• Caro Visitante, por que não gastar alguns segundos e criar uma Conta no Fórum Valinor? Desta forma, além de não ver este aviso novamente, poderá participar de nossa comunidade, inserir suas opiniões e sugestões, fazendo parte deste que é um maiores Fóruns de Discussão do Brasil! Aproveite e cadastre-se já!

Clube de Leitura 6º Conto: As Neves do Kilimanjaro (Ernest Hemingway)

Clara

Perplecta
Usuário Premium
Conforme indicações e enquete postados neste tópico, o escolhido para a 6ª edição do Clube de Leitura - Contos foi As Neves do Kilimanjaro, de Ernest Hemingway.

Início da discussão: próxima sexta-feira, 06/03.

Enquanto isso fiquem à vontade para postar informações sobre o autor e o conto: onde encontrá-lo (em quais coletâneas e publicações) curiosidades, etc.

Lembro a vocês que pirataria é crime, além de ser um hábito muito feio e denotar comportamento execrável.
Escrevo este aviso só pra constar, pois sei que ninguém aqui faz dessas coisas. :anjo:
 
Última edição:
"As Neves do Kilimanjaro reúne 12 histórias de Ernest Hemingwa. Os contos resgatam os temas de juventude de Hemingway - viagens, caçadas, lutas, apostas, aventuras e paixões. Seja na África, na Europa ou na América do Norte, em ringues de boxe ou em zonas de guerra, são apresentados personagens determinados a fazer a vida valer a pena, mesmo quando estão em desvantagem."

Já conheço o autor pelo livro Adeus às Armas que é muito bom! Esperando que esse seja tão bom quanto! Vou começar a ler hoje.
 
BRAND_FYI_BSFC_116472_SFM_000_2997_15_20140905_001_HD_768x432-16x9.jpg
Para conhecer um pouco da vida do escritor Ernest Hemingway, podemos ler o respectivo tópico do Autor da Semana, criado pela @Nihal.
** Posts duplicados combinados **
No tocante ao conto em questão, este foi publicado pela primeira vez na revista Esquire em 1936.
200px-Fifthbook.jpg
O mesmo ainda foi republicado no livro A Quinta-coluna e as primeiras quarenta e nove histórias em 1938 e As Neves do Kilimanjaro e outras histórias em 1961.
 
Não sabemos como era seu psicológico, mas uma vez fiz um trabalho sobre Hemingway na faculdade, (apesar de não ter participado tanto nesse trabalho em grupo) tínhamos que encontrar evidencias de que ele se tornaria um suicida, e em várias de suas obras o tema gira em torno de suicídios, e foi uma pena que ele tenha acabado do mesmo jeito.
ernest-hemingway-.jpg
 
tem um filme também, acho que anos 50

As Neves do Kilimanjaro / The Snows of Kilimanjaro
  • De: Henry King, EUA, 1952
zzsnows1-150x211.jpg

Nota: xhalfstar.pngxblankstar.pngxblankstar.pngxblankstar.png

Os ingredientes são muitos, e todos de primeira. Direção de Henry King, artesão mais do que competente. Gregory Peck e duas grandes estrelas, uma bela, Susan Hayward, outra simplesmente o animal mais belo do mundo, Ava Gardner, todos os três no auge da fama e da formosura – As Neves do Kilimanjaro é de 1952, época de grandes filmes de Hollywood.

Trilha sonora de Bernard Herrmann, um dos compositores mais eruditos da época de ouro do cinema americano, autor de trilhas para filmes de Orson Welles, Alfred Hitchcock, mais tarde François Truffaut. Fotografia de Leon Shamroy, quatro Oscars em cima da lareira de casa – o camarada que dirigiu a fotografia de Cleópatra de Joseph L. Manckiewicz, o filme tão caro que quebrou a Fox. Produção esmerada – assinada por Darryl F. Zanuck, um dos grandes tycoons dos estúdios de Hollywood, o chefão da Fox em sua época áurea.

Paisagens de Paris, Côte d’Azur, Tanzânia. O charme da Espanha, com dançarino de flamengo e tourada.

Tomadas em planos gerais de animais na África de fazer inveja ao melhor diretor de fotografia do National Geographic – leões, impalas, girafas, hipopótamos, rinocerontes, todos soltos na natureza, no cenário arrebatador.

E, para coroar essa riqueza absurda de ingredientes, tudo isso reunido para transformar em filme um conto do incensado, reverenciado, adorado, Nobelzado Ernest Hemingway.

As Neves do Kilimanjaro é – me pareceu agora – um filme horroroso. Pavoroso. Um desastre. Uma rotunda porcaria.

Tinha visto o filme em 1963, conforme informa meu caderninho de criança/adolescente. Nunca tinha revisto. Estava andando na locadora, procurando filmes velhos, e bati o olho no DVD. Comecei a ver com a maior boa vontade. Queria gostar. Tentei gostar. Não dá. É ruim demais.

Cometeram um crime usando o santo nome de Hemingway. Ele, coitado, não tem culpa

zzsnows51.jpgO problema maior é o roteiro, a história.

