devidos à sua má interpretação. Há muitos trechos bíblicos que, ainda, que "bem" interpretados, podem dar (e deram) causa a inúmeros preconceitos e atrocidades.
 
Mas a bíblia é frequentemente mal interpretada sim, afinal a bíblia é uma parábabola, metáfora...não poder ser lida ao pé da letra se não não fará sentido, tem que haver interpretação textual.
 
Gostei dessa lista. Na FLIP alguns autores (mais Peter Burk e Robert Darnton) falaram de como os livros, às vezes, podem ser perigosos (e Yehoshua até citou a Bíblia se referindo ao assunto). Mas na verdade não são só os livros em si que são perigosos, mas a união com a falta de informação, pesquisa e, claro, interpretação.
 
tayana disse:
Mas a bíblia é frequentemente mal interpretada sim, afinal a bíblia é uma parábabola, metáfora...não poder ser lida ao pé da letra se não não fará sentido, tem que haver interpretação textual.

Sem sombra de dúvida que ela pode ser mal interpretada, contudo, há trechos onde, nem bem interpretada, há salvação para o que está dito ali.

Dou como exemplo a orientação de que as pessoas que contraíssem a lepra deveriam ser expulsas da comunidade. Esse tipo de regra, embora possa ter tido seu valor há 2000 anos, é inaceitável segundo a nossa visão atual.

E essa passagem não é a única. Há inúmeros outros trechos, especialmente no antigo testamento, que ditam normas de comportamento que são incompatíveis com nossa visão atual.
 
Este tópico é bastante interessante... Acho que os livros são um meio poderoso de disseminar ideias, sejam boas ou más. Quanto as "más interpretações" em relação à Bíblia temos que ter cuidado. Como disse Tatarana muitos trechos são utilizados para justificar preconceitos, principalmente, religiosos. Eu acredito que quanto mais se lê obras variadas, que se estude, podemos ter uma visão ampla de todos os assuntos.
 
Felipe Sanches disse:
Morro de vontade de ler o Malleus Maleficarum *-*

Está aí uma obra que poderia ter constado da lista, sem sombra de dúvida. Neste site aqui, tem a tradução integral do livro para o inglês.
 
Tatarana disse:
Felipe Sanches disse:
Morro de vontade de ler o Malleus Maleficarum *-*

Está aí uma obra que poderia ter constado da lista, sem sombra de dúvida. Neste site aqui, tem a tradução integral do livro para o inglês.

poderia ñ, ela já está lá no nº 4.

e se é pra falar de livros mal utilizados, além da bíblia tem o corão, o marabharatha, o príncipe...
 
Cristiano disse:
kika_FIL disse:
o Malleus Maleficarum foi um dos livros mais dolorosos que eu já li....


Engraçado... tenho uma cópia digital do Malleus (Cambridge) e ainda nem lí.

Essa é uma boa hora, não é? XD

É interessante como estudo antropológico ou algo do gênero...mas, sendo mulher e vivendo neste século eu senti horror e foi bem difícil ir até o fim...
 
sifu

Mi Müller disse:
4- “O martelo das bruxas” ou “Malleus Maleficarum”, Jacob Sprenger, 1485
Manual de caça às bruxas que levou muita gente à fogueira na Idade Média, o livro foi muito influente entre as igrejas católica e protestante. Jacob Sprenger indicou uma série de procedimentos para a identificação das bruxas: se a mulher tivesse uma convivência maior com gatos, por exemplo, já era suspeita. A obra foi responsável por quase 150 anos de matança indiscriminada de mulheres. A onda só passou depois que o método científico começou a prevalecer sobre a crença religiosa cega, a partir da publicação dos estudos de Isaac Newton. Com o pessoal discutindo assuntos científicos, pegava mal ficar caçando bruxa.

ainda bem q a lana lane ñ vivia naquela época, :rofl:
 
RE: sifu

JLM disse:
Mi Müller disse:
se a mulher tivesse uma convivência maior com gatos, por exemplo, já era suspeita.

ainda bem q a lana lane ñ vivia naquela época, :rofl:

Nuss!!! :susto:
Já pensou?! tava ferrada! :rofl::rofl:
Essa história com os pobres dos gatos me deixa totalmente p. da vida. :disgust: São uns bichos incompreendidos!

ah, e esse sobre a inferioridade intelectual da mulher deve ser uma pérola! ¬¬
 
vi a lista ontem pelo twitter da super e achei interessante, principalmente o "1- “L’uomo delinqüente” (O homem delinquente), Cesare Lombroso, 1876" e o "“O martelo das bruxas” ou “Malleus Maleficarum”, Jacob Sprenger, 1485"

gostaria de ler o livro do Lombroso para compreender como ele sustenta seu argumento e o malleus por pura curiosidade, vi todos falando tão empolgados que vou pensar em ler a versão em inglês indicada aí em cima.
 
[align=justify]Ah que bom ver que essa lista rendeu uma discussão bacana. Confesso que não li nenhum deles, mas fiquei realmente chocada com a lista, não apenas por conta de toda esta questão da intencionalidade de autor, mas sim de como se apropriam dessas obras para justificarem as atrocidades. É aquela velha máxima, depois que tu publicas um texto ele não te pertende mais, se alguém fizer um recorte e usar em um contexto completamente diferente do imaginado pelo autor, pronto o estrago está feito.

kika_FIL disse:
É interessante como estudo antropológico ou algo do gênero...mas, sendo mulher e vivendo neste século eu senti horror e foi bem difícil ir até o fim...

Acho que sempre tive esse medo, tenho uma cópia aqui e sempre vou deixando para depois... uma hora preciso encará-lo.
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