Não li o conto homônimo de Hemingway em que o roteirista Casey Robinson se baseou – o conto foi publicado originalmente na revista Esquire, em 1936, e não consta do livro de contos que tenho dele. Mas dá para perceber que há na história filmada muita coisa que não está no conto – situações criadas pelo roteirista.

Segundo a Wikipedia, a personagem interpretada por Ava Gardner, Cynthia Green, não existe no conto de Hemingway; foi inventada para o filme.

E acontece que Cynthia Green é absolutamente fundamental na história mostrada no filme. Ela é o grande amor da vida de Harry Street, o protagonista. É o motivo de sua infelicidade, seu sentimento de culpa, sua dor, sua angústia.

E o fim do filme é completamente diferente daquele do conto, segundo o verbete da Wikipedia. O final do conto justifica o título, as neves do Kilimanjaro. Na história do filme, fala-se, sim, é claro, nas neves do Kilimanjaro, mas de uma forma bem mais distante da vida de Harry Street.

Essas duas informações – de que o principal personagem do filme não existe no conto, e de que o final do filme não poderia ser mais diferente que o do conto – justificam plenamente a impressão que tive de que o roteirista inventou um monte de coisa, que a história não é fiel ao original.

E assim, portanto, o pobre Hemingway não tem culpa alguma. Cometeram, em nome dele, um crime: criaram uma história babaca, imbecil, com personagens que não param de pé, mal construídos, mal ajambrados – e, além de tudo, fizeram um filme palavroso.

Hemingway é o cara do texto enxuto. O filme tem falas pomposas, grandiloquentes, presepadas

Ernest Hemingway é o escritor do texto enxuto, em que menos é mais e os adjetivos são raros. Algo próximo ao estilo de Graciliano Ramos. Texto enxuto, seco, direto.

(O contrário do meu. Tadinho do meu texto, tão cheio de adjetivos e advérbios, adiposo, balofo, repetitivo.)

Pois o tal Casey Robinson encheu o roteiro de falas pomposas, grandiloquentes, filosofadas, presepadas.

zzsnows2.jpgO roteiro é esquemático, sem qualquer imaginação, talento. Está lá o nosso herói, Harry Street, escritor de sucesso, admirado por milhares de leitores mas desprezado por si mesmo por ter se rendido às fórmulas fáceis e deixado de lado a Grande Literatura. Está lá Harry Street estendido numa cama de campanha, no meio da savana africana, não muito longe do sopé do Kilimanjaro, sendo paparicado pela atual mulher, Helen (o papel da bela Susan Hayward, das maiores atrizes de Hollywood na época) e pelo servo africano Molo (Emmett Smith).

Harry tem uma grande ferida na perna, que não pára de piorar – e o avião que levou o grupo para o acampamento e o safári próximo do Kilimanjaro insiste em não chegar para levá-lo a um bom hospital. A ferida começou com uma bobagemzinha, um espinho que encostou na perna de Harry durante um safári, e infeccionou, e cresce, e cresce, e ameaça gangrenar ou até a matá-lo, e ele vê urubus rondando o acampamento, e ouve hienas que passam por ali à noite.

E, enquanto jaz ali sem poder fazer nada, mal humorado, amargurado, briga com a bela mulher, e pensa na vida que levou. Pensa, sobretudo, em Cynthia, o grande amor de sua vida.

E aí dá-lhe flashback atrás de flashback com as aventuras de Harry Street em Paris, em Madri, na Côte d’Azur, ali mesmo na África.

O roteiro é tão exageradamente ruim que bota Harry na Guerra Civil Espanhola, onde ele não quer saber de lutar, e sim achar a amada Cynthia.

É tão exageradamente ruim que cria a seguinte situação:

Helen quer, enfim, tomar um uísque. Pede a Harry para pedir um uísque a Molo, porque ela não fala a danada da língua dele. Harry, que não sabia uma palavra de espanhol na Espanha, mas domina o dialeto do servo Molo com uma fluência fantástica, dá a ordem em quatro palavras:

– “Molo, whisky and soda!”

Já deveria chegar, mas ainda quero dizer o seguinte: Cynthia Green é um dos personagens mais mal construídos, mais absurdos da história do cinema.

Ava Gardner ilumina a tela com aquela beleza faiscante. Mas o personagem dela é absolutamente inconsistente.

Os guias de Leonard Maltin e Jean Tulard elogiam o filme

Vou aos alfarrábios ver a opinião de quem entende.

zzsnows41-1024x576.jpgHum… Pauline Kael não fala do filme no seu 5001 Nights at the Movies. Leonard Maltin dá 3 estrelas em 4! “Peck encontra seu forte como renomado escritor chegando ao fim da vida na África, tentando decidir se encontrou algum sentido em seu passado; baseado na história de Hemingway”.

O mestre Jean Tulard joga minhas opiniões no lixo. Diz que, sobre um tema intimista, Henry King consegue uma realização “espetacular e eficaz”: “a Espanha em guerra e a África do Kilimanjaro, terrenos da predileção de Ernest Hemingway, que, desta vez, não é traído. Atuações brilhantes”.

Bem, entre mestre Jean Tulard e eu, claro que sou mestre Jean Tulard. Ele deve estar certo, então. Paciência.

Se é que serve de consolo, não estou sozinho. Segundo o IMDb, o próprio Hemingway não teria gostado do filme; achava que a história canibalizava material de seus outros trabalhos para encher linguiça na história – afinal, a Guerra Civil Espanhola foi o tema de Por Quem os Sinos Dobram, Paris está presente em Paris é uma Festa, e em outros romances e contos dele há touradas e safáris na África. Ainda segundo o IMDb, Hemingway teria dito à sua amiga Ava Gardner que as únicas coisas de que ele gostava no filme eram ela própria e a hiena.

O guia de Steven H. Scheuer diz que o filme é “um desapontamento”. O Guia de Vídeo e DVD 2002 da Nova Cultural diz que o enredo é “lento e algo cansativo”.

Eu vou mais longe. O filme é um pavor. Para mim, as únicas coisas boas, além da beleza das atrizes, são as tomadas mostrando animais, à la National Geographic.

Anotação em novembro de 2011

As Neves do Kilimanjaro/The Snows of Kilimanjaro

De Henry King, EUA, 1952

Com Gregory Peck (Harry Street), Ava Gardner (Cynthia Green), Susan Hayward (Helen), Hildegard Neff (Liz), Leo G. Carroll (Tio Bill), Torin Thatcher (Johnson), Emmett Smith (Molo)

Roteiro Casey Robinson

Baseado no conto homônimo de Ernest Hemingway

Fotografia Leon Shamroy

Música Bernard Herrmann

Produção Darryl F. Zanuck, 20th Century Fox.

Cor, 117 min

1/2

FONTE: 50 ANOS DE FILMES
 
Não sabemos como era seu psicológico, mas uma vez fiz um trabalho sobre Hemingway na faculdade, (apesar de não ter participado tanto nesse trabalho em grupo) tínhamos que encontrar evidencias de que ele se tornaria um suicida, e em várias de suas obras o tema gira em torno de suicídios, e foi uma pena que ele tenha acabado do mesmo jeito.

Acabei de ler o conto e concordo com suas palavras, realmente você tem toda a razão. Neste conto o tema principal é a morte.
 
Acabei de ler o conto e concordo com suas palavras, realmente você tem toda a razão. Neste conto o tema principal é a morte.
Andei pesquisando e vi por aí que esse tema da morte (ou de alguém prestes a morrer) é recorrente na obra dele, não sei se procede.
Eu comprei aquele livrinho com 12 contos e além de As Neves do Kilimanjaro tinha mais alguns com este tema realmente, mas é difícil de avaliar com pouco material.
 
Não curti que na minha edição o conto já começa com a história em si. Descobri que no original ele tem um parágrafo que é uma espécie de prólogo, para contextualizar o leitor sobre o Kilimanjaro. Achei maior mancada da editora!
Kilimanjaro is a snow-covered mountain 19,710 feet high, and is said to be the highest mountain in Africa. Its western summit is called the Masai "Ngaje Ngai," the House of God. Close to the western summit there is the dried and frozen carcass of a leopard. No one has explained what the leopard was seeking at that altitude.
 
Não curti que na minha edição o conto já começa com a história em si. Descobri que no original ele tem um parágrafo que é uma espécie de prólogo, para contextualizar o leitor sobre o Kilimanjaro. Achei maior mancada da editora!

Na minha edição também não tem prólogo algum. Aí pergunto: será que ele realmente faz parte do conto, ou foi um adendo que a edição em inglês colocou?
 
Minha edição só tem uma frase falando da montanha e do leopardo, mas é sacanagem a versão brasileira não ter um prólogo.
 
Acabei de ler o conto e concordo com suas palavras, realmente você tem toda a razão. Neste conto o tema principal é a morte.
Acredito que o tema seja a morte sim, em uma perspectiva de reflexão sobre o passado. A todo momento, Harry vai percebendo que deixou a simplicidade da vida e, por conseguinte, a escrita para viver no luxo e na superficialidade da alta-sociedade. Como ele mesmo explica, a viagem à África seria uma tentativa de retomar sua antiga vida - embora eu acredite que essa volta fosse impossível para ele, pois precisaria de uma força de vontade que não parecia estar disposto a dispender.
 
Acho que mais do que a morte é o que Molly Bloom disse. Quase como se a vida dele passasse frente aos olhos logo antes da morte. Mesmo que este, logo antes, demore um pouco a acontecer. Quero dizer, o logo antes começa no momento que percebemos que a morte virá e não tem volta, quando acaba a esperança. Gostei do conto.
Principialmente quando ele diz que estava pensando em escrever isso e aquilo, suas reflexões e etc. Como Spartaco disse, muito do próprio autor deve estar no personagem.
 
O fato de ter ainda um "bom tempo" antes de morrer (e estar lúcido) faz de certa forma ficar mais "apavorante": pensar nas coisas que não fez, que procrastinou... quando chegou no ponto de não retorno. Uma super reflexão.
 

Valinor 2023

Total arrecadado
R$2.434,79
Termina em:
Back
Topo